Cingapura estreou na F1 para registrar a maior vergonha brasileira da F1, lá em 2008. O Crashgate de 2008 é o maior lembrete brasileiro nessa pista que caminha para sua nona edição. Um circuito que entrou no calendário repleto de desconfianças e conquistou seu espaço nos corações dos pilotos e do publico.
A pista é desafiadora, o clima é desafiador e o horário é desafiador. Não sem motivo só Fernando Alonso, Vettel e Hamilton venceram nessa pista.
Entre confusões e adoração, essa é a prova de fogo para a Mercedes de Rosberg e Hamilton. É uma prova que contou uma história diferente em 2015 e tem tudo para reescrever a história de domínio incontestável de uma equipe em 2016.
Uma prova como essa é boa para a disputa no Grande Premio. Afinal de contas a Mercedes domina largamente o campeonato e essa supremacia incomoda os fãs.
Já imaginaram um campeonato sem a Mercedes? Difícil, as dinâmicas de corrida seriam muito diferentes. Poderíamos ter mais brigas, mais disputas, mais batidas (?). Não dá pra pensar em só tirar os dois pilotos da Mercedes e simular o campeonato, não é mesmo?
Na verdade isso é possível de se fazer matematicamente, é claro. Podemos pegar a tabela, retirar as posições dos carros da Mercedes e reorganizar a posição final de cada piloto.
As proporções e posições no topo da tabela não mudam muito. Na verdade, não mudam. Para baixo, alguns pilotos entram nos pontos em mais provas que outros e assim há mudanças.
GPTotal fez essa tabela. E hoje, sem as Mercedes, Ricciardo seria o líder do campeonato. Ao invés dos dois pontinhos que Hamilton tem hoje de vantagem para Rosberg, seriam mais de 20.
Vettel teria, obviamente, vencido em Monza e seria o novo Deus de Maranello. Nasr e Ericsson teriam um ponto cada mas estariam ainda atrás da Manor e o Gutierrez já teria marcado 7 pontinhos pela Haas, ficando devendo um pódio que Grosjean teria já conquistado.
Os Ultra-macios serão decisivos nessa prova. Novidade do campeonato estriam em Cingapura para baixar os tempos e vencer os problemas de durabilidade do composto.
Obviamente, todas as equipes encomendaram mais pneus desse composto. Ferrari e Haas lideram a lista com 9 jogos por piloto. A Mercedes está com receio do consumo elevado e encomendou só 7 para cada um dos seus carros.
Será interessante ver as escolhas durante a classificação e a corrida. Em algumas pistas a Mercedes tem usado soluções diferentes do restante do grid e eles podem seguir esse caminho aqui também.
Tem decisão da Indy em Sonoma (Sears Point para os mais clássicos). O campeonato com término prematuro (acabar em Setembro é dureza) tem a decisão restrita entre os pilotos da Penske, Simon Pagenaud e Will Power.
Pagenaud é líder e com um simples 5º lugar pode assistir Will Power vencer a corrida de ponta a ponta saindo da pole que ainda será campeão.
Tá fácil pro Pagenaud? Não é bem assim. Em 2015 o cenário era o mesmo para Montoya e o colombiano perdeu.
Ao menos a temporada acaba em um grande circuito do calendário americano. Vai ser uma boa corrida!
Falando em Indy, temos que falar do Mito Alex Zanardi. Essa semana comemoramos (sim, comemoramos) os 20 anos do “passão” que ele deu em Laguna Seca! Faz muito tempo e certamente hoje seria punido por alguma bobagem, tipo “limites de pista”
Como Zanardi não faz nada menor que espetacular, nessa semana de comemorações ele foi campeão Paraolímpico no Rio 2016.
Um gênio!
Dá uma olhada na emoção do Mito aqui (http://video.gazzetta.it/rio-2016-paralimpiadi-zanardi-lacrime/013260dc-7ab4-11e6-a8dd-3e4dacd56ba5?refresh_ce-cp)
httpv://www.youtube.com/watch?v=cBthxGThBkc
Depois da surra que a Mercedes levou em 2015, essa é a corrida mais esperada de 2016. As flechas de prata não resistiram a sauna de Cingapura e derreteram uma performance dominante durante todo o ano em uma poça de voltas comuns. A história de 2015 prova que foi um evento isolado. Mas será que o time resolveu os problemas nessa pista?
