O que a F1 não precisa

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O ano de 2022 tem sido generoso coma Liberty Media e a F1 com diversos indicativos do que a categoria não precisa pra funcionar.

É quase uma validação da teoria dos contraexemplos. Mesmo cercada de inúmeros conflitos e polêmicas, esse anarquismo teórico pode trazer algumas boas definições para o futuro da F1.

Após um GP de Monaco conturbado, alguns desses contraexemplos apareceram mais claramente para audiência renovada da F1.

Sergio Perez teve um final de semana dominante sobre Max Verstappen. Tudo indica que a leveza na condução das ações do final de semana se deram pela renovação do seu contrato por mais dois gloriosos anos. Após sua vitória, uma câmera indiscreta captou o diálogo com Horner indicando que assinatura foi muito cedo (poderia ter esperado a vitória, não é mesmo). Mas aos fatos, com 32 anos e 220 largadas na F1, Sergio conseguiu mais dois anos num dos principais times da categoria. Não é pouco e é um claro sinal que nenhuma equipe de F1 pode se dar ao luxo de ter um 2º piloto que não tenha condições de vencer na ausência de sua estrela principal.

Perez é o contra exemplo de Kyviat, Gasly e Albon. Os três não foram capazes de entregar para a Red Bull a consistência de um acumulo de pontos necessária para derrotar a Mercedes nos últimos 7 anos. Os motivos, por mais diversos que são, são estritamente ligados a capacidade dos pilotos de entregar os pontos necessários para o campeonato de construtores e atrapalhar os concorrentes nas estratégias de corridas.

Com 7 provas concluídas até agora, quase 1/3 do campeonato, Perez foi capaz de fazer pontos em bom volume e se colocar em posição para bagunçar a estratégia dos concorrentes diretos de Max Verstappen. Sempre havia o risco de uma mudança de estratégia fazer o piloto voltar atrás da segunda Red Bull e prejudicar a corrida no longo prazo.

Ainda na mesma prova de Monaco, a F1 também consegue perceber seus erros e acertos com o Paddock.

Em meio a provas com ‘vips” cada vez mais abarrotados, a organização do mundial utiliza uma mesma empresa para organizar e “promover experiencias” para seus endinheirados pagantes. Tudo funciona muito bem, menos em Miami. A organização da prova americana resolveu assumir essa parte de experiência para convidados e viu um fracasso retumbante. Tudo muito bonito, várias atividades, mas tudo conturbado pela existência de filas enormes, falta de comida e banheiros. Tudo que os ‘vips’ mais odeiam nesse mundo, não é mesmo? Nesse ponto, é melhor não bater de frente com quem tem experiência de vender e executar atividades em mais de 20 localidades ao redor do globo todo ano.

Na outra ponta do paddock de Monaco, fica também a lição que a pista não comporta a fase atual da F1. A mesma eficiência que o Automóvel Clube de Monaco (ACM) oferece para retirada de carros da pista não é vista na organização dos espaços da F1. Muitas das atividades festivas acontecem dentro da propria pista, ao cair da noite. Não a espaço pra nada, tudo é lotado. Onde conseguimos ver a situação ficar mais crítica? Quando os “vips”, que pagam fortunas, começam a não ter mais espaço pra aparecer, serem vistos e filmados.

Não vamos falar aqui da impossibilidade de se ver uma corrida descente com a frota de 20 ônibus que temos no grid. Aqui ficamos só na organização do evento.

Acontece que o contrato de Monaco precisa ser renovado pra termos corrida em 2023. O ACM não considera que deva pagar o mesmo que outras pistas, afinal de contas, é Monaco! Também considera que não precisa alterar suas instalações, afinal de contas, é Monaco! Só que no final das contas, a Liberty não é muito apegada aos fatos históricos da F1. No paddock desse ano circulou a informação que o ACM pode levar um “susto” e não ter contrato para 2023.

Não há mais espaço na F1 atual para um GP caótico só pela desculpa de ser histórico.

O mesmo “pensamento” é aplicado para Spa e Silverstone. Provas com alto risco de serem eliminadas no calendário pela F1.

Também em Monaco chegou o momento da realidade bater na porta da família Schumacher!

O esforçado Mick destruiu mais um carro no final-de-semana.

Em seu primeiro ano de campeonato, Mick não teve adversário na equipe. Mazepin é um esboço de piloto e foi facilmente dominado. Com a chegada de Magnussen, Mick está vendo que a F1 é um pouco mais complicada quando você tem alguém ao seu lado com um pouco mais de experiência.

Na tentativa de buscar – como diria o saudoso narrador – o “limite extremo”, seu erros ganham volume e relevância. São zero pontos somados, contra 15 do seu companheiro de equipe. Se tivesse somado só 3 pontinhos, a Haas já estaria na frente da Alpha Tauri no campeonato.

Você não soma pontas. Seu companheiro de equipe sim. Você destrói (literalmente) dois carros. Seu companheiro de equipe, nenhum. Na era de restrições de gastos, essa conta financeira simplesmente não fecha.

É certo que a Ferrari tem a palavra final sobre a presença de Schumacher Filho no time americano, talvez exista uma leniência maior na tomada de decisão de sua permanência na equipe. Fora da Haas, um caminho viável é a Aston Martin, no caso de uma aposentadoria de Vettel. Possibilidade remota e cheia de condicionais. Seria mais prudente o jovem Schumacher colocar a cabeça no lugar e colecionar pontos no próximo terço do campeonato, afastando de vez qualquer suspeição da sua eleição a piloto da Haas em 2023.

Numa distopia, onde nossos sonhos se realizarão somente com a força dos nosso pensamentos, não custa nada sonhar que a próxima mudança de regulamento em 2026 contemple o sonho de ser uma categoria de corrida.

Nossos votos para que se elejam pistas pela sua contribuição na qualidade do espetáculo esportivo. Votos para que mais “Perez” mostrem suas habilidades e consistência em fazer parte de uma equipe, prontos pra vencer e bater seu adversário imediato no box ao lado. Votação massiva para que pilotos tenham oportunidades pelo talento e não por serem filhos do dono da equipe, filhos de multicampeões ou de grandes corporações.

Não custa sonhar que o futuro da F1 seja pautado pela competição esportiva.
(E que tenha carros menores e mais leves, também.)

Abraços
Flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

2 Comments

  1. binance us disse:

    I don’t think the title of your article matches the content lol. Just kidding, mainly because I had some doubts after reading the article.

  2. Fernando Marques disse:

    Flavis,

    o filho Schumacher passa longe, mas muito longe daquilo que foi seu pai … na opinião marcando ou não pontos para a Haas, seu tempo na Formula 1 será curto …
    Quanto a Mônaco … fora da Formula1 jamais … é a unica corrida chata que consigo assistir do inicio até ao fim …
    Que em vez de ônibus, a Formula 1 forme um grid com 20 micro onibus

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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