Serenidade – Leia a coluna, veja o video

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Olá amigos

junto da coluna que traz a cobertura do GP, estamos linkando nosso video nos quais os gepetos comentam a corrida. Clique, curta, comente. Ficaremos felizes também se “assinarem” o canal que, como o site, é para vocês, leitores. 

Muitos pilotos transmitem sua personalidade fora das pistas para dentro delas. Não faltam exemplos na história do automobilismo. Fangio, Mansell, Prost, Schumacher. Essas lendas são apenas alguns desses exemplos. Oscar Piastri ainda está muito longe desses monstros sagrados citados, mas o australiano vem mostrando que sua serenidade fora das pistas transborda num comportamento similar dentro das pistas.

A vitória de Piastri em Baku foi cirúrgica e seu sorriso contido no pódio reflete o que vimos dentro da pista. Piastri superou um atarantado Charles Leclerc e mesmo o monegasco sendo um especialista da pista azeri, Oscar segurou os ataques de Leclerc para vencer pela segunda vez na temporada, dificultando a missão da McLaren em favorecer Lando Norris nesse final de campeonato, mesmo com a vantagem de Max Verstappen derretendo aos poucos, enquanto que a vantagem da Red bull no Mundial de Construtores foi para o espaço.

A semana começou com o segredo mais mal guardado da F1 atual desnudado. O renomado e multi-campeão Adrian Newey revelou que se mudará para a Aston Martin a partir de 2025, após quase vinte anos na Red Bull e inúmeros sucessos na equipe austríaca, repetindo o que já havia feito na Williams e McLaren. Ao anunciar sua saída da Red Bull no primeiro semestre desse ano, Newey teve seu nome ligado à Ferrari, mas o negócio não saiu, muito por Newey não querer morar na Itália, além de outros pormenores.

A chegada de Newey na Aston Martin mostra o tamanho da ambição de Lawrence Stroll, que comprou uma montadora renomada, uma equipe de F1 falida e construiu uma estrutura gigante em torno da Aston Martin. Tudo isso na tentativa, muito provavelmente infrutífera, de tornar seu filho Lance campeão do mundo. Mesmo tendo investido centenas de milhões de dólares, além da presença de Honda e Aramco no time, o fato de ter na equipe Lance Stroll dá um quê de time familiar à Aston Martin, pois o jovem canadense já deu inúmeros indícios de que nunca será de fato respeitado na F1. A genialidade de Newey poderá dar um bom carro à Lance, mas será que ele terá condições de usufruir do brinquedo novo? E Alonso terá tempo para se aproveitar de todo o potencial de Newey no time esmeraldino?

Com a McLaren em ótima fase, enquanto a Red Bull está claramente com problemas, Lando Norris teve a notícia nessa semana que a equipe jogará os famigerados ‘Papaya Rules’ pela janela e correrá pelo inglês, na sua luta pelo título com Verstappen. Porém, a resposta de Norris foi um erro durante o Q1, após ter visto uma bandeira amarela, fazendo Lando sair apenas em 15º no grid.

Certamente não era essa a resposta que Zak Brown e Andrea Stella esperava de Norris nesse momento. Ainda mais com Oscar Piastri na primeira fila.

Pela quarta vez consecutiva, Charles Leclerc largava na pole em Baku, continuando o embalo da emblemática vitória em Monza na quinzena passada. Com sol forte e o Mar Cáspio trazendo uma paisagem deslumbrante para o circuito citadino azeri, as equipes temiam pelo desgaste de pneus, algo que vem assombrando a todos nas últimas corridas e que vem se provando exagerado. Praticamente todos os pilotos largaram com pneus médios e havia a expectativa de muitos pilotos indo para duas paradas, mas vide o que se passou em Monza, também se pensava numa única parada, com os pilotos cuidando de suas respectivas borrachas.

