Pela terceira vez em sua breve historia a pista de Sochi vai receber uma prova da Formula 1. Um cenário isolado do mundo, no meio de um Parque Olímpico, sem muita tradição no esporte, trouxe poucas emoções genuínas. Só que esse ano a prova mudou de data, saiu de outubro e veio para Abril/Maio, adicionando um componente de imprevisibilidade climática para todas as equipes.
Entre os milionários do petróleo Russo teremos mais uma prova do domínio da Mercedes em 2016 ou veremos algum ataque das equipes ao reinado prateado?
A pista de Sochi é bastante única. Pouca variação de altitude, bastante larga e asfalto quase nada abrasivo. Uma combinação que permite estratégias variadas e até corridas com somente uma parada. Na realidade, Sochi, nas palavras da Pirelli, é o circuito menos abrasivo de toda a temporada. Menos abrasivo da temporada e com os mesmos pneus disponíveis desde a estreia na Austrália. Interessante, não?
Isso se reflete na escolha dos pneus para a corrida. Todas as equipes, menos a Manor, trazem somente um jogo de Médios para Rússia. O resto vai distribuir entre Macios e Super Macios. E pela primeira vez na temporada, Williams, Mercedes, Ferrari e RedBull, tem combinações diferentes. A RBR, por exemplo, apelou: 10 super macios, 2 macios e 1 médio.
O maior problema para as equipes contornarem os 5,848 km do circuito será a baixa temperatura. Somente 6 meses após a última corrida em Sochi (anteriormente a corrida era em Outubro), estamos ainda na temporada de esqui da galera russa. As temperaturas médias não devem passar de 20 graus e a pista não deve chegar aos 30 graus. É esperado um caminhão de reclamações de pilotos que não fizeram a borracha funcionar na temperatura ideal.
Fora os pneus, o circuito possui longas retas que sacrificam o consumo de combustível, 50% do tempo da volta é feito com aceleração total. Aqui, quem ganha é quem tem melhor gerenciamento das suas baterias e sistemas de recuperação de energia. É curioso, Sochi é basicamente um circuito de rua, mas com longas retas e freadas muito fortes. Mesmo assim os F1 não precisam estar com suas capacidades máximas de downforce.
Chegamos para a prova Russa com vários números interessantes.
Nico Hulkenberg participa do seu centesimo fim-de-semana na F1.
O único piloto a pontuar na temporada pela McLaren não corre mais esse ano, Vandoorne
Na China, somente pela 6º vez na historia da F1 todos os carros que largaram chegaram ao final com classificação válida (pode incluir na conta aquele GP dos EUA que 6 largaram).
Sochi é o único circuito do calendário com só um vencedor.
Todas as voltas na Russia até hoje foram lideradas por carros da Mercedes
Só um piloto venceu nessa temporada. Se vencer mais 3 corridas (mesmo q em temporadas diferentes) iguala o recorde de vitórias consecutivas de Sebastian Vettel (9)
Só 4 pilotos completaram todos os 916 km disponíveis em corrida até agora na temporada: Ricciardo, Rosberg, Verstappen e Hamilton. Logo após vem Grosjean com 910 km completados, o que é curioso já que Guitiérrez é o lanterninha com 433 km (excluindo aí Alonso que perdeu uma corrida esse ano, é claro)
Também temos uma semana decisiva para o ano de 2017.
Até dia 30 os amiguinhos chefes de equipe tem que entregar para FIA o acordo das regras tecnicas propostas para 2017.
Não há concenso e o cheiro de pizza invade o ambiente.
Já liberaram alguns testes adicionais para aPirelli fazer novos pneus pensando nas regras aerodinâmicas. Mas motores? Ninguem se entende. Há ainda espaço para um motor FIA (Aquela idéia de um motor padrão, competitivo e baratinho) para as equipes novatas. Há também uma proposta par aliberar o desenvolvimento durante a temporada e não mudar as regras por mais 5 anos. É uma salada, chances grandes de manter tudo como está para 2017 no quesito motores.
