“Somos instantes”

Vencer e Convencer
01/02/2013
Está nos detalhes
06/02/2013

“Somos instantes”, diz a linda pichação que achei no FaceBook. Somos, fomos e sempre seremos instantes. Para o bem ou para o mal, esta é a regra. Vale pra vida, vale para o esporte

“Somos instantes”, diz a linda pichação que achei no FaceBook. Somos, fomos e sempre seremos instantes. Para o bem ou para o mal, esta é a regra. Poucas vezes nos é dado ver o todo, compreender a integralidade dos acontecimentos, entender onde começam, terminam e porque acontecem. Afinal, são apenas instantes.

Vale pra vida, vale para o esporte.

O prazer repetidamente manifestado pelos leitores do GPTotal com a publicação de fotos de carros do passado, principalmente em nossa página do FaceBook, me fez pensar: o que os pilotos fundadores da F1 pensariam dos carros atuais?

O que Jim Clark pensaria, por exemplo, do RBR, apresentado ontem? O que o escocês, reputado por muitos como o maior piloto de todos os tempos, pensaria deste amontoado de superfícies curvas, asas, aletas, desviadores e também da profusão de cores, logo ele, que sempre correu com carros pintados discretamente e onde os sticks dos patrocinadores eram um ou dois? E como Clark reagiria à complexidade atual de pilotagem, com tantas possibilidades de regulagem do carro, possíveis inclusive durante a corrida, pelo próprio piloto?

Não precisei pensar muito para chegar a uma conclusão: Clark, Graham Hill, Stirling Moss, Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio e outros como eles certamente arderiam de desejo pelas criaturas de Adrian Newey e Ross Brawn. Lógico! Os carros de hoje são mais rápidos do que os do passado e, efeito marginal mas nem por isso desprezível, muito mais seguros. São mais fáceis, portanto, de serem levados além dos seus limites.

Pilotos com P maiúsculo como os citados amam, acima de tudo, este desafio de superação. A eles, não basta o desempenho 100%; é preciso ir além, numa mescla de coragem, desvario, fascinação e entrega. Pilotos assim não têm juízo estético: dificilmente se incomodariam de embarcar num carro feio ou desengonçado. Estariam mais interessados em saber quão rápido ele é capaz de acelerar, quão eficientes são os seus freios, quão resistentes são os componentes mecânicos. Clark provavelmente amaria os pneus de classificação, os freios de carbono, o câmbio automatizado, a possibilidade de regular o diferencial curva a curva. Afinal, tudo lhe daria melhores possibilidades para multiplicar as suas 33 poles e 25 vitórias conquistadas em 72 GPs nos quais largou.

Clark e os pilotos do passado, com poucas exceções – idiotas sempre existiram, existem e existirão -, também adorariam arriscar o pescoço em carros tão resistentes a batidas, correndo em pistas incomparavelmente mais seguras. Clark deixou a vida em Hockeinheim porque, ao perder o controle do seu Lotus de Fórmula 2, não havia uma simples lâmina de guard-rail para detê-lo. Do outro lado da curva havia, isso sim, um sem-número de árvores. O Lotus só parou quando atingiu uma delas. Tudo ocorreu num instante…

Imagino, porém, que, ao contrário de Clark & Cia, o ambiente atual da Fórmula 1 seria francamente hostil a pilotos menos técnicos, como Ronnie Peterson e Gilles Villeneuve.

Improvisadores natos, pilotos cuja coragem e arrojo sobrepujavam a inteligência e a visão da corrida como um todo, eles teriam mais dificuldades para se acertarem com tantos parâmetros, táticas e estratégias. O que diria Gilles se, dos boxes, via rádio, recebesse uma mensagem da equipe, pedindo que mantivesse a posição até o próximo pit stop? E como reagiria Peterson, por exemplo, aos desafios de acerto do carro? É verdade que, hoje, o trabalho pesado de acerto é feito pelos engenheiros mas a sintonia fina, essa fica por conta do piloto – e Peterson era notório pela ignorância redonda em termos de mecânica. Mais: como ambos se adaptariam a carros cujo rendimento máximo é tão sensível ao estado dos pneus, que precisam ser tratados com uma gentileza a eles de todo impossível?

Teriam, Gilles e Peterson, a capacidade de se adaptar? De Clark e tantos outros, não vejo maiores dificuldades mas, destes dois, vejo sim. O tempo da pilotagem exuberante, criativa e descuidada, que tanto encheu os nossos olhos naqueles anos, foram instantes que, ainda que mágicos, ficaram para trás.

O amigo Manuel Blanco colocou fogo no GPTotal ao questionar os méritos de Michael Schumacher na sua coluna Vencer e convencer.

O debate que se estabeleceu a partir do texto foi bastante rico. Peço licença para juntar a ele algumas opiniões minhas, reconhecendo de antemão antipatias profundas pelo alemão, principalmente pelas suas movediças bases morais. Nesse sentido, endosso inteiramente os fatos de natureza, digamos, política elencados por Manuel.

