Nos embalos de sábado à noite

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Senna vs Prost, parte 2?

Acordar às três da manhã (ou não dormir até tal hora) não é tarefa fácil: num sábado, acúmulo da semana, o sono chega antes do que normalmente ocorre nos dias úteis. Mas com um nenê de quatro meses,  o sono deve ser sempre algo secundário: brincadeiras lúdicas, amamentação… às vezes, somente o embalo ajuda.

Curiosamente, depois de dormir por volta das 23 horas, meu filho acordou minutos antes da corrida se iniciar.

Acordou, mamou, largou o peito, se manteve acordado… e então, o embalo foi a única solução. Boas voltas do GP vi com ele no colo. Acabei perdendo alguns trechos importantes na hora, entre alguma fralda e lenço umedecido.

Um desses momentos foi a grande ultrapassagem de Vettel sobre Daniel Ricciardo. Melhor acontecimento da prova, sem dúvida.

Como comentou o amigo Márcio Madeira, “Na aceleração ele sentiu que estava perto, e não podia perder a chance. Sem poder mergulhar por dentro, atrasou ao máximo por fora,sem exagerar a ponto de perder na retomada. E depois manteve a linha sem se intimidar, se apossando da posição com a virilidade que se espera de um campeão.

Se estar atrás de Ricciardo proporcionou a Vettel a ultrapassagem da prova, foi também aquele posicionamento que, em último caso, fez com que ele não conseguisse brigar pela vitória: na volta 20, ele estava a meio segundo de Ricciardo, mas o australiano já estava a 9 de Hamilton.

Lewis Hamilton domina o GP da China: esta foi sua quinta vitória na pista, em 11 edições — lembrando daquele erro bisonho do GP de 2007, quando atolou na brita. Mais que isso, sua vitória hoje foi partindo da pole, liderando todas as voltas (mesmo quando passou pelos boxes) e registrando a mais rápida: foi seu terceiro “Grand Slam” na F1.

Outra: no GP da Austrália, Hamilton já havia superado Ayrton Senna em voltas na liderança, e agora é o primeiro piloto depois de Michael Schumacher a superar 3,000 giros na ponta.

Tudo leva a crer que o ano seja polarizado pelos dois, relembrando em alguns aspectos a temporada 2006. Hamilton e Vettel têm condições de realizar uma disputa intensa — dentro e fora das pistas — como aquela protagonizada por Alonso e Schumacher.

A diferença fica na possibilidade de desenvolvimento ao longo do ano: há 11 anos, embora já com diversas restrições, as equipes conseguiram melhorar ao longo do ano e se reinventar em alguns aspectos técnicos.

A rivalidade entre Alonso e Hamilton foi muito fulgás; os duelos entre Alonso e Vettel, muito desiguais visto que o alemão sempre teve carros muito melhores. Assim, o duelo entre Vettel e Hamilton tem tudo para representar a próxima batalha épica da F1, emulando os grandes dias de Senna e Prost.

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Há alguns anos, fiz um texto comparando pilotos da F1 e grandes craques do futebol, e acabei traçando paralelos entre Lewis Hamilton e Cristiano Ronaldo, e Sebastian Vettel e Lionel Messi. Hoje, isso parece fazer ainda mais sentido, visto que os dois já tem números que os colocam no top 5 das principais estatísticas da história mas parecem ainda não ter sedimentado sua posição na história da categoria — por mais contraditório e idiota que isso possa parecer.

Max Verstappen, nesse sentido, é o Neymar da F1 atual: aquele que começa a galgar seus passos rumo ao topo, e que já realiza algumas apresentações dignas dos gênios: e o que ele fez hoje foi digno de nota.

Lamentável a situação de Alonso. Tem grandes performances, mas sofre por um carro vergonhosamente ruim. E precisa comemorar uma volta de classificação em que termina em 13º…

Quanto aos outros pilotos de Red Bull, Ferrari e Mercedes:

Daniel Ricciardo vai sendo engolido por Verstappen. Apesar de a diferença em velocidade pura não ser tão gritante — nos dois treinos até aqui, não pudemos vê-los medirem todas as forças, ainda –, o holandês já vai demonstrando ter mais recursos e ser mais combativo na pista, além de ter mais estirpe de campeão (com todos os aspectos fora de pista necessários).

Kimi Räikkönen não surpreende: perto dos 38 anos, é natural que seja ainda menos motivado para a competição intensa; mas ao mesmo tempo sempre foi um piloto capaz de, em seu grande dia, aprontar alguma. E que ninguém descarte uma vitória sua esse ano.

Valtteri Bottas vem decepcionando um pouco: eu, sinceramente, esperava mais dele. Não imaginei em momento algum que conseguisse fazer frente de fato para Hamilton, mas tinha pra mim que ele pudesse ser uma constante na segunda posição. Na China, ficou aquém do esperado.

Na pré-temporada, todos (inclusive os campeões) falaram de como os novos carros são mais potentes e difíceis de guiar. De fato, tivemos escapadas nos treinos etc.

Mas as batidas de Giovinazzi e Stroll valem a pergunta: os carros estão mesmo mais complicados ou o nível dos pilotos desceu?

Dica do Edu: “[para quem não gosta da qualidade dos comentários da Globo/SporTV] sintonizar via internet a emissora estatal do Cazaquistão”

Opinião do Mansano: “[Massa continua na F1 ano que vem?] Espero que não.”

Palpite do Flaviz: “Acho que os pilotos vão começar a entender que os carros podem fazer outros traçados nas curvas. Aí conseguem ultrapassar.”

Agora os embalos de sábado à noite voltam aos domingos de manhã.

Abraços e Boa Páscoa a todos.

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

4 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Meus amigos,

    a MotoGP merece destaque pois tem um Ford Maverick levantando poeira em cima dos “Opalões” e dos “Dodgões” … hehehehehe

    Fernando Marques

  2. Mauro Santana disse:

    Grande Marcel!

    Amigo, foi terrível acordar este horário, mas, valeu, pois tivemos momentos marcantes.

    Interessante que, tanto Hamilton quanto Vettel, não puderam atacar o primeiro lugar nas respectivas provas, por terem ficados presos atrás de uma RBR, que na Austrália foi o Verstapen e na China o Ricardo.

    A temporada promete, e esta faltando um duelo direto na disputa pela vitória em algum GP, e tenho certeza de quando isso acontecer, o Circo vai pegar fogo!

    Grande abraço e uma Feliz Páscoa a você e sua família.

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  3. MarcioD disse:

    Marcel,
    Já não tenho tanta disposição para assistir GP’s de madrugada. Coloco para gravar e assisto pela manhã procurando não saber do resultado antes.

    Gostei do GP. Brigas legais como Vettel x Ricciardo com direito a toque de rodas. Max dando show na pista molhada. Faltou algumas voltas para vermos o embate final de Ricciardo x Max.

    Depois de três temporadas de domínio absoluto, finalmente vemos a Mercedes ser ameaçada. Isto é muito bom para a categoria. Está faltando é uma disputa direta de Hamilton e Vettel pela liderança com os mesmos pneus, nas 2 corridas as paradas de boxe tiveram influencia.

    A Red Bull está atrás, só consegue entrar na disputa com pneus mais macios do que Ferrari e Mercedes.
    Não acho que Kimi ainda tem bala na agulha, Bottas também parece ser só coadjuvante.

    Acho que exageram na dose de aumento de downforce, poderia ter sido menor, acompanhado do aumento de aderência mecânica que foi feito.

    Márcio

  4. Fernando Marques disse:

    MArcel.

    acordar as 3 da matina não deu … vi os melhores momentos e a corrida me parece ter sido legal … Vettel, Verstappen e Alonso deram boas emoções na prova … mas é triste Alonso estar correndo numa carroça enferrujada …
    A briga é entre Hamilton e Vettel … espero ver bons duelos deles na pista … por que fora ainda não começou pois a babação ainda corre solta …


    Na Motovelocidade tem um tal de Maverick que chegou assustando na Yamaha …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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