“Tudo na vida é um jogo mental! Sempre que somos tragados pelos dramas da vida, tanto os grandes quanto os pequenos, esquecemos que, por pior que a dor se torne, tudo que é ruim tem um fim.”
A frase acima foi dita por David Goggins ao lançar seu primeiro livro “Nada pode me ferir”, conheci sua história através desse livro
De uma infância quase que de pesadelo, onde a pobreza, o racismo e os maus-tratos sofridos eram indícios que talvez seu futuro fosse o lugar comum de quem passa por essas situações, cada vez que ele se olhava num espelho a imagem que ele via era de uma pessoa fadada ao fracasso, até que um dia ele resolveu encarar aquela imagem e fez uma mudança profunda
Atualmente David detém a surpreendente marca de ser a única pessoa na história a completar o treinamento das três forças armadas americanas e se tornou um Navy SEAL, um Ranger do exército e um Especialista tático da força aérea americana, que são considerados os treinamentos mais duros e rigorosos que existem no meio militar, David também se tornou um ultramaratonista e já participou de mais de 300 ultramaratonas, detendo recordes impressionantes nessa especialidade, recomendo a leitura de sua história, passar a mensagem de como é possível superar a si próprio é a sua missão de vida atualmente
E o que isso tem a ver com a Fórmula 1? Pergunta você estimado leitor
Bem a temporada de 2023 terminou e não vou chover no molhado, desculpem o trocadilho, para falar dos recordes do Max Verstappen e sua impressionante caminhada rumo ao tricampeonato
Impressiona os números, sem dúvida, mas chama a atenção como ele amadureceu numa curva de aprendizado impressionante e dominou a temporada em corridas de todos os formatos e condições
Com 26 anos de idade é lugar comum todos nós esperarmos que nos próximos anos ele continue trilhando esse caminho de vitórias
Baseado na história de David Goggins fui buscar o porquê do sucesso de Max, tendo como premissa o que de diferente esse jovem tricampeão buscou para alcançar tanto sucesso, muitas razões existem por trás de uma história de sucesso
A Fórmula 1 é um esporte que pouco destaca histórias de legados familiares, olhando sua história vemos que poucos pilotos jovens seguem os passos de seus pais ou parentes no mundo automobilístico.
Só que no caso temos um exemplo peculiar dessa dinâmica, quando vemos a relação entre Jos Verstappen e seu filho, Max Verstappen, não poderíamos ter uma dupla tão antagônica em termos de resultados, Jos com todo respeito teve uma carreira que ficou bem abaixo das expectativas que estavam depositadas nele quando chegou a Fórmula 1, seus resultados foram pífios e sua passagem na Fórmula 1 foi apagada a ponto de seu nome só voltar aos noticiários em função do sucesso do filho, no jargão popular Jos pode ser classificado como alguém que fracassou.
Mas não me contentei com esse lugar comum, e na busca de uma resposta a minha curiosidade, vi um pai que trilhou um caminho sem os resultados sonhados e sendo mentor de seu filho conseguir dar a ele o caminho do sucesso, e ele fez do seu fracasso o alicerce para o sucesso do filho
A carreira de Jos Verstappen começou de forma brilhante, tendo iniciado sua carreira automobilística no kart em 1980, em 1983, conquistou o seu primeiro título holandês no kart, ele manteve o título no ano seguinte. Conquistou dois títulos europeus em 1989, depois venceu o campeonato belga em 1991.
Em 1992 decidiu mudar-se para a Fórmula Opel, conquistou o título Holandês ao vencer oito vezes em nove corridas, e venceu duas corridas em Zolder na Euroseries. Finalmente, ele terminou em quarto lugar no campeonato de Fórmula Atlantic da Nova Zelândia.
Ele recebe o título merecido de piloto holandês do ano. E parte para a Fórmula 3 em 1993.