Reputo indiscutíveis as virtudes técnicas de Schumacher, a sua excepcional velocidade, capacidade de adaptação e entrega à competição mas considero que a extraordinária série de vitórias conquistadas por ele não podem ser dissociadas de condições políticas pra lá de camaradas e também pelo fato de:

1) ter corrido para equipes que foram inteiramente moldadas à sua feição e necessidades, qualquer outro interesse sendo total e completamente submetido a este imperativo, Rubens Barrichello que o diga.

2) Ter podido experimentar exaustivamente nas pistas de testes tudo o que podia testar, começando pelos pneus, fator diferencial no desempenho dos carros. Lembro que Schumacher chegou a dormir na pista de Fiorano para poder começar a trabalhar mais cedo. Creio que nenhum piloto na história da categoria acumulou mais quilômetros ao volante de um F1 do que ele. Suas qualidades como piloto de testes compensaram todas as eventuais falhas de projeto e do túnel de vento da Ferrari. É preciso lembrar também que a equipe dispunha de condições ideias para proporcionar a Schumacher a oportunidade de testar, começando por um orçamento virtualmente ilimitado, graças à parceria com a Bridgestone, e de dispor de uma pista só pra ela, apenas alguns metros distante da fábrica.

3) A ausência, na absoluta maioria das temporadas, de adversários que combinassem talento, experiência, carros de qualidade superior e condições de relacionamento com a equipes equivalentes à do alemão.

Mesmo ponderando o peso da idade, em sua volta às pistas, Schumacher não teve ao seu alcance nenhuma dessas condições. Seu instante havia passado.

Boa semana a todos!

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

22 Comments

  1. Bruno Wenson disse:

    Se o cara ganha arriscando a vida, é macho e fodão.
    Se o cara ganha com o melhor carro, que ele ajudou a criar e desenvolver, aproveitando tudo o que o dinheiro e as condições de sua equipe proporcionam, não vale nada!
    Por que não falam hoje que Vettel é um robozinho da Red Bull que só ganha por que tem o melhor carro feito pelo melhor projetista??
    O Alonso dá espetáculo, se esforça e uns o chamam de “vigarista como o schumacher”, por que é protegido do Ecclestone. O Vettel vence sem nem suar e é Gênio.

    Vai entender isso.

  2. Mário Salustiano disse:

    olá amigos,

    Edu dessa vez voce partiu de um ponto de vista muito interessante, na maioria das vezes olhamos o passado a partir do tempo atual, inverter esse ponto de referência é no minimo intrigante e mais factível para criarmos especulações,pelo menos é o que penso, dessa forma dois são os pontos interessantes abordados por voce nessa coluna,o primeiro é que sim também concordo na opinião que os pilotos do passado ficariam seduzidos por toda a tecnologia disponível hoje em dia para ir além dos 100% da sanidade e colocar tudo o que sabiam em termos de pilotagem a prova.
    Para mim em particular o ponto que sempre questiono a atual F1 com base no que vi no passado, está atrelado a esse jogo artificial para criar emoção e não em relação aos avanços tecnológicos, e é por essa razão que acredito que grandes pilotos sempre demonstraram interesse em ter disponível o melhor que a tecnologia pode oferecer para que eles possam superar seus limites.
    O segundo ponto é sobre Schumacher, hoje já temos um distanciamento temporal sobre os seus feitos, e segundo renomados historiadores quanto mais longe o espectador está do fato, mais aguaçada e apurada fica a sua opinião , a coluna do Manuel está brilhante desde a construção até a junção de elementos que mostram como os numeros do alemão foram construidos, voce coloca mais elementos interessantes que nos fazem refletir um pouco mais, não quero entrar no mérito em si do que voces brilhantementes abordaram e ao qual eu concordo, quero levantar um outro ponto para olhar esse cenário de outro ângulo, que envolve toda uma manipulação das regras do jogo para criar um ambiente perfeito e ficticio do ponto de vista esportivo mas que servem a propósitos não tão nobres, bem hoje enxergamos de forma mais criteriosa a questão dos números com base na “moralidade” do alemão.
    Quero tomar a liberdade de fazer um paralelo com o romance “Frankenstein” de Mary Shelley ,onde temos uma criatura abominada pela população, que revolta resolve agir para acabar com ela, o seu criador fica mais a margem dessa revolta e apenas é atingido por consequência, esse romance é muito interessante porque retrata o imaginário popular que um dia um ambiente artificial pode ser criado e seria possível mudar a ordem da natureza, dessa forma teriamos poder sobre a vida e controlariamos a morte, ou seja no fundo um poder manipulativo, bem no romance a história não acaba bem nem para a criatura nem para o criador.
    Mas fazendo uma alusão ao que vemos hoje e bem relatado pelo Manuel, abordamos muito a “criatura” Schumacher questionando seus feitos, esquecendo de olhar o papel do “criador” Bernie,que está por trás de todo esse jogo de manipulação e nessa história por enquanto ele está indo muito bem nos seus propósitos, é por isso que olho tanto para outros tempos, mas isso é assunto para outra conversa.

