Os Grandes Titãs da Fórmula 1 – Anos 50

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Em uma breve incursão sobre a história da mitologia grega, descobri que na antiga mitologia grega os Titãs eram deuses que tiveram que enfrentar Zeus e os deuses olímpicos em sua ascensão de poder, existem diversos poemas gregos sobre essa guerra entre os deuses e os Titãs.

Os Titãs acabaram sendo considerados divindades e pelas mais variadas razões continuam a ter relevância dentro da mitologia grega clássica e, foram incluídos entre os descendentes de Urano no conceito genealógico dos deuses, sendo considerados deuses soberanos sobre os demais deuses.

Essas divindades povoam os mitos, histórias fantásticas que explicam desde a criação do mundo ao nascimento da vida e dos seres humanos.

De acordo com os mitos, essas divindades tinham o controle de um determinado aspecto da vida ou da natureza e representavam características da existência humana, como a força, a justiça e a sabedoria, sendo associados a padrões elevados de feitos.

A mitologia grega considera o número de 12, esses deuses do Olimpo, os grandes Titãs.

Utilizando essa analogia no mundo da Fórmula 1, surgiu a pergunta, porque não eleger os grandes Titãs da história da Fórmula 1?

Com essa ideia vamos elencar na coluna de hoje aqueles que de certa forma tiveram um papel grandioso na categoria, os 12 Titãs da Fórmula1.

Com pouco mais de 70 anos de existência, a escolha ficaria muito restrita e teríamos de cortar muita atores e em épocas tão distintas, optamos por dividir essas escolhas por décadas disputadas e assim formar essa lista de deuses, também desdobramos o critério de escolha a 3 modelos de “deuses”:

  1. Pilotos
  2. Construtores
  3. Carros

Nessa relação de escolhidos vamos começar pela década de 50, como são 12 o total de Titãs da mitologia, vamos elencar 4 escolhidos nos 3 critérios, são eles:

Pilotos

  1. Juan Manuel Fangio

Escolher Fangio é algo de meio obvio, ele representa e personifica o corredor por natureza, seus feitos são algo que beiram a divindade, até quando comparado aos pilotos da atualidade, com feitos e números que o colocam sempre em 10 em cada 10 listas onde grandes pilotos são elencados.

Com 5 títulos mundiais em 4 equipes diferentes, tendo vencido 47% das corridas oficiais que participou, ele tem um número não menos assombroso no que se refere ao fato dele ter largado na primeira fila em 46 das 51 corridas oficiais que participou.

Gigante na pista e Gentleman fora dela, até hoje existem recordações de algumas corridas antológicas

A maior de todas foi Alemanha 1957 no circuito de Nürburgring, considerada por muitos como a sua melhor pilotagem, com uma recuperação muito cultuada sobre as duas Ferraris que lideravam a corrida após um pit stop bem demorado de Fangio.

  1. Stirling Moss

Moss foi o primeiro grande piloto inglês do pós-guerra, apontado como franco favorito a ser o primeiro inglês a conquistar um título na Fórmula 1, infelizmente ele não conseguiu essa conquista, no entanto seus feitos e resultados o tornaram uma lenda e ele passou a história como o piloto com o maior número de vices campeonatos sem ser campeão, tendo sido por 4 vezes vice.

Junto com Fangio ele formou a melhor dupla de pilotos da década de 50, correram juntos na Mercedes em 1955, e a sua primeira vitória na Fórmula 1 foi em casa na Inglaterra no circuito de Aintree, em 1958 com a aposentadoria de Fangio tudo levava a aposta que a vez de Moss havia chegado, ele venceu 4 corridas naquele ano, mas perdeu o título para o compatriota Mike Hawthorn pela diferença de 1 ponto, numa decisão no GP do Marrocos, que aponto como a melhor vitória de Moss

  1. Alberto Ascari

O sobrenome Ascari sempre nos remete a uma trágica coincidência, Alberto e seu pai Antonio foram vítimas de acidentes fatais quando estavam com a idade de 36 anos, o pai morreu em 1937 e Alberto em 1955

Alberto marcou os anos 50 por ter sido o primeiro Bicampeão da categoria, com os títulos de 1952 e 1953, tendo obtido uma marca de 9 vitórias consecutivas, a dimensão desse feito é tal, que só em 2013 Sebastian Vettel consegue quebrar essa marca

  1. Jack Brabham

Jack Brabham foi campeão no último ano da década de 50, com um feito memorável, aja vista que sua conquista é feita com um carro de motor traseiro, num conceito que revolucionou a Fórmula 1 e que se estabeleceu em definitivo a partir da conquista de Brabham. Até 1959 Jack não aparecia na lista de favoritos a conquistar um título, na verdade sua primeira vitória foi em Monaco naquele ano, com boa dose de regularidade ele se sagra campeão, vale lembrar que Stirling Mossa correu naquele ano com um Cooper particular, o mesmo carro de Brabham.

