Sou partidário de uma definição hoje em franco desuso: a arte é a expressão do belo. Logo, não posso reconhecer arte nos carros que iniciarão esta semana a temporada 2012 da Fórmula 1 – e lamento muito por isso.
Creio ter sido a beleza dos carros, mais do que o desafio mecânico e a coragem e engenho humanos, que me levou a me apaixonar pela categoria, lá se vão 44 anos.
Simplicidade de linhas e cores vivas resumiam a Fórmula 1 de 68, a primeira temporada que segui. A simplicidade decorria do fato de, até então, os carros terem de se agarrar à pista apenas pelo próprio peso e aderência gerada pelos pneus, a aerodinâmica sendo virtualmente ignorada.
Mas o aerofólio, qual ovo da serpente, despontou para a categoria naquele ano, mais precisamente no dia 9 de julho, quando foi disputado o GP da Bélgica. Inicialmente, eram apenas esquisitos e muito perigosos mas eles foram se impondo, assim como a noção da importância da aerodinâmica, chegando a rivalizar com a potência dos motores como força motriz dos carros.
A partir daí, a beleza dos Fórmula 1 foi se perdendo gradualmente, salvo por poucas exceções, até chegar à abominação atual. Qual será o próximo golpe que teremos de sofrer, depois deste terrível bico dianteiro em degrau?
Quando se discute política, hoje, pouco se fala de moral, o meio pelo qual se fazem as coisas. As ideologias viraram piada e os políticos não têm qualquer pudor em dizer uma coisa e fazer outra. Discute-se quase que exclusivamente os fins, nunca os meios. Temo que estes estejam soterrados e trazê-los à discussão, no Brasil e no mundo, seja um exercício absoluta e totalmente inútil.
Acredito que a beleza de um carro seja o equivalente à moral na discussão política. A eficiência aerodinâmica, como os fins, tudo supera, tudo ultrapassa. No entanto, moral e beleza seguem ou deveriam seguir sendo fundamentais. Teria a Fórmula 1 hoje, com suas formas inexplicáveis e exasperadas, com asas, aletas e defletores brotando em ritmo surreal, a capacidade de atrair a paixão dos jovens?
Certamente não e isso, por si só, já deveria ser motivo de alerta para as autoridades esportivas e repúdio por nós, fãs.
Feitas estas considerações, seria pedir demais que a FIA fixasse regras de beleza dos carros em seu regulamento?
Sem precisar entrar em juízos estéticos no regulamento, seria simples para as autoridades propor um regulamento que definisse linhas contínuas e dimensões bem proporcionadas para o desenho das partes dos carros, limitando com severidade os apêndices aerodinâmicos. Não creio estar pedindo algo inviável. McLaren e Marussia deste ano conseguiram tangenciar o degrau, respeitando o regulamento. Em anos passados, lembro o Brawn campeão do Mundo em 2009 como um carro agradável ao olhar e extraordinariamente eficaz.
Talvez o amigo leitor me considere um tolo pedindo este tipo de coisa às autoridades, sempre tão prolixas na fixação de regras e decisões que nos agridem. Mas creio que há esperanças. Afinal, as lideranças da Fórmula 1 se insurgiram contra a ideia de um motor de quatro cilindros, entre outros argumentos porque ele seria demasiado silencioso e os fãs da categoria gostam daquele barulho dos deuses. Se o bom senso valeu para o regulamento dos motores, por que não poderia valer também para a aparência dos carros?
Ao confeccionar o regulamento que quase que impõe aos projetistas o tal degrau no bico dianteiro, as autoridades esportivas visaram a segurança, de forma a tornar menos provável a decolagem dos carros em caso de choque, da mesma forma que, nos Estados Unidos, a Fórmula Indy definiu aquela horrenda espécie de para-lama traseiro para evitar que os carros enganchem um no outro. Medidas de segurança são sempre bem-vindas. No entanto, é preciso preservar a beleza, a graça e a elegância dos carros pois é penoso e muito mais difícil amar o feio.
Leitura de artigo do jornalista inglês Doug Nye em Motorsport desmente a noção comum de que há poucos desafios técnicos na Fórmula 1 atual.
