Velocidade Máxima (?)

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03/09/2014
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08/09/2014

Os motores novos nos entregarão a velocidade máxima da fórmula 1 que sempre vimos em Monza?

A pista mais rápida do calendário. A mais veloz da nossa F1 moderna recebe pela primeira vez as unidades de força de 6 cilindros turbo alimentadas com suas baterias que as tornam unidades híbridas. O templo sagrado ouvirá o zumbido tímido dos novos motores ainda mais abafados pela polêmicas dos bastidores. Uma mistura de boatos, fofocas e um festival de comunicados de imprensa.

Ao menos o campeonato de 2014 ao templo sagrado da velocidade um campeonato emocionante. Dois amigos que viraram ex-amigos. Uma equipe e um piloto tetracampeões reverenciando um novato carismático. Um grupo de carros agrupados logo ali atrás, esperando uma brecha da Mercedes. Tudo isso tem garantido grandes corridas.

Vamos honrá-las em homenagens feitas de belas disputas no solo sagrado.

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O circuito de Monza é todo peculiar. Tem as reta mais veloz da F1 mas não a mais longa. Depois da reta mais veloz você tem que frear o carro para uma das curvas mais estreitas da temporada. Isso usando um carro com aerodinâmica especialmente desenvolvida para essa prova. Sem arrasto, o carro demora mais que o normal para frear. Além disso, sacode, lateralmente, muito mais que o normal. Tudo isso tem que ser feito sem travar um pneu e sem frear muito suavemente – o que deixaria a freada mais longa e consumiria metros preciosos em velocidade máxima. Acelere e freie. Volte a acelerar e nova freada. Freadas bruscas, curvas de baixa, são fáceis de administrar para os pilotos. Mas a sequencia do circuito é cruel e o piloto tem que contornar as duas pernas da Di Lesmo e depois seguir para variante Ascari, curvas de alta velocidade, sem pressão aerodinâmica, controlando o carro para carregar toda a velocidade possível para as próximas retas.

São médias horárias superiores a 250km/h, mais de 16 segundos seguidos com pé-em-baixo, 69% do tempo da volta em aceleração máxima e no final da reta esperam que os novos carros cheguem a 340 km/h.

Quanto mais rápido, quanto menos pressão aerodinâmica, sobra mais trabalho para o pessoal da Pirelli segurar o carro no chão. Para esse prova não tem mistério, os dois pneus mais duros são os escolhidos. Com expectativa de termos uma só parada na melhor estratégia.

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httpv://youtu.be/Je1ueg3PWww

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A volta mais rápida oficial é de Barrichello em 2004. Delicados 260.395 km/h de média. Montoya em um treino anterior marcou 262.242 km/h, mas a volta não era válida como treino oficial.

httpv://www.youtube.com/watch?v=SavEZsBG2IE

httpv://www.youtube.com/watch?v=eMkCtmutC1I

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Não acredite em quem fala que o campeonato é chato com uma equipe dominando. Não vou entrar na disputa e comparações entre Senna x Prost, vamos aos dados de algumas corridas. O que tem realmente acontecido é que sempre temos disputas por posições até o final da corrida. Sim, preferia que fossem disputas pela vitória só que isso mostra que não tem faltado competição um pouquinho para trás no grid.

Vejamos Spa, do 7º ao 10º colocados foram 4,5s de diferença. O pessoal ali estava em disputa, sem espaço para erros. Isso é competição. Na Hungria, do 1º ao 4º, 6 segundinhos separavam os competidores. Tirando o Ricciardo que venceu a peleja, os pretendentes ao pódio ficaram separados por 1,1s. Divertido me parece!

Na Alemanha, Riccirado e Alonso chegaram separados por décimos. Na Inglaterra, Button e Ricciardo, Alonso e Vettel brigaram até o fim, duplinhas separadas por poucos segundos.

Na Áustria, Hulkenberg, Raikkonen e Ricciardo brigaram pelos seus pontinhos de forma suada, separados por 4 segundos após 71 voltas. 3 equipes diferentes, 3 motores diferentes. Não há monotonia, certo? Lá no longínquo e triste Bahrein, a corrida apresentou sete pilotos que pontuaram separados por 9 segundos.

Tirando a Mercedes que sobra na pista – e não somente por conta do motor – a disputa anda bem apertada atrás deles. No campeonato o reflexo é claro, 57 pontos separam 4 times na classificação. Com 7 provas restando, uma Force India precisa descontar 8 pontos de seus concorrentes por prova para chegar em 3º no fim do campeonato. Está apertado!