 

Construtores

  1. Enzo Ferrari

Enzo Ferrari criou sua equipe nos anos 30, antes mesmo do nascimento do campeonato oficial da Fórmula 1, em 1950 sua equipe estreia na segunda corrida oficial no circuito de Monaco, a partir de então a Ferrari está presente no mundo da Fórmula 1 até a atualidade, é uma escuderia icônica e que marcou os anos 50 com a conquista de 4 títulos mundiais, com os pilotos, Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio e Mike Hawthorn

  1. Tony Vandervell

O inglês Tony Vandervell era um grande entusiasta de automobilismo, sendo um rico industrial ele entrou no mundo das corridas nos anos 40 criando a equipe Thinwall , ele comprava carros da Ferrari e os modificava, essa fase acabou criando um clima de tensão entre Tony e Enzo Ferrari, que não gostava das mudanças promovidas pelo inglês, a partir de 1952 com a mudança do regulamento na Fórmula 1 Tony cria a escuderia Vanwall e passa a construir seus carros, em 1958 houve a instituição do campeonato de construtores e com 6 vitórias a Vanwall foi a primeira equipe a conquistar o campeonato de construtores, num grande feito pelo time inglês

  1. John Cooper

O inglês John Cooper é uma definição perfeita do pragmatismo, com poucos recursos financeiros ele sempre optou por soluções simples e práticas, com esse tipo de mentalidade ele arrisca muito ao redefinir os padrões da Fórmula 1 adotando motor na traseira do veículo, até então o mundo inteiro entendia que motor de carro funcionava na dianteira, afinal “cavalos puxam a carroça e não empurram” diziam os construtores puxados por Enzo Ferrari, e todos em tom de chacota, tudo muda em 1958 quando Stirling Moss vence na Argentina com o modelo Cooper de motor traseiro, vem o ano de 1959 e Jack Brabham vence o campeonato de pilotos e Cooper conquista o campeonato de construtores, o que era motivo de chacota vira um padrão adotado até os dias atuais

  1. Alfred Neubauer

Adianto que faço essa menção a Neubauer mesmo ele tendo sido chefe de equipe e não um construtor propriamente dito, pelo simples fato que a forma como ele gerenciou a equipe Mercedes nos anos de 1955 e 1956 são marcos importantes no automobilismo de competição, Neubauer levou as pistas um modelo bem mais profissionalizado de gestão em uma equipe, que fez a Mercedes conquistar 9 vitórias em 12 participações e é pela Mercedes que Fangio tem 2 de seus 5 títulos, como a tragédia de Le Mans 1955 fez a direção da Mercedes optar pela retirada das pistas esses números poderiam ter sido bem mais amplos

Carros

  1. Maserati 250F

Carro usado por Fangio, Moss, eles conquistaram 8 vitórias, além disso Fangio usou esse modelo nos campeonatos de 1954 e 1957

  1. Ferrari 500

Carro usado por Ascari na conquista do bicampeonato de 1952 e 1953, esse modelo obteve 14 vitórias, sendo utilizado nas temporadas de 1952 até 1957, a partir de 1954 foram equipes particulares que o usaram

  1. Mercedes W 196

Modelo usado nos campeonatos de 1954 e 1955, considerado um carro sofisticado para os padrões da época, contava com duas versões, uma aberta e outra versão streamliner que tinha as rodas cobertas, essa versão obteve 4 vitórias, sendo até hoje o único carro de rodas cobertas a vencer provas oficiais da categoria

  1. Cooper T51

Modelo usado no campeonato de 1959, foi o primeiro carro com motor traseiro a vencer o campeonato de pilotos e construtores na história da categoria

Sabemos caro leitor que toda tentativa de listar os melhores, ou deuses supremos do automobilismo, sempre haverá brechas para controvérsias, críticas, aceitação e afins, afinal cada um pode ter seus próprios critérios de escolha, deixamos a prerrogativa de vocês também apontarem seus “Titãs” preferidos, comentem, cada comentário de vocês será bem-vindo

Em nosso próximo encontro vamos elencar os Titãs da década de 60

Até lá

Mário

 

Mário Salustiano
Mário Salustiano
Entusiasta de automobilismo desde 1972, possui especial interesse pelas histórias pessoais e como os pilotos desenvolvem suas carreiras. Gosta de paralelos entre a F1 e o cotidiano.

3 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Mario,

    sem controversias
    que venha os anos 60

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. ola,

    muito bom, muito bom mesmo, prefiro textos à podcast….

    Grato,
    Antonio Manoel

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