É verdade que o desenvolvimento dos motores está severamente contido, que já se impôs por regulamento numerosos sistemas unificados aos carros mas, ainda assim, há numerosas áreas onde a pesquisa tecnológica segue firme e forte nos últimos anos. Algumas delas, enumeradas por Nye, começando pelos sistemas mecânicos, hidráulicos e eletro-eletrônicos: kers, suspensões construídas em materiais compostos ou incorporando sistemas inércias (que acabaram vetados pelas autoridades), direção assistida, acionamento eletro-hidráulicos para acelerador, embreagem e diferencial, discos de embreagem construídos em carbono, caixas de câmbio minúsculas e que são capazes de fazer a troca de marchas em intervalos cada vez mais curtos de tempo e injeção de combustível de alta pressão.
Nas pesquisas aerodinâmicas, há uma compreensão cada vez sofisticada dos fluxos de ar sob o carro, que demanda pesquisas intensas com asas dianteiras, a área imediatamente abaixo das pernas do piloto e a novela infinita dos difusores traseiros. Há também pesquisas envolvendo o fluxo de ar dentro do carro, principalmente aquele usado para refrigeração do motor.
Em materiais, há as pesquisas com ligas cada vez mais leves, rígidas e resistentes a altas temperaturas e também com técnicas inovadoras na produção de peças e partes do motor.
Em segurança, há os perenes aprimoramentos da resistência dos chassis a impactos e os estudos em torno da proteção da cabeça dos pilotos, o que muito provavelmente levará à imposição de algum tipo de carlinga para o cockpit no futuro próximo.
Nos sistemas de computação, começa-se a desvendar o universo dos simuladores, que hoje ocupa boa parte do tempo dos pilotos e demanda quantidades oceânicas de dinheiro, de forma a torna-los relevantes para o aprimoramento dos carros e treinamento dos pilotos. Simultaneamente, as equipes se utilizam cada vez mais de supercomputadores, capazes de simular nas telas sistemas de motor, suspensão, torção de chassi etc. que, combinados com os resultados colhidos nos túneis de vento, visa suprir as carências decorrente das limitações nos testes em pista.
São temas técnicos muitas vezes impenetráveis mesmo para amadores avançados mas assim é o mundo de hoje: complexo – e cada vez mais feio.
Boa semana a todos
Eduardo Correa
19 Comments
Inicialmente é uma bobagem achar que os carros deste ano ficaram “feios” por conta dos degraus. Ele já vem bem feios à tempos… Bico muito longo, traseira curta, capôs do motor em forma de corcunda, largura muito estreita (bem como bitolas), pneus dianteiras (quase) do tamanho dos traseiros…
Já quanto a opinião de que os aerofólios estragaram o visual dos carros, discordo, e por duas razões:
1) Os aerofólios foram grandes responsáveis em diferenciar uns modelos dos outros, ao menos até se padronizar tudo. Quer carros mais diferentes do que uma Ferrari 312T4 e uma Williams FW07? Poderia incluir a Ligier JS11 e a Renault RS 10, todos, eu disse TODOS vencedores de GP? Isso sem citar Brabham, Alfa Romeo, ATS, Shadow, Ensing, Fittipaldi, McLaren, Tyrrell, Arrows (o espetacular A2) e Lotus (mod. 79, que aliás foi a base de Williams, McLaren, Ligier deste e dos próximos anos). E as diferentes personalidades ajudam a encontrar um (ou mais) modelo “favorito”… É psicológico, mas funciona.
2) Ainda no ano de 1979, tem-se que os carros eram exatamente o oposto de hoje: largos (inclusive nas bitolas), bitola traseira mais larga que a dianteira, pneus traseiros maiores (largura e diâmetro) que os dianteiros, asa dianteira aparentemente estreita (ledo engano, pois era a bitola dianteira quem era mais larga, ainda que menor do que a traseira) e de pouquíssimo volume, asa traseira pequena e bem destacada da carroceria, laterais (radiadores) baixas com “winglets” na parte final-traseira, efeito solo, dianteira curta e traseira longa (como um verdadeiro motor central-traseiro) números aparentes… Tenho mais de 100 miniaturas de F1, e só do ano de 1979 tenho 6!