O campeonato alemão de Fórmula 3 é a sua escolha e num Dallara-Opel estabelece a sua supremacia nesta categoria. Venceu oito vezes e conquistou o título. Mas o que o levara um pouco mais para a Fórmula 1 é a vitória na corrida Masters Series em Zandvoort, bem como também um terceiro lugar na corrida de Mônaco. A equipe Footwork (Arrows) decide testá-lo, e os resultados são suficientes para que a Benetton o aceite como companheiro de equipe de Michael Schumacher para a temporada de 1994.
A partir de sua chegada a Fórmula 1, tudo muda, do piloto vencedor seu desempenho fica muito abaixo da expectativa gerada
Durante o Grande Prêmio da Alemanha, enquanto ele está nos boxes, a gasolina espirra, um incêndio começa e Jos se vê preso em um inferno infernal, essa cena até hoje é lembrada pela dramaticidade da cena. Na corrida seguinte, na Hungria, Jos termina pela primeira vez no pódio, com um terceiro lugar atrás de Schumacher e Hill. E na Bélgica foi a desclassificação do companheiro de equipa que transformou o quarto lugar no segundo pódio da carreira.
Em 1995, Jos foi emprestado por Briatore ao pequeno time Simtek. Dirigindo um carro com desempenho bastante medíocre, nada de relevante acontece e ele fica sem carro a partir de Monaco
Entre 1996 até 2000 Jos vai mudando de equipes, margeando pequenas equipes com resultados modestos, isso vai minando sua reputação e em 2003 ele encerra sua carreira na Fórmula 1
Jos participou de 8 temporadas na Fórmula 1, com 107 corridas, tendo pontuado em apenas 7 corridas e fez dois pódios, sendo eles os dois terceiros lugares em 1994.
Quando Jos parou o pequeno Max estava com seis anos de idade
Em 2004 abandonando definitivamente a hipótese de um regresso à F1, Jos Verstappen preferiu então cuidar da sua agência de viagens e envolveu-se no circuito de kart, categoria em que corria o seu filho Max.
A partir daí ele passa a gerenciar a carreira do filho
Jos Verstappen, havia corrido na categoria máxima do automobilismo. Sua carreira não foi repleta de títulos e glórias, muito pelo contrário, só que sua experiência e conhecimento foram fundamentais para moldar o futuro de seu filho, Max, que desde cedo demonstrou um talento excepcional para as corridas.
A influência de Jos Verstappen sobre a carreira de Max é multifacetada e profunda. Primeiramente, Jos serviu como um mentor crucial, proporcionando orientação técnica e estratégica desde os primeiros passos de Max no kart, de uma forma que muitos criticaram por achar o tratamento de Jos rude.
O entendimento prático de Jos sobre os desafios e complexidades da Fórmula 1 foi uma vantagem significativa para Max, permitindo-lhe aprender não apenas os aspectos técnicos, mas também as nuances psicológicas do esporte, é um daqueles casos em que o fracasso do pai serve de atalho ao filho, isso é algo que poucos se dão conta, o caminho de Jos foi cheio de percalços e insucessos, assim seu filho tem uma rara oportunidade ao ouvir de seu pai o aconselhamento sobre essa nuance.
Além disso, a presença de Jos como figura paterna no paddock da Fórmula 1 desempenhou um papel vital na gestão da pressão e das expectativas que inevitavelmente acompanham um jovem talento em ascensão. A experiência de Jos com as demandas e as intensidades da Fórmula 1, lembrando a pressão que ele mesmo sofreu ao dividir em 1994 a equipe que sagrou um campeão, proporcionou a Max um ambiente propício para o desenvolvimento de suas habilidades, permitindo-lhe focar em seu desempenho enquanto seu pai lidava com as complexidades dos bastidores do cenário automobilístico.
E não esqueçamos de mencionar, Jos levou ao filho a dureza do mundo cruel do automobilismo, onde sem resultados você é descartado sem dó nem piedade, sendo ele Jos tendo sido criticado inúmeras vezes por isso, afinal devemos tratar os jovens em redomas e bolhas, muitos pais acreditam nesse conceito.
