No próximo sábado, se completarão 23 anos desde a estreia de Michael Schumacher na Fórmula 1. Numa sexta-feira pré-GP da Bélgica, Schumi substituía Bertrand Gachot na Jordan. A partir desse dia, a relação do piloto com Spa-Francorchamps só se tornaria mais e mais simbólica: não apenas pela quantidade de vitórias, mas por uma série de coincidências e marcos em sua carreira.
O texto abaixo foi publicado quando Schumacher completava 20 anos de Fórmula 1*. Resultou que aquela foi, muito provavelmente, sua melhor performance no retorno à F1: largando em último, era 14º ao fim da primeira volta, e completou a corrida em quinto, superando Nico Rosberg (que era o 1º no giro inicial!) nas voltas finais. Para finalizar a saga, em 2012 Schumacher disputava em Spa seu GP de número 300.
Tamanho simbolismo não acontece com nenhum outro piloto de F1: essa simbiose só vai encontrar paralelo no duo Rafael Nadal & Roland Garros.
Hoje, exatamente hoje, Michael Schumacher completa 20 anos de sua estreia na Fórmula 1. Nessa segunda-feira, Schumacher disse que “é difícil de acreditar que já se passaram 20 anos”. Analisado a pista, Michael disse que “muita coisa mudou em Spa desde então, mas o circuito continua sensacional”. Schumi salientou que a prova deste fim-de-semana terá um sabor especial para ele, em virtude da data.
No dia 23 de agosto de 1991, o piloto alemão chegou a Spa-Francorchamps para substituir o belga Bertrand Gachot, que fora preso. Foi preciso convencer Eddie Jordan, dono da equipe pela qual Michael pilotaria, que o jovem alemão tinha conhecimento prévio da pista: – “Sem dúvidas”, afirmou Peter Sauber, que agenciava o piloto.
Na verdade, Michael não conhecia Spa. Ele apenas deu algumas voltas de bicicleta no circuito. E isso foi o suficiente. Nos treinos daquele GP ele marcou o sétimo melhor tempo, 3,4segundos atrás da pole de Ayrton Senna, mas 0,7s à frente de Andrea de Cesaris, seu experiente companheiro de equipe.
Na prova, Michael abandonaria já na primeira curva, com problemas mecânicos. No entanto, deixou uma ótima impressão (tanto é que na corrida seguinte já era piloto da Benetton), e assinaria seu nome para sempre na pista de Spa.
Os números são bastante claros: 14 participações, 6 vitórias, 3 segundos lugares, 3 abandonos (1 deles enquanto liderava) e 1 desclassificação (depois de ter vencido). Resta ainda o sétimo lugar do ano passado.
A primeira vitória aconteceu já em 1992, sua primeira na F1, quando deu demonstrações de sua qualidade na chuva e de suas habilidades na estratégia. No ano seguinte, conseguiu uma ótima segunda colocação, mesmo lutando contra as poderosas Williams (a ultrapassagem em Prost ficou marcada).
Em 1994, como descrito na coluna sobre aquela temporada, o piloto venceu mas não levou: foi desclassificado porque havia irregularidades no carro. Mas em 1995 protagonizou um dos grandes duelos de todos os tempos.
Schumacher teve problemas nos treinos e conseguiu apenas a 16ª colocação no grid. Porém, ganhou várias posições num curto espaço de tempo: na sexta volta já era 5º! Nas dez voltas seguintes superaria, sistematicamente, Irvine, Berger e Damon Hill, sem contar a posição herdada do então líder Coulthard, que abandonou o GP.
Mas o melhor de tudo aconteceu quando somente Schumacher e Hill disputavam a primeira posição: na chuva, Schumi permaneceu de pneus slick, e lutou bravamente contra o Williams que vinha com pneus de chuva. Além de ter sido sua vitória partindo de mais longe no grid, essa talvez tenha sido sua maior demonstração de controle de um carro em situações adversas ao longo de sua carreira.
Schumi escaparia da pista algumas vezes, mas conseguiria terminar a prova na primeira colocação com 20 segundos de vantagem.
