Foram longos meses desde o encerramento da temporada de 2011. Não mais que 12 dias de testes na pré-temporada mais curta da história. Mais algumas voltinhas de filmagens em vídeos promocionais. Finalmente, todos os pacotes dos 24 carros serão abertos em Melbourne para o início de mais uma temporada do mundial de Formula 1.
A quantidade imensa de variáveis que encontraremos na abertura desses pacotes promete uma temporada, no mínimo, agitada. Não me lembro de algo tão nebuloso na história recente da categoria. Para nós, o cenário parece promissor: são 6 campeões mundiais na pista, um novo regulamento aerodinâmico, novos pneus em uma construção inédita e muito, mas muito, pouco tempo de pista para testar tudo.
E claro, os carros mais feios da história que já vimos nas pistas. Sem brincadeira, na apresentação da Ferrari esse ano acreditei que eles estavam, na verdade, fazendo o anúncio de um novo patrocínio com a Lego e mostravam um carro de exemplo.
A FIA transformou a pré-temporada num grande mistério. Tudo bem que não vivemos os tempos de bonança financeira que permitiam dias de testes ininterruptos. Ou até, como fazia a Ferrari, testes simultâneos em mais de uma pista. Mas partir desse ponto para somente 12 dias, pareceu um pouco radical. No fim dessa pré-temporada varias perguntas ficaram no ar. Quem teve sangue frio pra esconder o jogo e manter-se focado em seu programa de desenvolvimento? Desse grupo, como cada um gerenciou seus pilotos para não darem uma volta “de classificação” completa? Do outro lado, quem passou a forçar os limites do regulamento para aliviar as pressões pela construção de um carro lento? Todas essas perguntas ficaram sem resposta, até dentro do Paddock.
Button, por exemplo, acredita que a Ferrari está “escondendo” um carro rápido que nasceu de um conceito ousado. Na visão do inglês a Ferrari só está trabalhando para que seus concorrentes não tenham tempo de copiar a solução antes de ela própria garantir algumas vitórias. Difícil de acreditar a Ferrari fazer isso, os caras são ‘latinos’, emotivos, e não tem mais a frieza daquele comandante inglês de outros tempos vitoriosos para botar um plano desses em prática.
Vamos botar mais pimenta no molho. O novo regulamento aerodinâmico que acaba com os difusores soprados, tirou uma grande vantagem da Red Bull, mas vai permitir a todas um melhor desenvolvimento ao longo do ano. É simples, ninguém havia entendido (até mesmo a Red Bull) como simular com eficiência os efeitos dos difusores nas escalas dos modelos de túnel de vento. Você testava “em casa”, chegava à pista e o resultado era outro. Essa fase acabou, todas poderão se desenvolver de uma forma mais simples. Tirando isso, os carros são estruturalmente muito parecidos com 2011. São evoluções. E nesse cenário não se pode descartar um inicio forte para as Red Bulls e McLarens.
Para misturar um pouco mais as coisas, a Pirelli resolveu não passar vergonha com aquele monte de borracha voando na pista a cada volta e mudou tudo. Compostos novos e construção nova. Falando em compostos, os italianos resolveram deixar a diferença entre os tipos de pneus um pouco menor, elevando um pouco a resistência dos mais moles com uma consequente perda de desempenho. Pela construção, a Pirelli fornece para esse ano um pneu mais “quadrado” na sua estrutura. Isso tem dois grandes impactos: mais área de contato com o solo gerando mais grip mecânico e maior arrasto aerodinâmico por possuir uma área maior. Talvez, isso consiga ajudar as ultrapassagens, mas novamente, só saberemos domingo.
httpv://youtu.be/zKdKCMF9nTg
Por fim, 6 campeões mundiais na pista: O destemido e imberbe Vettel, o “Peter Perfeito” Button, o impaciente Alonso, o gélido Raikkonen, Schumacher mais para “muttley” do que “Dick Vigarista” e Playboy-Hamilton. A volta de um deles, Raikkonen, depois de um “giro” por diversos carros pelo mundo é a grande atração do Circo. O cara pilotou de tudo em todo tipo de pista e fica a impressão que volta para provocar, para provar que a Fórmula 1 é “moleza”. Chego até a torcer para ele ganhar em Melbourne só por imaginar ele descer do carro e avisar que a F1 atual é corrida de menino mimado, tudo limpinho e arrumadinho, e que corrida de piloto mesmo é no WRC. No maior estilo de desprezo a toda “pompa e circunstância” que envolve as corridas de carros mais feios da atualidade.
Albert Park é o circuito ideal para abrir a temporada. Clima de festa e um povo alegre. Um parque no meio da cidade com uma corrida imaginou? Seria como ter F1 no Ibirapuera em São Paulo, na Pampulha em Belo Horizonte ou no Parque da Cidade em Brasília. Tirando o cenário muito belo a corrida sempre trás fortes emoções, ao menos nas primeiras voltas. É um misto de desconhecimento dos carros com a ansiedade dos pilotos depois de tanto tempo em simuladores e treinos físicos. Diversão para uma madrugada brasileira.