O último modelo realmente bonito que vi foi a McLaren MP4/8 – aliás daquele ano salvam-se também a Williams e a Benetton.
“… vem bem feios HÁ tempos…”
Prezado Amigo Edu
Parabéns por sua sensibilidade, agora e novamente demonstrada na coluna Da importância da beleza.
Realmente parece que se tornou piegas demonstrar ser sensível no mundo moderno. Mas, na verdade, não há nada de piegas nisto, muito pelo contrário. Apenas demonstra que quem tem olhos para observar o belo realmente está vivo! E vivo no sentido mais pleno da palavra, de quem se permite ter um olhar crítico sobre as coisas e não aceitar simplesmente os conceitos que a turba simplesmente joga na mídia, sob o pretexto de que “agora é assim…” ou simplesmente ditam aquilo que devemos gostar ou não.
Lembro com gratidão e saudade que despertei minha paixão pela Fórmula 1 e pelo automobilismo de competição em geral por intermédio do excelente e fantástico filme Grand Prix, já por diversas vezes tema de conversas e análises favoráveis e positivas (praticamente unânimes), no sentido de qualificá-lo como único (eis mais um exemplo do que é belo!) no seu segmento artístico e cinematográfico, aqui no GPTotal.
Pois bem, o filme ambientado no ano de 1966, justamente quando houve uma das mais importantes modificações técnicas, passando a capacidade cúbica de deslocamento dos motores de 1.500 c.c. para 3.000 c.c para os aspirados e 50 % a menos para o caso de motores sobrealimentados, e que, além deste marco na história da F1, nota-se muito bem, a beleza de linhas e cores às quais refere-se o Edu. Os conceitos aerodinâmicos da época limitavam-se a proporcionar tão somente a desejada penetração aerodinâmica, tal qual verdadeiras flechas e exatamente com foi dito, ficava à cargo dos pneus, suspensões e a habilidade dos pilotos (quero crer, principalmente à habilidade dos pilotos…) a manutenção dos carros na pista. É importante lembrar que as velocidade finais absolutas não cresceram tanto, daquela época aos dias atuais. O que mudou e muito foi a velocidade em curva, desaceleração e aceleração, aceleração lateral, aderência, frenagens, downforce (que antes não existia) e, felizmente, a segurança!
A diversidade de motores e sons era, sem dúvidas, outro grande atrativo do passado, pois eram diferenças muito mais perceptíveis, que as atuais, hoje construídos à ditadura, agora, dos V8, como o foi, há poucos anos, à dos V10. Será que o regulamento que imperou até o final dos anos 80 não era mais justo, barato e atrativo?
Afinal, naquela época tínhamos presentes motores de todos os tipos e números de cilindros, turbos e aspirados, respeitando-se a cilindrada, é claro. Tivemos até turbinas e motores de 4 cilindros em linha, hoje vetados, e uma liberdade de criar que era muito maior que hoje, acredito eu. O público identificava com maior facilidade o número de cilindros e os mais apaixonados e experientes, até mesmo à que marca pertencia esse ou aquela “música”!
Já a tecnologia de hoje equalizou de forma negativa quase tudo na F1, principalmente os sons dos motores, que são muito semelhantes, a começar pela imposição do número de cilindros. Só falta mesmo, se tornar (que Deus nos livre) monomarcas. Cruzes…
Concordo que a F1 tem muito a desbravar em termos de tecnologia, principalmente em relação à sua matriz energética, que ainda é o petróleo. Que tal se fosse desenvolvida a utilização do hidrogênio combustível, onde teríamos mantidos os sons (já que continuará a haver e explosão dentro dos cilindros) e como resultante desta queima inicial, apenas vapores de água? Isto sim, seria uma grande desenvolvimento de tecnologia.
Enfim, a beleza, entendo eu, é formada por um conjunto de fatores e no caso específico da Fórmula 1, principalmente por formas, cores e sons.
Muito bem lembrado o comentário, no que tange à Fórmula Indy, sobre o artefato de proteção das rodas traseiras, que realmente lembra muito um para-lamas, muito feio, sem dúvida! E falando de Fórmula Indy, aproveito para manifestar meus votos de muito sucesso ao Piloto Rubens Barrichello, agora na Fórmula Indy!
