Hill, Villeneuve, Rosberg. Três familias, uma sina: correr na F1 e vencer. Nestes clãs histórias diferentes conduzem a um mesmo destino, cujo objetivo final é o título Mundial de pilotos.
Para os Hill – Graham e Damon–, a deusa da fortuna sorriu três vezes, com o patriarca campeão das temporadas de 1962 e 1968 e o filho nº 1 em 1996. A bem da verdade, Damon poderia ter igualado o pai se não fosse aquela vigaristada escandalosa de Michael Schumacher em Adelaide, o GP final de 1994, onde o alemão simplesmente abalroou Damon. Ambos abandonaram e Schummy foi campeão pela primeira vez na carreira com um pontículo à frente do inglês, que teve que esperar mais dois anos (foi duas vezes vice consecutivamente, sempre atrás de Schumacher) para virar campeão.
Já na casa Villeneuve o pai Gilles não conseguiu alcançar a meta do título, arrebentando-se num treino qualificatório em Zolder em 1982 e indo visitar o Pai Eterno aos 32 anos, com um vice-campeonato no bolso (1979), seis vitórias e uma fama de piloto espetacular que lhe valeu – e ainda vale – uma legião de fãs. Seu filhote Jacques tinha 11 aninhos quando Gilles se foi, e em 1997, no seu segundo ano na F1, alcançou o que seu pai não conseguiu: foi campeão. Havia sido vice no ano de estréia, vindo da Indy na qual faturou um título também. Depois dessas glórias, Jacques não colheu mais nada, mesmo ficando muitos anos mais na F1.
A família Rosberg, como os Villeneuve, detém apenas um campeonato, o de 1982 conquistado por papai Keke. Aliás, título que Rosberg pai faturou na marra, vencendo apenas um GP e tornando a consistência a principal ferramenta para ser o campeão, uma ironia se pensarmos que Keke se fez conhecer por um estilo de pilotagem exuberante, na base do “ganha ou quebra”. Abandonou a F1 em 1986, cansado de apanhar de Prost, seu colega de McLaren e, dizem, triste pela morte de seu amigo Elio de Angelis. O filho Nico, o mais recente vencedor da F1, nasceu quando o pai já havia pendurado o capacete no gancho. Teve sua carreira muito bem guiada por Keke, que antes de colocar Nico nas melhores equipes da F1 havia empresariado outros bons pilotos como JJ Letho e Mika Hakinen.
Estas três histórias familiares tem pontos interessantes a serem destacados: tanto o clã Hill quanto o clã Villeneuve já encerrou suas atividades e assim o que está “escrito” é definitivo, e possivelmente 100% das pessoas vê Graham Hill e Gilles Villeneuve como tremendamente superiores a seus filhos o que, em parte, é questionável.
É fato que Graham venceu dois títulos mundiais enquanto Damon apenas um, porém é curioso verificar que mesmo competindo em menos Grande Prêmios que seu pai, 122 contra 176, Damon venceu 22 GPs enquanto Graham “apenas” 14. E nas restantes estatísticas que contam, o pouco carismático filho foi melhor também, marcando mais poles (20 a 13), mais voltas rápidas (19 a 10) e conseguindo subir mais vezes ao pódio (42 a 36). Como se vê, se Damon não tivesse aquele alemão safado pela frente em Adelaide, seria, ao menos na estatística da F1, “maior” que o lendário ‘Mister Mônaco’, Graham Hill.
Jacques Villeneuve se comparado ao pai Gilles também fez bem mais, além de ganhar o título. Venceu mais (11 a 6), subiu mais no pódio (23 a 12), fez mais poles (13 a 2) e marcou mais voltas rápidas (9 a 8). Para tal teve 165 grande prêmios a disposição enquanto papi Gilles largou em apenas 68 deles. Mas o lendário quem é? Gilles ou Jacques? Fácil responder, não?
A história que ainda está sendo escrita, a dos Rosberg, revela que o bem alimentado de proteínas, com DNA “do bom” e cheio de conselhos Nico vem fazendo uma carreira talvez não tão arrebatadora como a de Keke mas que pode ter um ponto em comum: a primeira vitória de Keke veio justamente em um ano onde nenhum piloto venceu mais do que duas corridas, ano equilibrado e “marrento”, parecido com esse início de 2012.
No distante ano de seu título o finlandês Keke se sobrepôs ao resto dos concorrentes às voltas com motores turbo manhosos, quebradores, ou vítimas de acidentes, caso do vice e favorito do ano, Didier Pironi, que se acidentou cinco corridas antes do final, deixando-lhe o caminho livre.
Comparações entre pais e filhos, entre pilotos de épocas diferentes, são difíceis. Graham e Damon, Gilles e Jacques, Keke e Nico tem em comum o sangue e a glória de ter vencido na F1. Coisa rara e que certamente é motivo de grande orgulho para estas famílias na qual o bola de vez, Nico, é o homem a ser seguido.
11 Comments
Penso eu que a manobra do Prost foi apenas um incidente de corrida. A do Senna, não foi meramente descontar sobre o Prost, e SIM, contra o sistema da F1. E ele tinha cacife para fazê-lo. Já o Schumacher foi meramente desonesto : só pensou no Titulo. Só um detalhe : eram três pilotos que não admitiam perder. Extremamente competitivos, sendo que cada um tinha sua característica.