    abraços

    Mário

  3. Fernando Marques disse:

    Edu,

    eu não gosto muito de viajar pelo imaginario “se” …
    eu acredito sim que qualquer piloto de qualquer epoca teria desejo de pilotar os novos RBR’s ou quaquer outro Formula 1 deste ano, simplesmente pelo prazer de desfrutar toda a tecnologia empregada. A Formula 1 desde que nasceu sempre usou tecnologia de ponta. E neste aspecto ela não mudou nada desde que nasceu. O que há de mais moderno no mundo sempre esteve e está na Formula 1. E sempre será assim.
    Os carros em 2013 pelo menos estão menos feios que os do ano passado.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  4. Edu amigão, não apenas concordo com as dificuldades de adaptação que você aponta em relação a Peterson e Villeneuve, como acredito que elas já se faziam sentir em suas respectivas épocas.
    Tivessem nascido trinta anos antes, Gilles e Ronnie certamente teriam sido candidatos ainda mais sérios a campeonatos mundiais. Por sua vez, na pilotagem sobre trilhos da atualidade, tão dependente do trato com os pneus e de estratégias externas, não acredito que pudessem sequer repetir os belos desempenhos dos anos 70 e 80.
    Abs!

  5. Arnaldo Suzigan disse:

    Edu… discordo em algumas partes…

    HOje em dia vale mais a maquina, vale mais se o carro saiu bem do tunel de vento do que necessariamente somente o talento do piloto…

    essas lendas que voce citou nao aceitariam entrar num carro ”mal nascido” e ver que nada poderiam fazer para sair de uma sexta colocacao por exemplo para o topo do pelotao…

    Lendas como essas gostam é da dificuldade de pilotar, de tocar o carro, onde o talento se sobressai a mesma… gostam de passar marcha num cambio manual, de fazer o velho e bom ”ponta taco”… nao sei a formula 1 atual lhes encheria os olhos…

    abraco a todos

    • Ronaldo disse:

      Automobilismo é corrida de carro, e nenhum dos citados NUNCA ganhou uma corrida sem ter um dos melhores carros do grid. Pelo contrário, nunca foram capazes de vencer sem essa condição.
      Não consigo entender essa nostalgia , que não é baseada em fatos nem em memórias, apenas pelo desejo de uma utopia que nunca existiu nem vai existir.

    • Lucas disse:

      Você se refere a quais pilotos, Ronaldo? Acho que tem sim alguns que foram capazes de fazer isso. O próprio Fangio por exemplo teve um campeonato bem curioso em 54: como a Mercedes não conseguiu fazer o carro a tempo, deixaram ele correr as primeiras corridas do ano pela Maserati. Resultado: ganhou duas corridas pela Maserati, depois mais cinco pela Mercedes, e ninguém mais ganhou corridas por essas duas equipes aquele ano. Também não entendo porque você afirma que isso seria uma “utopia que nunca existiu nem vai existir”. O que dizer de Prost batendo Mansell e Piquet em 86 com um carro claramente inferior? Ou Alonso por muito pouco não sendo campeão ano passado com um carro que jamais foi o melhor do grid, chegando inclusive a ser sofrível nas quatro primeiras corridas? Concordo que automobilismo é corrida de carro, mas existem muitos exemplos sim em que o homem consegue ser mais importante que a máquina – e, na minha opinião, é aí que está a beleza desse esporte.

    • Mauro Santana disse:

      Lucas

      Gostaria de acrescentar a sua lista o Senna em 1993 (vice campeão), que para muitos é considerado o melhor ano do brasileiro na F1.

      Abraço!

    • Ronaldo disse:

      Não me entendam mal, é óbvio que o piloto faz toda a diferença. mas quem ganha é a máquina. Me refiro a Peterson, Villeneuve, Clark… E reafirmo o que disse. Como dizer que a Masserati não era um dos melhores carros do grid em 1954? naquelas duas primeiras corridas apenas havia ferraris, masseratis e gordinis no grid, e o único carro que fazia oposição era a ferrari. Aí sim, com carros compatíveis o piloto faz muita diferença.
      Piquet e Mansell deram o campeonato a Prost, o cara que é reconhecido por buscar pontos acima de qualquer outra coisa. A temporada de 1986 tinha o time com o melhor carro dividida, e o segundo melhor com um primeiro piloto muitíssimo bem definido.
      Ao mesmo tempo que a F2012 era supostamente sofrível no início do ano, todos os adversários diretos do espanhol tiveram revezes, além de não terem demonstrado confiabilidade. Até monaco os cinco primeiros colocados no campeonato tinham exatos três pódios; como julgar se ele realmente se sobressaiu tanto assim em um ano tão irregular? Além disso, se é tão fora de série, onde estava em 2008 e 2009?
      Em 1993 a McLaren ainda era um grande carro, empurrado por um motor ruim. Na minha opinião, de quem viu aquelas corridas ao vivo e torceu muito, também foi a melhor temporada de Senna. Mas ainda reafirmo meu argumento: Senna apenas ganhou naquela temporada sob duas circunstâncias; quando havia pelo menos um carro entre ele e Prost, e depois que o frances já tinha assegurado a taça. Sem falar do que sofreu inúmeras vezes com Hill e Schumacher.

    • Lucas disse:

      Bom, Ronaldo, acho que discordo de todos os pontos.