Voltando e finalizando com o tema F1, penso que temos uma saída, sim: Fazermos uma campanha para que seja realizada, também, aqui no Brasil, uma corrida da Fórmula 1 Histórica, bem como a transmissão das corridas, pela TV. Até onde sei, competem carros de todas as épocas. E também, quem sabe, a transmissão de todas as suas corridas, que pelo que sei, ocorrem em sua maioria, na Europa. E de lambuja, teríamos o prazer de desfrutar de autódromos e circuitos tradicionais, como Monza, Spa, Mônaco e Nurburgring, entre outros.
Forte abraço ao Edu e à Família GPTotal.
Paulo C. Winckler, Porto Alegre
Eu me encantei pelo automobilismo em 1970 quando passei a colecionar a 4Rodas e a Auto Esporte.Fiz isto por uns 10 anos consecutivos e lamento não te-la mais pois certamente minha mãe mandou todos os exemeplarers pro lixo.
Eu entendo que a Formula 1 procurou seguir um caminho oposto as corridas norte americanas … que até hoje em nada mudam … aquelas pistas ovais, um monte de carros juntos e muitas … muitas porradas e acidentes … os carros podem até serem mais feios mas a emoção continua a mesma neste sentido.
Eu reclamo isto na Formula 1. Antes víamos ultrapassagens onde acima de tudo valia a capacidade, coragem e habilidade do piloto neste sentido … havia ataque e defesa … isto era o mais bonito de se ver numa corrida …
No endereço abaixo para quem não conhece a histortia da Revista 4Rodas taí uma boa pedida: http://quatrorodas.abril.com.br/acervodigital.
Fernando Marques
Niterói RJ
Partindo de tudo que Edu tão bem colocou, minha tendência é acreditar que dentre os poucos carros genuinamente bonitos que surgiram após as pesquisas em aerodinâmica, a maioria atingiu este status de forma acidental, e não intencional. Salvo um ou outro caso – creio que o FD-01 seja um desses casos intencionais – beleza acabou virando um bem-vindo acidente de percurso na criação dos carros.
Assim como Manuel colocou que pilotos preferem carros rápidos a carros seguros, projetistas certamente preferem rapidez a velocidade.
No entanto, o ponto que Edu levantou é relevante. Não apenas o ronco e a velocidade, mas também a beleza é fundamental para a atratividade destes carros. E, sendo assim, deveria ser encarada como prioridade.
E aí minha limitada imaginação identifica apenas duas soluções possíveis: ou a categoria vira monomarca, com um único fabricante de chassis, e deixa de ser o que sempre foi; ou estabelece tetos para downforce e penetração aerodinâmica, de forma parecida ao que vem fazendo com os motores.
Neste segundo caso, o congelamento aerodinâmico poderia vir a substituir o de motores, que voltariam a ser liberados.
Os gastos não mudariam tanto, os projetistas teriam vários caminhos diferentes para a obtenção do downforce máximo, e os motores se tornariam muito mais interessantes, sem falar no foco em tecnologias muito mais aplicáveis aos carros de rua.
Não sou a favor de congelamentos não. Mas se tivesse que fazer isso em uma área de pesquisa, faria na aerodinâmica.
Amigo Marcio!
Veja só uma coisa
Estou terminando de ler o excelente livro “Copersucar Fittipaldi A Historia Completa Do Formula 1 Brasileiro”, e no final da temporada de 1979, o Emerson já alertava que se a F1 não se preocupasse em reduzir seus custos, duraria somente mais 2 anos.
Ou seja, essa história de gastos elevados sempre teve e sempre vai ter, mas as pessoas que fazem o regulamento é que estão matando a F1.
Naquela época, se gastava muito também, mas cada um fazia carro e motor a seu gosto, e era sempre uma surpresa esperar o anuncio do carro novo.
Este ano, se não tivesse esta história do degrau no bico, o que mudaria em relação aos carros do ano passado!?
No visual, quase nada!
E se pegarmos o exemplo dos carros da equipe Fittipaldi, todos foram diferentes, e isso, naquela época, era um show!
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Amigo Marcio!
