O circo da F1 encontra o circo da Justiça ou, dito de outra forma, Felipe Massa quer reparação pelo que sofreu em Singapura 15 anos atrás. Sua demanda é cabível? É, sim, ainda que esdrúxula. Se a conseguirá e como e se ela é justa ou não, aí já é outra história.
O deslinde da trama por trás da vitória de Fernando Alonso no GP de Singapura de 2008, após a confissão de Nelsinho Piquet e Pat Symonds à Fia no ano seguinte, mais a entrevista deste ano concedida por Bernie Ecclestone, justificam a pretensão de Massa, a qual deveria se juntar a Ferrari. Afinal, foram vítimas de um complô urdido por Flavio Briatore e pela Renault e que teve a cumplicidade confessa das autoridades esportivas e isso, a menos que Bernie mude o seu depoimento, é fato incontestável.
É verdade que Massa (e a Ferrari) poderia ter pedido uma reparação pelo acontecido já em 2009. Por que não o fez? Massa e seus advogados não explicam e, no melhor espírito dos tempos atuais, não estão nem aí. Agora queremos o título e muito dinheiro – e dane-se. Somos vítimas, não fomos nós que causamos o problema – e dane-se de novo.
Ainda assim, acho a demanda de Massa cabível pela comprovada existência do complô, um plano secreto ou conspiração entre um grupo de pessoas para alcançar um objetivo específico, muitas vezes de forma ilegal ou prejudicial a terceiros.
Tentei lembrar de outras situações em que um complô semelhante (juntando uma equipe e autoridades esportivas) tenha acontecido na F1. Não tenho a menor dúvida de que já aconteceram várias vezes, mas o fato é que não lembrei de nada tão óbvio e confessado.
A coisa mais parecida com Singapura 2008 que me ocorreu até o momento foi Suzuka 89, Alain Prost batendo em Ayrton Senna e Jean-Marie Balestre validando a agressão. Mas pode ter sido só um incidente de corrida associado a uma decisão arbitrária – e Prost nunca confessou sua má-intenção.
Esqueci de algo mais? Me ajudem a lembrar e vamos discutindo caso a caso.
Não discuto a intenção de fundo de Massa – dou-lhe o crédito da boa-fé em sua demanda –tampouco os caminhos futuros do processo. Como ela se dará? Quem pagará o prejuízo? E como fica o título de Lewis Hamilton? O que acontece se o GP de Singapura for cancelado para os demais pilotos e equipes? Pelo que vi, o Mundial de Construtores não seria alterado, mas algumas posições no Mundial de Pilotos sim?
Muitas perguntas, ninguém sabe as respostas pois, a partir daqui, entramos na floresta sombria da Justiça.
Tivemos todos com a Operação Lava Jato e seus desdobramentos uma aula prática de como a Justiça pode ser volúvel, confusa e, em muitos casos, inexplicável e isso não vale só para o Brasil. Como tudo nesse mundão louco, a Justiça é suscetível a pressões, demandas, entendimentos e narrativas. Seria indevido de minha parte definir este ambiente como circense, pedindo desculpas aos muitos amigos advogados e alguns juízes que tenho?
Neste ambiente mutante, por que Massa não pode demandar algo que ele entende que lhe cabe?
Dois toques, um triste e outro irônico, para encerrar a coluna sobre Singapura 2008: nunca é demais lembrar que foi um piloto brasileiro o pivô da encrenca toda.
E a curva onde tudo aconteceu foi removida do traçado de Singapura, ao menos na corrida deste ano. Impossível não lembrar da piada do marido traído e do que ele fez com o sofá da sala…
Ah! E mais uma coisa: o caso Massa vai parar na Netflix?
No aguardo do comentário dos amigos, envio abraços
Edu
19 Comments
Amigos
republiquei abaixo minha coluna pós-GP do Brasil de 2008, na qual faço breve balanço de uma temporada tão maluca quanto intrincada, coroada com uma corrida igualmente louca em Interlagos.
A coluna (cuja recuperação é uma gentileza de Lucas Giavoni) dá contexto à temporada de Felipe Massa, cheia de altos e baixos dele, da equipe e ainda com muitos acontecimentos fortuitos que foram determinantes para o resultado final, uma típica temporada em que não houve força dominante.
