O nó tático fez a diferença

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O livro a “Arte da Guerra” de Sun Tzu é famoso há séculos. Um dos ensinamentos dessa famosa obra é: “Estude seu inimigo mais do que a você mesmo”.

Outra frase desse clássico: “A vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço” .

Tudo indica que a equipe de estratégia da Red Bull andou lendo esse livro, o nó estratégico aplicado na Mercedes durante a corrida fez a diferença que levou a vitória de Max Verstappen.

Depois do GP do Azerbaijão com o resultado afetado pelos estouros dos pneus, os dias que antecederam essa corrida foi de troca de leves acusações, havia o questionamento se o pneu de Verstappen havia estourado por falha de construção e por lado a Pirelli falando que a calibragem abaixo do recomendado poderia ter sido a causa, com isso a FIA prometeu mais rigor na verificação.

Para alguns isso poderia significar que a Red Bull estaria usando uma calibragem abaixo do recomendado para tirar proveito, bem os treinos da sexta e sábado jogaram por terra esse pensamento.

Na sessão que definiu as posições de largada as Red Bull mostraram ritmo 2 décimos mais rápidos que as Mercedes, Verstappen conquistou a Pole, Hamilton começando a mostrar que não é hepta campeão à toa conseguiu a segunda posição, na fila dois os companheiros de time doesses dois, Bottas e Perez.

A pista de Paul Ricard na França tem sido palco de corridas monótonas desde a sua volta como sede do GP da França, essa foi a tônica das provas de 2018 e 2019, com vitória fácil de Lewis Hamilton. 

Reveja os melhores momentos da prova no vídeo abaixo.

Na largada quando as luzes se apagaram Verstappen arranca melhor e Hamilton se posiciona atrás, o holandês parecia ter a liderança mantida na Curva Um, mas um vento mais forte dá faz o carro de Verstappen dá uma pequena guinada e ele vai até a área de escape

Lewis Hamilton ultrapassa Max Verstappen no início do Grande Prêmio da França de 2021

O erro de Verstappen deu a Hamilton a liderança na curva dois, e a partir daí ele precisa caçar o britânico

“O equilíbrio é um desastre”, disse Pierre Gasly pelo rádio na quinta volta.

“Esses pneus estão pouco aderentes e acho que eles não vão durar tanto quanto você espera” Hamilton diz ao seu engenheiro uma volta depois. 

Quer fosse devido ao aumento das pressões ou a pista mais crua por falta de borracha, nesse momento havia a dúvida se a estratégia planejada por todas as equipes de uma única troca não estava sob ameaça.

Com seis voltas disputadas Hamilton liderava, com Verstappen em segundo cerca de um segundo atrás e Bottas em terceiro também a cerca de um segundo do holandês, enquanto Perez em quarto estava a seis segundos de Bottas.

A Mercedes tentou forçar a Red Bull e abriu com Valtteri Bottas a rodada de pit na volta 17, já que ele seguia os dois líderes de perto, e quem sabe o undercut poderia acontecer contra Verstappen.

A Red Bull reage rápido e chama Verstappen uma volta depois e manteve-se na frente do finlandês, e então um curioso conjunto de circunstâncias se desenrolou.

Hamilton vai na volta seguinte depois de Verstappen para fazer sua troca, e ele tinha uma vantagem de 3,2 segundos antes que o piloto da Red Bull tivesse parado. 

A Mercedes fez um ótimo trabalho no pit stop, ganhando para Hamilton mais 0,1seg sobre a troca de pneus de Verstappen, mas não foi o suficiente, já que o líder do campeonato conseguiu forçar o suficiente e chegar à liderança na Curva Um.

Hamilton perdeu tempo no pit lane em si, mas não tanto que se esperasse que ele perdesse a liderança.

Depois da prova disse Verstappen: “A minha volta de saída foi boa, mas não esperava que a resposta ao tempo de volta fosse tão grande, quando eu saí, de repente eu tinha muito mais aderência aos pneus em todos os lugares. Não sei quão rápido foi a parada de Lewis ou algo assim, preciso olhar de novo. Mas acho que ninguém, nem mesmo nós, esperava ultrapassar Lewis”

Na estratégia a Red Bull preparava uma guinada que definiria o rumo da prova, isso ficou claro, já que Verstappen não conseguiu abrir muito da dupla da Mercedes e os três corriam muito próximos. 

Eles mantiveram Sergio Perez por mais tempo na pista, ele estava quase 2 segundos mais lento que o trio, mas para aquela altura seu ritmo era bom o suficiente para ele se recuperar mais ao final da prova, com pneus mais novos e a Red Bull fazia valer a melhor característica do mexicano, correr com um bom gerenciamento de pneus que são sua marca registrada.

Hamilton empurrava Verstappen duramente, ficando dentro do alcance do DRS. Isso significava que o ritmo era mais rápido do que os da frente queriam, e a Red Bull fez uma decisão corajosa ao apostar mesmo com Verstappen na liderança na volta 32 e chamar ele para uma segunda troca, dessa vez para o composto médio.

Verstappen falou depois: “Lewis estava dando tudo para tentar passar, então não foi fácil mantê-lo para trás. Optamos pela segunda parada e eu disse OK, vamos ver se vai funcionar. Você nunca sabe ao certo se vai funcionar”.

A Red Bull faz uma troca dentro de seus padrões e Max volta em quarto.

A diferença era de mais de 18 segundos a 20 voltas do fim, e Verstappen teve que dar tudo de si em perseguição aos pilotos da frente, nesse momento a equipe de estratégia da Mercedes deve ter percebido o Nó Estratégico aplicado pela Red Bull

Se eles parassem para uma nova troca, Perez estava perto o suficiente para assumir a liderança ao mesmo tempo eles não tinham uma distância segura para voltar a frente de Verstappen.

O jeito foi pedir aos pilotos que tentassem levar seus carros até o final.

Faltando nove voltas para o final da prova Verstappen alcança Bottas, o finlandês foi forçado a ir para a defensiva, entrando na chicane após bloquear as rodas e sair sem ação para a pequena reta mistral permitindo que Verstappen passasse na saída, para irritação do finlandês.

Bottas deu uma esperneada no rádio: “Por que diabos ninguém me escuta quando eu disse que deveríamos fazer duas trocas, agora vai ser um golpe duplo” 

Ele ainda soltou um “Puta merda”, devidamente cortado pela FIA. Com sua saída da Mercedes mais eminente a cada corrida acredito que vamos ouvir dessa para mais até o final da temporada.

Hamilton tentava bravamente manter uma distância segura, mas Max vinha alucinado, o britânico até manteve a distância por algumas voltas quando pegou trânsito de retardatários, antes de Verstappen apagar a diferença de cinco segundos em duas voltas e iniciar a penúltima volta colado.

No mesmo local que Bottas defendeu, Verstappen fez a aproximação e usando DRS ele vai para dentro da curva para arrancar a liderança e a vitória.

“Assim que me aproximei, pude ver os pneus que Lewis estava usando, eles estavam muito gastos. Assim que entrei no DRS, eu tinha mais velocidade máxima com o nível de asa que escolhemos, acho que foi uma passagem bastante fácil. Ter pneus mais frescos… funcionou, mas estava muito apertado”

Max Verstappen ultrapassa Lewis Hamilton e vence o Grande Prêmio da França.

A defesa de Hamilton não foi tão robusta quanto se poderia esperar no final da corrida, mas ele se sentiu um alvo fácil com pneus tão desgastados.

Após a corrida ele foi criticado nas redes sociais por ter “entregue” a posição sem uma luta mais acirrada, eu não concordo com essas críticas, as vezes é melhor pontuar o máximo possível ontem a Mercedes não era páreo a Red Bull

Uma declaração madura por parte do britânico após a prova: “Não é nada angustiante. Fizemos um ótimo trabalho hoje e simplesmente não deu certo, então não estou muito desapontado. Acho que fiz o melhor trabalho que pude hoje, é claro que havia coisas que provavelmente poderíamos ter feito um pouco melhor, mas no geral eles foram mais rápidos do que nós durante todo o fim de semana, então é um verdadeiro reflexo do ritmo que eles têm”

Uma boa notícia sobre Sérgio Perez, ele finalmente se acertou com o carro e está fazendo o papel que a Red Bull espera dele, fornecendo um tipo diferente de ameaça e ajudando a equipe a desenvolver estratégias que tirem a Mercedes da zona de conforto que ela tanto se acostumou nos últimos anos 

A Red Bull conseguiu levar sua dupla de pilotos ao pódio e obtiveram 41 de um máximo de 44 pontos possíveis, incluindo o ponto da volta mais rápida de Verstappen.