Na temporada seguinte, já pela Ferrari, Schumacher retornou a Spa e conseguiu mais uma ótima vitória, também sob chuva. Porém, a vitória que viria um ano depois seria ainda mais impressionante.
Misturando sua conhecida rapidez com o “tiro certo” na escolha de pneus intermediários, depois de o safety-car ter deixado a pista Schumi passou de terceiro a primeiro com uma facilidade impressionante. E construiria 40 segundos (!) de vantagem em apenas 6 voltas. Uma performance constrangedora. Para a concorrência.
Spa também marcou algumas das maiores decepções de Schumacher enquanto piloto.
Em 1998, quando disputava o título com Mika Häkkinen, abandonou a prova quando ia dar uma volta em David Coulthard, coincidentemente o companheiro de equipe do finlandês. Schumi, qual Senna na Austrália-89, simplesmente não viu a McLaren devido ao enorme aguaceiro e encheu a traseira do MP4/13, ficando com o carro completamente destruído.
Dois anos depois, Michael retornava à pista (em 1999, ficou de fora devido ao acidente sofrido em Silverstone) e parecia que novamente iria vencer, mas outra vez apareceu uma McLaren em seu caminho: desta vez era Häkkinen, que nas voltas finais aplicou-lhe uma das mais memoráveis – embora tecnicamente não tivesse nada de espetacular – ultrapassagens da F1 moderna.
Mas para mostrar que Spa significa tudo para Schumacher, em todas as três participações seguintes ele obteria marcas impressionantes:
Venceu em 2001, e assim superou as 51 vitórias de Alain Prost, tornando-se o maior vencedor de todos os tempos. Em 2002, já com o pentacampeonato garantido, venceria lá pela sexta vez e conquistaria o recorde de vitórias numa mesma temporada: 10 (número que ele trataria de ampliar, depois).
E em 2004 a consagração máxima: com 4 provas para o final, bastava a Schumacher marcar dois pontos a mais que Rubens Barrichello para ser campeão da temporada. E foi o que aconteceu: o alemão terminaria a prova em segundo, e Barrichello seria o terceiro. Schumi se tornava heptacampeão mundial.
Schumacher ainda participaria da etapa de 2005, quando abandonou depois de ser abalroado pelo eterno Takuma Sato, antes de se despedir da F1 pela primeira vez (em 2006, assim como em 2003, não houve GP). Ano passado, punido pelo incidente com Barrichello na Hungria, Schumi largou em 21º e terminou em sétimo lugar, em boa prova de recuperação. Aquela foi, aliás, uma das poucas vezes em que bateu Nico Rosberg nos treinos.
O que será que ele está preparando para esse aniversário? A conferir…
*Coluna publicada originalmente em 23 de agosto de 2011.
15 Comments
[…] história da F1, talvez somente Schumacher e Spa-Francorchamps sejam mais intimamente ligados do que Ayrton e o circuito de San Marino. Mas nem mesmo o alemão […]
Cada um foi o melhor em sua época, mas que Senna enfrentou muito mais “pedreiras” isso foi sim.
Certamente não foi tão bom como Senna, Fangio e Clark. Mas seguramente o melhor da sua geração e um dos melhores do mundo. Não acho que o problema dele seja idade. Para mim, falta carro e faltando carro falta motivação. Se a Mercedes tiver um bom conjunto ano que vem ele vai pra cima. Vamos aguardar…
Um piloto que só venceu quando tudo e todos lhe favoreciam. Quando em igualdade de condições foi vencido por Hill, Villeneuve e Hakkinen (duas vezes) na disputa de títulos. Não seria páreo para Senna, Piquet, Prost e Mansell, se ele tivesse aparecido nos anos 80. Stefan Bellof, piloto alemão morto em um acidente em 84 era muito mais piloto que ele!!!!!
Charles Dantas
Manaus/AM
Amigos do GEPETO,
Michael Schumacher jamais conquistaria tudo o que conquistou na Formula 1 se não fosse um Top Driver … assim também como acredito que seus recordes dificilmente serão batidos pois não vejo como a Formula 1 oferecer a um piloto todas as regalias e poderio que ele teve na Ferrari … o Alonso sonha até com isso na Ferrari mas os tempos são outros …
Fernando Marques
Niterói – RJ
Prezado amigo Edu
Parabéns!