      Começando por 54: como assim “apenas” a Ferrari? Pra você ter uma idéia, na primeira corrida o Fangio ganhou com a Maserati, depois vieram nada menos que *três* carros da Ferrari e a próxima Maserati ficou em sexto, três voltas atrás do Fangio. Na Bélgica a situação ficou ligeiramente melhor pois tinham Moss também na Maserati, mas ainda assim, veja a diferença: Fangio em primeiro, Trintignant em segundo (de novo com a Ferrari) e o Moss em terceiro… uma volta atrás do líder (e naquela época uma volta em Spa tinha 14km!). Você pergunta “como dizer que a Masserati não era um dos melhores carros do grid em 1954?”, e é bem fácil responder a sua pergunta: basta ver que em toda aquela temporada só duas vezes aconteceu de outro piloto que não o Fangio terminar *na mesma volta* do líder – chegar sequer perto de ganhar então, nem pensar.

      Quanto a 86: A McLaren tinha Keke Rosberg e Alain Prost. Não vejo como afirmar que havia um “primeiro piloto muitíssimo bem definido” por lá. E, ainda que isso fosse verdade, não seria desculpa: Prost bateu uma ou duas Williams em nada menos que sete corridas, logo, não estava simplesmente “buscando pontos”: ele estava realmente *batendo* carros claramente superiores.

      E finalmente quanto a F2012: sério que você acha que a Ferrari ser sofrível nas primeiras quatro corridas é apenas uma “suposição”? Curioso também você falar que “todos os adversários diretos do espanhol tiveram revezes”. Por acaso ele também não teve? Quer azar maior do que ter dois abandonos na largada e uma falha mecânica no Q3 justamente em três das poucas ocasiões em que a Ferrari andava relativamente bem? Você pergunta onde ele estava em 2008 e 2009, e é fácil também responder: ele estava numa equipe que tinha um carro já bem fraco em 2008 (mas ele ainda conseguiu vencer em Suzuka), e pior ainda em 2009. Pra você ter uma idéia, na Renault de 2009 os outros dois pilotos não conseguiram sequer *pontuar* ao longo do ano, e a melhor colocação em classificação foi um décimo lugar. Alonso marcou todos os pontos da equipe, além de ter conseguido fazer uma primeira fila e um pódio naquela carroça. Isto é, a resposta para a pergunta “onde ele estava em 2008 e 2009” na verdade corrobora ainda mais a tese de que pilotos fazem sim enorme diferença. É até estranho ver alguém questionando isso depois da temporada que acabamos de assistir…

    • Lucas disse:

      Olá, Mauro! Sim, concordo quanto a 93. Vale lembrar também que Senna chegou a liderar momentaneamente os campeonatos de 86 e 87, e, a julgar pelo que já fazia em 85, não é exagero afirmar que só não disputou o título já naquele ano por que o carro não era nenhuma maravilha em confiabilidade (foram vários abandonos quando liderava ou pelo menos garantia bons pontos).

    • ronaldo disse:

      Vai ser uma discussão infrutífera, já que seus argumentos são bastante válidos, mas você insiste em exagerar no valor da pilotagem. Pra deixar claro começando por um argumento irrefutável: Clark, Villeneuve e Petterson nunca ganharam sem ter um dos melhores carros, ok?
      Sobre 1954, o “apenas” Ferrari foi para demonstrar que havia poucos competidores. Três construtores é pouco, ou você vai discordar disso também? Mas aquele, como 2009, era um ano de incertezas, em função da mudança das regras de motores. A ferrari, que tinha dominado os dois campeonatos anteriores competindo contra carros muito inferiores agora tinha rivais à altura. E tanto é que a Masserati era um dos melhores bólidos, que a única corrida em 52/53 que não foi vencida por eles foi a última de 1953, no volante, vc sabe quem. Você concordaria ao menos que a Mercedes era o melhor carro a partir de sua estreia? Me responda, portanto, onde estava Fangio na Inglaterra e Espanha?
      Sobre 86, colocar Rosberg, o pior campeão de todos os tempos, um cara que só tem cinco (!) vitórias no currículo, à mesma altura de Alain Prost, um cara que dominou todas as instâncias (desde a sala do comissário até o cockpit) do esporte, é querer forçar muito a barra. Ter um ou mesmo os dois carros do melhor time atrás de si em uma corrida ou outra não é fato. Ele (a McLaren) venceu quatro corridas na temporada enquanto a Williams venceu nove; o melhor carro venceu mais. Portanto, o mérito dele foi saber administrar as adversidades, e fazer todo o jogo valer para si, assim como faria em 1989, que pra mim foi seu melhor ano. Se a Williams tivesse a mesma sinergia que reinava na McLaren e escolhesse um piloto, quem quer que fosse, a partir de qualquer momento do ano, esse seria o campeão.
      Ainda não acho que a Ferrari (como você mesmo colocou, “A” Ferrari) tivesse um carro assim tão ruim no início do ano, apenas não era um carro vencedor. Tanto que, realmente, exceto sob as circunstâncias malucas da Malásia, não venceu. Quando Alonso deixou de pontuar pela primeira vez na temporada ele já tinha três triunfos, dois a mais que qualquer outro adversário. E foi exatamente nesse GP que Vettel pegou a mão do carro com um segundo lugar, depois engatando uma sequencia vencedora e destruindo o resultado que Alonso, com a ajuda das circunstâncias e claro, um talento monstruoso, havia construído.
      E já que já gastei esse tempo todo, vou me estender um pouco mais. Só me lembro de outros três campeonatos, além de 1986, em que o vencedor não teve o melhor carro em ao menos algum momento da temporada: 1982, quando a Ferrari quis matar todo mundo que pilotasse pra eles, 1981 quando a administração e inteligência de Piquet, mais a inventividade de Murray garantiram igualdade na pista e 1991, quando a Williams já tnha o melhor carro, mas Mansell e seu azar não puderam superar o início da melhor fase de Ayrton Senna. Penso muito em 1975, mas naquele ano o melhor carro ainda se sobressaiu, não fosse o acidente de Lauda e , principalmente a chuva no Japão.
      E então, me diga outras três temporadas em que o melhor carro não levou, e nunca mais posto no site.

