The Greatest 2

Leia a 1ª parte desta coluna: https://gptotal.com.br/the-greatest-1/

Agora temos Ayrton Senna, que entrou na Fórmula 1 quando tanto Piquet quanto Prost se encontravam em pleno auge, com Piquet sendo já bicampeão e Prost a ponto de sê-lo. Os títulos de Senna viriam em 1988, 1990 e 1991 e seu gráfico de vitórias e derrotas resulta também impressionante, pois além de ter estes dois colossos como rivais, havia outros concorrentes de autêntico luxo na categoria.

Como nos casos anteriores, as vitórias de Senna se produziram majoritariamente os citados e outros dois que também seriam campeões – Nigel Mansell e Damon Hill. Mansell, de fato, seria um duro rival tanto para Senna quanto para Piquet e Prost, e lendários foram seus frequentes enfrentamentos.

As vitórias de Senna contra Piquet, Prost, Mansell e Hill, no seu caso representam nada menos do que 73,1% delas, enquanto que das 22 vezes em que terminou em segundo lugar, em 20 foi atrás de Piquet, Prost ou Mansell. As outras duas (0,9%), foram atrás de Thierry Boutsen e de Gerhard Berger, ainda que a vitória do austríaco no GP do Japão de 1991 seria com licença do próprio Senna. No que se refere à sua percentagem de vitórias sobre GPs disputados, o brasileiro se situa em oitava posição, logo atrás do francês, com 25,3%.

Com a retirada de Piquet, Prost, Mansell e a trágica desaparição de Senna, a Fórmula 1 ficava “vazia” de estrelas e foi nesse contexto que surgiu nosso seguinte multi-campeão, Michael Schumacher.

O alemão se encontrou com um panorama bastante diáfano pela frente e suas vitórias e títulos chegariam sem demora. Assim e já em 1994, Schumacher se proclamaria campeão pela primeira vez, ainda que com muita controvérsia e suspeitas de dispor de um carro ilegal. Suspeitas que, ao longo dos anos, foram sendo confirmadas por diversas fontes. Em 1995 viria seu segundo título, após o qual o alemão se incorporaria à Ferrari, dando início ao sonho de Bernie Ecclestone de “criar” uma estrela germana que atraísse a audiência e empresas alemão à categoria.

Após uma profunda reestruturação na equipe italiana, Schumacher já disputaria o título em 1998, enquanto que em 1999, um acidente em Silverstone o deixaria fora do páreo. No entanto, a partir da temporada de 2000, veríamos uma sucessão de triunfos que se prolongaria até 2004, e que o levaria a conseguir cinco títulos consecutivos. Contudo, aqueles títulos tampouco estiveram isentos de polêmica, em ocasiões devido ao flagrante favoritismo de que desfrutava o alemão dentro da equipe e em outras aos contínuos câmbios no regulamento que sempre “castigavam” as outras equipes. Naqueles anos, a FIA chegou a ser popularmente conhecida como “Ferrari International Assistance”.

Uma vez mais, em azul aqui temos todas as vitórias de Schumacher, e em vermelho as suas derrotas:

O alemão obteria a vitória em 91 ocasiões, estabelecendo um recorde impensável até então. Contudo e por muito impressionante que esse recorde pudesse parecer, se vemos ante quem foram conseguidas essas vitórias, o número não impressiona tanto. Assim, nada menos do que 25,2% dessas vitórias foram conseguidas ante seu próprio companheiro de equipe, a quem sempre se lhe havia atribuído o papel de escudeiro (em alguma ocasião mais do que uma atribuição foi uma imposição, como na Áustria em 2002).

Concretamente, das 48 vitórias obtidas pelo alemão nessa sequência de cinco títulos, em 19 delas foi Rubens Barrichello quem estava às suas costas, o que representa 39,5%. Do resto de vitórias, aquelas obtidas ante campeões ou futuros campeões representam apenas 35,1%.

Quanto às derrotas, 17 das 43 seriam ante não campeões, resultando numa percentagem de 39,5%. Respeito à percentagem de vitórias sobre GPs disputados, seu registro é de 29,6%, o que lhe deixa no quinto lugar nesse ranking.

A última das etapas desse período de 40 anos é a atual e que teve seu início com a entrada na categoria de Lewis Hamilton e de Sebastian Vettel em 2007. O britânico logo postularia o título nessa mesma temporada, que lhe escaparia devido à luta interna que manteve com Fernando Alonso no seio da McLaren e que acabaria por facilitar as coisas a Kimi Raikkonen, da Ferrari. Porém, Lewis se consagraria campeão logo na seguinte temporada, num final agônico em Interlagos, para decepção de Felipe Massa que, durante uns segundos, teve o título nas mãos.

Após seis temporadas na McLaren, Hamilton deixaria a equipe e se incorporaria à Mercedes para a temporada de 2013, onde continua até hoje e com a qual já se proclamou outras seis vezes como campeão. Ao todo, Hamilton, assim como Schumacher, acumula sete títulos e no processo acabou batendo o recorde de vitórias do alemão, deixando-o em 96… por agora.

Contudo, as coisas ficariam muito mais fáceis para Lewis na equipe depois que Nico Rosberg, após derrotá-lo na luta pelo campeonato de 2016, anunciou que se retirava da competição. Desde então, Hamilton não teve rival em casa, pois Toto Wolff não quis que as disputas intestinas havidas antes entre seus pilotos se repetissem e o novo companheiro de Lewis, o finlandês Valtteri Bottas, é seu escudeiro desde então, seguindo o esquema da Ferrari dos tempos de Schumacher.

Este é o resumo de vitórias e derrotas de Hamilton:

Aqui os números de Hamilton também resultam menos impressionantes se consideramos que 19 de suas 96 vitórias foram ante Bottas – 18,7% – e se levamos em conta as vitórias desde que ambos são companheiros, a percentagem sobe a 42,2%. No que se refere às suas vitórias ante campeões, estas representam 48,9% do total (47 de 96) e as derrotas ante não campeões foram 13 entre 38 (34,2%). Finalmente, Hamilton ocupa o terceiro lugar no ranking da percentagem de vitórias sobre GPs disputados, com 35,9%.

Concluo em nosso próximo encontro

Manuel Blanco