As maiores ultrapassagens de Ayrton Senna – parte l

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Senna vence no Canadá em 1988

Senna vence no Canadá em 1988

2017 já começou com importantes mudanças nas equipes da Fórmula 1, e as novas regras prometem trazer um campeonato com um pouco mais de emoção do que foram os últimos 4. Algo que todos nós ansiamos nessa possível mudança é o retorno das grandes disputas e ultrapassagens. Depender das famigeradas “asas móveis” é demasiado triste. Aproveitando esse período pré-testes, resolvi fazer uma análise das principais ultrapassagens protagonizadas por Ayrton Senna na Fórmula 1.

O curioso é que não foi uma lista fácil de fazer: por ter um perfil de pilotagem descendente, Senna não era um piloto que necessitava fazer muitas ultrapassagens — normalmente ele era a caça [o que fez com que ele fosse antagonista da maior ultrapassagem da história] e seu grande trunfo de pilotagem talvez tenha sido a defesa de posição (o brother Lucas Giavoni promete trabalhar neste tema em breve).

Mas eu consegui, e elaborei um ranking com as 10 maiores ultrapasagens de Senna em 10 temporadas completas na F1.

Menções Honrosas

Damon Hill, Interlagos-1993

Um clássico. Está sem dúvida entre as mais lembradas de Ayrton. O famoso “X” sobre Damon Hill. Senna aproveita que Hill acabara de sair dos boxes e, portanto, ainda procurava o grip e dá o drible do elástico, lembrando Mansell sobre Piquet em Silverstone, seis anos antes.

Alain Prost e Michele Alboreto, Adelaide-1987

Senna aproveita alguma instabilidade no carro de Prost e a conhecida “paciência” do professor ao planejar sua ultrapassagem e supera o francês e Alboreto de uma só vez. Naquela corrida, Senna acabaria desclassificado por irregularidade nos freios.

Michael Schumacher, Martin Brundle e Gerhard Berger, Hermanos Rodríguez-1992

Pouquíssimo lembrada por dois motivos: primeiramente, a transmissão prejudicou pois, época sem tantas câmeras e ângulos, houve um corte abrupto para focalizar num acidente ocorrido no meio do pelotão. E por ter sido em meio à largada, o termo ultrapassagem não é tão usado. Mas Senna janta três adversários de uma só vez depois de alterar completamente sua trajetória, fazendo a tomada da curva por fora. De sexto para terceiro na primeira curva.

Vale lembrar que Senna havia sofrido forte acidente nos treinos de sábado.

10 – Alain Prost, Montreal-1988

No GP do Canadá de 1988 Ayrton Senna estava em um momento chave daquele campeonato: com uma vitória nas quatro etapas anteriores — incluindo duas frustrações monstruosas em Jacarepaguá e Monte Carlo — o brasileiro PRECISAVA vencer se quisesse destronar Prost na McLaren (o francês já tinha 18 pontos de vantagem).

Nos treinos, a pole habitual, mas o francês larga melhor e joga muita pressão sobre Ayrton.

hairpin em Montreal é um trecho clássico para ultrapassagens. Mas os pilotos que tentam a manobra geralmente vão por fora, fazendo tomada juntos e vencendo na velocidade quando abrem a reta.

Senna vai com muita calma, esperando o momento preciso e dá o bote em Prost, que já não consegue voltar para ter preferência na curva à direita. O francês, então, prepara para fazer o contorno e retomar a aceleração… mas Senna se antecipa e, de leve, espalha ao final, tendo a preferência e disparando na frente.

9 – Elio de Angelis, Kyalami-1985

Ultrapassagem bastante citada na trajetória de Ayrton Senna, mas não pela plástica ou dificuldade: é o momento em que Elio de Angelis, reconhecido por ser “gente boa”, perde o respeito por Ayrton Senna, chegando a desferir-lhe um soco quando se encontraram nos boxes. Elio estava de saída da Lotus, e julgou a manobra de Ayrton demasiado agressiva e mesmo desnecessária.

Mas foi uma daquelas ao estilo “old school”: De Angelis defende sua posição trazendo o carro para dentro, mas no mesmo instante outro piloto saía dos boxes e ele hesita por uma fração de segundo, tempo suficiente para Senna colocar o carro ao lado. Os dois vão ao limite. Elio cede primeiro, chegando a balançar o carro. Senna ataca por fora (linha pouco comum naquela pista) e toma a posição do companheiro de equipe.

Na pista e na hierarquia.

– Alain Prost, Suzuka-1988

Provavelmente seja a mais importante e decisiva ultrapassagem que Senna já realizou. Depois de quase perder tudo na largada, Senna faz uma monstruosa corrida de recuperação, numa de suas mais celebradas atuações na categoria máxima do automobilismo. Ultrapassou praticamente todos que via pela frente. Faltava Alain Prost, seu rival, companheiro de equipe e único que poderia adiar seu sonhado título.

A manobra acontece na reta dos boxes, Prost apertando Senna o quanto podia (memórias do Estoril, semanas antes?). Havia dois retardatários logo à frente,  mas Ayrton mergulhou e não hesitou.

Como ponderação, o francês vinha com problemas no câmbio e já garoava… mas era Prost, né?

7 – Alessandro Nannini, Suzuka-1989

O modelo da ultrapassagem é clássico: assim como o hairpin de Montreal, na chicane de Suzuka esse tipo de manobra acontece com frequência (gosto muito daquela de Damon Hill sobre Frentzen, em 1998). O adversário também não parece ser alguém sobre quem uma ultrapassagem mereça troféu. Mas o contexto…

Depois do choque com Prost, o retorno aos boxes, as poucas voltas para o fim, a determinação insana, e o risco… tudo isso faz desta uma ultrapassagem muito especial não apenas na trajetória de Ayrton mas na história da Fórmula 1.

Na próxima coluna, o Top 6 das ultrapassagens de Senna.

Palpites?

 

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

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