Triplo fim

Calma, Godofredo!
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Sensação de merecimento
22/11/2021
Qatar 2021

Faltam 3, somente 3, nada mais que 3 provas para o fim da espetacular temporada de 2021 da Fórmula 1. Apesar de longa, com 22 corridas, chegar nesse momento já começa a dar a ansiedade da saudade que esse campeonato vai deixar.

As 3 provas vão definir o campeão de 2021, o fim do #WeRaceAsOne e, possivelmente, das disputas nas pista por posição.

O que esse fim-de-semana no Qatar nos Reserva!?

O giro pelo Oriente Médio é uma tristeza esportivamente, porque sempre acaba em Abu Dhabi que é um cemitério de corridas. Absolutamente não há condições de pista para ter uma prova empolgante nesse traçado. A prova da Arabia Saudita, uma pista nova, nada demais nas simulações, tem cara de ser mais uma prova como a da Coreia do Sul, nada melhor que isso. E o Qatar, próxima prova, é uma incógnita maior ainda. Um circuito feito para MotoGP, que tem grandes chances de produzir uma corrida em fila indiana.

Do ponto de vista político, é a pá de cal no #WeRaceAsOne da F1. Um encerramento de campeonato emblemático pra Liberty Media.

Todo mundo surpreso com a potência do motor Mercedes novinho em folha colocado a disposição de Hamilton.

Os rivais reclamaram, tem algo estranho. Mas a verdade é dura. O que é estranho é um bando de dirigentes que aprovaram uma calendário de 22 provas onde só se pode ser utilizado 3 motores.

Daí vem a diferença de performance da Mercedes nessa prova: um motor que vai fazer 4 classificações e 4 provas. Os treinos livres 1 e 2 serão feitos com unidades velhas. O motor atual de Hamilton, vejam vocês, tem quem fazer a metade da quilometragem dos motores “dentro do regulamento”.

Não tem segredo. Motor que pode ser usado no seu limite, vai dar vantagem. Formula 1 deveria ser isso, equipamento no limite de performance.

Repito, para provas de resistência recomendo acompanhar o campeonato de…. Endurance, o WEC, da própria FIA. Inclusive, tem uma prova que o motor precisa ficar “ligado” por 24 horas seguidas.

O problema do encontro de Max e Hamilton que acabou na saída de pista de ambos é um só: incoerência da FIA, na pessoa de Massi.

Se é para deixá-los correr, não poderia culpar Hamilton pela batida de Silverstone, ou Lando Norris por espremer Perez na Áustria.

O problema é ter duas avaliações pra situações similares. Max claramente defendeu sua posição como qualquer piloto faria quando é ameaçado pelo lado de for a da curva. Fez a curva com menos ímpeto na busca pelo ápex, deixando o carro escorregar além do limite do traçado. Fez isso porque sabia que se Hamilton não reduzisse, o prejuízo seria exclusivamente do Hamilton. E fez certo. Pela segunda vez na prova, diga-se. Já havia feito o mesmo na largada pra cima de Bottas.

Mas não é possível, daqui pra frente, investigar e punir qualquer piloto que tenha a mesma atitude. Senão, vira bagunça.

Deixem correr, todos! Ou veremos o fim das competições de pista.

Isso vale pra Max e Horner. Dois ególatras mimados, que reclamam de qualquer um dos rivais que fazem atitudes similares.

Daqui pra frente, silêncio.

A diferença reduzida por Hamilton em sua prova sensacional no Brasil trouxe uma nova chama para a trinca final.

Do mesmo jeito que ela, essa chama, veio avassaladora no fim de semana passada, uma prova ruim de Hamilton pode ser irreversível para as pretensões ao título. A prova do Qatar mantem todo o time prateado no máximo de pressão, sem falhas possíveis, sem estratégias ineficientes.

Vale lembrar que Hamilton depende só dele pra ser campeão. 3 Vitórias e o octa estará garantido, independentemente dos resultados de seu concorrente direto.

Com esse cenário, também há pressão para Max. Por mais que ele não precise de conselhos de ninguém e esteja pronto para o título (na opinião dele), também não pode errar. Basta chegar à frente de seu adversário. Também o título só depende dele, com uma pressão a menos de não precisar vencer, mas a pressão está ali.