Mesmo com a pista bem suja no lado par, Pérez e Verstappen saíram muito bem e ganharam posições de Sainz e Russell, respectivamente, enquanto Leclerc mantinha a ponta com facilidade, seguido por Piastri. Largando em 15º, se aproveitando da troca de componente de motor de Hamilton que fizeram o inglês largar dos boxes, Lando Norris executou uma largada cautelosa, mas se serve de consolo, pelo menos ele ganhou posições dessa vez. Um toque entre Tsunoda e Stroll na primeira volta atrasou um pouco o avanço de Norris, mas quando teve pista livre, Lando ia ultrapassando os pilotos do pelotão intermediário, enquanto resguardava seus pneus duros. A corrida ficou estática, mesmo que com os primeiros colocados muito próximos um dos outros.

Antes da primeira parada dos líderes, Leclerc chegou a quebrar a barreira do DRS e abria de Piastri, quando o australiano seguiu boa parte dos pilotos e entrou nos pits para colocar pneus duros. Parecia uma parada precoce para todos, mas com o desgaste se mostrando mais baixo, boa parte do pelotão não pararia mais. Leclerc demorou um pouco para reagir à parada de Piastri, mas retornou ainda na frente do australiano e com Oscar claramente mais próximo. Checo Pérez fazia sua melhor corrida em meses e se aproximava dos líderes, enquanto Max Verstappen fazia uma corrida miserável. Na volta 19, Piastri estava no vácuo de Leclerc e com o DRS aberto. Algo que já tinha acontecido antes. Porém, Piastri colocou por dentro, freou no limite e efetuou a ultrapassagem sobre um surpreso Leclerc, que pareceu sem reação com a manobra do piloto da McLaren. O que Leclerc pensava no momento que deixou a porta escancarada para Piastri, ainda é um mistério.

Ainda haviam 32 voltas pela frente e não havia certeza de que todos ali iriam até o fim da corrida. Logo se formou um trio com Piastri, Leclerc e Pérez andando muito próximos. Albon e Norris postergaram suas paradas ao máximo, mas mantinham um ritmo decente e seguravam pilotos que já haviam parado. Norris lutava com Albon, enquanto segurava Verstappen num dia absurdamente ruim do neerlandês. Quando fez sua parada, Max estava colado em Sainz, que ultrapassou Albon e Norris, mesmo com dificuldades. Porém, Verstappen não teve força para atacar Norris e Sainz foi embora, terminando qualquer chance de ordem de equipe, algo que Christian Horner já havia anunciado que faria no sábado.

Piastri fazia em várias oportunidades o que Leclerc não fez. Não faltaram momentos em que Leclerc entrava na longa reta dos boxes embaixo de Piastri, mas o australiano fechava o lado de dentro, enquanto Pérez assistia a tudo, conservando os seus pneus. Nas voltas finais, quando ficou claro que ninguém mais pararia uma segunda vez, os pneus traseiros de Leclerc sentiram o baque de tanto tempo andando no ar sujo de Piastri e o ferrarista perdeu rendimento. Pérez partiu para cima, mas Sainz já havia tirado os 11s que o separavam dos líderes e estava na briga pelo pódio. Alerta, depois da bobeira no primeiro terço de prova, Leclerc se defendeu de Pérez numa manobra no limite, quase se tocando com o mexicano, que ao recuar, permitiu a ultrapassagem de Sainz. Quando tentou o troco, Pérez bateu em Sainz num acidente forte na penúltima volta que definiu a corrida. Uma disputa de corrida polêmica, pois se quem bate por trás tem culpa (Pérez), também ficou claro que Sainz se moveu quando ainda não tinha o carro inteiro à frente do mexicano e o toque foi inevitável. Uma pena para Pérez, que fazia sua melhor corrida em meses e estava salvando a honra da Red Bull. Com tudo isso, Piastri garantiu sua segunda vitória no ano.

Por mais que o seu segundo lugar tenha sido salvo pelo melê entre Sainz e Pérez, Leclerc saiu do carro da Ferrari com cara de velório e não era para menos. Mais uma vez Leclerc não confirma uma pole e dessa vez o monegasco não poderá culpar sua equipe por algum erro estratégico. A ultrapassagem que Leclerc tomou foi daquelas que um verdadeiro campeão mundial não toma e por mais que seja rápido e talentoso, Charles deixa passar várias oportunidades em sua carreira, lembrando que em 2025 ele receberá na Ferrari um multi-campeão.