Meu texto é uma lembrança do quanto o merecimento de Massa pelo título perdido é relativo e que, mesmo sendo vítima do complô da Renault, ele poderia processar a Ferrari, pelos erros em Singapura e Hungria, ou a si mesmo, pelas lamentáveis corridas que fez na Malásia e Inglaterra (esqueci de alguma outra?) – e nem estamos falando dos GPs onde ele foi beneficiado por decisões extra-pista ou azares dos adversários.
Ainda assim, reafirmo o direito de Massa em recorrer à Justiça, lembrando que não quero e não vou, ao menos por enquanto, discutir as intenções de fundo dele, dando-lhe o crédito da boa-fé.
Aproveito para agradecer a todos os comentários à minha coluna aqui no site e nas redes sociais do Gpto
Abraços
Edu
Os deuses galhofeiros 05.11.08
Por volta das 16h40 do domingo, o céu sobre Interlagos tornou-se incrivelmente escuro e
ameaçador, prenunciando uma tormenta bíblica que, afinal, não se confirmou.
Era a provação final urdida pelos deuses do esporte contra Lewis Hamilton e Felipe
Massa diante dos olhos de milhões de pessoas. Os deuses galhofeiros, entre desídias e
orgias, iam jogar a sua cartada final, tão imaginativa e debochada como nas voltas finais
do GP do México de 64, brincando impiedosos com os desígnios humanos. Como as
nuvens do céu, os rumos da corrida e do campeonato foram deixados ao sabor do vento.
Toda a tecnologia, todos os computadores, toda a vaidade e soberba da Fórmula 1
reduzidas ao seu devido lugar.
Foram os deuses que traçaram os caminhos da chuva, caída três minutos antes da
largada, apenas para atrasar o término do GP e fazê-lo coincidir com nova pancada, esta
decisiva para os rumos da corrida. Foram os deuses – só podem ter sido eles – que
fizeram com que os BMW submergissem em Interlagos, depois de um campeonato onde
pontuaram em todas as provas e que tinham a obrigação, pelo que mostraram ao longo
do ano, de ajudar a separar Massa de Hamilton. Não ouso cobrar o mesmo papel de
pilotos como Mané Webber e Nico Rosberg mas bem que poderia em relação a Nelsinho
Piquet, dado o desempenho do seu companheiro de equipe – mas ele rodou tolamente
nas primeiras curvas da corrida. Tivesse um ou dois destes pilotos corrido em Interlagos
como correu no resto do ano e o título mudaria de mãos.
Toque especialmente cruel dos deuses: insinuar Jarno Trulli na primeira fila do grid, como
possível aliado de Massa, só para condená-lo a mais uma corrida risível. E passaram da
ironia ao escárnio ao eleger o humilde Timo Glock como pivô do desenlace da prova,
depois se ser protagonista de algum destaque na 1a e 2a baterias dos treinos e com bons
momentos na corrida, como de resto foi toda a sua temporada, onde combinou momentos
excelentes a desempenhos pífios, que lembram Massa em seu primeiro ano na categoria.
Diante de tantas e tão evidentes intervenções dos deuses do esporte, comentar, buscar
nexos, traçar paralelos, fazer ligações e ilações sobre o GP Brasil de 2008 beira a tolice.
É melhor se enredar na poltrona, cravar os olhos na TV e deixar o filme, que dizer, a
corrida fluir. Mas comentar é o meu trabalho. Espero que vocês compreendam…
Qualquer crítica que se possa fazer à temporada recém encerrada de Massa se torna
injusta e até mesquinha depois do irretocável desempenho do brasileiro dentro e fora da
pista em Interlagos. Foi o Massa dos sonhos: infalível na pista, esportista refinado e
elegante nas entrevistas. Mesmo sendo ultrademandado pelos repórteres e salvo por
repetidas menções à cueca da sorte, não deixou escapar uma palavra reprovável, algo
que há muito não se via num piloto brasileiro.
Os erros que cometeu por conta própria ficaram para trás, bem para trás, em relação aos
que a Ferrari impingiu a ele. O mangueiraço em Cingapura e a quebra do motor na
Hungria assomam em relação às corridas algo apáticas de Massa em Spa, Monza, China
e Japão, onde a imprensa italiana o flagrou nervoso no dia do GP. Ganhou ao menos oito
pontos de presente na França, Spa e China mas é bem menos do que perdeu na Hungria
e Cingapura.
