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Não se surpreendam se a Ferrari dispensar Alonso após Monza e em seu lugar assumir Pedro De La Rosa...

Antes de falar do mercado de pilotos, vamos ver se ainda falta falar alguma coisa sobre Spa? As RB9 alinharam com configuração para clean air, ou seja, ninguém na frente. Como costumam passar longe de ser as mais rápidas nas retas, Adrian radicalizou. Por isso Seb tratou de matar Lewis logo no início, economizando seu Kers logo após a largada para passar por ele na primeira reta possível. Se não fizesse isso, talvez terminasse como Webber, que mais uma vez ficou para trás na largada e, como não teve “ar limpo” na primeira volta…

Foi Alonso quem fez uma corrida espetacular ou a Ferrari que melhorou um montão? Meu amigo Gigante diz que ele também economizou o Kers logo depois da largada para usá-lo com força total mais à frente. Parece-me evidente que os aerodinamicistas da Ferrari, com Allison ou não, com túnel defeituoso ou não, conseguiram reencontrar o fio da meada perdido a partir do Canadá.

Massa confirmou isso, dizendo que seu carro merecia mais que o 7º lugar e andando forte no último stint. Então o problema dos carros de Maranello continua sendo a classificação? Não dá para dizer ainda, acho.

Com chuva, em Spa, ficar na pista para dar mais voltas de classificação vale mais a pena do que entrar no box e aguardar possível melhora. Q3 dura 10 minutos e uma volta na pista, sob essas condições, custa em torno de 2 minutos. Portanto a perda de tempo gerada por carregar combustível a mais não é tão relevante assim, principalmente se a chuva diminuir, como ocorreu no fim deste último Q3 no esplendido circuito da Ardenas.

Quando entraram para por os intermediários, Vettel, Hamilton e Webber tinham autonomia para 3 voltas. Alonso, Rosberg, Button, Kimi e Grosjean para duas. Massa, para uma volta. Alonso desperdiçou sua segunda chance com uma rodada (ele também comete erros) e Massa ficou vendido.

As comparações sobre a competência/eficiência de um e outro muitas vezes são superficiais ou é impressão minha? Portanto quase tudo se definiu no Q3, na largada e na primeira volta, ainda que tenham ocorrido boas ultrapassagens, principalmente a cargo de Kimi, enquanto teve freio.

Segundo entendi, foi uma viseira que tapou uma das  entradas de refrigeração do freio. Pena, pois a estrela de Kimi brilha cada vez mais intensamente, aos meus olhos pelo menos.

Vamos combinar que os melhores pilotos do grid são, não importa a ordem, Vettel, Alonso, Hamilton e Raikkonen? De acordo? Estamos também de acordo que o piloto da turma que vem logo atrás que mais evoluiu foi o Rosberg? Ele certamente soube aproveitar a companhia de Michael e agora a de Lewis para se aprimorar.

Nessa linha de raciocínio, quem tem a melhor dupla de pilotos entre os big guns é a Mercedes. Como já vaticinei várias vezes aqui, é uma questão de tempo essa equipe se tornar campeã, pela tradição de competência/eficiência.

Se você está na pele do Horner e/ou do Marko, tendo um lugar vago para o ano que vem, sem ter a certeza de que o Newey conseguirá novamente dar o pulo do gato partindo do zero como todo mundo, vai arriscar perder o titulo dos construtores, que paga regiamente a equipe, com uma dupla capenga? Não é melhor ir na certeza? Então observe a demora da RB em revelar o próximo companheiro de equipe de Seb.

Agora puxe pela memória e tente se lembrar da última vez em que viu o Alonso feliz, este ano. Mais que isso, lembre que em algumas corridas ele pareceu estar apenas cumprindo a tabela, nada a ver com o miura desta última corrida, por exemplo.

A imprensa italiana acha que ele esteve ensandecido. Muito modestamente acho que foi uma combinação do seu talento com sorte e a nítida melhora do equipamento. Nada de ensandecido, até pela sua frieza no pódio. Depois de também ter economizado o Kers logo no início e passado todo mundo menos o inalcançável Seb, só precisou manter a posição. Se o carro não tivesse evoluído, provavelmente teria sido superado pelo Hamilton, pelo menos.