Com a confusão entre Pérez e Sainz, George Russell levou à Mercedes ao pódio, mas como o próprio inglês falou na entrevista pré-pódio, em condições normais ele chegaria em sexto. Russell conseguiu ultrapassar Verstappen quando o piloto da Red Bull ficou empacado atrás de Norris e depois fez uma corrida discreta, mas que foi recompensada por um pódio inesperado. Ainda assim, George foi bem melhor do que Hamilton. O inglês fez uma corrida medíocre largando dos boxes, onde só reclamou do carro e dos pneus, só marcando pontos pelo acidente na penúltima volta.

Norris levou seus pneus duros até onde deu, mas quando Albon parou à sua frente, o inglês pôde aumentar o ritmo e não apenas sair dos boxes na frente do piloto da Williams, como também na frente de Alonso. Com pista livre e pneus médios novos, Norris voou na pista e ultrapassou Verstappen com imensa facilidade. Sem ter o que fazer, Max ainda foi aos pits colocar pneus macios para tirar o ponto da melhor volta de Norris, mas o VSC estragou os planos do neerlandês. Mesmo tirando poucos pontos de Verstappen, ter largado nove posições atrás de Max e ainda chegar na frente pode ter sido um golpe duro em cima do atual tricampeão, além de elevar a moral de Norris, que terminou em quarto, contudo, ele terá que lidar com um companheiro de equipe numa fase esplendorosa.

No pelotão intermediário, Alonso foi o melhor do resto numa corrida incógnita, mas o espanhol não foi o melhor piloto da segunda parte da F1. A Williams colocou seus dois pilotos em estratégias diferentes, com Colapinto saindo com médios e Albon com os duros. O argentino parou junto aos demais pilotos e estava na briga pelos pontos, enquanto Albon ocupou por muito tempo o quinto lugar, só parando no final. Se não teve condições de segurar Norris quando este teve pista livre, Albon partiu para cima dos pilotos do pelotão intermediário, fazendo várias ultrapassagens e chegando bastante próximo de Alonso, só não o ultrapassando pelo acidente na penúltima volta. Uma bela corrida de Albon, que lhe deu um bom sétimo lugar, com Calapinto logo atrás. O argentino fez nas duas últimas corridas do que Sargeant não fez em um ano e meio de F1. Se Logan Sargeant foi uma escolha errada, Colapinto vem se mostrando uma tacada certeira de James Vowles.

Outra escolha correta é Oliver Bearman. Já confirmado como piloto da Haas em 2025, o inglês substituiu muito bem o punido Kevin Magnussen e superou Hulkenberg na classificação e na corrida, marcando o último pontinho da corrida e entrando na história, se tornando o único piloto a marcar pontos nas duas primeiras corridas na carreira da F1 em duas equipes diferentes. O toque na primeira volta estragou as corridas de Tsunoda e Stroll, que abandonaram quando estavam sem ritmo. Ricciardo fez outra corrida para esquecer, o mesmo acontecendo com a Alpine e Sauber. Bottas foi o último da corrida de hoje e com Gabriel Bortoleto na liderança do campeonato da F2, fica cada vez mais difícil não escolher o brasileiro para a vaga na Sauber em 2025, mesmo o carro sendo muito ruim no momento.

Na Indy, Alex Palou garantiu o campeonato de 2024 na última corrida em Nashville, num anticlímax por causa de uma causa prosaica. O único piloto que poderia tirar o título de Palou após a largada, Will Power, teve que ir aos pits no começo da prova por causa de um problema… no cinto de segurança! Perdendo cinco voltas, o resto da corrida se tornou protocolar para Palou, que mesmo em 11º na bandeirada, garantiu o tricampeonato em quatro anos pela Ganassi.

Com 27 anos de idade, Palou ainda tem muita lenha para queimar e quando ele olha que disputou o título com Power (43 anos) e vê Dixon (44 anos) ainda competitivo, não seria exagero dizer que Palou ainda tem bons quinze anos competitivos pela frente. E com totais chances de quebrar mais recordes.

E a F1 2024 entregou outra corrida para ficar na memória. Piastri foi cirúrgico tanto na corrida, como na ultrapassagem vencedora sobre Leclerc e já vai conseguindo mostrar sua marca na F1, com uma pilotagem fria, como a própria personalidade do australiano, que parecia bastante sereno no pódio.

