Panda
Michael Schumacher, acabo de ler em www.warmup.com.br, está em crise e pensa em largar a Fórmula 1. A crise é de verdade ou de mentira – para aparecer na mídia ou, quem sabe, até arrancar algum dinheiro extra da Ferrari?
Tendo a acreditar na primeira hipótese, mesmo porque não costumo me permitir pensamentos tão negativos sobre o caráter das pessoas. Não sou capaz de acreditar que Schumacher seja tão fdp a ponto de fingir depressão só para arrancar vantagens pessoais.
Além do mais, grandes campeões também são sujeitos à depressão. Lembra-se de Niki Lauda? Primeiro ele largou a Ferrari – disse que correr pela equipe era como estar casado com uma mulher má. Depois, largou a Fórmula 1 pela primeira vez de forma ainda mais intempestiva, em meio a um treino – acho que no Canadá – e dizendo-se cansado de correr em círculos.
Ninguém me tira da cabeça que Lauda estava atravessando um mal pedaço em sua vida pessoal quando sofreu o acidente em Nurburgring, em 76. Me lembro do seu semblante no pódio, logo depois de vencer o GP de Monâco daquele ano. Transmitia cansaço profundo de toda a pressão que recaia sobre ele. Meses depois, ele quase perdia a vida em meio às chamas do seu Ferrari. (Sobre o acidente, ele disse recentemente: “se naquela época os carros fossem seguros como são hoje, ainda teria minhas orelhas…”)
Schumacher pode muito bem estar passando por um período de depressão, depois que sofreu tantos acidentes graves, viu vários outros à sua volta, principalmente o de Zanardi, passou alguns dissabores de natureza política e, o principal, ganhou tantas corridas títulos e dinheiro.
Você sabe: ganhar um campeonato ou dois deve ser bom. Ganhar três ou quatro pode ser apenas um exercício de teimosia. Se você já tem quatro títulos na carreira, ganhar mais pode não ser tão importante assim. Pressentia este comportamento em Senna no ano de 94. Talvez ele já estivesse considerando que vencer ainda mais corridas representasse apenas um peso terrível sobre os próprios ombros.
Talvez este seja o preço de vencer demais, um preço que só Fangio e Jackie Stewart conseguiram, aparentemente, driblar. (Ok! Alain Prost também, mas você sabe a minha opinião sobre o francês narigudo; não acho, sinceramente, que ele esteja no mesmo nível dos demais.)
Por hoje, é só. Grande abraço
Edu
PS: Pelo amor de Deus, homem! Vamos falar de coisas mais alegres nas próximas cartas. Desse jeito, vamos acabar fazendo um site sobre velórios…