“SEXO!!!” Tudo que você nunca quis saber sobre sexo, mas vou contar assim mesmo

Ainda Bernie
16/07/2003
PÕE O MALUCO NA PISTA!
20/07/2003

Geraldo Tite Simões

Prepare-se para mais um tema tabu: sexo, uau! Sempre achei um saco os pilotos que fazem c… doce para contar aquelas histórias picantes que rolam nos bastidores das corridas, por isso eu vou abrir o baú de histórias indecentes, preservando a identidade daqueles que ainda estão vivos – e pretendem continuar assim.

A coisa toda começa no kart. Imagine aquele monte de moleques berebentos, cheios de testosterona, em plena adolescência, convivendo com mecânicos tão gentis e educados como os carcereiros do cadeião de Pinheiros. Só pode dar errado. Aquele garoto recém-saído de uma infância de cuidados maternos, boas escolas, etiquetas à mesa, orações, de repente passa a conviver com adultos conhecidos como Tonhão, Bola-Sete, Cicatriz, Maçaranduba, Zarolho e outros apelidos meigos.

Lá naqueles longínquos anos 70, minha iniciação no kart veio bem antes da sexual. Aos 15 anos eu achava namorada um saco, pegajosa, tagarela, principalmente aquelas que não gostavam de corridas e insistiam em fazer alguma coisa em pleno domingo de corrida de F1 na televisão. Imagine o que aconteceria se uma namorada me fizesse perder aquela corrida em Silverstone, em 1975, que Emerson Fittipaldi ganhou depois que quase todo mundo se estabacou numa única curva? (O Panda e o Edu sabem mais detalhes dessa prova.) Certamente eu mataria a desgraçada, insensível, fria e calculista.

Depois de 1976 era minha vez de passar os sábados e domingos treinando ou correndo. Para acabar de vez com minha iniciação sexual, li numa maldita revista Manchete a entrevista do Emerson Fittipaldi dizendo que uma semana antes de cada corrida ele entrava em abstinência sexual para ficar mais agressivo. Podia ser cascata pura, mas os jogadores de futebol também faziam a tal concentração, portanto devia funcionar. E eu acreditei…

Uma semana antes de cada corrida eu entrava para o celibato que, na minha condição de Edwirgem, limitava-se a manter o controle da mão direita e não podia nem sequer ver anúncio de lingerie nas revistas da minha mãe para não acender minha pira olímpica.

Se você acompanhou outras colunas aqui mesmo no Gepeto (para quem ainda não entendeu, “Gepeto” é uma corruptela de “GPtotal”), deve saber que meus companheiros foram Ayrton Senna, Maurizio Sala, Mário Sérgio de Carvalho, Renato Russo (esse ainda era nenê) e outros imberbes. A galera estava com os hormônios em ebulição mas, naquela época, não tinha essa facilidade de hoje, que as meninas transam assim, apenas para conhecer melhor o eu interior da outra pessoa, num lance assim, meio transcedental, cósmico e telúrico. Na nossa época não tinha raves, Red Bull, camisinha colorida com sabor, nem Ecstasy. No máximo rolava uma domingueira no Clube Sírio, Cuba Libre e, muito de vez em quando, um lança perfume.

A azaração acontecia quando íamos correr no interior. A combinação de ausência de vigilância paterna com a companhia daqueles mecânicos delicados como um rottweiler acabava sempre em zona. Entenda por zona aquela casa da luz vermelha que toda cidade do interior se orgulhava de apresentar a sua. A de Bauru ganhou notoriedade nacional. Para mim mais ainda, porque eu mantinha aquela maldita pregação fittipaldiana de abstinência sexual, enquanto via os mecânicos correndo de um lado para outro, batendo recordes olímpicos de bimbadas numa noite. Muitos pilotos entraram para o rol dos homens de verdade nessas incursões pelo interior. Alguns apareciam na corrida, domingo de manhã, acompanhados da “namorada”, com cara de amassado, joelhos esfolados e eu começava a confirmar que o Emerson estava certo. Foi também nessa época que muita gente ouviu falar de Tetrex pela primeira vez, o milagoroso remedinho que curava a, digamos, blenorragia, mais conhecida como gonorréia. Bons tempos…

