F1 e MOTOGP: CADA VEZ MAIS PARECIDOS

ainda há coelhos na cartola da Ferrari?
10/04/2002
Imola vermelha
14/04/2002

Edu,

Não, não vou fazer previsões com base nos tempos dos treinos livres de hoje para o GP de San Marino. Falar o quê? Que a Ferrari e a Williams são as favoritas? Que choveu e por isso o Fisichella fez o 3º tempo e Frentzen o 6º? Não dá, né?…

Treinos de sexta-feira serviam como base para previsões até 1995, quando valiam para definir o grid. Depois, não dá para apostar um tostão furado nos tempos que saem dali. Apenas como curiosidade: Schumacher (Michael) fez o melhor tempo (1:36.898), seguido por Barrichello (1:37.094), Fisichella (1:38.093), Coulthard (1:38.747) e Raikkonen (1:38.773). Montoya e Ralf ficaram respectivamente em 9º e 10º. Mais detalhes do treino de hoje podem ser conferidos no www.grandepremio.com.br.

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Domingo passado começou o Mundial de Motovelocidade. A categoria máxima, antiga 500 cm³, passou a se chamar MotoGP devido à entrada em cena dos motores de 4 tempos com até 990 cm³. Nesta temporada, os novos motores conviverão com os de 500 cm³ de dois tempos usados por todas as equipes até o ano passado. No ano que vem, os 500 cm³ irão definitivamente para o museu.

Apesar da cilindrada maior, nada indicava necessariamente que os novos motores se mostrariam mais rápidos que os antigos. Até meados dos anos 70, os “2T” e os “4T” com 500 cm³ conviveram pacificamente, mas as vantagens dos 2T (principalmente peso e regime de funcionamento) se evidenciaram e os 4T foram abandonados. Em 1979, a Honda usou todo seu poderio tecnológico para desenvolver uma 500 cm³ 4T para bater as Yamaha e Suzuki 2T. Foi um fiasco tão grande que o projeto foi abortado e a Honda só voltou ao Mundial em 1982, com um 2T.

A mudança de regulamento foi motivada basicamente por dois fatores. O primeiro é que hoje praticamente todas as motos vendidas no mundo usam motores 4T. Por isso, a tecnologia das motos de GP era praticamente inaproveitável nas de produção normal e vice-versa. Os custos decorrentes disso tornaram o Mundial pouco atraente para muitas fábricas (inclusive as do porte da Kawasaki, quarto maior fabricante do mundo). O outro fator é que Bernie Ecclestone, que já tinha uma certa participação no Mundial de Moto, agora pode promover um verdadeiro intercâmbio técnico e comercial entre as equipes de F 1 e as de moto. A Aprilia, por exemplo, já usa tecnologia da Sauber em seus motores. E a Honda certamente usou os conhecimentos da F 1 para construir seu novo motor.

Mudou o Mundial, mas não mudou o principal protagonista. O italiano Valentino Rossi (sempre ele) venceu a primeira corrida do ano, em Suzuka, sob chuva, pilotando a nova Honda RCV 211 com motor 4 tempos. O brasileiro Alexandre Barros, com uma Honda 500 cm³ 2 tempos, terminou em 6º lugar.

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Já que falei no Mundial de Moto, uma curiosidade. A diferença de tempo entre o pole position (Rossi…) e o 21º e último colocado no grid (o irlandês Jeremy McWilliams) foi de somente 2s904. Foi o grid mais equilibrado de todos os tempos em uma prova do mundial da 500/MotoGP.

A F 1, porém, não fica muito atrás. No GP do Brasil, a diferença entre a pole de Montoya e a 21ª colocação de Enrique Bernoldi foi ainda menor: 2s241. Mesmo se considerarmos o 22º e último colocado no grid, Alex Yoong (um piloto com nível técnico visivelmente inferior ao de seus companheiros), a diferença em relação ao pole não cresce muito (se comparada à da moto): passa para 3s514. É bom destacar que a extensão de Interlagos é bem menor que a de Suzuka,dando aos melhores menos espaço para abrir distância.

Poucas vezes tivemos uma Fórmula 1 tão competitiva quanto hoje. Analise os grids de anos passados, mesmo as temporadas mais equilibradas, e dificilmente se encontrará uma diferença tão pequena entre os 20 ou 22 primeiros colocados. A vantagem, mais do que nunca, fica com quem conseguir ganhos de décimos, centésimos, milésimos de segundo. Ou, como se diz nos boxes, “encontrar pêlos em casca de ovo”. Então, por que os carros não andam mais juntos? Muito simples: estes tempos são tomados em uma volta lançada. Na corrida, é muito difícil manter tal ritmo durante 300 km ou mais – sem contar que, quanto mais atrás você largar, mais tempo tenderá a perder logo na primeira curva.

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A primeira etapa do campeonato FIA Sport Car, reservado aos valentes Protótipos, aconteceu em Barcelona sob forte chuva. Venceu a dupla Jean-Christophe Boullion (lembra dele? Foi piloto de testes da Williams durante anos a fio e disputou vários GPs de 1995 pela Sauber) e Sebastien Bourdais (piloto de F 3000), com um Courage-Peugeot. Outros nomes conhecidos participaram, como o holandês Jan Lammers. Este campeonato passa muito longe da importância do antigo Mundial de Endurance (lembra? Porsche 917, Ferrari 512, Matra-Simca, Porsche 956, Ford GT 40, Jaguar XJR-9… Que saudade!), mas preenche a lacuna para quem aprecia os carrões. O site da FIA (www.fia.com) tem informações, resultados e boas fotos.

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Uma retratação mais do que justa para Tales Torraga, dowww.grandepremio.com.br: foi ele quem identificou o “Volante 13” como Flodoaldo Arouca. Durante a semana, porém, recebi um e-mail do Romeu Nardini informando que o nome correto é Flodoardo e não Flodoaldo. Fico aguardando o desempate, amigos…

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Hoje é aniversário de Carlos Reutemann: 60 anos. Para quem não sabe, “El Lole” é hoje um dos possíveis candidatos à presidência da Argentina.

Abraços,

LAP

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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