Retomando a série, agora com histórias inéditas.
Em 1972, a Matra ganha sua primeira 24 Horas de Le Mans com o carro pilotado por Henri Pescarolo e Graham Hill (imagem acima).
O inglês, unanimemente reconhecido como um dos grandes pilotos de todos os tempos, já bicampeão mundial da F1 e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis de 66, tinha pouco a apresentar em corridas de sport-protótipos, muito menos as de 24 horas de duração. Tanto assim que Pescarolo recusou-se inicialmente a correr em dupla com ele. Acabou cedendo, mas eles não se deram ao trabalho de testar o carro juntos, ensaiar troca de turnos, sequer discutir tática e estratégia de corrida. Apenas se encontraram na pista, sentaram-se no carro e correram as 24 Horas e a venceram brilhantemente, mesmo sob chuva forte em boa parte da prova.
Foi a única vez que Pescarolo e Hill dividiram um carro.
Que não se negue a Bernie Ecclestone a condição de bom frasista. Uma boa: “ele é como os advogados. Entende os problemas, mas não os resolve. Em vez disso, deixa as coisas ainda mais complicadas”.
Sebastian Vettel, após garantir matematicamente o Mundial de 2011 no GP da Coreia, voou até a sede da RBR, na Inglaterra, para festejar com a equipe. Falou a mais de 500 pessoas por uns 30 minutos e depois foi para o simulador, onde ficou por quatro horas treinando para o GP seguinte, na Índia.
Na foto acima, Vettel com seu RBR de 2011.
Os membros da equipe Brabham, campeão em 66 e 67, reunidos para uma foto comemorativa da qual participaram todos – pilotos, engenheiros, mecânicos e secretária – não dariam para trocar um pneu de um Fórmula 1 contemporâneo.
Jonathan Williams teve brevíssima passagem pela Fórmula 1 mas atraiu alguma atenção pelo seu desempenho em outras categorias, a ponto de ser contratado pela Ferrari para a temporada de 1967.
Azar dele: foi um ano complicado para a equipe italiana, em plena guerra no Mundial de Marcas contra a Ford. Resultado: Williams pouco correu durante o ano. Na F1, foi apenas o GP do México, o último da temporada, onde tomou quase sete segundos do companheiro de equipe, – Chris Amon – na largada, terminando em 8º, duas voltas atrás do vencedor.
Mesmo assim, havia um clima favorável à renovação até que, com uma única frase, Williams jogou sua oportunidade pela janela. Ele atribui o encerramento do seu relacionamento com a equipe a dois acontecimentos: um acidente em um teste, resultando em um carro destruído. O outro fato foi bem mais prosaico: Williams estava abastecendo seu carro num posto de gasolina próximo à sede da Ferrari quando viu um belo modelo da marca encostar ao seu lado. Era Enzo em pessoa e, à queima-roupa, convidou Williams para comer uma pizza. Mas o piloto havia terminado um lauto almoço, com muita bebida, em companhia de Amon e respectivas namoradas. Incapaz de suportar uma única garfada a mais, Williams recusou o convite. Depois, reconheceu a má decisão. “Eu deveria ter comido aquela pizza mesmo que precisasse ir para o hospital depois”, disse ele ao jornalista inglês Nigel Roebuck, anos mais tarde.
Na foto acima, Williams testando um Ferrari de F1.
Mario Andretti, comentando o proverbial azar de Amon: se ele entrasse no negócio de funerárias, as pessoas parariam de morrer.
Já o jornalista Alan Henry reservou a posição de número 13 para Amon no seu ranking de cem maiores pilotos de todos os tempos.
Gilles Villeneuve definiu seu Ferrari 126CK, com a qual disputou a temporada 81, como “um grande Cadillac vermelho”. Harvey Postlethwaite, diretor técnico da equipe, disse que o carro tinha “um quarto do downforce dos Williams, Brabham ou Ligier”, o que não impediu Gilles de vencer em Mônaco e o sensacional GP da Espanha, no qual largou em 7º lugar e teve de desligar seu limitador de giros nas voltas finais, para segurar seus quatro perseguidores, que cruzaram a linha de chegada colados a Gilles. Foi a última vitória dele na F1.
O relacionamento profissional de Patrick Head com Frank Williams não começou da melhor maneira.
Head foi contratado como projetista chefe da equipe em setembro de 1975. Uma semana depois, foi informado por Frank que ele havia comprado a equipe Hesketh e, junto, veio Harvey Postlethwaite, que seria o novo projetista chefe.
Frank propôs que Head aceitasse seguir como segundo projetista da equipe. Ele aceitou o rebaixamento e deu início a uma das maiores parcerias da história da categoria.
Vic Elford, falecido em 2022, foi um dos participantes da equipe vencedora da edição de 1967 do Marathon de la Route, disputada por 84 horas em Nurburgring, autodenominada “A Corrida Mais Longa do Mundo.
Elford pilotou um Porsche 911R Sportomatic nas quatro noites da competição, encarando sete horas e meia seguidas por noite, uma vez que seus colegas de equipe preferiram não se arriscar. Encerrada a sua última noite ao volante, Elford preferiu antecipar a volta pra casa, na Inglaterra, para participar de outra corrida, de forma que não estava presente quando o Porsche cruzou a linha de chegada, pilotado por Jochen Neerpasch. O outro piloto da equipe era Hans Herrmann. Eles completaram 323 voltas cobrindo quase 9.100 km a uma velocidade média de 107 km/h.
Na foto acima, o Porsche 917 com o qual Vic disputou as 24 Horas de Le Mans de 71.
Stirling Moss sobre seu colega Tony Brooks: “ele era inteligente demais para ser um corredor. Ele foi entre todos o maior corredor desconhecido”.
Brooks foi o primeiro inglês a vencer em 31 anos um GP significativo – o GP de Siracusa de 55 –, com um Connaught-Alta. Ele dividiu o carro com Moss na primeira vitória toda inglesa na categoria, no GP da Inglaterra de 57. Eles pilotaram um Vanwall.
A grossura de John Surtees como chefe de equipe é lendária. Em 1977, ele desancou sua equipe por testar sem a sua autorização um nariz menor para o modelo TS19. Ele mandou a equipe de volta à pista com o nariz criado por ele, largo como o de um sport-protótipo. O detalhe é que o carro foi dois segundos mais rápido com o nariz fino…
Nada menos do que sete pilotos passaram pela equipe em 77, só considerando os GPs oficiais. Só um resistiu às patadas de Surtees o ano todo: Vittorio Brambilla, que marcou seis pontos ao longo do ano.
No International Trophy, abril de 68, Denny Hulme foi atingido por uma pedra bem em seus óculos, machucando sua sobrancelha.
Mesmo assim venceu o GP, deixando seu chefe, Bruce McLaren, pra trás. Na foto acima, Hulme, com seu McLaren no GP da França de 68.
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Bom final de semana
Edu
2 Comments
Edu,
a saga continua e “Histórias de Piltos parte 5” mais um deleite da era do automobilismo raiz.
mas hoje o Brasil perdeu um Patrimônio do automobilismo Brasileiro … Wilsinho Fittipaldi
triste noticia, apesar de esperada face a luta dele para se manter vivo nestes ultimos anos … Um guerreiro acima de tudo … exemplo máximo do automobilismo raiz …
Fernando Marques
Niterói RJ
Verdade, Fernando
Perdemos um grande piloto e construtor e também um amigo do GPTotal de muitos anos
Sentimentos aos famiiares, que Wilsinho descanse em paz
Edu