    • Lucas disse:

      Ronaldo: Não sei se eu entendi os comentários sobre 54 – mais uma vez, me parece que a informação que você dá muito mais *corrobora* o que eu digo, do que o contrário. Em 52 Fangio não correu e Ascari ganhou praticamente tudo (a outra vitória foi do Taruffi, também pela Ferrari). Em 53, assim como em 54, a única corrida vencida por um Maserati foi com Fangio no volante. Os outros pilotos, em geral, terminavam sempre muito atrás dele. Isso não sugere justamente que a Maserati só era “um dos melhores carros do grid” quando o Fangio estava no volante? A Mercedes de 54 sim, era um excelente carro, mas isso não muda o fato de que, antes de correr por ele, ele venceu as duas corridas em um carro para o qual não há nenhum motivo em achar que fosse tão bom quanto as Ferraris. Você pergunta “onde Fangio estava na Inglaterra e na Espanha”. A resposta também é simples: na Inglaterra (onde ele se classificou em segundo enquanto a melhor Mercedes atrás dele foi somente nono) ele corria com problemas no câmbio, e na Espanha (onde ele fez pole e a segunda melhor Mercedes foi apenas sexto) o carro dele estava jogando óleo *pra dentro do cockpit* – e ainda assim ele terminou em quarto e terceiro nessas duas corridas. A meu ver, se ao invés de ter corrido pela Maserati e pela Mercedes naquele ano ele tivesse passado toda a temporada na Ferrari, provavelmente teria sido campeão por uma diferença até maior.

      Quanto a 86: em momento algum eu coloquei Rosberg “à mesma altura de Alain Prost”. Apenas afirmei que não vejo motivo pra acreditar que a McLaren tinha um claro posicionamento de primeiro e segundo piloto (a não ser que o simples fato de ter pilotos de diferentes níveis de qualidade já signifique isso – do que discordo). Também não entendi a surpresa com o fato de Prost “ter vencido menos que a Williams”. Isso não deveria ser óbvio, dado que o Prost é um piloto só? Ele venceu quatro corridas – mesma quantidade de Piquet e só uma a menos que Mansell. Uma diferença muito insignificante dada a diferença em equipamento.

      E finalmente quanto a 2012: o carro que a Ferrari tinha nas quatro primeiras corridas era claramente instável (o que era nítido desde os ensaios de pré-temporada), os dois pilotos sofriam até pra chegar ao Q3, e, em ritmo de corrida, não era raro serem mais de um segundo mais lentos que os líderes. Se isso não é ser sofrível (obviamente me refiro só às primeiras quatro corridas, a melhora em Barcelona foi notável), eu não sei o que é. Alonso ganhou três corridas simplesmente porque foi melhor nas adversidades: na Malásia o temporal diminuiu a diferença da Ferrari pros demais carros, em Valencia conseguiu fazer uma excelente largada e se beneficiou da quebra de Vettel, e na Alemanha choveu na classificação, permitindo a ele largar da pole e segurar a posição até o final. Em tempo seco, a Ferrari sempre esteve abaixo de pelo menos uma ou duas equipes (mais que isso nas quatro primeiras corridas).

      Pra encerrar, não tenho qualquer intenção de fazer com que você “nunca poste mais no site” (pelo contrário, aliás, é sempre bom trocar idéias mesmo com quem se discorda, até pra rever as minhas próprias). E admito que ver um piloto ser campeão (ou mesmo ter chances) sem o melhor carro é algo raríssimo. Mas aí é que está a graça da coisa – ver o que acontece quando a regra é quebrada.