Maior pontuador nas últimas sete provas do campeonato, Piastri mostra que poderá ser o piloto do futuro da McLaren, que com os resultados de hoje superou a Red Bull no Mundial de Construtores e até o final do certame lutará para garantir também que seu piloto do presente, Lando Norris, vença o Mundial de Pilotos, mesmo com poucos pontos debitados hoje. Um campeonato que vai se mostrando imprevisível e cada vez melhor de se acompanhar.

Abraços!

João Carlos Viana

JC Viana
JC Viana
Engenheiro Mecânico, vê corridas desde que se entende por gente. Escreve sobre F1 no tempo livre e torce pelo Ceará Sporting Club em tempo integral.

3 Comments

  1. Rafael Friedrich Rudolf Brandão Manz disse:

    Norris não contava com esta. Ajudou a desenvolver o carro e chega o osso duro. Espero que a Mclaren continue como sempre foi. Um verdadeiro campeão não obedeceria a ordem de devolver a posição , acho que Piastri não obedeceria. Bom final de semana a todos.

  2. Fernando Marques disse:

    Mais uma coisa

    muito bom o vídeo tbm

    Fernando marques

  3. Fernando Marques disse:

    J.C. Viana,

    não sei por que cismei que a corrida seria as 10 hs e quando dei conta do vacilo, botei na Band e só me permitiu ver as ultimas voltas do GP de Azerbaijão.
    Mas o resultado final dela me trouxe algumas certezas;

    1) Oscar Priasti não vejo como futuro e sim presente. É mais piloto que o Norris (que é muito bom tbm)
    2) Lando Norris está cometendo erros que não deveria cometer. Me valendo apenas do GP de Monza e do Azerbaijão e pelo atual momento da RBR, ele deixou escapar duas excelentes chances de diminuir bem mais a diferença que Verstappen tem em relação ao campeonato.
    3) Olhando a tabela do campeonato Verstappen com 313 pts, Norris com 254 pts, Le Clerck com 235 pts e Piastri com 222 pts vou discordar do Lucas em relação ao Piastri que a meu ver pode até entrar na briga pelo titulo tbm. Por que digo isso. Se não haver mudanças em relação Mclaren 1ª força, Ferrari 2ª força e RBR e Mercedes brigando para ser a 3ª força, entendo que Verstappen daqui pra frente vai correr para chegar ao menos 5º lugar (nem na frente do Russel ele conseguiu ficar na pista) e aí vendo que a diferença do Piastri para Norris é bem menor se comparado a de Norris para Verstappen, e vendo que o Piastri é o piloto que vem mais pontuando nas ultimas 7 corridas … por que não do Piastri de repente entrar na briga pelo titulo na reta final do campeonato. Carro pra isso ele tem. Pra Mclaren dinheiro bom é ser campeã entre os construtores (espero que regra do Mamão Papaia continue valendo) e somando isso aos vacilos do Norris penso até que o Le Clerck pode sonhar com titulo esse ano. Vejo a diferença de Verstappen só diminuir daqui pra frente em relação ao Norris, Le clerck e Piatri.
    4) O que pode ajudar ao Vertappen no campeonato é exatamente a disputa entre os que estão atrás dele no campeonato. Só isso. Temos ainda 7 corridas pela frente. Se algum deles (Norris, Leclerk e Piastri) vencer corridas seguidas como Vertappen fez na primeira parte do campeonato, sei não , Verstpappen não vai ganhar o titulo este ano. Se isso não acontecer vai ficar mais tranquilo para o Holandes ir gastando suas gorduras chegando sempre em 5º nas corridas. Obvio que a situação do Norris é a melhor nesse sentido, mas repito Piastri pelo piloto que é não merece ter a regra do mamão papaia ser quebrado.

    Se o GP de Monza vc resumiu como o nó tático de Leclerck /Ferrari sobre Piastri/Mclaren, o GP de Azerbaijão valeu pelo troco bem dado pelo Piastri em cima do Leclerck. Pode-se traduzir este GP como a virada do ano até agora.

    Não podemos esquecer que corridas são sempre corridas . Vide o que aconteceu entre Sainz e Peres

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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