Do outro lado da mesa, RedBull e Ferrari salivam pelo banquete. Querem mostrar que estão na briga da F1, que seus carros são bons e quem em 2017 vai ter briga. As duas subjulgaram a Mercedes ao 4º lugar em 2015 e querem repetir a dose em 2016, fechando todos os lugares do pódio. Aqui a maior chance é da Red Bull, seu carro esta equilibrado, se comportou melhor que a Ferrari nos travados circuitos de Monaco e Hungria.
Na rabeira dos Pontos, diversão garantida. Vamos com calma.
A Mclaren tem sua melhor chance do ano em pontuar com conforto. Em 2015 a diferença para os lideres na classificação ficava entre 3.0% e 3.3% dos tempos, menos em Cingapura onde andaram 2.3% atrás do líder na classificação. Aqui o chassi responde bem e o motor não faz tanta falta.
MAs a briga vai ser boa com Force India e Toro Rosso. A primeira porque tem um carro equilibrado demais e um belo motor. Perez também está brilhando (lembram Monaco) e muito bem adaptado ao consumo de pneus do seu carro. A Toro Rosso claramente tem um ótimo carro e um motor de 2015 de lastro. Chance de ouro de motivar o time.
Quem pode decepcionar é a Williams. A performance não vem nem em pistas de alta nem em de baixa. Fato da vida, em Monaco e na Hungria o melhor dos seus carros ficou atrás ao menos de uma Toro Rosso e de uma McLaren. É triste? Bastante. O time se perdeu com esse carro de 2016 e muda o foco para 2017.
No meio da brincadeira teremos a Haas, muito próxima aos times da Williams e Toro Rosso, aproveitando um pouco do maior conhecimento do funcionamento do carro. Junto com eles há esperança de encontrarmos uma Manor com apresentações inspiradas de seus novatos. Até agora Pascal tem impressionado, entrando no Q2 nas duas últimas provas.
A Sauber continua esperançosa com seu pacote aerodinâmico que chegou após o verão. Só que o time de Marcus Ericsson (alguma dúvida aqui?) ainda se esforça para não ser o último no Q1. Pontos estão distantes. Mesma situação que os amarelinhos da Renault. O carro desse ano poderá ser marcante na história da F1 como a cadeira elétrica que cumpriu a sentença de morte das carreiras de Magnussen e Palmer. Não funciona em pistas de alta, não funciona em pistas de baixa, não vai bem em pistas lisas e é uma tragédia em pistas onduladas.
O mercado de pilotos está em embulição e nada se decide.
Parece que a vida de Perez não é tão simples de resolver como ele alegava e a novela vai se arrastando. De fato, o grid passa em 2016 e 2017 por uma das maiores reformulações de sua historia recente. No grid hoje temos Max, Pascal, Esteban, Gutierrez e ainda na fila da porta de entrada ainda temos Vandoorne e Stroll, com gente vindo atrás empurrando como Gasly.
E sem posições ainda oficiais temos: uma vaga na Haas, o time B da Ferrari; uma ou duas vagas na Renault, o único time de fabrica com vaga; uma vaga na Williams, que junta tradição, um bom carro e necessidade de receber um dinheirinho extra; e, uma vaga na Manor, o time queridinho da Mercedes, que deve subir um pouco mais em 2017.
Perez continua sendo a chave e principal protagonista. Nasr também tem um certo interesse dos times porque anda pelo paddock com um atrativo bolso. Não tão fundo como o de Lance Stroll, verdade seja dita. A vantagem “do brasil” que o déficit orçamentário é compensado por dois anos pelejando na Sauber com um bom relacionamento entre os engenheiros. Para o brasileiro a Sauber, hoje, é a pior opção, o que sobrou. Renault lhe ofereceria um projeto de longo prazo. Williams a chance de mostrar se pode bater um bom Bottas.
Para nós, resta aguardar.
Enquanto os bastidores das equipes não se resolve, temos a prova mais esperada do ano para disputas pela liderança. Todos atentos para ver se a Mercedes resolveu os problemas de seu carro para o circuito de rua de Cingapura e conseguem lutar pela vitória em 2016.
Aos líderes do campeonato, boa noite, e boa sorte!
Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz