Leia a coluna e assista o vídeo em nosso canal do bate papo de JC, Márcio e Marcel sobre a corrida, segue link:
Tristemente lembrada pelo trágico final de semana em 1994, o circuito de Ímola voltou ao calendário da F1 durante a pandemia exibindo um circuito diferente de 2006, última vez em que Ímola esteve regularmente no calendário da F1, e que os pilotos atuais chamam de ‘old school’, mas com o inchaço do número de corridas na F1 e o crescente interesse de novos palcos entrarem na F1 com mais dinheiro, o circuito italiano estaria bem próximo de sair mais uma vez da F1.
Nesse clima de despedida, Ímola viu o vencedor da prova desse domingo sendo decidido na saída da primeira curva, como normalmente vem acontecendo em 2025. Max Verstappen nem largou tão bem saindo da segunda posição e se aproximou da Tamburello em terceiro, mas o piloto da Red Bull tinha o caminho livre com Piastri mais preocupado em se defender de Russell. Max mergulhou por fora e numa belíssima ultrapassagem, assumiu a ponta e mesmo com um carro pior que a McLaren, Verstappen usou o ar limpo e uma estratégia certeira da Red Bull para dominar o que pode ser o último Grande Prêmio da Emília-Romagna, em Ímola.
A Pirelli usou pela primeira vez nessa temporada seu composto mais macio, fazendo com que as equipes quebrassem a cabeça com um pneu que muitas vezes superaquecia antes mesmo do final de uma volta no limite, durante a classificação. Na Alpine, a confusão reinante nos bastidores continua com o chefe de equipe Oliver Oakes saindo do time por motivos pessoais logo depois de Miami, mas que na verdade pode ser um verdadeiro escândalo nas equipes de base comandadas por Oakes, que viu seu irmão sendo preso. Briatore assumiu tudo e sem pestanejar, o veterano dirigente aproveitou a saída de Oakes, o único que ainda segurava Jack Doohan, para colocar Colapinto no lugar do novato australiano. Se no início a Alpine falou que Colapinto teria cinco corridas para se provar, Briatore teve um comportamento típico seu ao dizer que isso não existia e o argentino só teria que fazer três coisas para manter seu assento. Bom, uma delas Franco não cumpriu, ao estatelar seu carro na Tamburello durante a classificação, continuando sua fama de batedor de carros. A Alpine irá aumentar bastante seu custo com funilaria…
Poucos minutos antes da pancada de Colapinto, Yuki Tsunoda mostrou que o segundo carro da Red Bull precisa ser benzido, com o japonês batendo forte antes de marcar tempo no Q1, fazendo Yuki largar dos pits no domingo.
Enquanto isso, o outro carro da Red Bull mostrava força com Max Verstappen brigando pela pole com a dupla da McLaren. Como normalmente ocorre, Lando Norris espirrou o taco e com mais um erro no Q3, acabou superado também pela Mercedes de Russell. Já Piastri segurou a pressão e marcou mais uma pole, superando Verstappen na casa dos centésimos.
O final da primavera italiana nos premiou com um dia perfeito para o Grande Prêmio da Emilia-Romagna. Com a notória dificuldade de se ultrapassar em Ímola, os pilotos não pouparam esforços para um bom posicionamento na classificação, sem contar que uma boa largada faria toda a diferença. Líder do campeonato e vindo de quatro vitórias nas últimas cinco corridas, o pole Piastri saiu muito bem e parecia ter encaminhado mais um triunfo, ainda mais com Verstappen não tendo uma boa largada e imediatamente caindo para terceiro. Metros mais tarde, isso faria muita diferença a favor de Max. Russell saiu melhor do que o neerlandês da Red Bull e colou na traseira de Piastri, fazendo com que o representante da McLaren focasse na defesa em cima de Russell, ficando totalmente por dentro. O problema foi que Piastri praticamente estendeu o tapete vermelho por fora e o traçado normal da pista para Verstappen, que freou o mais tarde possível, ultrapassando Russell de imediato e com Piastri freando antes por estar na parte suja, Max ficou ao lado da McLaren na primeira perna da Tamburello, mas na curva seguinte, Verstappen teria a preferência e sem área de escape asfaltada, Piastri não pôde fechar a porta como fez em Jedá e Verstappen emergiu na ponta numa manobra sublime rumo à liderança.
Porém, Miami viu a McLaren colocar 40s de vantagem sobre os demais em ritmo de corrida, suscitando até mesmo dúvidas da conformidade no regulamento do carro papaia. A Red Bull passou a quinzena anterior à prova na Emilia-Romagna reclamando do sistema de freios traseiro da McLaren, mas nada de irregular foi encontrado. Portanto, a corrida não estava terminada com a manobra de Verstappen. Pelo menos em teoria, pois na prática, Verstappen fez outra corrida excepcional e se em Suzuka o neerlandês venceu baseado na tática e na impossibilidade de se ultrapassar no Japão, Max venceu pela quarta vez consecutiva em Ímola baseado no desempenho. Com ar limpo, Max pôde administrar bem seus pneus, enquanto Piastri parecia com dificuldades com seus pneus médios, que na verdade era os macios das corridas anteriores.
