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Quando Max Verstappen surgiu na F1 com meros 17 anos, ficava claro que o neerlandês era uma joia a ser lapidada. Desde o kart considerado um fenômeno, Max entrou na F1 como um dos maiores talentos já surgidos nos últimos anos na categoria. Todos se lembram de como Verstappen, já na Red Bull, se metia em confusões e errava em grande profusão. Os anos foram passando e Max foi evoluindo até chegar a histórica disputa com Lewis Hamilton, onde o piloto da Red Bull teve que se desdobrar para desbancar o inglês na polêmica e para sempre falada final do ano passado.

Esse tratamento de choque fez com que Max Verstappen somasse seu incrível talento e velocidade a uma maturidade incrível, principalmente lembrando que Max ainda tem 24 anos. Nesse domingo em Montreal Max fez uma corrida impecável do início ao fim, dominando uma prova onde sua equipe se precipitou na estratégia e Verstappen passou dezesseis voltas com Carlos Sainz enchendo seu retrovisor e com o DRS a sua disposição, mas Verstappen não colocou a roda fora do lugar em nenhum momento, mostrando o piloto completo que está se tornando, garantindo o domínio não apenas dessa corrida, mas da temporada.

Após um início de temporada onde parecia que a Ferrari poderia sair do limbo e finalmente sair do seu já longo jejum de títulos, a Red Bull se recuperou dos problemas de confiabilidade e usou sua experiência recente de lutar por títulos (algo que a Ferrari já não tem…) para dar uma virada e passar à liderança de ambos campeonatos. Se Charles Leclerc chegou a colocar 46 pontos em cima de Max Verstappen, agora o neerlandês tem 49 tentos na frente do monegasco, que ainda se debate com problemas em seu carro.

A prova em Montreal teve os Safety-Cars de praxe e por isso tivemos algumas movimentações interessantes. Fernando Alonso deu um verdadeiro show na molhada classificação de sábado e largou na primeira fila depois de longos dez anos.

Quando Alonso largou na primeira fila no Grande Prêmio da Alemanha de 2012, mais da metade do grid atual não estava na F1 e muitos ainda labutavam no kart, inclusive seu companheiro de primeira fila e pole, Max Verstappen. Sem ter mais nada a provar na carreira, Alonso prometeu uma largada agressiva. Calejado, Verstappen tratou de executar uma largada perfeita, não dando qualquer chance à Alonso tentar alguma gracinha. Max partia para uma corrida que todos esperavam que fosse dominadora, mas os referidos Safety-Cars, virtuais e o real, acabou por atrapalhar um pouco os planos desse domingo de Verstappen e da Red Bull. E o primeiro problema da Red Bull veio justamente com Pérez, que teve um final de semana esquecível, onde errou na molhada classificação e saindo no meio do pelotão, acabou tendo um aparente problema de câmbio na prova ainda na oitava volta. A Red Bull chamou Verstappen para os pits para se livrar dos pneus médios e colocar os compostos duros, mas também colocando Max numa situação em que ele dificilmente completaria a corrida sem outra visita aos pits. Veio então o segundo Safety Car virtual causado pelo desafortunado Mick Schumacher e foi a vez de Sainz, maior ameaça à vitória de Max, entrar nos pits para colocar os pneus duros. Porém, Sainz ficaria numa situação frágil se arriscasse uma parada única e isso deixava Max e Carlos numa situação de teórica igualdade, mesmo que Sainz contava que pararia mais tarde e teria melhores pneus no fim.

No entanto, para não deixar o costume de pisar no tomate, a Ferrari tomou uma decisão, no mínimo, duvidosa na estratégia de Sainz. Como esperado Verstappen parou primeiro e colocou os pneus duros e iria até a bandeirada, com Sainz reassumindo a ponta. Faltando pouco mais de vinte voltas para o fim, Yuki Tsunoda teve uma pane mental e saiu acelerando seu Alpha Tauri com pneus frios como se não houvesse amanhã. O resultado disso foi o japonês estatelar seu carro na barreira de pneus para ‘alegria’ de Helmut Marko, que via outro piloto Red Bull tentar estragar a corrida de Verstappen. Contudo, de forma estranha, a Ferrari colocou pneus duros no carro de Sainz. Não seria mais interessante colocar os pneus médios, cuja janela era em torno de vinte voltas, justamente o número de voltas que faltavam para o fim?

Resposta para a turma de Mattia Binotto e seus red caps…

O certo foi que a partir daí começou uma luta de gato e rato entre Max Verstappen e Carlos Sainz nas últimas voltas. Não se pode acusar de que Sainz não tentou. Ele fustigou, lutou para ficar sempre dentro de 1s de desvantagem para Max e tentar o ataque com a ajuda do DRS, mas Verstappen usou a maior velocidade de ponta do motor Honda/Red Bull para controlar a vantagem sem maiores sustos nas voltas finais. A tensão das últimas voltas foi se diluindo na medida em que Max simplesmente mostrava que todos os anos ganhando casca nos últimos tempos e principalmente na última temporada fez do neerlandês um piloto quase completo, capaz de corridas sem erros como a de hoje. Foi a sexta vitória de Max em 2022 e a quinta nas últimas seis provas dessa temporada.

