Comédia dramática

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O GP de Mônaco acabou sendo uma boa prova, com lances inusitados desde a classificação até a volta final.

As expectativas para os GPs de Mônaco são sempre em torno da chuva, “para que se tenha emoção”, dizem. Dessa vez, falou-se em chuva a corrida toda, de engenheiros a comentaristas, mas o máximo que aconteceu foi uma garoa que um paulistano não notaria.

E, no entanto, a etapa foi movimentada e atrativa.

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Comecemos falando do nosso querido “regulamento de merda” da Fórmula 1.

Foi de certa maneira tocante ver a comoção dos fãs de Michael Schumacher em torno da “pole” do alemão: vi gente ‘com dó’, outros dizendo que era uma ‘injustiça’, etc.

É claro que pensar na punição das 5 posições para a corrida posterior pode parecer algo arbitrário e que, à primeira vista, venha a tolher a competição. Mas já muito foi discutido a respeito da responsabilidade no acidente, e o “+5” não é algo novo nem inventado para o alemão nessa etapa.

Aliás, tornou-se bastante comum nos últimos anos ver isso acontecer. Particularmente, acho mais ridícula a punição por troca de câmbio, como a que acometeu Hamilton no GP da China (o inglês havia conquistado a segunda posição) e, ironicamente, deu a Schumacher sua “primeira primeira fila” desde o retorno à F1 – para decretar essa marca a Schumacher, ninguém achou ruim.

No entanto, é claro que o tempo de Schumacher foi digno de nota, pois o simples fato de ele ter sido o mais rápido na sessão final numa pista como Mônaco já merece elogios. Como disse Hamilton: “Nothing bad for an oldie

Vendo a corrida, porém, outro fato me chamou atenção: o desempenho de Sebastian Vettel, um dos dois pilotos a não participarem do Q3 justamente para poupar um jogo (mais rápido e duradouro) de pneus para a corrida.

A isso sim considero uma das grandes merdas do regulamento atual, e um dos principais fatores que mascaram a competitividade: pois Vettel, beneficiando-se do acidente na largada, subiu algumas posições e, sem realizar qualquer coisa parecida com ultrapassagem, chegou ao primeiro posto e ameaçou as belas provas de Webber, Rosberg e Alonso.

E uma pergunta aos leitores: normalmente, quando Schumacher passa ao Q3, ele é um dos pilotos que não faz a volta final para poupar um dos jogos. Em que medida sua pole – visto que era iminente a perda de 5 posições – pode ser justificada por ele ter de arriscar mais? Não quero, repito, tirar-lhe os méritos de uma volta perfeita.

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A transmissão oficial novamente teve alguns graves erros, e pecou também pela excessiva “marcação” sobre Fernando Alonso. Burti teve um momento de sanidade ao lembrar da diferença na tabela de pontos: agora alonso tem 76 pontos ante os 10 de Massa.

É muito claro que o espanhol é a única chance de a Ferrari almejar alguma coisa maior esse ano. O desempenho de Alonso está lembrando o de Ayrton Senna em 1993, guardadas as devidas proporções.

Porém, com a discrepância de equipamento, lá a chance de título era de 0,000000001%. Aqui, é bem maior.

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Vitória merecida de Mark Webber, que agora tem os mesmos 73 pontos do companheiro Vettel. É a quarta temporada com os dois juntos, e somente em 2011 houve um claro “desequilíbrio”.

Das duas uma: ou Vettel não é o gênio que todo mundo diz, ou então Webber está longe de ser um “piloto de nada”, como querem alguns.

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Uma das falhas apontadas na transmissão foi o total descaso com a homenagem feita por Sérgio Perez a Roberto Gomez Bolaños.

Todos sabem que o único motivo é a rivalidade com a emissora que transmite os seriados protagonizados por Bolaños, mas em termos jornalísticos trata-se de mais uma ‘censura’ global.

Pérez, porém, parece ter encarnado o Chapolin Colorado e fez uma de suas piores exibições desde que chegou à F1.

Mais cômico ainda foi o final, numa luta entre o seriado do SBT e o representante do jogo “Angry Birds“.