No entanto, há algo de estranho na temporada de Massa. As vitórias na Turquia e no
Bahrein não combinam com a vitória em Valência e a boa corrida em Mônaco. Toda a
combatividade na Hungria destoa da embaraçante incapacidade de segurar seu Ferrari
em linha reta em Silverstone.
Coisas de Nigel Massa, parece-me a única explicação possível. Como Nigel Mansell,
Massa é brilhante e estabanado, veloz mas sujeito a erros infantis, sofrido e exuberante,
dramático e inesperado. Como o Leão, Massa parece ter uma dificuldade natural a
amadurecer. Na falta disso, está aprendendo a conviver com as pressões inerentes a um
protagonista da Fórmula 1 e não se nega que seus progressos tenham sido notáveis em
2008. Massa sugere um aluno aplicado e submisso sob rígido controle dos seus
professores, que acreditam e investem no seu evidente talento. Massa não é maduro;
está maduro e isso talvez explique as flutuações em seu desempenho GP a GP.
Como explicar as falhas da Ferrari? É fácil fazê-lo em relação a Kimi Raikkonen.
No verão europeu, creio que entre França e Inglaterra, a equipe alterou a geometria da
suspensão dianteira de seus carros, tentando remediar o problema de aquecimento
deficiente dos pneus. Foi uma má idéia. Kimi reclamou de forma discreta numa entrevista
a AutoSprint. Daquele jeito songa-monga dele, disse sem precisar datas que “abbiamo
cambiato um po´la macchina” mas a coisa não rolou bem. Aí a Ferrari deu um passo atrás
– Kimi acha que foi em Spa – e as coisas melhoraram. A impressão confere com a tabela
do campeonato. A equipe somou 96 pontos na primeira metade da temporada e cinco
vitórias; na segunda metade, foram 76 pontos e três vitórias. Os pontos faltaram a Kimi já
que Massa marcou praticamente a mesma quantidade de pontos na primeira e segunda
metades da temporada.
Quanto aos erros cometidos pela Ferrari com Massa, para esses não tenho explicações.
O GP Brasil só alterou a classificação dos Mundiais naquilo que realmente importava:
Kimi retomou o 3o lugar de Kubica e Alonso o 5o de Heidfeld, sublinhando o naufrágio da
BMW.
Mais embaixo na classificação, viu-se Kovalainen condenado ao 7o lugar e resolvida a
disputa Vettel x Trulli merecidamente em favor do alemão. Também ficaram iguais as
paradas envolvendo Glock, Webber, Nelsinho e Nico e, ainda mais pra baixo, Rubinho,
Nakajima e Coulthard, numa espécie de Fluminense e Vasco da Fórmula 1. No Mundial
de Construtores, a BMW não conseguiu retomar o 2o lugar da McLaren, tampouco
Williams e Red Bull conseguiram subir na classificação, desbancando a surpreende Toro
Rosso.
Uma impressão final: Hamilton sai um pouco menor desta disputa. Algumas corridas
atrás, provocado por um leitor, titubiei em apontar quem era o melhor, se ele ou Fernando
Alonso. Hoje, não tenho dúvidas: Alonso na cabeça!
Abraços
Eduardo Correa
Ponto controverso da questão: Flávio Briatore tinha a intenção deliberada de prejudicar Felipe Massa ou apenas se beneficiar da colisão para que Fernando Alonso vencesse o GP? Se for apurado que sua única intenção era fazer de Fernando Alonso o vencedor daquela corrida, acredito que a impugnação total do resultado da corrida será descartada, e a Renault será excluída do resultado final daquela corrida.
Na minha opinião, Massa apenas vai dilapidar seu histórico relativamente positivo na F1 com essas demandas quixotescas. Só irá atrair olhares atravessados, julgamentos venenosos, pondo em movimento uma máquina que vai somente lançar sombras em sua imagem.
A pouca empatia com seu colega de profissão, que levou o título e cuja participação na fraude não existe, também é pouco louvável…se ele explicitasse seu descontamento de outro jeito, sem tentar reverter o irreversível, certamente teria mais apoio e compreensão dos seus pares e do público em geral.
Incrível até como está sendo mal assessorado, o prejuízo ao insistir nisso será grande.
Como tem se dito já o assunto é complexo, portanto é bom tratar de “simplificar” as coisas tratando de reduzir ao máximo os pontos fundamentais, que na minha modesta opinião podem ser:
1- Briatore tratava de oferecer à Renault uma vitória que contentasse a montadora, e não lhe importava o que pudesse acontecer alem disso, portanto se o incidente teve influência no decorrer da corrida… Foi algo colateral.
