Que fique registrado

Pilotos com grana curta merecem ser ultrapassados
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Conexões inevitáveis
21/04/2014

Do fim da década de 80 para cá, nesses anos todos, quem fez o trabalho que Hamilton e Rosberg fizeram na última prova?

Eu não lembro de registro de memória de corrida tão claramente disputada, combativa e divertida. Não lembro especialmente de uma corrida tão claramente divertida mesmo com uma equipe gritantemente superior ao bloco que a segue.

O GP do Bahrein – apesar de toda a decepção com o cenário político local – nos deixou com a sensação que finalmente temos um campeonato de Formula 1 que realmente dá vontade de ver. Um campeonato que vale a pena estar acordado de madrugada para algumas voltas de diversão pura.

Nesse desenho, a Formula 1 agora se desembarca na China, com a bagagem cheia de histórias para contar da última prova, em uma pista que promete nos entregar mais algumas respostas sobre o real potencial dos bólidos em 2014.

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O circuito chines tem proporcionado boas corridas nos últimos anos. É um circuito peculiar por conta de sua reta gigantesca. São 1300 metros de alegria pra acelerar a vontade. Passada essa parte de alegria e satisfação, um hairpin e mais uma reta – curta – toquinho pra esquerda e a reta do box. São 20% da volta em aceleração plena pelas retas de Xangai. Os 80% restantes sobram para a turma desfilar em uma mistura de curvas de média-alta velocidade, algumas de raio muito longo.

Os carros vem para a China com um setup de alto downforce. Sim, é contraditório por conta da longa reta, mas sem negociar bem as curvas de alta, não adianta ser o mais rápido na reta. Talvez a China nos presenteie com o fato de vermos pela primeira vez o carros no seu limite de giros na nova 8º marcha obrigatória.

Também vai ser importante notar as estratégias das equipes nessa prova. A Pirelli repete pela terceira vez os pneus amarelos e brancos. Pra melhorar, teve um teste logo após o GP de Bahrein (aliás, ótima idéia) e todo mundo aprendeu direitinho como e onde usar seus pneus.

Finalmente o pneus da Pirelli não são uma caixinha de surpresas. Existe um composto mais rápido e um mais lento e ambos com um comportamento consistente de degradação. Os pneus simplesmente não desaparecem ou se desmancham como no ano passado ou, ainda melhor, não tornam os carros não guiáveis, gerando aquele festival de ultrapassagens ridículas do passado. Para China as equipes vão poder trabalhar bem suas estratégias, sem surpresas. Sem pegadinha.

Para os motores, o teste de força. Quente. Possibilidade de chuva pode ajudar, mas é muito tempo acelerando além de precisar de um mapeamento de motor excelente para tração em saída de curvas.

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httpv://www.youtube.com/watch?v=fH7p-wuvTYQ

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Uma das mudanças do regulamento que ainda não entendi é esse câmbio com relação de marchas fixas para o ano todo. De verdade, qual foi a economia gerada? Onde ganhamos nivelamento da competitividade?

Em algumas imagens de câmeras onboard é triste ouvir o motor e boto a culpa disso no cambio. É um festival de piloto pulando marcha pra chegar na combinação desejada para aquela curva. Na hora de reduzir, mesma coisa. Derrepente o motor “passa” por uma marcha e esta lá aquele barulho mucho. Ao chegar ao final da reta, no ponto máximo de giro, lá vai o piloto e põe aquela oitava só para economizar combustível e você, telespectador, vê um carro a 320km/h com barulho de cortador de grama na chuva.

Incompressível.

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A China chega para esse evento do mundial cheia de responsabilidades. Primeiro, não pode nos oferecer um evento “menos bom” que o do Bahrein. Segundo, precisamos de assunto para discutir nas mesas de bar já que, infelizmente, o paddock da F1 adora chamar nossa atenção para os assuntos mais desinteressantes da semana. Será um vício dos tempos das corridas tediosas?

Ao invés de termos sequencias de videos oficias das disputas eletrizantes, a emoção, declaração dos pilotos, Hamilton e Rosberg fazendo gracejos ao final da corrida, algum material dessas coisas que emocionam o público, não! Temos discussões nos tribunais e grupos técnicos. Não contente com o silêncio do noticiário, a Ferrari resolve mandar embora o chefão da equipe.

Pronto, ninguém mais fala da corrida passada. Só se fala dos bastidores.

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Marco Mattiacci o novo chefão da Ferrari. Quem? Ele mesmo, Marco Mattiacci!

O rapaz aumento as vendas da Ferrari em 20% nos Estados Unidos. Foi premiado o Executivo do Ano da Industria Automotiva de 2012. Não possui nenhum ano de bagagem na F1 ou em corridas.

Um novo Briatore?

A aposta da Ferrari é clara. Querem ter um cara sem vícios dos processos da F1 para mudar a forma que é gerenciado o departamento. Sem a cultura viciada, pode trazer novidades que melhorem a equipe.

E se conseguir um aumento de 20% nas cotas dos patrocinadores, acredito que ninguém irá reclamar.