Fora essas especulações sobre pressão, quem tem vantagem, quem não tem, como cada um vai lidar, o que temos nessa trinca final do campeonato é uma disputa imperdível. O ano todo foi de construção de uma temporada sem precedentes nos últimos 10 anos da categoria. Vimos muitos campeonatos vencidos com recordes de antecipação, disputa limitadas a uma equipe e tensões efêmeras, sempre apaziguadas pela acachapante realidade de uma supremacia que era vigente em determinado ano.

Talvez, o maior mérito desse campeonato seja um erro de avaliação do público fiel da F1. O regulamento adiado para 2022 deu a falsa sensação que existiria em 2021 um campeonato igualzinho ao de 2020. Mesmos chassis, um detalhezinho alterado nos assoalhos dos carros, e pronto: tudo igual ao hepta de Hamilton! A avaliação foi falha, não se levou em conta o impacto do assoalho que era a peça fundamental da família Mercedes. Não considerou a antecipação do projeto da Honda, pra deixar seu motor novo pronto antes dele ser batizado como RBR. Só esses dois exemplos mudaram consideravelmente as forças nos campeonato. Hoje é absolutamente impossível prever quem vai ser melhor em uma pista baseado nas informações do ano passado, onde os carros eram “iguais”.

Grid fechado para 2022. Pode começar a choradeira sobre pilotos pagantes não-brasileiros (Brasil só chegou lá por talento puro, não é mesmo?)…

Recorde de audiência para a Band, retomada do público em interlagos e respeito. No Brasil de 2021, parece o máximo, mas é o básico. A Band trata o produto F1 com respeito que o fãs merecem. Sem cortar pódios, algumas boas matérias, gente capacitada nos autódromos para as reportagens. É uma equipe de profissionais que faz com qualidade o trabalho que lhes cabe.

Há diferenças de gosto e estilos? Claro que sim. Importante é só lembrar de manter o respeito ao profissional que está ali e não é à toa.

A abertura do “sinal” da F1 TV no brasil deu a oportunidade de acompanhar diferentes transmissões pelo mundo e é muito curioso acompanhar a abordagem da transmissão Inglesa em relação a brasileira. F1 no Brasil é torcida e emoção (para o locutor e comentaristas), com algumas boas doses de história trazidas por Reginaldo Leme (patrimônio do automobilismo nacional). Por conta dessa característica emocional, há um enfoque menor na técnica da F1, seja da pilotagem ou da engenharia dos times.

Dois momento chamam a atenção quando é possível ver a transmissão inglesa: uma volta lançada na classificação e a largada. Na largada, o narrador David Croft, descreve os fatos nos primeiros metros como um radialista. Você poderia “ver” a largada de olhos fechados. Fatos, em uma velocidade muito rápida, que obriga o locutor a “passar o microfone” para um colega fazer um comentário para retomar o folego. O segundo caso, é uma volta lançada, daquelas que o diretor de imagens deixa as câmeras seguirem o piloto na volta inteira na classificação. Enquanto ouvimos uma série de adjetivos sobre a corrida, campeonato, piloto, situação de pista, a transmissão inglesa traz um ex-f1 para comentar a volta, tecnicamente. Você consegue acompanhar as imagens e entender o que o piloto está fazendo de diferente pra seguir naquele ritmo.

Esportivamente é um final de semana maravilhoso. Nas mãos da FIA e dos pilotos o destino da F1. Tudo com contornos épicos de uma batalha entre um inédito campeão e o que mais vezes venceu na categoria. Um prato cheio para todos os fãs!

Façam suas apostas, e torçam para sairmos ainda acreditando em uma F1 incrível para o restante de 2021 e 2022!

Abraços
Flaviz Guerra

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

2 Comments

  1. Fernando marques disse:

    Hamilton octa … Recordes existem para serem batidos

    Fernando Marques

  2. Fernando marques disse:

    Flavis,

    Reginaldo patrimônio do automobilismo brasileiro … Concordo plenamente e assino embaixo

    Essa discussão pós GP do Brasil entre Verstappen e Hamilton tem nada a ver. É muito mimimi chato a beça

    Final realmente sensacional de uma temporada sensacional. Verstappen x Hamilton dependendo ambos só de si mas pistas para saber quem será o campeão de 2021. Que o título seja decidido nas pistas com jogo limpo.

    Minha aposta se chama Hamilton … Ao contrário de Felipe Massa, quero Hamilton octa a frente do Schumacher. Se esse for o destino, em 2022 torço pro genro do Nelson Piquet

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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