Estou com vontade de comprar algum livro do Saudoso Nelson Piquet, e gostaria de ver contigo se terias um para me indicar, visto que tem umas três publicações diferentes.
Abraço e mais uma vez, obrigado!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Mauro, meu velho, o único que eu li até hoje foi o do Luiz Carlos Lima, “A Trajetória de um Grande Campeão”. Livro legal, esclareceu alguns episódios como a largada do Nelson com slicks em Jacarepaguá 81. O problema é que foi lançado em 1986, e não cobre os anos finais da carreira do piloto.
Sei de pelo menos outros dois autores que andaram tentando publicar biografias dele, aqui e fora do Brasil, mas a coisa não é muito fácil não. Pergunte ao Ernesto Rodrigues…
Quanto a este livro que eu citei, não é fácil de encontrar não, mas ele está disponível na net. Se não o encontrar, mande um e-mail que te respondo com ele anexado.
Forte abraço, e boa leitura.
Edu,
Em resposta ao seu questionamento: “Feitas estas considerações, seria pedir demais que a FIA fixasse regras de beleza dos carros em seu regulamento?”, seu desejo é uma ordem:
FIA deverá ajustar regulamento para evitar carros feios na temporada 2013: http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2012/02/fia-devera-ajustar-regulamento-para-evitar-carros-feios-na-temporada-2013.html
Mais novidades sobre o assunto:
FIA já trabalha para melhorar visual dos carros da Fórmula 1 em 2013:
http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2012/03/fia-ja-trabalha-para-melhorar-visual-dos-carros-da-formula-1-em-2013.html#esporte-formula-1
Olá pessoal.
Até meados da década de 90, tínhamos na F1 o que havia de mais moderno para o alcance das altas velocidades, mesmo com os circuitos tendo seus traçados restringindos para limitar essas mesmas velocidades. Concordo com o Eduardo, quando ele fala que a F1 não atrai mais os jovens e isso acontece porque os quesitos perigo, altas velocidades e audacia foram deixados de lado. Hoje os carros podem ter o máximo em tecnologias, mas não são carros realmente rápidos devido a inumeras restrições que ao meu ver empobrecem o espetáculo: hoje todos os motores são iguais, não temos como definir bem se o fabricante A ou B tem o melhor propulsor, pois não se pode tirar mais o máximos desses motores. Atualmente poderíamos ter carros com cerca de 4 a 5 segundos mais rápidos. Vejamos Monza onde motores com regime de 12 a 14.000 RPM já chegaram a 350 Km/h. Acho que a verdade é que a F1, há muito tempo, vive de um sucesso construído no passado dos longínquos anos 60 e 70, quando se tornou popular, principalmente por que suas grandes corridas que sempre existiram ,mas que somente sabiamos pelos jornais, passaram a serem transmitidas pela TV. Era uma época cruel, mas ao mesmo tempo essa crueldade era cativante e se tornou um enorme sucesso, quase uma mística. A F1 não é, hoje o ápice da velocidade, as máquinas não são levadas ao extremo,isso por uma série de motivos, os circuitos são horríveis ( ainda querem tirar SPA do calendário). Só sobrou o glamour (que as pessoas que administram a categoria estão jogando no lixo) de um época que jamais voltará. Abraço a todos.
Concordo contigo Fernando!
Eu adorava o ronco do V12 da Ferrari, e isso sem falar no famoso Matra, que já foi tema de uma bela coluna do Agresti.
Já faz tempo que é tudo igual, motor, pneus com esta regra besta de que é obrigado a utilizar os dois compostos na corrida.
Quando o regulamento nestes quesitos eram mais flexível, as temporadas eram bem melhores.
Na minha opinião, Little Ecclestone quer que a F1 morra junto com ele quando ele se for.
Ninguém me tira isso da cabeça, pois a F1 só tem andado para trás, e já faz tempo!