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httpv://youtu.be/yhvCviiVCbM

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Nesse balaio de notícias a mais engraçada, para não dizer cômica, é patrocinada por Pastor Maldonado.

Abre aspas. “A ameça de punição não permite você correr”. Fecha Aspas. E continua com brilhantismo, para ele, 10 anos atrás os pilotos se tocavam e tinha corrida. E hoje, um toquinho de nada como o que ele deu no Gutierrez, já é motivo para punições pesadas.

Maldonado não foi punido pela porrada em si. Ele foi punido pela burrice. Ele saía do box e deu com a roda dianteira na roda traseira do mexicano. Bastante simples. Também não há culpa do novo bico baixo nessa questão, foi pneu com pneu e azar.

Vamos dar um desconto pro Maldonado, tá com a cabeça quente pelo excelente trabalho de recolocação profissional que ele fez no ano passado.

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httpv://www.youtube.com/watch?v=9P3QusoBPCw

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Para essa prova a Mercedes vem com uma novidade. Seu bico (aquele mesmo que quebrou no teste de inverno com Hamilton) foi finalmente aprovado. Isso significa que o carro da Mercedes vai correr na configuração que foi projetado e esperam uma verdadeira vantagem por conta disso. Recado dado aos concorrentes, banho de água fria. O único detalhe é que nos dois últimos anos, pelo menos um dos prateados não terminou a prova. Se chegar ao fim, mais uma dobradinha pra galera prata. Rosberg e Hamilton já se falaram, adoraram a última corrida, esperam não se bater, e nenhum vai aliviar pro outro. Quer passar? Tente a sorte!

Pro resto do pelotão vestido com os motores alemães a palavra é esperança. Todos estão doidos de vontade para usufruir da vantagem que a usina de força oferece. Nesse cenário a Force Índia é a mais eficiente. Não é a mais rápida, não é a mais estável, não tem a melhor dupla de pilotos da história. Mas os caras estão convertendo pontinhos preciosos e já estão em 2º lugar no campeonato. Não deve ser a posição real ao final do ano, é verdade, mas pelo tamanho do orçamento é para deixar qualquer Stefano Domenicali roxo de vergonha. A Williams disse ao mundo que é rápida. Em reta. A favor do vento. Sofre com problemas de tração e com a falta de aderência traseira. Já a McLaren quer chegar ao fim da prova, se chegar, chega ali para beliscar o pódio.

Na turma da Renault, veja bem, a Red Bull existe e domina o pelotão. Em Barcelona já deve ser a aposta segura para o pódio. Toro Rosso é sombra do que poderia ser e a Caterham é verde. Isso. Verde. É o melhor adjetivo para o simpático time. O carro não anda. A Lotus, tadinha, quando anda, conta com Pastor Maldonado, impávido colosso, pronto para acabar com qualquer esperança de boas corridas. Parece que o time pegou a mão do carro e promete estar presente no primeiro treino livre. E andar.

Pra fechar o pacote, os motores Ferrari. Alonso conseguiu mandar Stefano Domenicali para rua. Ninguém vai derramar nenhuma lágrima por isso. Simpático, afável, articulado e sentando em um grande orçamento sem fazer um carro que de chances de Alonso ganhar um título. Os críticos do espanhol falariam “mas se ele é tão genial ganharia mesmo assim, com o carro nas costas!! Como fez meu piloto favorito no ano da graça de mil novecentos….”. A diferença de performance dele para Massa prova que ele era (é) bem acima da média, não? Vamos ver se mais “motivado” depois dos fatos da semana, consegue um pódio. Os outros dois times Ferrari do grid competem com a Lotus para o troféu de decepção do ano. Da Marussia se esperava um salto, simples, humilde, de ao menos andar próxima do pelotão intermediário. Não falamos de pontos, só andar próximo. Mesmo segundo talvez. A Sauber era esperado a liderança desse pelotão intermediário. O orçamento é curto, mas os caras tem o melhor tunel de vento da F1. A expectativa era alta.

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Circuito: Shanghai International Circuit
Voltas: 56
Comprimento: 5.451 km
Distância: 305.066 km
Recorde da Pista: 1:32.238 – M Schumacher (2004)

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Programação
Quinta-Feira: 23h00 – 1º treino livre
Sexta-Feira: 3h00 – 2º treino livre
Sábado: 0h – 3º treino livre e 3h – Classificação
Domingo: 4h – Corrida

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A disputa entre Senna e Prost em 1988, com o mesmo carro dominante, eu só vi em VT e pelas narrativas de meu pai. Do fim da década de 80 para cá, nesses anos todos, quem fez o trabalho que Hamilton e Rosberg fizeram na última prova?

Que esse trabalho continue. Não haverá problemas com o público se os dois duelarem contra uma pelotão ineficiente e distante. Que fique registrado em nossas lembranças uma disputa épica entre pilotos de mesmo equipamento como foi naquele distante 1988 que marcou a história.

Boa corrida para todos nós!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

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