SCHUMACHER GUIA DEMAIS!

GP DO BRASIL – TREINOS DE SÁBADO
30/03/2002
a barreira da vitória
03/04/2002

Edu,

Michael Schumacher ganhou o Grande Prêmio do Brasil. Oh, que surpresa! Pois é, mas foi uma vitória muito mais importante (para a Ferrari) e muito mais preocupante (para os adversários) do que pôde parecer na pista. Se os adversários da Ferrari tinham algum temor, agora estão arrancando os cabelos…

Durante todo o final de semana, apostou-se em um favoritismo absoluto dos pneus Michelin, devido ao calor que fez em Interlagos. Os Michelin têm tido melhor rendimento que os Bridgestone em temperaturas ambientes muito elevadas. Portanto, o simples fato de Schumacher ter ficado a apenas 0s127 da pole de Juan Pablo Montoya já indicava a competitividade da nova Ferrari F2002.

Na corrida, Montoya se afobou, quebrou o bico de seu carro ao tocar na roda traseira esquerda da Ferrari de Schumacher e o alemão ficou sem seu mais perigoso oponente. Barrichello, com um carro mais leve, chegou facilmente em seu companheiro de equipe, mas todo mundo sabia que aquela era uma situação provisória. Com o abandono do brasileiro, restou a Schumacher controlar a distância sobre seu irmão Ralf – que, como em outras corridas, não teve coragem de sequer esboçar uma tentativa de ultrapassagem sobre o irmão, mesmo tendo um carro visivelmente em condições de andar mais rápido.

Sorte? Sem dúvida: Michael teria uma tarefa bem mais dura se Montoya não tivesse feito aquela cag… – desculpe, aquela bobagem na primeira volta. Mas muito talento também: mais uma vez, ele foi capaz de tirar de seu carro uma dose extra de desempenho.

Guia demais esse alemão. Quero só ver o que vai ser quando essa F-2002 estiver completamente acertada.

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O tabu continua: Barrichello, mais uma vez, não conseguiu terminar o GP do Brasil. Levantou a galera ao liderar por algumas voltas, mesmo que todos soubessem que o brasileiro pararia uma vez a mais que seu companheiro. Só que a Ferrari “nonna” (vovó), como foi carinhosamente chamada pela própria equipe durante o final de semana, não resistiu.

De qualquer maneira, Barrichello teve um comportamento exemplar neste GP do Brasil. Ficou distante dos “compromissos sociais” que enchem o saco de todos os pilotos brasileiros na semana do GP do Brasil não fez pinturas especiais no capacete, não prometeu o céu ao público e manteve-se tranqüilo mesmo depois do abandono. Seu único deslize foi demonstrar irritação com a Ferrari ao comentar a decisão da equipe de trazer somente um carro novo para Schumacher.

Passadas três corridas, Barrichello ainda não marcou pontos no campeonato – uma situação que não acontecia desde 1999. Mas as coisas certamente vão melhorar nas próximas corridas.

Dos outros brasileiros, não há muito o que falar. Felipe Massa abandonou ao bater rodas com Mark Webber em uma manobra de risco desnecessário – o preço que se paga pela inexperiência. De qualquer maneira, não foi um bom GP para a Sauber nem para o Massa, que ficou sempre atrás de seu companheiro Heidfeld. Para Enrique Bernoldi, foi ainda pior: largou em penúltimo, ficou 8 voltas parado no box, voltou e depois abandonou de vez. Como na Austrália, sua equipe, a Arrows, fez o brasileiro entrar na pista apenas para aproveitar a oportunidade de acumular conhecimento sobre o carro. Com sérios problemas financeiros, a Arrows fez pouquíssimos testes este ano.

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Se na F 1 os três brasileiros abandonaram, na F 3000 a torcida teve bons motivos para comemorar, com quatro brasileiros terminando nos primeiros lugares – creio que é um fato único na história da categoria.

Rodrigo Sperafico, Mário Haberfeld, Ricardo Maurício e Antônio Pizzonia terminaram nessa ordem e recompensaram o público que esperou pela F 3000 depois dos treinos de sábado. Além deles, havia Ricardo
Sperafico, que não pontuou, e Alexandre Sperafico, que abandonou.

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Chamou minha atenção a falta de competitividade da McLaren em Interlagos. Estiveram sempre muito longe das Williams e Ferrari e mal conseguiram brigar com os dois Renault. Crise séria à vista na equipe de Ron Dennis.

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Não vou me surpreender se a FIA aplicar alguma multa ou advertência aos organizadores do GP do Brasil em decorrência dos fatos ocorridos após acidente com Bernoldi no treino de aquecimento.

O brasileiro bateu na saída do S do Senna e seu Arrows destruído ficou no meio da pista, bem na trajetória utilizada pelos pilotos. Motivo mais do que suficiente para uma bandeira vermelha imediata ou, no mínimo, para colocar um “mar” de bandeiras amarelas agitadas com todo o vigor.

Em vez disso, devem ter dado uma sinalização de bandeira amarela parada (tiro essa conclusão baseado na velocidade dos pilotos que saíam da curva, a reação de surpresa que eles tinham ao ver o carro de Bernoldi no meio da pista e as manobras improvisadas para desviar do Arrows). O carro médico parou na pista e só então deram a tal bandeira vermelha. Mas era tarde demais: Nick Heidfeld, surpreso e vendo o lado direito da pista ocupado por uma Ferrari em baixa velocidade, acabou enfiando seu Sauber no estreito espaço entre o medical car e o guard-rail. Acabou arrebentando a porta do medical car e, também, o seu Sauber, que ainda bateu na barreira. Felizmente Alex Dias Ribeiro, o piloto do medical car, viu o Sauber chegando e não saiu do carro. Senão, estaríamos a esta hora lamentando uma tragédia.

Outra cena bizarra do GP foi proporcionada por Pelé, convidado pelos organizadores para dar a bandeirada de chegada. Schumi e Ralf passaram pela linha de chegada mas Pelé, distraído, nem viu… Só passou a mostrar a quadriculada a partir da passagem do retardatário Takuma Sato. E o jeito como ele agitou a bandeira lembrava mais uma criança de três anos de idade saudando comitiva presidencial no meio da rua do que um superjogador de futebol comemorando um gol.

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Os “heróis do tri” e os outros jogadores de futebol presentes ao camarote da Globo merecem todo o respeito do mundo. Mas colocá-los no ar durante quase uma hora na abertura da transmissão do GP foi uma idéia ridícula. Um desrespeito para quem gosta de automobilismo e mesmo para quem esperava simplesmente ter ter um pouco de INFORMAÇÃO sobre F 1 antes da corrida.

Por que não colocar ali pilotos como Emerson, Wilsinho, Piquet e Luiz Pereira Bueno? Ou jovens como Tarso Marques e Ricardo Zonta, que estiveram em Interlagos? Ah, já sei: a Globo deve estar pensando em convidar nossos pilotos para uma mesa-redonda antes do jogo de estréia do Brasil na Copa do Mundo… Lamentável.

Também lamentável foi aquele efeito especial horroroso (vagabundo mesmo, de qualidade medíocre) que volta e meia aparecia na transmissão, colocando comerciais e informações que a transmissão oficial já havia dado voltas antes – um “privilégio” ao qual apenas os pobres telespectadores brasileiros tiveram direito.

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Vou parando por aqui, mas nossos companheiros do Grande Prêmio (www.grandepremio.com.br) continuam a plena aceleração para trazer as informações colhidas pós-GP.

Abraços,

Panda

GPTotal
GPTotal
A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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