E segue o jogo.
Para a Mercedes, uma festa. Conservando equipamento e controlando corridas. Só não pode largar mal e enfrentar problemas. Se largar mal, o carro não lida bem com transito. Gosta de ar limpo. É esperada uma reação de Hamilton, mas nada de desespero. São só 3 provas concluídas e 18 pela frente. Uma vitória aqui, de qualquer um dos carros é o mínimo esperado.
No segundo “escalão”, Ferrari e Red Bull vão travar uma batalha interessante. A RBR conseguiu um acerto de chassi que permite seu carro não sofrer tanto em longas retas e a Ferrari sofre para entregar toda sua potência sem quebrar. Esses dois fatores geram um equilíbrio interessante, mesmo que ainda com uma leve vantagem pra Ferrari. Mas essa vantagem pequena exige que o time italiano faça um trabalho 100% sem erros, o que não tem acontecido na garagem e nem no cockpit das duas viaturas. Que ri de tudo isso é Ricciardo que vai capitalizando excelentes resultados e é hoje o destaque da temporada.
Nisso tudo a Williams fica para trás e luta para encontrar boas pistas para somar pontos. Sua situação é pior que 2015 e parece não haver folego para uma reação. Não é uma temporada perdida, mas é uma decepção pelo motor que carrega e pelo potencial que mostra desde 2014. Falta um novo salto de qualidade, como feito de 2013 para 2014.
Nesse cenário nebuloso de forças surge o pelotão da bagunça. Toro Rosso com seu excelente carro vem misturada com Force India roubar momentos e brilho da Williams. A STR ainda vai se arrepender do motor Ferrari 2015, mas tem colhido seus dividendos. A Force India é inconstante, mas tem uma base boa e pode crescer.
Dessa vez, não temos a Haas aqui? Não. A inexperiência do time gera uma incógnita para essa pista, principalmente porque nãos e deram bem com longas retas na China. Não aparenta ser um problema do carro, fica mais com cara com falta de quilometragem para faze rum setup que traga o melhor possível de cada situação.
Opa, opa, opa, e a McLaren? Bom. Veja Bem. O que precisa nessa pista? Recuperação de energia? Não é o forte dessa moçada da Honda. Mas os carros pretinhos estão em um ano melhor que 2015, ano que o time marcou 2 pontinhos nessa pista. Por que não sonhar com um ponto esse ano?
Para Sauber e Manor, nada a acrescentar. A Sauber e está sem diretor técnico e sem dinheiro. Para piorar o Engenheiro de pista pediu as contas essa semana.
Não para aí o calvário da Sauber. Nasr deu chilique sobre seu chassi pra justificar o fraco desempenho nas 3 primeiras corridas do ano. O time entrega um novo chassi pra ele na Russia, junto com uma provocação de Marcus: pode trocar de carro, serei sempre mais rápido e Nasr sabe disso. Tá um clima ótimo no box Suíço.
A Manor está em fase de crescimento. Vai ficar ali, junto a reestruturação da Renault para ver quem toma só uma volta dos líderes.
A pista de Sochi não é um primor e as corridas costuma ser menos movimentadas que as demais do calendário, mas o campeonato está interessante e podemos ter uma boa disputa entre Rosberg e Hamilton.
Façam suas apostas e boa corrida para todos nós!
Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz
3 Comments
Está começando a ficar dificil torcer pelo Hamilton
Fernando Marques
Flaviz
Espero que a corrida seja movimentada, pois esta pista é muito sem graça.
Abraço e um excelente GP a todos!
Mauro Santana
Curitiba-PR
O que mais me chamou atenção nesta semana foram as noticias vindo da RBR que já se consideram no mesmo nível da Ferrari. Se for verdade poderemos ver um bom pega entre eles.
Fico na torcida pela reação do Hamilton.
Fernando Marques
Niterói RJ