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Falando em Kovalainen, ele é diretamente o responsável por Jenson Button ficar com meu voto de “pior do GP”: não ter passado para o Q2 já foi um grande feito negativo, e sua corrida de hoje só reforçou essa tese.

Depois de haver passado 27 voltas seguidas (entre os giros 40 e 67), atrás de Kovalainen, Button foi precipitado e o culpado do próprio abandono.

As declarações pós-GP foram curiosas: Kovalainen disse: “tenho confiança de que posso manter qualquer um atrás de mim”; Button: “Kovalainen olhou mais pelo retrovisor do que para a frente”.

É o velho caso Bernoldi-Coulthard em 2001.

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Muito se falou na transmissão sobre o fato de que hoje, pela primeira vez na história a Fórmula 1 apresenta um campeonato com 6 vencedores diferentes nas primeiras 6 etapas.

O recorde anterior pertencia às temporadas de 1982 e 1985, ambas com 5 vencedores distintos nas 6 provas iniciais.

O campeonato de 1985, porém, apresentou um sexto vencedor na 7ª etapa (Nelson Piquet, na França). Portanto, caso o vencedor do próximo GP do Canadá seja um piloto diferente daqueles das primeiras 6 etapas, teremos um recorde definitivo.

Em número total de vencedores, o campeonato de 1982 permanece sendo o máximo: 11 vencedores em 16 (!) etapas.

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Agora vamos aguardar o GP do Canadá e ver se teremos um sétimo vencedor.

Tenham todos uma ótima semana!

PS: não se preocupem com a ausência de comentários sobre Indy500. A lendária prova norte-americana será tema da coluna de Lucas Giavoni.

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

11 Comments

  1. Rafael Carvalho de Oliveira disse:

    Allan tudo bem que ninguém gostou mas tudo isso faz parte da corrida! É nessas horas que o piloto tem que fazer a diferença. Talvez com o formato antigo as corridas ficariam mais emocionantes e menos previsiveis. É legal as vezes ter uma zebra. Olhas os exemplos : Rubinho em Spa Francorchamps em 1994, Nico Hulkenberg no Brasil 2010 e em 1997 se eu não me engano no Grande Premio da França por causa da chuva varios pilotos de equipes pequenas entre elas a Stewart de Barrichello a Ligier de Panis e outras que nao me lembro(se eu etiver equivocado por favor me corrija) largaram na frente de Ferraris, Mclarens e Williams. Por sinal naquele grande premio, Rubinho deu um X no Schumy que acredito eu ficou para história! Estes exemplos que citei nenhum deles tinha o melhor carro! Como eu disse faz parte do show. Obrigado por ter lido minha opnião, um abraço.

  2. Mauro Santana disse:

    Não gosto quando os pilotos vem com estas “desculpinhas” por não estarem andando bem.

    http://www.grandepremio.com.br/noticias/em-ma-fase-na-temporada-button-avalia-mundial-e-diz-que-f1-imprevisivel-e-estranha-para-fas/

    Faca na caveira Button!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

    • Fernando Marques disse:

      Alguma coisa de ruim acontece com Button …pelos nossos comentarios no inicio do campeonato esperava-se dele um rendimento superior ao de Hamilton por causa dos pneus e isto não vem acontecendo … erros e batidas a lá Hamilton tambem o atormentam …

      Fernando Marques
      Niterói RJ

  3. Allan disse:

    Excelentes apontamentos. Realmente o “veto” global – desculpem-me, mas entendo que os funcionários apenas cumprem ordem; acredito que o Galvão até poderia mandar as favas e lembrar do Chavez(s?), mas realmente a Globo parece ser “linha dura” com os atrativos de outros esportes (que o diga quanto Às 500 milhas…).
    Para a próxima, quem sabe Hamilton ou… Kimi? Tem Miguel e Massa ainda na jogada! O Grosjean também pode querer apagar uma prova ruim com uma atuação soberba, mas estes dois úlitmos dependem da posição de seus parceiros de equipe…

  4. Fernando Marques disse:

    Olás amigos,

    vou aguarda o texto do Lucas a respeito das 500 Milhas de Indianapolis …
    Falando agora do GP de Monaco faço algumas considerações:

    1) Eu apostei no MAssa para vencer a corrida (palpite feito no feeling e antes dos treinos), por ser a maior zebra e surpresas sempre passeiam em Monaco. Mas a zebra foi australiana … desde o inicio da temporada não vi ninguem aqui no GEPETO ou na Venus Platinada apostando um niquel no australiano … M. Webber dirigiu o fino desde os treinos que definem o grid de largada.