Na pista, nada de novidades no traçado. Só algumas nova barreiras de proteção e áreas de escape ampliadas. O circuito continua a mesma mistura de curvas de média e alta velocidade, com um desafiador conjunto na chegada.
Em relação a 2011, há uma mudança na zona de uso da asa móvel. Agora ela pode ser aberta na reta principal e entre a saída da curva 2 e freada para curva 3. Nada de muito espetacular, mas deve ajudar, pois a reta de Melbourne é muito curta.
Não vamos começar a temporada sem os tradicionais palpites de mesa de bar. Legal que no fim da temporada sempre alguém cobra aquela furada monstruosa. Vamos lá!
O palpite mais arriscado vai para o fim do pelotão. Esse ano é o “O ANO” da HRT e ela vai superar constantemente um dos carros da Marussia. Será épico.
A Catherham terá minha torcida. É a equipe mais simpática da F1 atual. Sem frescura e completamente apoiada nas mídias digitais distribui fotos, releases, informações sobre o time. “Divulguem” parece o lema deles. Na pista, vai superar sua parceira de motor, Williams. Apesar de triste essa constatação, parece que a querida Williams caminha para seu melancólico fim (na F1).
Na turma do “bolo”, vai ser uma festa. Toro Rosso, Force India, Sauber vão tumultuar o meio de campo para se juntarem a Lotus e Mercedes. No começo do ano podem incomodar as grandes, e só. Depois não terão dinheiro para acompanhar os carros da frente. Essa vai ser a turma mais divertida de 2012. Novamente, pra fazer um paralelo com a turma “limpinha e arrumadinha” da F1, esse grupo seria como ver corrida em Interlagos na arquibancada G: não tem o ar-condicionado e buffet de quitutes do paddock, mas tem cerveja e muita animação.
Red Bull e McLaren terminaram 2011 disputando corridas bem próximas e devem seguir assim em 2012. Ferrari? Se nem Button sabe, não vou arriscar aqui! Só acredito que se o carro vier ruim, será a aposentadoria de Massa.
Mesmo sem a supremacia de 2011, Vettel tem tudo para beliscar seu tricampeonato. Seguidinho, seria histórico, mágico. O chefe Eduardo Correa já cravou título dele até 2013, o juízo pede para eu não discordar publicamente do patrão.
Informações da Pista
Circuito: Albert Park
Voltas: 58
Comprimento: 5.303 km
Distância: 307.574 km
Recorde da Pista:
1:24.125 – M Schumacher (2004)
Programação
Quinta-Feira
22h30 – 1º treino livre
Sexta-Feira
2h30 – 2º treino livre
Sábado
0h – 3º treino livre
3h – Classificação
Domingo
3h – Corrida
O que será desse ano de 2012? Deixe nos comentários o que vocês esperam para 2012. No fim do ano voltamos ao assunto para conferir.
Boa Temporada!
Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz
6 Comments
Infelizmente não tive como ver a corrida mas o GP da Australia já mostrou o que os nossos brasileiros na Formula 1 irão fazer nesta temporada … simplesmente nada ….
Fernando Marques
Niterói RJ
Meus palpites:
Campeão: Michael Schumacher (não gosto da idéia, mas parece que a Mercedez vem com tudo e ele vem andando na frente do Nico);
Massa: vai andar melhor, mas vai ter que procurar outro carro no final do ano;
Senna: vai andar bem com a Williams mas dificilmente renovará seu contrato;
Para encerrar um chute GRANDE: Sauber vai andar constantemente no pelotão da frente.
Este será o ano, em que uma das 3 estreantes de 2010 (ou suas sucessoras), marcará seus primeiros pontos na Formula One (HRT, Marussia, ou Catherham)!
Assisti os dois treinos nessa madrugada. As equipes estão escondendo o jogo até nos treinos!
O resultado do segundo treino não me convenceu nem um pouco. Mercedes e Force India liderando e RebBull e McLaren do meio para o fim do pelotão? Impensável.
De qualquer forma, o que eu pude ver ali foi uma Mercedes e uma Force India muito, mas muito fortes. Estão falando muito da McLaren e de um possível bicampeonato de Lewis Hamilton no fim do ano. Seria 2012 o ano dos motores Mercedes?
E por falar em Mercedes, será verdade que os carros prateados voltaram a utilizar o fabuloso “F-duct”? Após a parceria com a AMG eu não duvido nada.
Até as equipes nanicas – com a excessão da Marussia – estão bem promissoras. Acredito que essa temporada será imperdível.
Eu aposto no Button!!!!
Excelente temporada a todos nós!
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
As minhas apostas são:
– Vettel rumo ao Tri
– vai disputar o titulo pau a pau com Hamilton
– A Willians de B. Senna será o carro que mais vai aparecer na telinha da Globo
– Massa vai subir ao podium pelo menos uma vez em 2012
– O Iceman, assim como o “Muttley” apenas vai se divertir nas pistas
Fernando Marques
Niterói RJ