      Seus exemplos são todos de 91 pra trás, e isso sempre foi um incômodo pra mim. Depois de tanta gente brigando na frente com carro inferior na década de 80 (vide o próprio Senna pela Lotus), era bem chato o fato de que, a partir dos anos 90, aparentemente só dava pra ter chances num campeonato caso se tivesse o melhor carro ou algo bem próximo disso. E eu já estava me conformando ao achar que “a F1 moderna é assim mesmo”, mas aí o Kimi bateu na trave em 2003, com um carro que não só era pior que a Ferrari, mas também inferior à Williams (e teria pontos pra ser campeão não fosse o motor quebrado justamente na única corrida em que a McLaren andou melhor que as outras duas). Alonso foi campeão em 2005/2006 em casos que valem uma boa discussão: a Renault de 2005 era um excelente conjunto, mas em termos de velocidade a McLaren era muito melhor (de certa forma, é parecido com a situação de 91). E em 2006 a Renault começou muito bem, mas depois que baniram o amortecedor de massa ficou muito abaixo da Ferrari. Um dos motivos de eu admirar o Alonso é o fato dele estar entre os cinco pilotos que mais venceram corridas em todos os tempos sem nunca ter tido a oportunidade de correr num carro dominante – daqueles que só não fazem dobradinha em praticamente todas as corridas do ano se algo der muito errado com um dos carros (o que todos os outros quatro acima dele tiveram em pelo menos uma temporada).

      E como tivemos dois “quases” em tão pouco tempo (2010 e 2012), não duvido que, em algum momento das próximas temporadas, possamos ver, novamente, um piloto sendo campeão sem o melhor carro.

    • ronaldo disse:

      Sobre 2003 acho que a chance de Kimi foi meio que ciscunstancial também, que se explica por um início ruim de temporada do alemão. Já 2005 eu acho que a McLaren perdeu o campeonato, pelas más escolhas em alguns momentos, especialmente Nurburgring.
      Já sobre Alonso nunca ter guiado um carro dominante, discordo e muito, já que o MP4/22 era o melhor carro disparado. Esse ano, aliás, é um bom comparativo com 1986, já que o carro com o melhor carro e o melhor piloto ficou à sombra de um piloto que corria por fora. A McLaren teve uns quatro “match points” naquela temporada, e pra mim Alonso perdeu o caneco no xilique da Hungria, mais do que na panca de Fuji.
      Em 1954 (não, essa conversa não acaba…), mais do que o gênio de Fangio, pra mim o que tirou da Ferrari o posto de melhor carro foi a ausência de Ascari. Naquele momento não havia quem pudesse domar a máquina a contento. Eu acho impressionante o exemplo de Casey Stoner na Ducati. Ninguém duvida que ele é um grande piloto, assim como Rossi. O que fez dele um fora de série foi ter sido o único capaz de domar a nervosa Desmosedici.
      Porque os companheiros de Alonso não pontuaram em 2009? Você imagina o quanto pode pesar na cabeça de um rapaz de vinte e poucos anos o fato de ter trapaceado e manchado a história de seu pai, uma das maiores lendas do esporte? E Grosjean, pra mim, se explica bem como Fisichella não foi capaz de pontuar com a Ferrari, saindo de um pódio com Force India.
      Vamos tentar achar um ponto comum. Certa vez assisti a um programa de televisão sobre a Williams, na época da BMW. Sir Frank colocou as proporções que ele acha que são representadas por cada componente. Se não me engano seria: 30% pneus, 40% chassis/motor e 30% pioto. Eu estou de acordo com isso. E você?

    • Lucas disse:

      Olá, Ronaldo!
      Sim, muito do fato de Kimi ter tido a chance de ser campeão em 2003 se deve aos erros de Schumacher. Que, aliás, não se restringem ao início da temporada – na verdade ele abusou do direito de errar o ano inteiro, o que culminou com a própria corrida de decisão em Suzuka que, para o alemão, foi um verdadeiro show de horrores (dando trombada, saindo da pista, quebrando asa dele e dos outros e sofrendo pra chegar em oitavo apesar de ter o mesmo carro com que o companheiro de equipe vencia com 11s de vantagem pras McLarens). O que é um pouco triste pois, pensando por esse lado, acaba sendo um exemplo da máquina vencendo o homem: Kimi fez um campeonato praticamente impecável, pegando pontos valiosos em todas as oportunidades que apareciam à sua frente, mas acabou perdendo o campeonato para um piloto que fez uma temporada repleta de erros graves, e que só foi campeão graças à superioridade do carro. É um ponto a seu favor, sem dúvida.