Como minha “primeira vez” só iria rolar aos 18 anos, também com uma iniciante, eu acompanhava tudo, mas não participava de nada. Em compensação, no domingo à noite, após a corrida, eu promovia uma verdadeira orgia onanística utilizando o material ilustrativo da época, de autoria do Carlos Zéfiro. Na verdade, os melhores pilotos ficavam de fora dessa zona – incluindo Ayrton – e os mais bagunceiros eram do pelotão intermediário para baixo.

Calma. Todos nós crescemos. Além disso, depois da solene burrada que o Emerson fez ao trocar McLaren, Ferrari e Tyrrell por aquela merda de Copersucar-Fittipaldi, o conceito dele caiu em desgraça. Ignorei aquela pregação maldita e larguei mão completamente dessa abstinência.

Corridas e belas mulheres sempre estiveram juntas. Aquelas pit girls que seguram os guarda-sóis são moças respeitadas, de boa família, que estão lá apenas para ajudar no orçamento familiar ou pagar a faculdade. Bem, isso é o que elas falam. Caras que conseguem controlar carro ou moto a 200 por hora exercem algum poder nessas mulheres. Depois de me tornar jornalista e acompanhar corridas desde kart até F 1 cheguei à conclusão que o Emerson deveria estar louco mesmo e a sandice certamente estava atribuída a falta de sexo. A tostestorona (êta palavra difícil) deve ter ido para o cérebro e afetou seu raciocínio.

Nunca vi tanta azaração quanto no ambiente de corrida. Acompanhei de dentro – como assessor de imprensa – os primeiros GPs de Motovelocidade no Brasil e alguns GPs de F 1 e posso garantir que rola de tudo. Geralmente as gatitas vão atrás dos pilotos. Se não conseguem um, vão para o escalão logo abaixo, dos chefes de equipe. Depois, pela ordem: mecânicos, amigos de piloto, organizador, patrocinador e só então, bem lá no finalzinho da lista, os jornalistas. Mas antes ainda tem os pipoqueiros.

Num lance inesquecível, em Goiânia, acho que em 1987, o chefe da equipe Aprilia, um italiano típico, se atracou com uma mulata de parar o trânsito. Sumiu e só fomos vê-lo no dia seguinte, no brunch. O cara estava encantado: “Que bela, que gentil, educada, fina, estou apaixonado”. E os outros italianos presentes diziam: “Ma que apaixonado, tá louco, ela era putana!”. O chefe de equipe começou a gritar “Putana coisa nenhuma, vocês são preconceituosos, frustrados porque ficaram na mão, invejosos”. Foi então que um perguntou: “Quanto você pagou pra ela?”. A resposta veio quase espumando: “Paguei porra nenhuma, você está louco, eu não preciso disso, ela era uma lady”. Depois abaixou o tom de voz e confessou: “Bem, eu dei apenas 200 dólares para pegar o taxi”.

Finalmente, em 1997 voltei à vida de piloto de moto. Disputei três temporadas, sendo que na última acompanhado de uma namorada que era, assim, digamos, meio fogosa. Confesso que às vezes sentia saudades da doutrina do Emerson, principalmente nas vésperas de corrida. Na primeira etapa de 1999, no Rio de Janeiro, tive um treino difícil e queria apenas relaxar sábado à noite para acordar inteiro no domingo. Mais de 20 anos separavam aquela minha fase celibatária da adolescência para esta noite de sábado. Mas minha namorada estava meio acesa. Foi uma noite quente, quando mal pude dormir.

Na manhã seguinte encontrei a delegação da CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) no café, todos com cara de mal dormidos. Eles olhavam de modo estranho para mim. Um deles chegou perto e sussurrou: “Sobrou alguma energia para correr?”. Eles eram meus vizinhos de quarto…

Eh… O Emerson Fittipaldi estava errado mesmo: ganhei a corrida!

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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