Após um começo de ano empolgante e cheio de novidades, a Nascar emplacou uma sequência de corridas em quatro fins de semanas. Impressionante, não? Um prato cheio pra quem adora a categoria. Claro que é muito difícil comparar um campeonato que acontece apenas nos Estados Unidos com uma categoria global, como a F1, mas que é bom ter várias corridas na sequência, isso é!
Em Las Vegas aconteceu a terceira etapa do campeonato e no oval de uma milha e meia, Kevin Harvick mostrou que manteve o bom ritmo de 2014 e das primeiras provas do ano. Vitória categórica, liderando 142 voltas – quem disse que não tem disso na Nascar? -, e mais um campeão garantindo vaga no Chase.
A quarta etapa do campeonato aconteceu em Phoenix e Harvick mais uma vez mostrou sua força. O campeão de 2014 anotou sua segunda vitória seguida na temporada, a quarta nesta pista e a trigésima na carreira. Quem segura o número 4 esse ano? Jamie McMurray bem que tentou, mas foi impossível ultrapassar o carro do campeão. Outro ponto positivo nessa corrida foi a volta de Kurt Busch. Afastado das provas do início do ano desde que sua ex-namorada o acusou de agressão, o Outlaw (em português, Fora da lei, apelido que não deve ter ajudado muito o ex-campeão nos tribunais), voltou empolgado e com muita vontade, conseguindo bons pontos e já subindo na tabela do campeonato. Bom para os fãs do Buschão!
A seguir, Fontana, Califórnia. Mantendo o bom momento, Kurt Busch largou na pole e guiou muito bem durante toda a corrida. Parecia o grande favorito mas, no final, o dono do carro número 2, Brad Kaselowski, utilizou sua perícia de campeão e garfou a vitória. Claro que os quatro pneus novos ajudaram, mas foi uma disputa eletrizante. Buschão ainda tentou de tudo para garantir a vitória mas no desespero acabou ralando no muro, perdendo a segunda posição para o sempre constante e veloz, Kevin Harvick.
Harvick está em uma fase realmente impressionante, tendo chegado entre os dois primeiros lugares nas últimas oito corridas, contando as do ano passado. Como bônus, a liderança do campeonato.
Chegamos ao primeiro oval curto da temporada (e bota curto nisso!), a pista de meia milha de Martinsville. As corridas aqui são sempre muito disputadas e tensas, já que os carros andam praticamente o tempo todo com tráfego. É um trabalho imenso para os líderes ultrapassarem os retardatários, fora que só tem uma linha realmente rápida – a de dentro. Relargar do lado de fora é praticamente assumir que vai perder posições e vimos isso diversas vezes durante a prova. Gente que largava em segundo logo se via em décimo quinto. Mas assim é Martinsville, o famoso “paper clip” (em português, clipe de papel).
Pra falar da estreia de um novo piloto nesta prova, começo também um novo parágrafo. Devido ao tamanho e importância que a comunidade da Nascar está dando para esse início de carreira na Sprint, acho justo.
Chase Elliot, filho do ex-campeão Bill Elliot, é uma jovem promessa que vai ter, em 2016, a oportunidade da sua vida. Substituindo Jeff Gordon na Hendrick, uma das maiores equipes da categoria, o piloto de 19 anos fez sua estréia na travada pista de Martinsville, partindo do vigésimo sétimo lugar no grid. Foi uma corrida de aprendizado, acompanhando o combio, sem grandes erros ou feitos descomunais. Sua corrida ficou prejudicada depois de se envolver em um acidente, algo normal nesse tipo de pista, e que também aconteceu com seu experiente companheiro de equipe, Dale Earnhardt Jr.
O resultado nesse caso é o que menos importa e o modesto trigésimo oitavo lugar na prova após ficar mais de setenta voltas parado no box pra reparar o carro não vai afetar a credibilidade do jovem piloto. A ideia é realmente fazer com que ele se ambiente e comece a se acostumar com a tocada do carro, que é bem diferente do modelo Xfinity a que estava acostumado. Fazendo o papel de vidente, prevejo que o jovem tem um belo futuro pela frente. Ele tem berço, estrutura em volta, companheiros experientes e talento, é só usar tudo isso e brilhar. Me cobrem daqui 5 anos!