Sim, o Fantástico Graham Hill foi ( até onde sei ) o único a vencer a F1, a LeMans e a 500 Milhas de Indianópolis. Além de relatos que dão conta de sua grandiosidade como pessoa fora das pistas. Que o diga o Emerson Fittipaldi. Para mim, um MITO do esporte.
Gilles Villeneuve foi um dos pilotos que mais me impressionaram durante os anos que acompanho a F1…e olha que isso começou em 1978. Dizem que para o Comendador também … e olha que ele teve em sua equipe, nomes como Fangio, Lauda, Surtees …
Apenas quanto a Hill: Sua inexperiência foi que lhe “bateu” em 94. Tivesse um pouquinho de paciência, teria aguardado Schumacher voltar pra pista e, na sequência, tentado uma ultrapassagem – o que nem seria preciso. O título seria dele.
Não concordo quando alguém fala quando comprar a manobra do Dick Vigarista Schumacher em 1994 com a do Senna em 1990, já que a única coisa que ambas as manobras possuem em comum é o fato de o carro ter sido usado pra tirar o adversário da pista.
O Schumacher saiu da pista em uma barbeirada horrorosa e estragou seu carro, o que lhe comprometia a corrida e dava o campeonato de bandeja pro inglês, foi então que ele, deliberadamente, esperou o Hill se aproximar e jogou sua Benetton sobre a Williams quebrando sua suspensão e tirando também o adversário da corrida e da briga pelo título, coisa que ele também tentou fazer com o Villeneuve no ano seguinte (se não estou enganado).
Já o Senna, por sua vez, tinha perfeitas condições de lutar na pista contra o Prost, tendo, inclusive, um carro considerado superior, e não “jogou” literalmente o carro sobre a Ferrari do francês mas “deixou bater”.
Tudo bem, a manobra do Senna também não é o que se espera de um grande campeão, mas foi um resposta a uma das maiores roubalheiras que a F1 já viu até hoje, mas o que dizer do Dick Vigarista, que naquele ano já havia sigo pego (junto com o Briattore) adulterando a máquina de reabastecimento pra fazer pit-stops mais rápidos?
Abraços a todos.
Ricardo,
nem Prost, nem Senna e nem Schumacher foram santos naquelas manobras … todas foram eticamente imorais e feriram o espirito esportivo … e no caso do Senna tem mais um agravante pois os fins não justificam os meios …
Fernando Marques
Niterói RJ
Eu já acho que, se não justificável, a manobra do Senna foi uma atenuante. A do Schumacher foi a pior, já que Hill nada tinha a ver com as punições que o Sapateiro sofreu.
É uma das primeiras vezes que leio algo nesse tom sobre a manobra de Schumacher para cima de Hill na última etapa da temporada de 1994. Muito lúcido, Roberto.
Normalmente, os especialistas em F1 aproveitam para escrever que Senna fez igual em Suzuka 1990. Sempre achei essa comparação meio ridícula. Não assisti ao GP da Austrália de 94; mas lembro bem dos palavrões que meu falecido avô usou para descrever a cena para mim, naquele domingo de manhã, durante o café.
De resto, acho que um bom futuro espera pelo Rosberguinho. Se bem que, ao contrário do primeiro campeão alemão de F1, ele terá formidáveis adversários nos próximos anos: Hamilton, Alonso, Button, Vettel…
O primeiro vigarista da Formula 1 que eu presenciei foi o Prost. Depois o Senna que revidou e por fim o Alemão que jogou muito sujo tambem contra HIll. E que quiz fazer o mesmo com Jacques Villenueve e se deu mal …
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Juliano,
o que o Roberto Agresti tem de bacana mesmo é o seu Puma …
Fernando Marques
Niterói RJ
Olá Amigos do GPTotal!
Sempre bom de ler as colunas do Agresti!
Uma pena que na família Piquet, essa história não se repetiu, pois o único feito que Piquet Jr conseguiu, foi um 2° lugar no GP da Alemanha de 2008, ultimo ano em que dois brasileiros subiram juntos ao pódio, pois Massa foi o 3°.
Não sabia desta história que um dos grandes motivos que levou Keke Keijo abandonar a F1, tenha sido a morte trágica do Élio de Angelis, e também não sabia que eles eram amigos próximos.
Você está certo Fernando, Graham Hill é o único neste planeta a ter conquistado a triplice coroa do automobilismo mundial!
Abraço a todos!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Sendo assim o Damon Hill fica longe dos feitos do seu pai apesar dos bons numeros na Formula 1 …
Fernando Marques
Niterói RJ
Discordo. Tanto bateram no Hill, mas ele evoluiu de tal forma na pilotagem que não só deu a primeira vitória para a Jordan como também HUMILHOU todo o grid (Schumacher + Ferrari inclusos, fora as Williams-Renault) na Hungria 97. Foi uma das pilotagens mais espetaculares (em termos de eficiência e aproveitamento) que já vi – e olha que tenho F1 na veia desde 1981…
Graham Hill venceu as 500 milhas de Indianapolis e as 24 horas de Le Mans …
Estou certo ou errado?
Fernando MArques
Niterói -RJ