Pois mestre Gigante observou tudo isso e sua intuição lhe diz que Alonso será o novo piloto da Red Bull. Acha que seu contrato, como é habitual, tem cláusulas de performance válidas para os dois lados e que ele deve ter como justificar que a Ferrari não lhe entregou um carro em condições de superar o conjunto Newey-Vettel-Red Bull.

E que deve estar desembarcando lá com o Santander junto, o que justificaria o não-acerto de grana entre a RB e o Kimi. Obvio que o salário pedido por este não seria nenhum problema para uma equipe tão rica. Então aceitar o Alonso a custo zero passa a ser um ótimo negócio e justifica porque pararam de ligar para o agente do Kimi.

Também passa a fazer sentido a Ferrari dizer que seu problema não são os pilotos, passar um pito público no cara que antes era o herói, faz sentido o agente de Kimi dizer que existem outras opções e não ser categoricamente desmentido pelos chefes da rossa etc… Também faz sentido Domenicali (re)afirmar que por ele Massa fica, como fez esta semana. Claro, se Alonso vai embora, Felipe será essencial para manter a referencia.

Também é bom lembrar que Felipe é o piloto mais compacto do grid atual, o mais leve de todos. Considerando que os carros do ano que vem serão igualmente mais leves, com motores menores e menos combustível, que ele está longe de ser um braço-duro e que é absolutamente fiel à equipe, é uma escolha lógica.

Aceitar de volta esse Kimi, que evidentemente aprendeu novos truques depois de ter andado em carros de rally, não é nenhuma vergonha.

Gigante vai mais longe, dizendo que não se surpreenderá se a Ferrari dispensar Alonso após Monza e em seu lugar assumir De La Rosa. Não tem sentido continuar trabalhando com alguém que vai levar infos preciosas para seu pior inimigo, uma vez que agora todo mundo vai ter que se dedicar aos carros de 2014.

Vai ser muito interessante o GP de Monza e o seu “day after”.

Carlos Chiesa
Carlos Chiesa
Publicitário, criou campanhas para VW, Ford e Fiat. Ganhou inúmeros prêmios nessa atividade, inclusive 2 Grand Prix. Acompanha F1 desde os primeiros sucessos do Emerson Fittipaldi.

14 Comments

  1. Carlos Chiesa disse:

    Obrigado, Moy. Acho que o Domenicali tem a confiança do Presidente. Certamente não é o chefe de equipe mais bem sucedido que a Ferrari já teve mas me parece claro que é um sujeito devotado ao time, diferentemente dos Todt, Brawn etc.. Obvio que com essa turma mais o Schumacher a Scuderia dominava. As pessoas vão embora, os tempos
    mudam e com isso se perdem fatores que levavam ao domínio. A meu ver, era o conjunto e não uma pessoa ou ou fato isolado que permitiu a Schumacher tantos recordes. Visível que Domenicali e Alonso ainda não conseguiram juntar todas as peças necessárias mas me parece, com todo respeito, um tanto fácil demais acusar Domenicali. A menos que você tenha informações de dentro, que eu desconheço.

    • Mário Salustiano disse:

      Carlos

      num ponto voce tem razão, quem já trabalhou em corporações grandes sabe que nem sempre vagas são frutos apenas de competência, tem muito jogo interno e muita politica em jogo, não que seja correto nem defendo isso, mas se Domenicali for protegido de Montezemolo podem esquecer que ele não sai de lá,me parece que cada vez mais Montezemolo dirige a Ferrari nos moldes do velho Enzo e depois da fase Todt voltou o velho espirito politiqueiro que os italianos adoram,
      abraços
      Mário

  2. Allan disse:

    Entre as especulações aventadas – onde indícios são válidos como suposições – apenas discordo da possibilidade em se dispensar Alonso “de plano”. F1 “não é para fracos”, e não é qualquer um que entra e manda bem ou ao menos cumpre tabela. Não acho de De La Rosa tenha ânimo para andar entre os 6 primeiros, quiçá superar Felipe. Isso significa pontos a menos nos Construtores, e muito menos grana… A Ferrari já perdeu para a Mercedes, e se o outro espanhol assumir, pode também acontecer para a Renault (ops! Lotus) e até McLaren…

