Fato Consumado

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O campeonato só não deve acabar em Cingapura porque Alonso pode conseguir pelo menos um terceiro lugar numa pista onde sempre andou muito bem...

O campeonato só não deve acabar em Cingapura porque Alonso pode conseguir pelo menos um terceiro lugar numa pista onde sempre andou muito bem: desde a inauguração, foram 3 GPs, Alonso venceu dois e foi terceiro no outro.

Outra situação que não permitirá o título de Vettel já na próxima etapa é a segunda colocação de Jenson Button, ou seja: o jovem alemão tem que torcer para que o pódio de Monza só seja igual na primeira posição. A vitória do alemão na pista asiática, tomando-se por base o que fez ano passado quando foi segundo com um carro que não era tão superior, é bem provável.

Mas isso é, como disse Giavoni, mera formalidade matemática. O bicampeonato de Seb se desenhou em Mônaco quando Hamilton jogou fora sua corrida, em um de seus piores fins-de-semana na F1. Até ali, e eu escrevi isso após o GP da China, Lewis era o único com condições de superar Vettel no campeonato.

De lá pra cá, mesmo com a crescente de Button (que em Monza novamente teve ótima performance) e o hardworking de Alonso, foi o famoso “só pra cumprir tabela”.

Esse bicampeonato – tornando-se o mais jovem de todos os tempos a conseguí-lo, além de outros tantos feitos (hoje chegou a 15 GPs seguidos pontuando, quarta melhor marca de sempre) – já coloca Vettel no patamar dos quinze maiores de todos os tempos em números (apenas oito pilotos conquistaram mais de dois títulos, e somente outros seis foram campeões duas vezes), e também o consagra entre os grandes na performance.

Mal dá pra imaginar que 5 anos atrás ele estava feliz por fazer seu primeiro teste na F1:

httpv://www.youtube.com/watch?v=LgXYFWrN960&feature=related

Não sei quanto a vocês, mas senti que as primeiras voltas do GP foram uma espécie de “aquilo que todo mundo imaginava”: não me refiro à corrida especificamente, mas ao fato de Alonso-Vettel e Schumacher-Hamilton terem brigado pelas primeiras posições: sinceramente, o que sempre esperei foi ver Schumacher dividindo a ponta com esses caras, e cada um deles polarizando suas equipes.

Goste-se ou não, Schumacher tem de fato feito boas corridas esse ano, e em progressão: foi bem na Espanha, muito bem no Canadá, depois fez algumas corridas abaixo da média, e nas duas últimas foi ainda melhor que nas duas provas mencionadas.

Hoje, com carro inferior, segurou Hamilton muito bem, dando a impressão de que só foi ultrapassado para evitar problemas, mesmo. Nico Rosberg, que permanece à frente de Schumy na tabela e tem placar muito favorável nas classificações, parece que nunca irá convencer a Mercedes.

Alonso também fez grande prova, depois de mais uma largada fenomenal, quase idêntica àquela da Espanha.

httpv://www.youtube.com/watch?v=g_F_mabOjTs

Mas pouco pôde fazer para conter a Red Bull e o excepcional Vettel, que conseguiu a ultrapassagem do modo menos óbvio e mais difícil. All in all, hoje Alonso conseguiu duas belas marcas: esse foi seu 70º pódio, e ele superou os 1000 pontos. Com todas as ponderações que este último número merece, não deixa de ser impressionante.

Tendo apenas o terceiro carro do grid, caso Alonso consiga um vice-campeonato será um feito e tanto.

Dentre os pilotos brasileiros, Bruno Senna foi o melhor. Sim, Massa novamente decepcionou: não apenas por não conseguir avançar posições, mas por ter ficado muito distante dos primeiros colocados. Chega a ser constrangedora a diferença de desempenho entre Felipe e Alonso.

E depois de 2012, Massa segue na Ferrari?

E Barrichello, ainda que prejudicado pela batida, foi mais uma vez muito mal. A única vez que chamou a atenção foi na sua entrada atabalhoada nos boxes, onde quase acabou com a corrida de Button.

Será que ele permanece na Williams?

Senna consegue seus primeiros pontos, justamente numa corrida em que seu companheiro não pontuou. A estratégia que adotou parecia ser a melhor, mas a entrada do Safety Car como que anulou-a. Como se diz, não fez nada de espetacular, mas é possível vislumbrar um bom futuro.

Caso Kubica retorne, dança Petrov ou Senna?

História

Nos últimos dias, em nossa página no Facebook, relembramos corridas que aconteceram em Monza em datas coincidentes: tradicionalmente o GP da Itália ocorre nas primeiras duas semanas de setembro, portanto, todos os dias tivemos alguns momentos marcantes da história para trazer à memória. Hoje, por exemplo, é data dos GPs de 1965, 76, 82, 93, 99, 2004 e 10.