    2) Felipe Massa deu um suspiro. Apesar de ficar atras de todo mundo pelo menos andou junto … a chance dele chegar na frente do ALonso dependia muito do tempo de largada mas na hora H Massa não foi feliz, não por culpa dele, nem da Ferrari e sim do trafego … ficou claro que em Monaco ele era mais rapido que o Alonso …

    3) Pela primeira vez esta imoral estrategica de não andar no Q3 para ter mais jogo novo de pneus para corrida funcionou com Vettel … isto não deveria ocorrer … realmente este regulamento não presta … com relação a punição no grid do Schumacher ele não tem o que reclamar … se tem um carro bom e se encontra nos pontos dos cascos que faça a pole na proxima …

    4) Eu gostei da corrida … Monaco não permite ultrapassagens mas todo mundo anda muito proximo … pena que foram poucas as surpresas e chuva não veio … aí simk seria um GP de MOnaco de verdade …

    5) Quem mais divertiu a corrida foi realmente o S. Peres … foi sem querer querendo …

    6) A Lotus me decepcionou … achava que a vez da vitoria agora seria dela …

    7) Bruno Senna … sem comentarios … agradeça a Deus o 10º lugar …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Fernando Marques disse:

      A vitoria da Lotus não seria surpresa … daí achar que a vez poderia ter sido dela

      Fernando Marques
      Niterói RJ

  5. Rafael Carvalho de Oliveira disse:

    Sou a favor dos treinos de classificação com apenas uma volta lançada ou como era antigamente com 1 hr de duraçao com quantidade de voltas livres, pois assim o piloto não teria como poupar pneus porque largaria la no fundão. Outra opção seria pneus para classificação e outro para a corrida.

    • Allan disse:

      Mas deste critério ninguém gostou (pilotos, equipes). Afinal, alguém que tivesse grandes chances de fazer a pole poderia ficar refém do… tempo (clima)!

  6. Lucas Giavoni disse:

    Belo texto, amigo Pilatti.

    As homenagens que pilotos traziam em seus capacetes, de fato, não deram muito certo. Pérez não apenas carregou o famoso emblema de coração, como também parece ter encarnado as trapalhadas do adorável Chapolin. Mas para seus críticos, apenas pode dizer:

    – Todos os meus movimentos são friamente calculados!

    Já Räikkönen não poderia ter escolhido pior local para homenagear seu ídolo James Hunt. Ao puxarmos pela memória, e confirmarmos pela ficha corrida, logo sacamos que o lendário Shunt jamais andou bem pelas esquinas monegascas. Hunt nunca completou uma corrida por lá, exceto em sua estreia, em 1973 com a March da novata equipe Hesketh: um 9º lugar… exatamente a posição final de Kimi!

    Sobre a alardeada “nova” transmissão oficial da corrida, digo que de “nova” ela não teve absolutamente nada (há muito, os meios de comunicação, sobretudo na publicidade, insistem em deturpar e distorcer o significado da palavra “novo”). Foi apenas o conteúdo de sempre, a com a repórter loirinha medíocre de sempre, e os erros e abusos de sempre do narrador de sempre, só que tudo antecipado em 20 minutos, ante os 10 habituais (nota: a BBC e a RTL começam transmissões com UMA HORA de antecedência). É isso que a Platinada considera novidade? Se estas são as armas para não perder a liderança da audiência para o Pica-Pau, muito ainda deve ser feito…

    Meu texto da Indy 500 vai ao ar nesta quarta-feira (30). Foi realmente bela corrida, digna da aura que envolve a Brickyard.

    Abração!

    Lucas Giavoni

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