Enquanto Max aumentava sua vantagem sobre Piastri, Norris passou a atacar um Russell também em dificuldades com pneus e contrariando a lógica, fez uma bela ultrapassagem sobre o compatriota. George reclamava dos pneus e não demorou a fazer sua parada, colocando a estratégia de uma única parada em dúvida, algo que vários pilotos seguiram, inclusive Piastri. Mesmo tendo que forçar os pneus para ultrapassar Russell, Lando tinha seus pneus mais em ordem e era mais rápido até mesmo que Verstappen, mas ainda 10s atrás. A McLaren resolveu tentar duas estratégias distintas para seus pilotos, com Norris repetindo a tática de Verstappen e esticando o primeiro stint e provavelmente parando apenas uma vez, enquanto Piastri sofria para passar carros com estratégia parecida com a do seu companheiro de equipe e provavelmente pararia duas vezes.
Quando a parada dos pilotos que tinham esticado o primeiro stint se aproximava, Ocon deixou sua Haas na beira da pista, trazendo o primeiro Safety Car do dia, mas virtual.
A neutralização da corrida beneficiou quem ainda não tinha parado, incluindo aí Verstappen, que fez sua parada com tranquilidade, enquanto a McLaren chorava a morte da bezerra e demorou para trazer Norris e Piastri para os pits. Quando o SC virtual terminou, a diferença que Verstappen tinha para o segundo colocado subira de 9 para 19s.
A corrida ainda pegava embalo novamente, quando o piloto da casa Antonelli deixou seu carro no mesmo local de Ocon. Todos esperavam que o SC virtual aparecesse, mas contrariando a lógica novamente, a dona FIA colocou o Aston Martin de Maylander na pista. Coerência é isso aí!
Com Safety-Car físico na pista, começou uma romaria de carros aos pits, incluindo o líder Verstappen, se precavendo de qualquer ataque da McLaren na relargada, mas a turma de Zak Brown não estava num bom dia e deixou Piastri na pista, com pneus desgastados, enquanto Norris, com pneus novos, já insinuava uma troca de posição. Muitos pilotos (como Lando) colocaram pneus duros, mas a direção de prova em Ímola se embananou em retirar a Mercedes de Antonelli e só tivemos dez voltas em bandeira verde.
Havia uma salada de pilotos que tinham parado ou não no SC real, mas isso não impediu de Verstappen abrir uma bela vantagem na frente após uma relargada tranquila, enquanto Norris só demorou três voltas para ultrapassar Piastri e ficar em segundo. No pódio, enquanto Coulthard parecia mais preocupado com o perfume de Norris, ficava claro mais uma vez que Verstappen capitalizará qualquer vacilo da McLaren. Piastri parecia ter chupado um limão bem amargo, ao ver sua pole se transformar num terceiro lugar, enquanto Norris ria sem muito motivo com o segundo lugar. Essa vitória de Verstappen o coloca no jogo novamente, além de mais pressão na jovem dupla da McLaren, com Norris já contando com um bom jejum de vitórias e Piastri vendo sua equipe se atrapalhar na estratégia.
Depois de uma classificação horrorosa, com sua dupla de pilotos ficando pelo caminho ainda no Q2, a Ferrari ressurgiu em ritmo de corrida, claro, com deslizes estratégicos. Leclerc fez uma bela largada e estava no grupo dos pilotos que pararam cedo, enquanto Hamilton, tendo largado com os pneus duros, esticou seu stint ao máximo. Charles parou antes de Russell e num belo undercut, superou vários carros e emergiu na frente de George, mas o SC jogou contra o monegasco e ficaria ainda pior quando ele ficou na pista com pneus desgastados quando todos ao seu redor tinham trocado de pneus. Leclerc reclamou bastante via rádio, mas ele segurou o quanto pôde Albon, chegando a colocar o piloto da Williams para fora e tendo que devolver a posição.