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Também concordo contigo Edu. E também comecei a acompanhar a F1 em 1968, eu tinha 10 anos, e depois de Grand Prix no cinema, e do “Livro da Juventude” do Reader’s Digest, que tinha um texto, com fotografias, sobre a vida do Jim Clark, que infelizmente veio a falecer meses depois, somado ao fato de um irmão 14 anos mais velho que lia Quattroruote e filava Auto Sport inglesa dos amigos, um dos quais acelerava um Gordini nas provas de Petrópolis e Itaipava, é claro que eu fiquei um fissurado na F1. Depois foi o Emerson e aí o pessoal já conhece a história…
Por estes dia li sobre o salão de Genebra 2012, e sobre a Ferrari F12, que entre os destaques + marketing da fábrica, apresenta uma aerodinâmica refinada que conta com elementos supostamente evoluídos pela experiência competitiva da fábrica. Um belo carro… Será que a FIA poderia regulamentar que a aerodinâmica dos F1 deveria obedecer a uma fluidez de desenho e não poderia ser obtida somente por apêndices esquitos e que são completamente espalhados na área exposta dos monopostos da F1, e hoje obedecendo quase somente a regras de não-transgressão de regulamentos e itens de segurança? Que as superfícies aerodinâmicas, extratores, perfis direcionantes e mais o que se inventasse, deveria também obedecer a uma regra de design definida no regulamento e que limitasse essas coisas esquisitas que a gente vê hoje em dia?
Os carros da Formula 1 estão feios … e se desempenho deles nas pistas podem até encantar … não se vê tambem mais aquelas entortadas e nas curvas que eram tão bonitas … aquela ultrapassagem de Piquet sobre Senna virou eternamente passado … e o futuro em nada parece querer empolgar … tanto em estetica … tanto nas belezas das corridas …
Fernando Marques
Niterói RJ
Tô contigo Edu!
Já cansei de falar que os F1 do final dos anos 90 só ficaram mais feios!
Lembro da Jordan 191, um carro super lindo e que andou super bem na temporada de 1991.
Esse modelo eu tenho na minha coleção de 1/18, e sempre chama a atenção pela sua beleza.
Na minha opinião, o ultimo F1 que achei lindão, foi a Mclaren MP 4/12 de 1997, o primeiro modelo da equipe com patrocínio de tabaco West.
De lá para cá, e mais precisamente iniciando em 1998, os carros só pioraram.
E concordo com o Romeu Nardini, que nos resta esperar a próxima aberração.
Abraço a todos!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Beleza é a qualidade daquilo que causa prazer à mente e os sentidos. Algo associado à harmonia das formas e das cores e que resulta reconfortante e relaxante.
Diz um ditado que de soer o que enamora nao é que que atrai mas, com formas tao horriveis, resulta dificil sentirse atraido pelos atuais carros e, com corridas tediosas, politicagens, etc., tampouco há nada do que se enamorar.
Amigo Edu, parabens por sua sensibilidade artistica 🙂
A Apple de Steve Jobs foi a primeira, e quase a única empresa moderna, a reconhecer que a beleza é uma necessidade humana, e ganhou muito dinheiro com isso. Muitos apontam a Apple como exemplo de inovação tecnológica. Não sou capaz de identificar nenhum produto tecologicamente inovador inventado pela Apple. Ela sempre foi esteticamente inovadora, em busca do belo. Basta ver o que ela fez com notebooks, tocadores de mp3 e palms. Não inventou nenhum deles, mas tranformou-os em arte.
Belo artigo, meu caro. Abraço.
Edu, infelizmente enfrentamos uma realidade muito dura.
Todo final de ano achamos que o próximo carro de F-1 não poderá ser mais feio.
Mas não é o que acontece.
Não existe mais limite para a feiura, na categoria mais importante do automobilismo mundial.
Os carros de 2012 estão simplesmente horrorosos, cheios de penduricalhos, apendices, spoilers, aerofólios de 2, 3 andares, que movem para cima, para baixo, pros lados e truques para melhorar a aerodinamica, aproveitar o vento, o ar, os gases do escapamento, a luz do sol, a energia dos raios e trovões das chuvas e por aí vai. Que saudades das linhas limpas, dos carros simples, do colorido, dos pneus que duravam a corrida toda e de pilotos que tomavam decisões, dividiam as curvas, se utilizavam do vacuo e faziam ultrapassagens nas pistas e não nos boxes.
Infelizmente a “nossa” Formula 1 não volta mais.
Nos resta só esperar a próxima aberração para o ano que vem.