2- Sem dúvida o inesperado “acidente” de Piquet acabou provocando uma situação não prevista, mas esta foi igual para todos… exceto a Renault.
3- A reação da Ferrari/Massa à nova situação criada não foi das melhores, mas isso mesmo lhe podia haver acontecido à McLaren/Hamilton.
4- As novas condições surgidas do “acidente” causaram uma má reação da dupla Ferrari/Massa que teve suas consequências, mas é que Hamilton também acabou superado por dois pilotos que partiam muito atrás dele no grid, e que em condições normais nunca lhe haveriam superado. Portanto, se Massa pode reclamar… Hamilton também poderia.
5- Massa tem direito a reclamar ?. Claro que tem, mas reclamar não leva implícita a possessão da razão.
Em resumo, não creio o assunto vá alem de ser uma birra passageira e extemporânea.
Na minha modesta opinião, o Felipe Massa está sendo é um “menino malcriado” e um péssimo perdedor. Sem mais, nem menos.
Por que ele só resolveu apelar para o “tapetão” após 15 anos deste lamentável episódio? Ele deveria refletir sobre os erros cometidos e os azares que o levaram a perder o título de 2008 para o Lewis Hamilton, continuar sendo simpatizado por todos e reconhecido como piloto “campeão do mundo sem título”, ao invés de querer se tornar um campeão sem reconhecimento.
Marcelo C. Souza
Dias D’ávila – BA
Coluna sensacional … Gepeto inteiro dando sua opinião … e eu como leigo aprendendo … só falta o Mario Salustiano …
Fernando Marques
olá Fernando, sempre bom ler suas avaliações e análises, agora estamos completos, minha opinião está postada, grande abraço
Grande Edu
Tivesse o Massa ultrapassado o Piquet Jr no GP da Alemanha, e a fatura estaria liquida a seu favor no final daquele ano.
No mais, ele está no direito de recorrer, mas se irá obter êxito, aí já é outra história.
Abraço!
Mauro!!
Em defesa de Massa, penso que devemos reconhecer que, enquanto não tinha conhecimento de interferências externas, ele aceitou a derrota com notável dignidade, tendo ganhado o respeito de todos por sua postura. Não custa lembrar que, além do comportamento no pódio, ele também fez questão de ir atrás de Hamilton, estender a mão e o congratular pela conquista do título – algo que as câmeras não mostraram, mas muitos relatos, mesmo entre o staff de Lewis, confirmam.
Também acho justo registrar que ele não levou adiante qualquer medida formal até o momento em que soube que Bernie e Mosley tinham conhecimento do ocorrido ainda em 2008, ficando nítido que neste ponto a questão se tornou dura demais para ele engolir. Seria capaz de apostar que as vozes à sua volta que o instigaram a tomar medidas já deviam estar se pronunciando há muito tempo, e só agora ele mudou sua postura.
Também não me parece justo que a imagem de Massa seja tão desgastada por estar se sentindo injustiçado e estar submetendo tal indignação ao crivo de quem tem a prerrogativa de julgar tais casos, sem qualquer controle quanto a ganhar ou perder.
Feitos esses registros, deixo duas considerações. A primeira é de que a armação da Renault introduziu um fator externo na disputa, mas este fator acabou sendo igual para todos, exceto a parte beneficiada. O gatilho não deveria ter existido, isso é fato, mas o prejuízo de Massa se deu porque a Ferrari reagiu muito mal a esta perturbação da ordem, e o próprio Felipe – que até então vinha tendo um fim de semana perfeito – se deixou desestabilizar e fez uma corrida horrível a partir dali.
A segunda é que, sendo justo ou não, ao tomar a via judicial Felipe abre mão de uma posição de simpatia generalizada e da aura de “campeão sem título”, semelhante àquela reservada, por exemplo, a Vanderlei Cordeiro de Lima em razão do ocorrido na maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas. Em vez disso, corre o risco de se tornar um campeão sem reconhecimento, ou pior: seguir como vice-campeão, abrindo mão do prestígio de que dispunha. Vale a pena? Alguma compensação financeira (paga por quem?) valeria tudo isso?
Talvez Fia e Liberty devam considerar a criação de algo análogo à Medalha Pierre de Coubertin, em reconhecimento a esse tipo de situação.