Muito se reclamou do domínio do conjunto Mercedes/Hamilton, mas podemos estar vendo o domínio simplesmente mudar de mãos. Nas últimas seis corridas, a Red Bull venceu todas, sendo cinco de Verstappen e uma de Pérez. Isso, sem contar a Sprint Race de Ímola, com vitória de… Verstappen! Já se pode exclamar que 2022 está se tornando uma temporada dominada por Max Verstappen e a Red Bull. Com o abandono de Pérez e Leclerc diminuindo os prejuízos pela troca do motor pela Ferrari com um quinto lugar, Verstappen vai cimentando seu caminho rumo ao bicampeonato.

A Ferrari trocou o motor de Leclerc após os problemas seguidos no carro do monegasco e por isso Charles largou em último, com a esperança de que Montreal apresentasse mais oportunidades de uma remontada. Leclerc esperava uma recuperação mais aguda do que a conseguida, mas o monegasco ainda conseguiu fazer duas belas ultrapassagens sobre a dupla da Alpine no grampo quando tinha pneus piores nas voltas finais para garantir um bom quinto lugar.  E ficou a sensação que se fosse Leclerc no lugar de Sainz, o resultado poderia muito bem ser outro. Sainz não é um piloto medíocre, bem longe disso, mas seu limite para ser abaixo do que Leclerc pode fazer e a Ferrari já sabe disso.

Ao contrário da semana passada, Lewis Hamilton saiu do seu Mercedes todo serelepe para subir novamente ao pódio numa corrida sólida do heptacampeão. Historicamente, Hamilton sempre anda muito bem em Montreal e Lewis fez uma corrida segura, rapidamente superando Alonso (que era a sua briga) quando a Alpine errou na estratégia do espanhol e o motor de Alonso apresentou problemas. Dessa vez sem maiores tribulações com SC entrando na hora errada, Hamilton superou seu companheiro de equipe sem maiores problemas, mesmo que essa tenha sido a primeira derrota de Russell dentro do seio da Mercedes em sete corridas. Russell fez outra corrida boa, sólida e sem maiores dramas, aumentando sua incrível sequência de top-5 na F1. A Mercedes se consolida cada vez mais como a terceira força da F1 e com um carro menos ‘quicante’, seus pilotos agradecem. Mesmo atrás de Russell no campeonato, Hamilton foi bafejado com azares nesse ano que encobre um pouco essa distância. Se a Mercedes ainda será capaz de vencer em 2022, isso é outra história.

Alonso mostrou sua velha magia no sábado, mas apesar de ter ficado boa parte da primeira metade da corrida entre os três primeiros, o espanhol sofreu com problemas de motor que o fez sair da briga com a dupla da Mercedes. Somado a isso, a Alpine ainda demorou demais para trazer Alonso para fazer sua parada, fazendo Fernando perder muito tempo e ficar atrás até mesmo de Esteban Ocon, além de ficar na alça de mira de Valtteri Bottas. Com o motor Renault meia boca, Alonso acabou exagerando na defesa de posição e acabou punido em 5s, caindo para nono. Bottas não teve o final de semana dos sonhos, mas se recuperou um pouco na corrida e usando a estratégia, ficou à frente de Zhou, estabelecendo a hierarquia dentro da Alfa Romeo, que saiu feliz com seus dois pilotos pontuando.

Fazendo as honras da casa, Lance Stroll fechou a zona de pontuação com um décimo lugar, numa estratégia de uma parada que acabou se pagando, com o canadense tendo os pneus médios novos contra vários pilotos que tinham pneus duros novos à sua frente. A Haas estava bem feliz com seus dois pilotos na terceira fila no grid, mas com o sol aparecendo no domingo, Günther Steiner teve outra corrida a lamentar com Mick Schumacher abandonando com problemas mecânicos e Kevin Magnussen terminando em último dentre os que chegaram. Num raro final de semana em que Ricciardo andou na frente de Norris, a McLaren saiu de mãos abanando do Canadá, sendo que a primeira parada de Lando lembrou a famosa parada de Eddie Irvine em Nürburgring/1999.

Falando um pouco de MotoGP, Fabio Quartararo está fazendo uma temporada impressionante com a Yamaha e assim como Max Verstappen, o jovem francês da Yamaha vai se consolidando como grande favorito ao bicampeonato, com outra vitória nesse domingo, dessa vez na Alemanha. Mesmo Fabio não tendo a melhor moto do pelotão. Nem mesmo a segunda…

A F1 vai se aproximando de sua metade com Max Verstappen se consolidando com o maior favorito ao título. A Red Bull ainda teve o susto com a quebra de Checo, mas parece ter tudo sob controle para possibilitar à Verstappen mais um título, além de se colocar cada vez mais no panteão dos grandes da F1.

Abraços!

João Carlos Viana

JC Viana
JC Viana
Engenheiro Mecânico, vê corridas desde que se entende por gente. Escreve sobre F1 no tempo livre e torce pelo Ceará Sporting Club em tempo integral.

1 Comments

  1. Fernando marques disse:

    JC,
    . realmente o BI já está a caminho do Verstappen.
    Quanto a moto gp, Quartararo está se aproveitando das irregularidades de Bagnaia, que tem minha torcida . .. ainda

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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