O título da matéria da Forbes [a entrevista original pode ser lida ao final] do último dia 22 inclui Dario Franchitti embora tenha sido Helinho a se estender mais sobre o assunto F1. Vamos ver se concordamos com eles, ponto a ponto?
1. “É outra mentalidade”.
Concordo. O americano médio é um sujeito notoriamente pouco interessado em outros países, outras culturas. É tão voltado para dentro das fronteiras que seu campeonato nacional de beisebol se chama…World Series. Chama um esporte em que se segura a bola enquanto se está correndo de… futebol. Para ele corrida de carro é um circuito com três ou 4 curvas de alta, com carros meio parecidos com o que ele usa todo dia passando agrupados em baixo do seu queixo a uma velocidade estonteante, provocando acidentes espetaculares. Nada a ver com o refinamento buscado e praticado pela F1. Nada a ver com a ousadia e genialidade de um Jim Hall, o engenheiro texano que com seus Chaparral introduziu o efeito-solo em corridas. O americano médio se interessa basicamente pelas coisas que já conhece, que fazem parte do seu mundo. Mais do mesmo.
2. “A F1 precisa mais dos EUA que os EUA da F1”.
Mesmo com o crescimento exponencial da China e as crises a economia americana continua sendo o fator de equilíbrio mundial, portanto me parece claro que Mr. Ecclestone ainda tem que manter a corrida dos EUA na lista de tarefas incompletas. Está longe de converter o potencial em realidade.
3. “F1 é essencialmente política”.
“Quem você conhece, quem você contata, é o que importa…se você é bom não importa.”
Sei de fonte muito boa que na NASCAR você não tem a menor chance de ganhar se não for da turma dos ponteiros. Te põem pra fora, literalmente. Pessoalmente não dou a mínima para essa categoria, ela produz um tipo de emoção que nunca me atraiu. Sim, eu vi o filme sobre a vida do Dale “The Intimidator” Earnhardt e fiquei horrorizado. Nunca admirei esse estilo neanderthal de ser, tão comum no cinema hollywoodiano. Aliás, o Hollywood business é citado como modelo e, sabemos, sempre existiu um lado podre naquele mundo aparentemente maravilhoso, desde “Assim estava escrito (The bad and the beautiful)”, clássico de 1952, por exemplo. Então, embora a F1 tenha hoje muito mais fatores complicadores do que em outras décadas, porque as cifras aumentaram exponencialmente (a língua mais falada lá é a do dinheiro) ainda não perdeu totalmente seu caráter de esporte.
4. “Hoje eu respeito provavelmente uns 5 pilotos”.
Gentil, Helinho inclui seu amigo Felipe, mas estranhamente exclui Lewis (observe que a transcrição cita um começo de “Lou”… portanto, ia mencionar Lewis e refugou). A outra surpresa, ainda maior, é a unanimidade a respeito de Mark Webber. Com todo respeito, a meu ver o australiano se destaca mais pelas oportunidades perdidas do que pelas aproveitadas. Não vejo possibilidade da Red Bull fornecer um carro a ele muito inferior ao do seu colega tri-campeão portanto a diferença vem da adaptação ao carro e talento. É possível que Helinho e Dario se baseiem em comentários vindos de Rubens e Felipe. Não creio que Rubens e mesmo Felipe tenham uma opinião tão desfavorável a respeito do Lewis e tão favorável a respeito do Mark.
Outra fonte é a observação do desempenho dos coleguinhas ex-F1, como Bourdais e Sato. Óbvio que nenhum deles mostrou competitividade similar a de um Mansell, por exemplo, que chegou e ganhou. Outros tempos, é verdade, mas nenhum dos dois chegou perto do nível do Nigel na F1. E quando vemos uma porção de pilotos ocupando um cockpit na F1 porque tem um forte patrocinador, dá para entender a fórmula “prima donnas” + meninos mimados. Creio que Kimi classificaria Checo nesta última categoria, só pra mencionar um. Achar que é preciso dar um espaço para quem passar – em Mônaco – me parece típico de moleque mimado. Estou totalmente do lado do Kimi, lamentavelmente esquecido pelos ases da Indy.
5. “Nos anos 90 era diferente. Agora, se você não tem um bom carro, esquece”.
Minha decodificação é que hoje, na F1, fica difícil você se manter no topo sem um carro que ande no pelotão da frente e cita como exemplo o Button, que foi campeão e está andando atrás, e obviamente isto não se deve a ele ter desaprendido a pilotar. Pessoalmente acho os F1 de hoje muito complicados de pilotar. Tem tantas funções, modos, configurações, truques, botões… Lembra do F-Duct? Além de lembrar de todos os códigos combinados com o engenheiro de pista, de todas as configurações, de acionar o botão tal em tal situação o sujeito ainda tinha que lidar com o buraco na carenagem, no trecho certo, sem perder a referencia para a zona de frenagem e ainda tendo que olhar no retrovisor. Por umas 60 voltas! Parece tarefa mais de engenheiro do que de piloto.
Hannah: So, Monte Carlo and Indy are both this weekend. Why hasn’t F1 racing taken off in the United States like Indy or NASCAR?
Dario: It’s a different mindset. NASCAR have done their thing. Indy car was the big cheese and then the civil war happened and we all know what happened. But F1 is just a different mindset. It’s too…. It’s too… I don’t know the reason but it just has never.
F1 doesn’t need America really and America doesn’t need F1. F1 needs America more than American needs F1.
Helio: F1? It’s a bunch of politics. It’s all politics.