Resta saber se a busca é mesmo por esse tipo de reconhecimento, ou se o discurso serve apenas para maquiar ambições mais mundanas.
Grande Eduardo, sempre uma satisfação enorme ler seus textos. Sobre outro caso escabroso como Singapura 2008, não posso deixar de falar Abu Dhabi 2021. Não há um complo confesso(ainda?)e sim um erro exdruxulo, ainda que embassado em um regulamento igualmente exdruxulo e demissão do responsável pelo erro, porém, sabemos que não sabemos e um erro destes, na altura em que ocorreu e também o que lhe resultou, nos permite cogitar algo sórdido.
Grande abraço.
Vou pela explicação mais simples : não é possível mudar a linha traçada pelos acontecimentos ao longo do espaço-tempo do nosso universo…todas as provas restantes daquele campeonato foram disputadas levando-se em conta que Singapura foi uma prova válida como qualquer outra, então simplesmente anulá-la é criar uma realidade paralela. O resultado validado levou suas consequências para a prova seguinte e assim sucessivamente, até os dias de hoje obviamente…aliás é por isso que existem várias provas numa temporada, para diluir a importância isolada de uma única corrida, para aparar “pontos fora da curva” como um carro que quebra, um piloto que falte a uma prova, uma excrescência como Indianápolis 2005. Para mim Massa até pode ser merecedor de uma indenização, mas tomar o título para si é abrir um portal para eventos catastróficos na F1, com consequências imprevisíveis.
Meus amigos …
Até pensei que o GEPETO ia deixar no “vacuo” esta questão do Felipe Massa … mas abaixo vai uma opinião de um leigo
Penso o seguinte: Felipe Massa obviamente está amparado por advogados que lhe garantem o seguinte: ganhando ou perdendo Felipe Massa vai ganhar rios de dinheiro … repito ganhando ou perdendo a causa … a meu ver em ambos os casos cabe essa reparação financeira … detalhe: seja no litigio ou seja na base da conciliação …
O que difere essa questão do GP de Singapura 2008 para o caso do Prost em 1989? A imoralidade e a atitude anti esportiva digamos assim da Equipe Renault ( me desculpe mas não acredito que o Alonso não soubesse dessa trama) só foi descoberta em 2009. Na corrida em si ninguém desconfiou que o Nelsinho tinha batido de proposito. Precisou o Piquet abrir o trombone. O caso do Prost, atitude anti esportiva também por mais que ele diga que não ( as imagens o mentem) foi resolvida na hora. E havia respaldo no regulamento para isso. Senna foi desclassificado por cortar caminho. E casos como esse acontecia quase que sempre e o regulamento nunca era cumprido. Piquet mesmo questionou essa situação num reunião, criticou o regulamento ter sido usado contra Senna e todos devem se lembrar da reação do Senna que após as palavras do Piquet abandonou a reunião. Resumindo foi uma decisão politica, (esportiva jamais) e no ano seguinte Senna deu o troco e o Ballestre nada pode fazer por que abriu um sério precedente na Formula 1. O Schumacher cansou de usar e abusar desse precedente depois com atitudes anti esportivas na pista (Damon Hill e Jacques Villenueve que o digam).
Não esqueçamos por favor da vergonha do que aconteceu na decisão da temporada 2021 onde o regulamento foi simplesmente ignorado e o Hamilton teve seu titulo “roubado”.
Isso é briga de cachorro grande … se Massa conseguir reverter esse resultado, muitos outros terão obrigatoriamente de serem revistos …
O que não se pode ignorar é o direito do Massa em querer reverter esse resultado …
Fernando Marques
Niterói RJ
Edu, excelentes questionamentos.
Particularmente, e já republiquei aqui no site recentemente, sempre entendi que Massa naquele ano pilotou menos que Hamilton de ponta a ponta, e que quando Kimi estava bem também lhe superava com alguma folga.
Além disso, Massa teve Hungria e Singapura como grandes azares, mas foi muito beneficiado direta (Bélgica, China, Valência) ou indiretamente (Japão, França, Canadá), pra pela FIA, ora por infortúnios de equipamento/acidentes envolvendo Lewis e Kimi.
Sobretudo no caso da Bélgica, a FIA pesou a mão sobre Lewis, em decisão polêmica, arbitrária e contraditória.