Vale ressaltar que essa corrida também teve disputas muito boas no pelotão intermediário com destaque positivo para a dupla da McLaren. A melhora de Daniel Ricciardo continua, seu companheiro Lando Norris mostra que tem talento para disputar vitórias e talvez títulos, Fernando Alonso e Sebastian Vettel voltaram a fazer boas provas e terminaram na zona de pontos, sendo a decepção do dia o resultado da dupla da Ferrari, ficando seus dois pilotos fora da zona de pontos com um carro apresentando um desgaste excessivo de pneus, foi penoso ver Leclerc andando nas últimas posições.

O campeonato agora apresenta Max Verstappen com uma vantagem de 12 pontos em relação a Lewis Hamilton, e a Red Bull abrindo 37 pontos no mundial de construtores sobre a Mercedes, esse está sendo um campeonato que tem tudo para ser o melhor dos últimos 10 a 15 anos, continuando como vem sendo até aqui.

Resta saber se a Mercedes supera o golpe de ter levado esse Nó Estratégico na França

Vamos torcer para que sim e que a Red Bull continue a surpreender, emoção não haverá de faltar até a prova final

Abraços,

Mário 

Mário Salustiano
Mário Salustiano
Entusiasta de automobilismo desde 1972, possui especial interesse pelas histórias pessoais e como os pilotos desenvolvem suas carreiras. Gosta de paralelos entre a F1 e o cotidiano.

5 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Mauro,

    Concordo plenamente com você em relação as atitudes do Hamilton e Neymar, a controvérsia é que acho o Hamilton um fenômeno como piloto … O Neymar pra mim é peladeiro e o Brasil nunca vai ganhar uma Copa do mundo com ele em campo

    Fernando Marques

  2. Mauro Santana disse:

    Fernando

    Minha torcida é pelo Max Verstappen, pois sempre tive uma enorme antipatia pelo Hamilton, assim como tenho pelo Neymar, não gosto das atitudes e da maneira como ambos se comportam.

    Abraço!

    Mauro Santana

  3. Mauro Santana disse:

    Grande texto Salu!

    O problema da pista de Paul Ricard é o retao Mistral criminosamente cortado pela metade, como falei ontem, a Mistral inteira não iria precisar de DRS nos carros, pois assim como Interlagos e Spa, iria fornecer vácuo natural.

    Max e Pérez são uma dupla muito mais forte do que era Kimi e Vettel na Ferrari e Hamilton e Bottas na Mercedes, estou na torcida pelo título do Max e por muitas vitórias do Pérez.

    Abraço!

    Mauro Santana

    • Fernando Marques disse:

      Mauro,

      Concordo plenamente com você em relação as atitudes do Hamilton e Neymar, a controvérsia é que acho o Hamilton um fenômeno como piloto … O Neymar pra mim é peladeiro e o Brasil nunca vai ganhar uma Copa do mundo com ele em campo

      Fernando Marques

  4. Fernando Marques disse:

    Mario

    ótima análise do GP da França … até esperava uma coluna seguindo essa linha … só não sabia que seria você o autor …
    mas vou colocar algumas considerações e gostaria de saber a opinião de voces aí do GEPETO …

    – com relação a corrida, aquela escapada do Verstappen foi providencial para não termos de novo uma corrida burocrática em Paul Ricard … acabou sendo bom pois fiquei na expectativa da reação dele e da RBR … carreiras são carreiras … que bom …

    – segundo continuo achando que a Mercedes tem boas gorduras para queimar … e vai usar isso na hora certa … com duvidas ou não … são 23 etapas na temporada … e acho que a estratégia dela na corrida e a facilidade como Hamilton cedeu a posição no fim pra verstappen tem muito a ver com isso … aliás as declarações do Hamilton elogiando o Verstappen e sua própria equipe, em vez daqueles chororôs que viraram regra na Formula 1 me reforçam ao pensar assim …

    – continuo na torcida pelo Hamilton pra ganhar o mundial este ano também … apesar do Verstappen estar de namoro com a filha do Piquet, da qual sou fã … aliás não sei se o Mauro Santana vai concordar com a minha torcida …

    – pra terminar … chega a ser patético o Bottas reclamar de alguma coisa como se ele fosse o bam bam bam …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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