Recebam os meus sinceros votos de sucesso ao GPTotal nesta nova fase.
Tentarei me adaptar às novidades e desafios da informática, mas não hesitarei em recorrer aos seus préstimos se eu tiver dificuldade para o envio de minhas modestas opiniões.
Finalmente agradeço pelo fato de vocês manterem este precioso canal de comunicação a nós automobilistas e aficionados, em um país que não valoriza o automobilismo de competição.
Forte abraço
Não entendo a raiva, principalmente dos brasileiros, do Schumacher.
Essas pessoas estão nas núvens desde o ano passado, quando o “Alemão” voltou para a F1 e fica lutando pelas posiçoes intermediárias. Sem falar no “coro” que ele vem tomado do Nico. Acompanho F1 desde 1992, sempre gostei de uma série de pilotos. Não dá pra comparar pilotos como Senna, Prost, Mansell, Schumacher, Piquet… porque todos eles foram pilotos extraordinários e campeões. Cada um possuía um estilo pearticular de pilotagem. Quem falou pra contar 3 corridas inesquecíveis no Schumacher, só pode estar de brincadeira! O Prost por exemplo, me digam um conjunto de corridaças (aquelas com coragem) dele. Todos nos acostumamos com o Ayrton pelo seu arrojo, coragem, ar de vítima e bom caratismo. Nem todos sabem mas o Ayrton era um grande jogador, implacável com seus adversários, dentro e fora das pistas. O Senna só era “legal” com seus aprendizes, Berger, Hakkinen, Nakagima. Assim como foi o Schummy com o Massa, era só alegria. Tá certo que a Ferrari e o Alemão exageraram na dose algumas veses. Juntou o medo dramático dos italianos com um cara que só queria ganhar, pobre Barrichello, que apesar de excelente piloto(na minha opnião), é o único “bonzinho” da F1. Fala muita besteira, muita mesmo, se deu “mal” com os Tifosi.
Pra mim o Schumacher é um dos melhores de todos os tempos, ele definiu uma nova geração de pilotos. Vejam, se não existisse Prost na mesma equipe, o Senna tinha sido campeão umas 5 veses e com umas 5 corridas de antecedência.
As “viúvas” se doem com isso, mas é verdade.
O “Alemão” merece tudo o que tem, o melhor da geração pós Senna.
Poderia ficar escrevendo e escrevendo, mas vou parar por aqui.
abraço a todos!
O Schu Schu ganhou campeonato jogando carro em cima do Hill ( o “grande” (?) Damon Hill) e ainda por cima ganhou na Áustria por causa de ordem de equipe… Tinha o melhor carro em vários anos de Ferrari e não enfrentou um adversário à altura de Prost ou Piquet. Dizem que em 94 tinha o carro fora do regulamento e agora na Mercedes falam que a idade está pesando e por isso o nosso Nico está dando uma surra nele. Cá entre nós o Schumy é um heptacampeão fabricado e não chega aos pés dos grandes campeões segundo o próprio Fangio: Ele mesmo, Clark e Senna.
Para os “Piquesistas” de plantão que endeusam o alemão (complexo de vira-lata) uma sonora banana bem dada para vocês que usam o Schumacher para desqualificar o Senna…
Bom, primeiro, q honra postar meu primeiro comentario no site q mais gosto de f-1!
parabens ao gptotal, de cara nova, renovado, e q eu desejo imensa sorte
sou fã de todos vcs. nunca mandei email, pq nao sei, nunca fui muito disso,
mas o novo site abre novas facetas para velhos admiradores.
sobre shumi, gente, ele enfrentou o responsavel por eu estar aq hoje:
mika hakkinen, o bicampeao!! q eu soube ha pouco tempo — coriijam-me s eu estiver errado, substituiu senna na mclaren. pois é, nao sou da geração do ayrton, e foi
graças ao mika e sua flecha de prata q sou apaixonado pelo automobilismo.
pois bem, alguem diz ai q as lutas entre o alemao e meu idolo nao foram epicas?