    • Carlos Chiesa disse:

      Oh sim, mandar embora o Alonso agora significa renunciar a qualquer chance de campeonato. Mesmo De La Rosa sendo o campeão dos pilotos de simulador dificilmente
      conseguiria competir no mesmo nível do compatriota, e provavelmente nem mesmo no do Massa. Não é impossível mas é improvável. Também não acho que o problema da Ferrari é dinheiro, assim como a Red Bull. Por motivos diversos. Então abrir mão de tentar o vice do campeonato de construtores depois de Monza, dependendo do resultado, pode ser a melhor coisa a fazer, para poder alocar o máximo de recursos no desenvolvimento do carro do ano que vem.

    • Lucas disse:

      é, pelas notícias de hoje, não era nada disso… uma pena…

      Sobra, claro, a possibilidade (que eu já achava remota) de Kimi na Ferrari. O que francamente não me parece animador. Já é triste o suficiente ver um piloto como Alonso sendo desperdiçado na Ferrari, pior ainda seria ver *dois* gênios do esporte gastando seus anos numa equipe que há cinco temporadas relaxou no lado técnico.

      • Carlos Chiesa disse:

        Pois é, Lucas, acho que só faz sentido o Kimi na Ferrari no lugar do Alonso, penso que ele não tem mais tempo muito menos paciência para trabalhar para outro piloto ser campeão.

  3. Lucas disse:

    Outro ponto interessante é que ao contrário de Ferrari ou McLaren, a Red Bull não é um time que tem como atividade final o automobilismo – é uma plataforma utilizada por uma empresa cujo principal setor de atuação é outro para associar sua imagem ao sucesso. Red Bull injetou milhões no esporte – numa época em que parece difícil manter um time de Fórmula 1, ela simplesmente chegou e comprou *dois*, e de quebra ainda contratou o último gênio do design depois da aposentadoria de Byrne. Como diz um amigo meu, eles “já chegaram dando voadora com os dois pés”, e não é preciso nem dizer o quanto foram bem sucedidos nisso. O objetivo inicial de associar “Red Bull” a “vencedores” foi obtido com louvor.

    Mas eles precisavam também explorar a imagem “cool”, de time que deixa os próprios pilotos disputarem entre si, que estavam desafiando de forma heroica e ilibada o “establishment” do esporte, o que eles até conseguiam no começo, mas não mais depois de repetidas controvérsias envolvendo seus carros e um acúmulo de evidências de que há sim uma hierarquia entre os pilotos que em nada os difere da famigerada Ferrari. De ídolos “cool”, passaram a ser um time contra o qual muita gente tem antipatia. Se para um time como a Ferrari (que sempre teve atitudes impopulares) isso faz pouca ou nenhuma diferença, para um time em que a imagem é tudo como a Red Bull isso é motivo de forte preocupação.

    Isso tudo é pra falar que uma forma de tentar recuperar a simpatia do público seria sim colocar no mesmo carro o jovem que está quebrando todos os recordes de precocidade da categoria e o sujeito que quase todo mundo concorda que só não está acumulando títulos por estar há vários anos lidando com desvantagens de equipamento. Quem não era fã da Williams em 86/87, da McLaren em 88/89?

    Por conta disso, há mais um bom motivo para ser verdade a teoria do Gigante. A ver.

    • Carlos Chiesa disse:

      Bem colocado, Lucas, esse é um angulo também importante. Deixar Alonso competir diretamente com Seb, para o bem ou mal deste, provavelmente fará bem para a imagem da equipe, principalmente depois das críticas ainda veladas do Webber, que deverão se tornar mais claras assim que ele se liberar do contrato. Lembra do Multi21? Se vc estivesse no lugar do australiano, não estaria se segurando pra contar pra todo mundo os detalhes desse episódio?

  4. Arlindo Silva disse:

    O que está claro pra mim nesse momento é que está rolando uma senhora guerra nos bastidores da Ferrari, com Domenicalli no meio do fogo cruzado de Alonso x Montezemolo.

    Alonso está claramente insatisfeito com o carro e deixa isso claro publicamente, como que para justificar suas derrotas (alguém aqui lembrou de Senna ou Prost?), é ele quem dá suporte para a manutenção de Massa no time. Domenicalli quer manter Alonso e Massa no time, mas as críticas públicas do espanhol tem irritado Luca.