Hannah: NASCAR and Indy and Le Mans don’t have politics?
Helio: Well every sport has politics, but it’s so bad. Who you know, who you contact–that’s what it’s all about. They don’t care if you are good. They don’t care if you are a great person. It feels like Hollywood business. But that’s exactly what it is.
Politics absolutely is the problem. Today I respect probably only five drivers there. Today.
Hannah: Which drivers?
Helio: I think Alonso, Felipe Massa is a friend of mine, Schumacher. Schumacher is not racing anymore, but. I think Lou..eh, no. I would say Sebastian Vettel. Even Mark Webber. He is a good driver.
Dario: He is my boy.
Helio: That’s what I’m saying. But that’s it. I only like drivers that you can count on your fingers and that’s it. The rest of it is just prima donna drivers and spoiled kids.
Hannah: And it didn’t used to be like that.
Helio: No, no. 1990s, it was very interesting. Now if you don’t have a good car, forget it.
Jensen Button won a championship and poor guy now he’s gasping for top 10. Now you’re telling me the guy did not learn how to drive anymore!? It was actually one year from another! Absolutely insane. That’s my opinion.
Sometimes people say, ‘Oh you’re just saying that because you didn’t get a chance.’ I did get a chance, but I respect much more what Roger did to me. Loyalty and what an incredible team that I wouldn’t even think about changing.
Escreva para cá dando sua opinião sobre os tópicos acima!
Boa semana!
7 Comments
Se o assunto é politicagem, a NASCAR é um péssimo ponto de comparação, pois tem isso aos montes. Dito isso, o ambiente da Indycar tradicionalmente é o menos carregado nesse sentido, e eles não são automaticamente resistentes aos vindos de fora… basta ver o sucesso que os estrangeiros vem tendo por lá há muitos anos, e a aceitação total de personagens como Helinho, Tony e Dario. Falando sério, você imagina Interlagos em festa com um americano ultrapassando um brasileiro com 3 voltas pro final do GP do Brasil? Ou o contrário acontecendo na Daytona 500? Eu não.
Minha categoria favorita de todos os tempos é a Indy do período 1990-1995, pré “guerra civil”, porque bons pilotos sempre tinham chances. O Gil de Ferran, por exemplo, entrou na Indy em uma equipe patrocinada por uma empresa americana, sem levar um tostão de patrocínio, e se estabeleceu por lá. Na F1 ele não teve espaço, e não dá pra dizer que é por falta de qualidade dele…
Principalmente no caso de Helio…. acho-o um piloto racalcado que, mesmo com três 500 Milhas nas costas e treze anos na Penske, nunca conseguiu realizar seu sonho de infância (ser campeão de F1) e se comporta como… um garoto mimado!
Essa semana vi um comentário sobre esse episódio sensacional do Ron Groo no Facebook!
‘Hélio ainda está no lucro por respeitar cinco pilotos na F1. Pois a F1 não respeita nenhum piloto da Indy!
Epic!
Os dois são pilotos e sabem o que dizem … mesmo tendo preferencias … mas discordo do seguinte:
1) Felipe Massa não está entre os 5 melhores pilotos da Formula 1.
2) O mesmo digo em relação ao MArk Webber.
3) Para mim os 5 melhores na atualidade são: Alonso, Vettel, Raikkonen, Rosberg e Hamilton
4) Não acho que Jason Button vem andando atras … dentro das suas caracteristicas ele rivalizou bem com Hamilton na Mclaren e venceu tantas quantas corridas quanto o ingles. Este ano se ele anda atrás mais por causa do carro.
Penso que:
1) Quando o Nigel MAnsel foi correr na Indy ele revolucionou a forma de pilotagem na categoria. Ele chegou e foi logo campeão por que teve carro (primordial) e freiava bem depois dos outros e isto representou uma grande vantagem nos circuitos mistos. Nos ovais ele não se destacou.
2) Tanto o Dario Franchitti quanto o Helinho nasceram para andar na Indy CAr e jamais na Formula 1, mesmo que tivessem um carro de ponta. Aconteceria com eles a mesma coisa que aconteceu com Zanardi. Oriundo da F.1, brilhou na Indy e quando voltou a F.1 na Willians nada produziu.
No resto estou de acordo com eles
Fernando Marques
Niterói RJ
Concordo com o Fernando, e só discordo na lista dos top 5 com o Rosberg, pois colocaria o Button no seu lugar.
Mansell era um maluco, e por isso se deu bem na categoria americana, mas um maluco com muito talento!
Além do Zanardi, tivemos também o Michel Andretti que pouco fez na F1.
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Jacques Villeneuve e Montoya se deram bem, fazendo o caminho inverso.
E o caso do Bourdais? hehehe
Fernando e Mauro, creio que o top 5 hoje tenha rosberg por conta do carro… e ele está me surpreendendo ao bater hamilton em treinos.
de qualquer forma, vejo que alonso, vettel e kimi estão um patamar acima.
abraços!
Marcel,
o Jacques Villenueve e o Montoya se deram bem sim … mas toda regra tem as suas exceções … quem da Formula 1 se deu bem na Indy? … Creio que somente o Emerson Fittipaldi e o Mansel … em regra eles chegam com fama mas não superam aqueles já calejados em andar em ovais …
Fernando MArques
Niterói RJ
Com relação ao Rosberg no top 5, penso que ele deixou de ser uma promessa e sim uma boa realidade na Formula 1 … ao contrário o Button vejo mais perto da sua aposentadoria …
Fernando Marques