Hamilton passou o primeiro stint inteiro olhando a traseira de Antonelli, mas quando colocou pneus médios, Lewis incrementou bastante seu ritmo de prova, ultrapassando Kimi e Hadjar. Nas últimas voltas, se aproveitou do entrevero entre Charles e Albon para subir para quarto, sua melhor posição em corrida em 2025. Mesmo reclamando (de novo) via rádio, Leclerc ainda salvou um sexto lugar. Novamente a Williams conseguiu um ótimo desempenho e Albon chegou a vislumbrar um pódio, mas acabou em quinto lugar, enquanto Sainz, numa estratégia diferente do companheiro de equipe e fazendo uma corrida mais combativa vindo de trás, terminou em oitavo. Ótimos pontos para a Williams novamente, se consolidando como a quinta força da F1 atualmente, sendo que em Ímola, os comandados de James Vowles superaram a Mercedes. Russell largou muito bem, mas não teve um bom ritmo, terminando apenas em sétimo, em sua pior corrida até o momento na temporada, enquanto Antonelli fez uma tática diferente, mas esteve bem longe de brilhar na frente de sua torcida e dos coleguinhas de classe.
A Aston Martin conseguiu sua melhor classificação em 2025 e tinha bons motivos para pontuar, mas um ritmo de corrida pobre e ambos SC fora de hora tiraram Stroll e Alonso do top10, sendo que no caso do espanhol, essa falta de sorte o tirou do sério também, com Fernando ainda zerado em 2025.
Hadjar estava na turma que esticou o primeiro stint e numa corrida consistente, o novato francês marcou pontos novamente para a Racing Bulls, enquanto Lawson foi praticamente incógnito. Depois de capotar seu carro na classificação, fazendo com que a Red Bull tivesse que trocar o chassi, Tsunoda ainda marcou um pontinho, mas o japonês esteve longe de brilhar. Gasly estava no top10 após a largada, mas uma saída de pista enquanto brigava com Leclerc no começo da corrida deixou Pierre fora da zona de pontos o resto da corrida, andando próximo de Colapinto algumas vezes, onde o argentino não mostrou na Alpine o ritmo forte na Williams. Se não fosse o abandono de Ocon, a Haas também passaria em branco nesse domingo, enquanto que Hulkeberg liderou a Sauber, vislumbrando a décima posição algumas vezes, mas o alemão acabou fora dos pontos, enquanto Bortoleto teve uma corrida pobre de ritmo e numa estratégia diferente de Hulk, amargou a última posição dos que receberam a bandeirada.
O final do domingo reservou um momento histórico para o esporte a motor. A equipe Prema faz sua estreia na Indy de forma discreta nesse ano, sem nenhum resultado de relevo. Para Indianápolis, um dos seus pilotos eram favoritos a caírem no Bump Day, ainda mais com atrasos no acerto do carro tirando tempo dos seus pilotos. E se a Prema era favorita a perder um carro na classificação para as 500 Milhas de Indianápolis, o piloto seria Robert Shwartzman.
Nascido em Israel, mas de ascendência russa, Shwartzman é piloto da academia da Ferrari e esteve nas 6h de São Paulo ano passado correndo pela equipe AF Corse. Nunca tendo corrido num oval e contando apenas com um 18º lugar como melhor resultado até o momento, Shwartzman chocou o mundo ao conseguir a pole para as 500 Milhas de Indianápolis, sendo o primeiro novato a fazer isso desde 1983 (Teo Fabi). Os deuses do automobilismo pregaram uma peça daquelas!
O Grande Prêmio da Emilia-Romagna viu uma corrida acima das expectativas, com muitas ultrapassagens e bastante mexida pelas entradas do SC. Max Verstappen não olhou para trás e venceu de forma dominante no que pode ter sido a última corrida em Ímola da F1.
Na corrida de número 400 da Red Bull, o time comandado (por enquanto) por Christian Horner executou muito bem o fim de semana e usou o talento de Max Verstappen para derrotar a McLaren, que mesmo tendo um duplo pódio, viu aumentar a pressão nos ombros dos seus jovens pilotos. Piastri ainda lidera o campeonato, mas sabe que não poderá contar com a ajuda do seu companheiro de equipe (Max também não, mas por outros motivos) e lida com um piloto extraclasse que dificilmente desperdiçará qualquer chance que lhe derem. E Max não desperdiçou as chances que Oscar e a McLaren lhe deram!
Abraços!
João Carlos Viana
1 Comments
J. C. Viana,
Max Versttapen foi genial na primeira volta e perfeito na corrida. RBR mais uma vez perfeita na estratégia com decisões precisas quanto aos necessários por shops. Não deram uma chance sequer para as McLaren poder reagir.
Já a McLaren, ao contrário errou muito nesse sentido. Não ter um jogo de pneus decentes pro Piastri na parte final da corrida é inadmissível.
Já a Sauber, além da draga de carro tbm demonstra ser uma draga nas estratégias.
Bortoleto não terminou uma volta atrás d
o Verstappen graças ao safety car. E para piorar Bortoleto com mais de 30 segundos de vantagem pro Bearman no fim da corrida acabou a corrida atrás da Haas. Fala sério.
Fernando Marques
Niterói RJ