A transição de Max Verstappen das categorias de base para a Red Bull Racing, uma das equipes mais competitivas da Fórmula 1, foi notável. Essa transição bem-sucedida foi, em parte, devido à experiência prévia de Jos no circo da F1, pois ele estava familiarizado com os bastidores, as relações de equipe e as expectativas que cercam um jovem talento.
Além do aspecto técnico e da gestão de expectativas, Jos Verstappen também desempenhou um papel fundamental na formação da mentalidade competitiva de Max. Sua abordagem centrada na resiliência, na determinação e na perseverança foi transmitida a Max desde cedo. Isso se reflete nas notáveis performances de Max Verstappen em situações desafiadoras, destacando-se como um competidor formidável em condições adversas.
É importante ressaltar que, embora a influência de Jos Verstappen seja inegável, Max Verstappen se destaca como um talento individual excepcional, com suas próprias habilidades e características únicas. Sua ascensão ao estrelato da Fórmula 1 é resultado da combinação única de talento inato, treinamento rigoroso, mentoria eficaz e uma mentalidade competitiva única.
Em conclusão, a influência de Jos Verstappen sobre a carreira de Max Verstappen é um exemplo notável de como o legado e a experiência de um pai podem moldar significativamente o curso de um jovem talento no automobilismo.
Essa história de pai e filho é uma narrativa cativante que destaca não apenas o papel crucial de Jos como mentor, mas também a determinação e o brilho individual de Max, que agora alcança o patamar de ser um dos principais pilotos da categoria.
Fica também uma última lição, nem sempre o fracasso nos torna menor, aprender com as dificuldades e saber ter a sabedoria de passar adiante preciosas lições para as futuras gerações, é uma boa forma de deixar um legado
Sendo essa minha coluna de encerramento do ano, desejo que todos nossos leitores tenham um final de ano bem legal e cheio de felicidades, que 2024 traga bons frutos e prosperidade
Até a próxima
Mário Salustiano
2 Comments
Mario Salustiano,
antes de ler a sua coluna a pouco, estava ouvindo uma entrevista do Nelson Piquet relembrando seus tempos de piloto. Obviamente ele relata várias situações que passou para se tornar um Tri campeão da Formula 1. Eram outros tempos, mas é saudoso rever essas entrevistas.
Aí como todos os dias eu faço como fã incondicional do GEPETO, leio a sua ultima coluna de 2023, magnifica relacionando o “fracasso do Jo Verstappen na Formula 1” e o que isso pode ser crucial no sucesso do filho hoje em dia.
O que não se pode afirmar pe que essa formula é garantia de sucesso. Nem do Nelson.
A Formula 1 tem uma história de mais de 70 anos, e como esporte é peculiar. Sempre foi, como hoje é atualmente, e isso nunca mudou na sua história uma competição de equipes e que a junção do melhor piloto e melhor carro sempre prevaleceram, respeitando as situações que cada temporada ofereceu … treinos são treinos e corrias são corridas … e nesse aspecto não há números e resultados que traduzam o trabalho que cada equipe teve e seus pilotos, a não ser os vencedores.
Max Verstappen … um piloto completo hoje em dia e com melhor carro … junção perfeita … apareceu como uma grande promessa e um piloto fora da curva e seus resultados cumpriram a promessa … já ouvimos essa história varias vezes … todos os campeões tem a sua história …
Mas sua coluna nesse sentido foi formidável …
Fica aqui uma dica para voce e os demais que fazem do GEPETO imortal … a dica é focar um pouco no trabalho de equipe que fizeram delas campeãs obviamente com os melhores pilotos …
A evolução da Formula 1 sempre foi constante, foi sempre em busca do melhor carro que o regulamento permitia … e acho que todo o sucesso da Formula 1 está ligado diretamente a isso desde seu nascimento … e isso diretamente está ligado a muito trabalho da equipe num todo nesse sentido …
Te desejo um feliz natal, boa virada de ano e que suas colunas continuem sendo um grande deleite para ler em 2024.
E vida eterna ao GP Total!!!
Fernando Marques
Niterói RJ
Bom recesso Prezado. Vida longa e próspera a todos os Gepetos.