    Vejo que nesse cenário todo, quem está especulando a contratação de Kimi pela escuderia seria o próprio Domenicalli, não porque quer trazê-lo de volta, mas sim para esgotar as possibilidades de mercado (Hulkenberg por exemplo pode fechar com a Lotus) e assim manter Massa por mais um ano no time. O problema é que, como vejo, é Montezemolo quem quer a saída de Massa. Não tanto porque se cansou de Felipe ou coisa assim, mas somente para reafirmar seu comando na escuderia.

    Resumindo, a Ferrari está entrando novamente numa crise daquelas que só ela é capaz de entrar e parece ser incapaz de sair… Será que teremos nova fila, como ocorreu nos anos 1980 e 1990?

    Abraços
    Arlindo Silva

    • Carlos Chiesa disse:

      Penso que não, Arlindo. Domenicali não teria durado tanto tempo se não fosse um homem da confiança do Presidente. Uma hipótese que me parece plausível é a que
      Montezemolo não quer mais um chefe de equipe “profissional”, que não tenha ligação com a equipe. E Domenicali, assim como Massa, são inteiramente devotados à equipe, por isso sua longevidade. Duvido, e muito, que Domenicali iria fazer algo contrariando o chefe. A Ferrari pode substituir facilmente o Santander na asa traseira de seus carros, sendo a marca autombilística de maior prestígio no mundo, um mito, não faltarão patrocinadores. Também não fará mau negócio trazendo esse Kimi (muito melhor que o anterior) para competir por ela. Menos prima-donna, vai fazer o que sempre faz, um trabalho bem feito. Só vai reclamar de ter que dar entrevista. Massa, como disse, tem duas vantagens: 1. Mede 1,66, portanto é leve e se acomoda sem problemas em qualquer cockpit. É experiente, ainda é veloz. 2. É um funcionário da Ferrari. Como tal, passou a correr em função dos resultados do Fernando, ou seja, os interesses da equipe vem antes dos seus interesses (frase que consta no pito dirigido a Alonso, e recorrente nos discursos dos chefões de Maranello).

  5. Fernando MArques disse:

    Se a vidência do Mestre Gigante se profetizar vou pedir a ele umas dicas para jogar na mega sena … hehehehehe
    Na minha opinião nada muda desde que o Kimi fique na Lotus … se ele sair aí sim teremos uma grande dança de cadeiras na Formula 1. Acho que o Massa se aposenta também ao fim deste ano. Assim sendo tanto a RBR quanto a Ferrari apenas substituirão seus 2º pilotos para continuarem tendo escudeiros para o Vettel e o Alonso …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Carlos Chiesa disse:

      Penso que o Kimi só ficará na Lotus se não tiver mais nenhuma opção. É um time com grande risco de quebra (financeira) e perdeu a peça que – parece – mais fazia diferença depois do finlandes, James Allison. Sem este especialista em aerodinamica, sem dinheiro e com um regulamento zero km, a lógica indica que a Lotus estará largando atrás no ano que vem.

      • Carlos Chiesa disse:

        Ah, esquecia de dizer: a estratégia de ter um piloto nº 1 e a equipe concentrar seus melhores esforços neles foi praticamente condenada por Montezemolo em seu pito público. Para quem não leu, ele afirmou que desde que o Alonso desembarcou em Maranello a Ferrari atendeu a todas as suas vontades (incluindo um 2º piloto a seu serviço) e não obteve nenhum título. Me parece que o recado foi dado.

  6. Moy disse:

    Show de bola o texto e análise!
    Mas eu continuo achando e preferindo que tudo fique como está.
    Quero ver uma Lotus fortíssima e com o Kimi. Uma Red Bull com 2 pilotos jovens. Uma Mercedes crescendo cada vez mais.
    Seria interessante ver uma Ferrari fora das 3 grandes no próximo ano. Seria como um castigo ou lição pro Montezemolo, por ter mantido o Domenicalli por tanto tempo à frente.
    Mas nada do que é dito ou vazado na F1 deve ser levado em consideração.
    Quem viver, verão …

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