Voltando para a corrida, tivemos a ausência já prevista de Kyle Busch, ainda se recuperando da perna quebrada no início do ano, e também de Kyle Larson, que passou mal e não participou da prova. As suspeitas eram de que ele estava desidratado. Muitas batidas, rodadas, punições nos boxes e uma disputa acirrada pela liderança marcaram a prova de Martinsville. Denny Hamlin andou muito, disputando a liderança com Logano, Harvick e no fim, Kaselowski.
O final da prova foi eletrizante e cheio de ação, com o piloto do Penske número 2 acelerando forte e pressionando Hamlin. Nas últimas curvas, Brad tentou dar o famoso “bump and go”, que é o toque de leve na traseira do carro que vem à frente, desestabilizando o oponente e realizando a ultrapassagem para a vitória, mas Hamlin segurou o carro no limite, com a traseira escorregando, pé no fundo do acelerar e perícia no volante, garantindo a vitória e seu nome no Chase. Foi o quinto piloto a vencer no ano em mais uma ótima prova.
Tivemos uma polêmica em relação aos pneus e seu uso por parte de algumas equipes. A Nascar tomou conhecimento de que times estavam fazendo pequenos furos na lateral dos pneus, fazendo com que o ar escapasse lentamente conforme o uso, o que faz com que o pneu tenha maior área de atrito com o asfaltando, “grudando” mais no chão, desgastando menos e deixando os carros mais velozes.
Claro que isso é contra o regulamento e por esse motivo a equipe do carro trinta e um, de Ryan Newman, foi punida. Uma grande discussão foi levantada sobre esse assunto, mas a Nascar já deixou claro que não se pode mexer nas estruturas de pneus, motor e combustível, que formam uma espécie de tríade sagrada, que deve permanecer imaculada. Recado dado, punição aplicada e fim de papo. Viu essa, vovô Bernie?
Vamos acompanhar as próximas etapas, que prometem muito.
Abraços,
Rafael Mansano
9 Comments
Por que Harvick está garantido no Chase?
Olá, Ronaldo.
No regulamento da Nascar quem vence uma corrida, entre as 26 primeiras etapas, garante automaticamente a vaga no Chase. Por esse motivo, Harvick já está garantido.
Abraços,
Rafael
Rafael,
o cara ganha uma corrida e pelo visto não precisa fazer mais nada até o inicio do chase. É isso que entendi?
Fernando Marques
Fernando,
a vitória garante que ele estará na primeira fase do Chase. Nessa fase os pontos são equalizados, porém são dados 3 pontos a cada vitória de um piloto, e por esse motivo ele tem uma vantagem ao entrar na disputa final.
A vitória é sempre valorizada, ainda que para garantir a vaga só basta uma.
Abraços,
Rafael
E se houver 26 vencedores diferentes? Minha interpretação é a seguinte: um piloto que tenha vitórias vale mais que um que tenha mais pontos na classificação para o chase, como aconteceu com o Gordon ano passado, por exemplo. A única vitória que garante a vaga é a da Daytona 500, em que Logano carimbou o tíquete para o playoff. Essa regra nasceu em 2009, quando Montoya dsputou o título sem ganhar nenhuma prova na temporada. Coincidentemente, no entanto, nos últimos anos, todo mundo que ganhou, foi para o Chase, mesmo com menos pontos que pilotos que se classificaram entre os 16; ou doze, ou dez, dependendo do ano.
Olá, Ronaldo.
Se houver 26 vencedores diferentes, o que é muito difícil acontecer, a classificação acontece pelos pontos acumulados nas primeiras etapas. Quem for mais regular, garante a vaga no Chase.
Abraços,
Rafael
Então, não está garantido.
Rafael,
confesso que ainda continua sendo difícil para mim acompanhar atentamente toda uma corrida da Nascar. A dificuldade está em me ambientar a categoria. Não sei quem é o fera, que é o favorito e aí fico sem referencias.
Espero com as suas colunas ir me entranhando no universo da categoria … parabens pelo texto …
Fernando Marques
Niterói RJ
Olá, Fernando!
Sem dúvida ao ler as colunas e acompanhar as corridas você vai se familiarizar com a categoria. Sempre leva um tempo, afinal, são 43 carros na disputa, mas tenho certeza que logo você vai saber quem são os favoritos e até vai escolher um pra torcer.
Quem sabe a gente aborda o tema numa próxima coluna? 🙂
Continue acompanhando e depois me diga para quem você vai torcer pra ser campeão.
Abraços,
Rafael