      Sobre Alonso: veja que quando falei em carros dominantes, eu os defini como “aqueles que só não fazem dobradinha em praticamente todas as corridas do ano se algo der muito errado com um dos carros”, isto é, carros como as McLarens de 88 e 89, a Williams de 92, as Ferraris de 2002 e 2004… Isso Alonso nunca teve, e a MP4-22 nem de longe se enquadra nessa definição. E não me refiro só ao número de dobradinhas (apenas quatro em quinze corridas completadas pelos dois pilotos): basta ver que não apenas o Räikkönen, mas também o Massa, um piloto que nunca foi conhecido por extrair de um carro mais do que se espera dele, várias vezes terminaram corridas à frente de uma ou duas McLarens mesmo que nada de errado tenha acontecido com elas. O que aconteceu de notável nesse campeonato foi a manifestação clara do que é o grande calcanhar de aquiles do Räikkönen – ele tem sérias dificuldades de adaptação a carros/set-ups, o que faz com que, mesmo em bons carros, tenha resultados fracos se não consegue achar a janela ideal pro seu estilo de pilotagem. Recentemente Andrea Stella discutiu essa peculiaridade sobre Räikkönen em entrevista, e ele foi bem enfático quanto a isso: para ele, quando se conseguia achar um set-up dentro da janela em que Kimi “funciona”, ele era o piloto mais rápido com quem ele já trabalhou (isso vindo de um sujeito que foi engenheiro também do Schumacher e do Alonso!). Só que como essa janela era muito pequena, muitas vezes eles não conseguiam encontrá-la, e aí o Kimi parecia um piloto mediano ou “apático”. Lembro-me de ter lido que em 2007 Kimi e seus engenheiros passaram boa parte do ano “brigando” com o set-up do carro, tendo demorado boa parte da temporada pra finalmente encontrar uma solução que funcionasse com ele, e a partir daí o Kimi nunca mais saiu do pódio: da França em diante foram cinco vitórias, dois segundos lugares e dois terceiros – vale lembrar que muitas vezes sem que nada de errado tivesse acontecido com Alonso ou Hamilton. Logo, discordo totalmente que o MP4/22 era “o melhor carro disparado”. Com todo respeito ao brasileiro, um “melhor carro disparado” não fica atrás de Felipe Massa em sete corridas.
      Quanto à Hungria, eu sinceramente acho que se dá valor demais a esse episódio. Era um ano em que as equipes eram praticamente “obrigadas” a favorecer um piloto em detrimento de outro, pois como os pilotos começavam a cirruda com a mesma quantidade de combustível que tinham usado na classificação, eles obrigatoriamente tinham que classificar com pesos diferentes (do contrário seriam forçados a parar na mesma volta), o que acabava sempre favorecendo um piloto em prol do outro. Pelo que eu lembre a McLaren tentava alternar a preferência e o Alonso tava meio p… porque isso nem sempre estava acontecendo como combinado, e a Hungria deveria ser uma corrida em que “a vez” era dele – daí a presepada nos boxes. Deveria ser simplesmente assunto interno, mas é óbvio que aproveitaram para cair em cima (era aquela época em que o Mosley jamais deixava passar qualquer oportunidade de aprontar com a McLaren). Mas custou caro pra ele.

      Quanto a 54: isso mais uma vez não seria evidência a favor de que, naquele ano, foi o homem que fez a diferença e não a máquina? Se o que faltou à Ferrari foi um piloto “capaz de domá-la”, Fangio “domou” dois carros diferentes naquele ano, sendo o único a ganhar corridas com eles, enquanto a Ferrari ganhou com dois pilotos diferentes naquele ano e esteve em todos os pódios – dos oito pilotos que correram pela Ferrari naquele ano, cinco subiram ao pódio (e provavelmente teriam sido seis se o próprio Ascari não tivesse um abandono enquanto liderava).

      Já sobre 2009: não acho que o fato do Nelsinho não ter conseguido pontuar em 2009 se deve ao fato de “ter trapaceado e manchado a história de seu pai”. Vale lembrar que quem revelou a trapaça foi ele próprio, e, se fosse esse o motivo, isso já o deveria ter afetado antes disso, o que não parece ter sido o caso: ainda em 2008, ele terminou em quarto no Japão (na primeira corrida logo após a trapaça) e em oitavo na China – duas colocações muitíssimo melhores que qualquer coisa que ele tenha conseguido em 2009. Pra mim a clara piora de seus resultados em 2009 foi simplesmente o reflexo de que a própria Renault piorou muito de 2008 pra 2009 (basta comparar os resultados do Alonso: ele fez dois pódios em 2008 após Singapura, enquanto em 2009 ele só foi voltar pro pódio na décima quarta corrida do ano). Embora eu concorde quanto ao Grosjean (de fato, desde que proibiram os testes, estrear ou mudar de equipe no meio da temporada é quase que invariavelmente uma grande roubada), não acho crível alegar que o mau desempenho do Piquet Jr. tenha sido só “psicológico”: a meu ver, o carro é que piorou muito mesmo.

      E, sim, apesar de eu não gostar muito dessas “percentagens”, a proporção de Frank Williams me parece razoável.

    • ronaldo disse:

