ainda há coelhos na cartola da Ferrari?

Não acho que Barrichello tenha culpa nas quebras de sua Ferrari.
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Panda

Passados dez dias do GP do Brasil, cristalizou-se a certeza geral de que a corrida foi vencida por Michael Schumacher menos pelas qualidades do novo Ferrari e mais pela astúcia da equipe e dotes de pilotagem do alemão, associados à incapacidade de Montoya em fazer valer a superioridade técnica do seu Williams e da pole conquistada por ele.

A operação de despistamento que esteve na origem da vitória do domingo retrasado começou no lançamento do carro e foi impecavelmente desenvolvida até a largada do GP, a ponto de Schumacher ter feito uma tentativa a menos nos treinos de qualificação e ter rodado no warm up apenas com pneus usados, sinalizando à Williams que necessitava desesperadamente de pneus novos e a certeza de que o alemão largaria para duas talvez três paradas. Detalhe: Schumacher barbarizou no warm up, quando assinalou o melhor tempo do domingo: 1m15s866 ante 1m16s079 da melhor volta da corrida, marcada por Montoya, o trouxa do dia.

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Mas toda a estratégia da Ferrari poderia ter ido por água abaixo se Montoya tivesse preservado a ponta na largada. Aí, ele ditaria o ritmo da corrida e uma ultrapassagem seria bastante difícil uma vez que o Williams era 3 km/h mais rápido do que o Ferrari na grande reta de Interlagos, atingindo 322,4 km/h.

Pois é. E a gente fica criticando Schumacher por aquelas fechadas suicidas na largada (vide Malásia 02). Montoya pode muito bem ter perdido a corrida porque faltou-lhe a coragem ou determinação para fazer o mesmo com Schumacher no Brasil.

Já foi dito aqui que uma das forças do verdadeiro campeão é a coragem e a solidez de caráter, mesmo quando isso exige manobras nada éticas.

E depois dizem que é o carro quem ganha as corridas.

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Por estas e outras, há quem já considere o GP do Brasil como a mais bela vitória da carreira de Schumacher.

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Será que havia um papel reservado a Rubinho na meticulosa estratégia da Ferrari para o GP Brasil? Provavelmente sim. SeSchumacher perdesse a ponta na largada, Rubinho poderia partir para cima de Montoya e tentar perturba-lo de alguma maneira. Seria interessante ver do que o nosso garoto seria capaz nestas circunstâncias. Até hoje, pelo que me lembro, ele não se saiu muito bem quando chamado a desempenhar papéis estratégicos para a Ferrari.

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Vamos passar a San Marino, de tão tristes lembranças para nós, brasileiros? Pois, meu amigo, lá a Ferrari está metida até o pescoço em grandes problemas.

Que coelho Ross Brown e Schumacher tirarão da cartola para bater novamente uma dupla de pilotos motivadíssima, montada em foguetes como os Williams BMW?

Imola, junto com o Canadá, são as pistas que demandam maior consumo dos carros, de forma que duas paradas é o mínimo exigido durante o GP – todo mundo procedeu desta forma em 2001, parando em torno das voltas 29 e 46. (À propósito, no Brasil, se fiz as contas certas, o motor BMW percorreu 1,38 km por litro enquanto o Ferrari atingiu 1,27 km/l.)

Poderia Schumacher partir com combustível para uma única parada? A história de que o novo Ferrari tem o tanque pequenovirou piada. Dizem que a equipe mentiu até nas dimensões do carro, o anunciando menor do que de fato era para que os engenheiros das outras equipes realmente pensassem que o carro tinha tanque pequeno…

Ou Schumacher partiria levíssimo para três paradas?

Em qualquer caso, haverá disputa pesadíssima em San Marino e nos GPs seguintes até que o novo Ferrari diga se é de fato o super carro prometido no lançamento ou se é apenas a segunda força do campeonato, atrás dos Williams.

Aguardo os seus comentários após o treino da sexta.

Grande abraço

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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