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httpv://youtu.be/eySuWfTp_mc

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O começo do final de semana em Monza vai ser conturbado ou no mínimo cheio de atrações. Daniel Jucadella vai testar na Force India, Charles Pic estará na Lotus, van de Garde aparece na Sauber e o espanhol Roberto Merhi entra na Caterham pela primeira vez. Será o treino livre inicial com mais mudanças programadas.

A Mercedes tem que lidar com seus dois pilotos. E como fazê-los serem comportadinhos e não bater? Outro ponto que preocupa é a confiabilidade. O carro ainda não usa todo seu potencial durante todo o final de semana por causa das seguidas pequenas falhas. Tudo bem que lideram com folgas, mas há pressão para o carro entregar tudo que pode sem quebrar.

Ricciardo deu o “pulo do gato” no campeonato usando única troca de relação de marchas permitida no regulamento antes da prova de Spa. Nesse ponto do campeonato, sem grandes aspirações de conseguir o penta, a RBR maximizou as chances de bons resultados. Eles não perdiam posição em reta para as Mercedes e assim construíram uma sólida vitória.

A Ferrari vem esperançosa, em não dar vexame. Kimmi acordou e Alonso não tem porque sair da equipe até o fim do proximo ano. Além disso o time fechou a parceria técnica para trabalhar com a Hass. Além de receber um dinheiro extra, pode resolver o problema de assento para seu pupilo Jules Bianchi.

E falando em dinheiro extra, os resultados da Williams esse ano tem um preço. 20 milhões de libras estão faltando nos bolsos dos investidores. Tempos atrás citei em uma das colunas do GPTotal que a Williams era uma empresa de tecnologia, de capital aberto, lucrativa e que tinha um negócio funcionando bem. Mas Sir Frank sentia falta do seu time vencer no esporte que o consagrou. Chega de ficar no fundo do grid, decidiu ele em 2013 e essa decisão veio com um custo em investimento. Parece que vem dando resultado. Para Monza o time pode sofrer ainda um pouco. O time não tem um carro com muito downforce, o que é bom em Monza, mas falta grip mecânico. E aí complica um pouco.

Quem promete melhoras é a McLaren. Existe um planejamento de desenvolvimento do carro até o final do ano, já que pode tudo ser aproveitado em 2015. As apostas são altas para melhorar o chassi e entrega-lo em dia para Honda.

No resto do pelotão só a Force India tem chances de algum brilho. Costumeiramente seu carro vai bem em Monza e não tem motivo para não acreditar nisso esse ano. As demais equipes podem empacotar suas coisas. Estão em um nível sofrível, inclusive a Lotus, estrela de 2013. A única atenção que podemos gastar é com um dos carros da Marussia, com Jules sempre causando uma boa impressão em condições adversas.

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Não vamos ser injustos, dá pra se divertir com um Bolão de Pilotos da Caterham.

Qual a sua aposta para ocupar um dos assentos do time verde na próxima corrida?

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Circuito: Autodromo di Monza
Voltas: 53
Comprimento: 5.793 km
Distância: 306.720 km
Recorde da Pista: 1:21.046 – R Barrichello (2004)

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Programação
Sexta-Feira: 05h – 1º treino livre e 9h – 2º treino livre
Sábado: 06h – 3º treino livre e 09h – Classificação
Domingo: 09h – Corrida

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Será que teremos uma disputa sem incidentes entre os lideres do campeonato? Ou teremos o simpático australiano escalando a tabela para realmente lutar pelo título?

Elementos não faltam para uma boa corrida no mais sagrado dos templos da F1! A única dúvida é: esse motores novos nos entregarão a velocidade máxima da fórmula 1 que sempre vimos em Monza?

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

4 Comments

  1. Ronaldo disse:

    Certamente o francesinho merece algo melhor, o que não sei se encontraria na Haas, outro chassis estreante, com parceria técnica semlehante à da Marussia. Aposto nele na Ferrari em 2016.

  2. Mauro Santana disse:

    Finalmente chegamos a Monza, e vamos ver o que o Templo nos reservou para este ano.

    Um excelente GP a todos.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  3. Flaviano disse:

    Jules está muito bem esse ano! Muito bem de verdade!

  4. Fernando Marques disse:

    Monza é Monza!!!
    Sendo o circuito de maior velocidade, quem sabe o Hamilton (nitidamente mais veloz que Rosberg) se dê melhor na briga interna da Mercedes.
    Todos dizem que a Willians são boas de reta. Sendo assim não há melhor circuito que Monza para comprovar esta tese.
    Agora já que o Flavis falou sobre o Jules Bianchi, creio que pelo que ele vem conseguindo fazer na Marussia, ele bem que merece uma melhor sorte na Formula 1.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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