      O kimi, pra mim, junto com Alonso e Hamilton são os caras com as tocadas mais exuberantes; em tempos que os carros andam sobre trilhos, dá muito gosto vê-los pilotar.
      2007: Tudo bem, não era o melhor disparado. Mas foi um campeonato fácil perdido. Primeiro por Hamilton, nas cagadas em China e Brasil, e segundo por Alonso; concordo por ser um episódio bobo, que a FIA não tinha nada que se meter, já que roupa suja se lava em casa. Cinco posições na largada, em um GP em que não se ultrapassa, e no fim ainda um quarto lugar. Eram cinco pontos, sendo que no fim a diferença foi apenas um! O time de Woking conseguiu jogar três títulos fora em um só ano!
      Ainda acho que foi realmente determinante o fator psicológico para o Nelsinho, viver com aquela espada em cima da cabeça. Todo mundo já viveu uma situação assim, e a tensão é terrível. Sem contar a pressão pública aplicada por Briatore e a clara preferência por Alonso nas atualizações. Naquele ano a corrida pelo difusor foi algo sem paralelo.
      E pra terminar 1954 e a conversa; eu penso no carro como um organismo, com seu tronco, membros, órgãos vitais, nutrição, e acima de tudo, o cérebro, um corpo estranho que tem que funcionar em perfeita simbiose pela harmonia do conjunto. O que você fala de Kimi deixa isso muito claro. A Ducati do meu exemplo é a Masserati em 1954, que teve um cérebro que, além de estar acima dos demais, se encaixava em qualquer máquina que guiasse. Já o outro animal da disputa, a Ferrai, não dispôs do mesmo conjunto durante toda a temporada. Outro grande foi Ascari, grande e corpulento ao contrário de outros jóqueis, assim como Gonzáles, que citei covardemente, já que em Silverstone naquele ano, nem a FW15C poderia ser capaz de superá-lo. Li que aquela corrida não foi para a Mercedes em função de acerto, sinto não poder detalhar mas algo que envolvia a carenagem, que a tocada “no limite” de Fangio destruiu nos fardos de feno e barris de água que delimitavam a pista.
      Enfim, o fato de o piloto fazer diferença é tão marcante justamente porque ocorre em um ano ou outro, corrida ou outra. Dá pra lembrar facilmente de Vettel em Monza 2008 (Apesar da Toro Rosso ter um carro muito bem acertado para aquela prova), Belof e Senna em monaco 1984, as temporadas de 91 e 93 de Senna, as vitórias de Sheckter na Tyrrel, Canadá 1991… O esporte é de toda forma regular, qualquer modalidade. Por isso que lembramos de Garrincha, Jordan, Clark, Sampras, Borg…
      Valeu o papo, a gente se cruza por aí.

    • Lucas disse:

      Acho que no fim das contas, então, temos muito mais opiniões em comum do que parecia no começo da conversa. Pra mim também, Kimi e Alonso e Hamilton são os pilotos que mais gosto de ver correr. Quanto ao título de 2007, todos os três pilotos tiveram sua cota de erros, e infelizmente nunca vamos saber o que realmente estava acontecendo na McLaren, já que na F1 não há o costume de tirar os esqueletos de dentro do armário (pelo contrário, aliás).

      Sobre 1954, de fato há mesmo esse ponto sobre Mercedes em Silverstone – não sei se a corrida “deveria ir pra Mercedes em função do acerto”, porque o negócio era mais sério que simples questão de acerto, na verdade o modelo carenado não servia mesmo para aquele tipo de circuito (ele dificultava muito a vida dos pilotos na hora de fazer as curvas, tanto é que o companheiro do Fangio também não foi nenhuma maravilha na corrida, terminando três voltas atrás do líder), e por conta disso pra Nurburgring eles tiveram que usar um modelo sem a carenagem (com o qual Fangio ganhou a corrida).

      E enfim, essa questão de carro/piloto é o que eu penso, também. Não é todo ano em que acontece, e deixou de acontecer por um período muito longo – como te falei em outra mensagem, o que mais me chateou na década de noventa indo até 2003 foi o fato de que, aparentemente era impossível ver um piloto sem o melhor carro ou algo bem próximo tendo chance de disputar título independente de talento, mas naquele ano vieram dois sinais de que a coisa melhoraria: o já citado fato do Kimi disputar aquele título, e também o fato do Alonso ter feito duas poles, uma volta mais rápida e uma vitória quando a Renault ainda era quarta força. É uma pena que ele não tenha levado o título no ano passado – isso teria me dado o argumento definitivo para toda vez que algum conhecido me perguntasse porque eu gosto desse esporte besta em que piloto não faz diferença e só o que importa é o carro 🙂

  6. Mauro Santana disse:

    Belo texto Edu!

    Na minha opinião, acredito que todos estes Grandes Pilotos que você muito bem mencionou acima, não gostariam com certeza do tal DRS e Kers, que vão contra as suas naturezas.

    No mais, acho que a lei natural iria faze-los, ou se adaptarem, ou a forçarem a deixar a categoria.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

    • Ronaldo disse:

      Pois o DRS foi usado em várias corridas por alguns deles, até que fossem definidas as regras para uso do aerofólio, nos anos 60. E por que será que nenhum piloto das antigas disse que era contra o espírito do esporte inovações como o carro asa, Cosworth DFV, Chassis monocoque, motor turbo, pneus e motores de classificação, aerofólio… A única que consigo lembrar é da crítica do comendador (é assim que escreve) sobre o motor traseiro dos cooper, pelo menos até verem que era vencedor.

  7. Mauro disse:

    Edu

    cite um idiota

    Abraços

    Mauro

    • Mauro disse:

      Cito dois!

      Innes Ireland, que ridicularizava as iniciativas de segurança nas pistas, aponto de bater asas, imitando uma galinha, atrás de Jackie Stewart, e Jacky Ickx, um irresponsável nas pistas e, ainda por cima, medroso: ele foi um dos poucos pilotos que se recusou a protestar contra as condições de segurança no GP da Espanha 75.

      Abraços

      Edu

    • Mauro Santana disse:

      Esse era um tremendo idiota!

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