Panda
Fico feliz em ver minhas previsões provocadora e exageradamente otimistas em relação a Rubinho irem se confirmando.
Nosso garoto fez uma corrida nota nove na Inglaterra. Ele soube manter a cabeça no lugar, não se atrapalhar ao recuperar as posições perdidas pela pane na largada, evitar os perigos da chuva e não se intimidar com o corridaço de Montoya. Diga lá: quantas vezes acontece de um piloto perder uma posição e recuperá-la voltas mais tarde? Poucas, sem dúvida.
Além disso, Rubinho bateu novamente Schumacher na luta pela pole e nem o mais empedernido inimigo do brasileiro poderá dizer que o fez por um golpe de sorte. Acho – não tenho certeza absoluta – que é a primeira vez na carreira do alemão que ele é batido três vezes numa temporada na luta pela pole.
É verdade que o Ferrari e os pneus Bridgestone estão numa fase tão boa mas tão boa que até eu faria bonito com um carro destes. Mas isso não empalidece a grande fase de Rubinho.
Vamos lá, garoto: você tem de ganhar mais três ou quatro corridas este ano. Não vá me deixar mal na frente do Panda e dos leitores que tiraram uma comigo depois daquele título da coluna passada: Eu acredito em Rubinho.
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Juan Pablo Montoya pode ter transmitido a alguns a impressão de que perdeu um pouco do brilho que o destacou na temporada passada. Eu próprio cheguei a pensar em comentar o assunto aqui no GPTotal mas acabei deixando pra lá.
Hoje, percebo que Montoya está transitando por aquela fase que todo grande campeão atravessa momentos antes de disparar a vencer. Ele está, no momento, aprendendo as lições que faltam, os detalhes que sempre rendem alguns décimos a menos, sem comprometer o carro, fazendo-o render 110%.
O futuro de Montoya indica brilho estelar. Se vai atingi-lo logo ou não, dependerá muito do seu Williams BMW. Hoje, Montoya está mal de equipe, carro, pneus e motor. Patrick Head e seus engenheiros simplesmente não sabem o que fazer para harmonizar carro e pneus (os Williams gastam demais os pneus) enquanto os alemães lutam para combinar potência e durabilidade na nova versão do motor BMW. Mas uma coisa e outra podem se resolver de uma corrida para outra e aí Montoya pode disparar a vencer.
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Agora vamos juntar meus comentários 1 e 2 e voar alto: Rubinho e Montoya podem disputar o título de 2003?
Montoya, sem dúvida, é candidato ao título do ano que vem, considerando que a Williams e a BMW lhe ofereçam meios para isso, o que é mais do que provável, dado o histórico de competência da equipe.
Dizer o mesmo de Rubinho, porém, exige superar duas condições: primeira, nosso garoto precisa seguir correndo como fez na Áustria, Canadá, Nurburgring e Inglaterra; segunda condição, Schumacher precisa abdicar ou perder o interesse por aquele que seria seu 6o título.
Já se falou (nos dias seguintes ao GP da Áustria) que Schumacher pode abandonar a Fórmula 1 após chegar ao penta.
Difícil de acreditar mas não impossível de acontecer. Mesmo com a equipe toda trabalhando por ele e tendo nas mãos um foguete vermelho, ganhar GPs continua sendo um trabalho tremendamente difícil, arriscado e empenhativo.
Lembra-se quando comparei a Fórmula 1 com o futebol? Lembra-se que contei que Schumacher dorme dentro da pista de testes da Ferrari, de forma a perder menos tempo nos dias de treino? Pois é. Tudo isso é stress de que um pluricampeão como ele pode querer abrir mão, assim como fez Niki Lauda, por exemplo, nos tempos de Ferrari, depois Brabham e depois McLaren.
Com o passar do tempo, os campeões vão aprendendo a domar os institutos assassinos que o movem em direção à vitória e aprendem a absorver pequenas frustações – antes intoleráveis para quem, como eles, vivem para a vitória.
É claro que este é um cenário próximo da fantasia. Schumacher tem contrato com a Ferrari por mais duas temporada além dessa por um mar de dinheiro e dificilmente abriria mão de vencer só para retribuir uma ou duas “gentilezas” feitas a ele pelo Rubinho. Mas creio que o papel de um comentarista como eu é, antes de tudo, especular, e ninguém vai negar que poucas especulações poderiam ser mais desvairadas que esta.
Em qualquer caso, vale o título da corrida anterior: eu acredito em Rubinho. Já pensou se eu acerto?
Abraços
Eduardo Correa