q varias o alemao perdeu, outras muitas ganhou?
dizer q aquela geração era ruim, é ruim d mais d s dizer.
o alemao reinou todos aquele anos por uma palavra:
TRABALHO.
ele pode nao ser um genio como o ayrton, ou um mestre como proust,
mas sem duvida, ele mostrou oq os alemaes, q nao tinham ate entao historia
na f-1 podia fazer com trabalho e eficacia.
tudo isso q foi dito ajudou o heptacampeao? sim claro.
ele deu de dick vigarista? diversas e incontestaveis vezes.
mas é o ser vivo com maior quantidade de titulos de f-1,
esta na historia e ponto final.
eu gosto dele como piloto? nao, o odeio. na maioria das vezes conservador,
mas incrivel e nefastamente rapido. ate hoje nao esqueço dos anos de 2000-2002,
— acho q uma williams foi capea nessa epoca — e o shume na ferrari
mexendo numa alavanca do carro — acho q algo envolvendo o balanceamento
do freio — em plena volta rapida.
odeio ele como piloto, mas nao podemos negar os numeros.
abraços a todos!!
Anderson,
Dizer que Schumacher “venceu” Senna em 1992 é o mesmo que dizer que Kimi venceu Schumi em 2005, ou que Montoya (que ficou de fora de 3 GPs) foi melhor que ele, ou que Fisichela seria melhor que ele (o italiano somou 4 pontos a menos mas porque Schumacher venceu o ridículo GP dos EUA de 005, em que correu LITERALMENTE sozinho.
Schumi só ficou à frente de Senna em 92 por um misto de incompetência (tirou Senna da prova na frança), sorte (Senna quebrou várias vezes à sua frente) e Mansell (que tirou Senna do GP da Austrália, última do ano, quando Schumi passou Senna em pontos) .
Schumacher venceu Senna em 1992 e estava fazendo o mesmo no início de 1994. Eu acho ele bom piloto sim.
Quantidade não é qualidade. Passa amanhã vai Schumacher…..
Manuel, o Schumacher teve várias grandes corridas: as colocadas nesse texto são algumas… tem ainda espanha-96, malásia-99, brasil 06, malásia 01, etc…
porém, concordo com você quanto a schumacher ter reinado de tal forma porque enfrentou gente podre. damon hill, who? jacques villeneuve? aí veio alonso e… o derrubou.
Sr. Manuel Carvalho, lamento muito por sua saúde, e compreendo se não mais escrever, pois su acuidade visual é tão reuim quanto sua memória, mas para que o senhor não fique sem resposta, eu lembraria a primeira vitória do “alemão” na Espanha, sob chuva em seu primeiro ano de Ferrari. Outrossim lamento também ter lido colunas de sua autoria, especialmente aquela em que o sr. comparou Senna com Schumacher, dando, por seus olhos, ligeira vantagem para Senna.
Carlos Alberto Petry
PS – Eu teria algumas dezenas de provas para render homenagens à Schumacher.
Resumindo todas as minhas “intervenções” que fiz sobre este sujeito, ao longo dos anos, aquí neste ótimo GPTOTAL: foi rei porque era caolho em terra de cego, invertendo a pecha “Em terra de cego quem tem um olho é rei!” . Os bons pararam e ele reinou no meio de medíocres. Geração medíocre! Podem me mostrar todos os números que ele juntou nesta tal carreira de 20 anos que a minha opinião continua a mesma: mau-caratista de carteirinha, rei das ultrapassagens em pit-stops e mais nada. Nadinha! Peço aos fãs que me mostrem uma corrida memorável dele. Não tem. Eterno protegido de Ross Brown desde a Benneton, gosta muito de jogar carro para cima dos adversários. Depois do seu retorno, todos assistimos do que ele é capaz de fazer com um carro regular: nada! Absolutamente nada! Tudo isso é resumido com a magnífica ultrapassagem que o Barrica fez em cima dele, espremido no muro. Não perco meu tempo com este alemão. Para mim ele sempre foi e será um qualquer. Marc Surer e Vittorio Brambilla me emocionavam mais !