Minha proposição: anulem o GP de Singapura e restabeleçam o resultado da Bélgica.
Resultado? Hamilton campeão por um ponto.
Olá Edu!
Este é um episódio com uma complexidade elevadíssima, pela quantidade de pessoas e instituições envolvidas. A chance de esquecer alguém é grande, bem como a de criar um cenário analítico em que algum fator acaba não sendo contemplado.
Pelo que lembro, apenas em envolvimento direto há Massa, Ferrari, Nelsinho, Renault, Briatore, Symonds, Bernie (FOM), Renault, FIA, Liberty, Hamilton e até gente que já morreu, como Charlie Whiting e Mack Mouse.
A coisa é tão complicada que há até mesmo veículos de mídia com relações um tanto turvas com o caso, clamorosamente colocando lenha na fogueira.
E dentro de tudo isso, já podemos elencar aqueles que indubitavelmente são os campeões mundiais: os advogados. Adaptando a frase da Democracia Corintiana: ganhar ou perder… mas sempre com nossos honorários. Independente do que acontecer, eles serão vencedores absolutos.
Meu conselho pro Massa? Oras, aprendi que não se dá conselho pra quem é mais rico que a gente…
Abração!
Olá Edu!
Eu entendo o fato do Massa estar chateado e sentindo-se lesado pela trapaça urgida por Flavio Briatore e seus blue caps. Porém, não devemos nos esquecer que Briatore fez quinze anos atrás, não foi com intuito de prejudicar o Massa ou querer interferir no campeonato, mas apenas dar uma vitória à Alonso naquela de ‘vencer, não importa a qual custo’.
Hamilton, o campeão daquele ano, não teve nada a ver com a mutreta de Briatore, assim como o próprio Massa, que foi a vítima involuntária de toda a tramoia. Já que falamos em justiça, seria justo tirar o título de Hamilton, que nada teve a ver com o que aconteceu em Cingapura/2008?
No documentário ‘Brasil nas pistas’, onde o próprio Massa participa, Nelson Piquet é muito claro quando diz que falou ao Bernie sobre o acontecido em Marina Bay ainda em 2008. Massa não assistiu esse documentário?
Outro fato que me incomoda é essa história de ‘trazer esse título para o Brasil’, nos fazendo lembrar a triste frase de David Luiz após o 7×1 de 2014. (“Só queria trazer alegria para esse povo”).
Então porque pedir uma indenização milionária?
Felipe Massa, que saiu com bastante respeito ao final da corrida de 2008 por sua postura, pode ser considerado por todos como um mau perdedor a partir de suas ações.
Massa poderá ver seu legado envelhecer muito mal na história da F1. Por culpa sua e de uma ambição que ele (e a Ferrari, não devemos esquecer) resolveu mostrar agora.
Eu sinceramente acho que timing do Massa requerer alguma coisa já passou. E eu não dei se vai ser tão fácil anular a prova de Singapura 2008. A manipulação da prova foi imoral sim, mas terá sido ilegal no sentido estrito da lei? Quais artigos foram quebrados? Enfim, vamos ver…
E sobre farsas e complôs, Tripoli 1933 é campeã disparada né?
olá Edu
Esse é um daqueles casos onde nossa avaliação vai seguir suposições, no meu caso e sem fazer juízo de valor para nenhum dos lados eu não acredito que o resultado do campeonato será mudado, e não seria justo com Hamilton, ele não esteve direta ou indiretamente envolvido no caso.
O que acho que pode ocorrer, e é mera conjectura minha, para punir os envolvidos diretamente é a desclassificação da Renault e seus pilotos do campeonato, mesmo assim seria questionável pois a cúpula da montadora não estava envolvida e tomou medidas quando o caso veio a tona
Massa ao meu ver tem o direito de buscar o que ele acha justo, ele peca ao querer romantizar a questão envolvendo a torcida mencionando como algo que prejudicou o país, e no pano de fundo querer 500 milhões de indenização, meio difícil entender que não existe um motivador financeiro nessa história
Um ponto que me intriga, o que Bernie Ecclestone quer ao falar desse caso? sim porque para uma raposa do naipe dele não é o que ele diz, é o que está por trás de suas palavras que tento entender
Você fez uma bela reflexão sobre o caso e como a justiça é obliqua , aqui e lá fora
abraços
Mário
Justiça; Justiça, difícil. Bom fim de semana a todos.