Então, vamos relembrar a corrida de 35 anos atrás, que marcou o retorno de Niki Lauda após o terrível acidente de Nurburgring, 40 dias antes. O austríaco conseguiu uma excepcional quarta colocação, e ainda tinha vantagem no certame. A vitória foi do grande Ronnie Peterson, a terceira do sueco no autódromo onde perderia a vida dois anos mais tarde.

httpv://www.youtube.com/watch?v=kD1-eRNWSIg

Tudo era diferente…

Tenham todos uma ótima semana!

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

2 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    A meu ver o inicio da corrida em Monza este ano foi sensacional … a largada incrivel do Alonso pulando para a ponta … depois a ultrapassagem de Vettel sobre o Alonso recuperando a ponta foi de arrepiar … e a disputa entre Schumacher e Hamilton foi também digna de nota 10 … valeu a pena ficar frente a telinha …
    Também concordo com o Cassio … Galvão está forçando uma barra tremenda em cima do Bruno Senna que está longe de guiar como um Felipe Massa, quissá então seu tio … conseguiu um resultado razoavel sim mas longe também de tanto estardalhaço …
    Felipe Massa definitivamente parece ter perdido o tesão de guiar uma Ferrari … a cada corrida que passa, acumula decepções …
    E Barrichello cá para nós … só mesmo a Willians para atura-lo e vice e versa …

    Fernando MArques
    Niterói-RJ

  2. Cassio Diniz Hiro disse:

    Capitalismo podre

    No mesmo domingo em que vemos os Estados Unidos “comemorando” os dez anos do 11 de setembro (que até setores da intelectualidade americana desconfiam que os atentados sejam uma grande farsa), presenciamos mais uma etapa da manipulação mesquinha para construção de ídolos e – por tabela e motivada por isso – a possibilidade de faturamento alto. Estou me referindo ao fenômeno chamado Bruno Senna.

    Não questiono aqui a capacidade enquanto piloto do jovem. Aliás, para estar na ainda principal categoria do automobilismo mundial é preciso ser um bom piloto de corrida. Mas é visível a grande jogada de marketing por detrás da presença do sobrinho de Ayrton na Fórmula 1.

    Até o ano passado, Bruno era um aspirante que conseguiu uma vaga na Hispania graças ao seu nome e aos milhões de dólares que seu nome carrega. Mas como todo bolso tem fundo, ele ficou sem vaga para 2011, mesmo nas pequenas equipes do mundial. Mas com uma boa assessoria, profissional e competente, Bruno conseguiu manter-se no circo como segundo piloto de testes da Renault – equipe de fábrica que tem se desenvolvido após a queda visível pós-Alonso – aguardando a chance de ocupar uma vaga de titular. Chance essa próxima quando Robert Kubica se acidentou em sua brincadeira de rali (por isso não vemos pilotos de F1 correndo em outras categorias, como nos anos 1970). Por questões contratuais – e financeiras também – Bruno Senna não conseguiu a vaga e continuou como reserva.

    O fator surpresa: a outrora poderosa Rede Globo de Televisão, temerosa da falta de resultados e destaque dos brasileiros na categoria – e a queda da audiência – resolve colocar em prática suas cartadas e construir um ídolo que garanta o lucrativo espaço de anúncios de sua grade televisiva. Em aliança com a também poderosa Família Senna, consegue convencer os patrocinadores do sobrinho a aumentar suas cotas (leia-se Embratel e Gillete) e convidam Eike Batista para entrar na jogada (com a sua marca OGX). Resultado: uma vaga garantida na equipe Renault, limando a carreira do Nick Heidfeld.

    E para completar, já dizia o Ministro da propaganda do Terceiro Reich, Joseph Goebbels, um mentira contada mil vezes se transforma em realidade, temos um Galvão Bueno (oportunista, mesquinho, estúpido e muitas vezes se faz de idiota para garantir seu poder) que repeti mil vezes como Bruno Senna é um grande piloto, que seus feitos são dignos de seu tio e que seus primeiros pontos em sua segunda corrida na Fórmula 1 (?!) é uma mostra de seu talento. Não vejo mais televisão, mas entre um flash ou outro diretamente do WTC, veremos referencia à ótima corrida do novo herói brasileiro.

    Não é novidade – e nem surpresa – essa situação na Fórmula 1. Como qualquer espetáculo do capitalismo, presenciamos a construção de mitos que possibilite ou a manutenção cultural do status quo, ou o aumento da taxa de lucros de um determinado grupo econômico. Adoro automobilismo (meu vício pequeno-burguês), mas é triste ver que o capitalismo não perdoa o esporte e o talento, e que num mundo corporativo heróis e bandidos são criados em nome do acumulo de riquezas.

    PS: Por isso que continuarei a ir a Interlagos assistir as corridas do campeonato paulista e a Classic Cup. Talvez seja o último espaço onde posso encontrar a verdadeira paixão pelo automobilismo.

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