As respostas do Azerbaijão

A maior rivalidade? – Parte 2
04/06/2021
Flavio Gomes 1994
10/06/2021

Olá, amigos!

A F1 chegou ao Azerbaijão para o GP de Baku após um fim de semana movimentado em Mônaco, com muitas mudanças e reviravoltas. O fim de semana pode responder as muitas perguntas que permanecem no ar após a última corrida.

A Ferrari realmente tem a velocidade que mostrou nos treinos e corrida em Mônaco? Max vai sentir algum tipo de pressão por estar liderando o campeonato? A Mercedes está sofrendo com falta de performance ou foi apenas um caso único no principado? A McLaren pode surpreender, depois de um pódio e mais uma ótima corrida de Norris? As asas traseiras flexíveis teriam um grande impacto na prova? Ao longo da coluna vamos buscar essas respostas.

A pista de Baku tem características únicas, com curvas de baixa velocidade, incluindo o trecho mais estreito do calendário, mas também longas retas e duas zonas de DRS. Em 2020 não tivemos a corrida no Azerbaijão, devido ao Coronavírus, mas a pista de rua é uma das mais “jovens” do calendário atual da F1, sendo apenas a quarta vez que a corrida será disputada nessa pista. Nos anos anteriores a Red Bull venceu a corrida inaugural com Ricciardo, em 2017, mas sofrendo um terrível revés em 2018 com a batida entre Verstappen e Ricciardo, enquanto disputavam o quarto lugar. Nos anos de 2018 e 2019 a vitória ficou com a Mercedes, com Hamilton levando no primeiro ano e Bottas no segundo. Na prova em Baku o Safety car tem participação quase obrigatória devido às características da pista. Apenas em 2019 ele não foi acionado, apesar de termos tido um safety car virtual durante a prova.

O GP de Baku tem histórias marcantes como o pódio de Stroll com a Williams em 2017, a recuperação de Alonso após ter dois furos de pneu e danos no assoalho depois de uma batida na largada, a já citada colisão entre as duas Red Bulls em 2018, o drama de Bottas ao ter um pneu furado no final da prova enquanto liderava. Boas reviravoltas não faltam. A prova de 2021 não foi diferente.

Nos primeiros treinos no fim de semana vimos a Red Bull dominar e a Mercedes novamente sofrer. As melhores voltas de Hamilton não surtiam efeito e sua melhor colocação, um terceiro lugar no último treino, só veio ao pegar o vácuo de Perez na reta principal. Bottas não conseguiu ir além do décimo lugar em todos os treinos. A coisa estava feia para o time de Toto Wolff, o time parecia perdido. A Ferrari mostrou que o pace que apresentou em Mônaco era real, mantendo seus dois carros entre o top 5 durante todos os treinos, enquanto a McLaren parecia sofrer um pouco mais para ter bons resultados. Outro piloto que parecia estar muito confiante e com um bom carro era Pierre Gasly, chegando a colocar sua Alpha Tauri na liderança do último treino livre. Algo que marcou bastante os treinos foi a quantidade de acidentes e erros. Muita gente bateu, rodou ou escapou em alguma curva do traçado apertado de Baku.

A classificação chegou com temperaturas bastante altas, mas as Red Bull não pareciam dominar tão facilmente. A sessão não foi livre de incidentes e tivemos incríveis quatro bandeiras vermelhas após incidentes com Stroll, Giovinazzi, Ricciardo, Tsunoda e Sainz. No Q1 Hamilton liderou em frente ao time dos energéticos, mas no Q2 eles responderam e colocaram o piloto da Mercedes no terceiro lugar, com Max na ponta. Ricciardo teve um desempenho decepcionante e bateu no muro, sendo eliminado na segunda fase do treino. O Q3 foi surpreendente e Charles Leclerc novamente colocou a Ferrari no primeiro posto, mas dessa vez sem bater no muro. A Ferrari realmente parece ter acertado seu carro para uma volta rápida, já que Sainz marcou o quinto lugar. Lewis fez um milagre e contou com a sorte de uma bandeira vermelha, colocando sua Mercedes na segunda colocação, seguido de Max, que não poupou xingamentos ao ver o aviso de treino interrompido enquanto buscava a pole. Perez mais uma vez decepcionou e marcou apenas o sétimo lugar no grid. Pior que ele somente Bottas, que ficou com décimo lugar. Gasly e Tsunoda mostraram que a Alpha veio com um bom carro para a corrida no Azerbaijão, marcando o quarto e oitavo lugar, respectivamente. Alonso salvou uma honrosa nona colocação com sua mediana Alpine. Vettel por pouco não chegou ao Q3, tendo ficado com a décima primeira posição.

O domingo amanheceu mais frio do que os dias anteriores, mas a corrida sem dúvidas prometia ser quente. Antes da largada vimos Christian Horner agitado e tenso, como sempre fica, e Toto Wollf observando a movimentação de seu time dentro da garagem, aparentando tranquilidade e confiança. A largada foi incrivelmente tranquila e os pilotos foram bastante conscientes. Nenhum toque, nenhuma “espalhada”.

Leclerc, Hamilton e Max mantiveram suas posições originais, mas se mantiveram próximos. A partir daí a dúvida era se a Ferrari teria ritmo de corrida para se manter lá ou não. A resposta veio logo na segunda volta com Hamilton tomando a liderança. Era bastante clara a potência do motor do inglês, enquanto a Red Bull dominava o setor intermediário, com mais curvas de baixa. Perez fez uma boa largada, ganhando duas posições e mostrando que tinha bom ritmo.

A Ferrari realmente tinha um foguete na classificação, mas seu ritmo de corrida não era o ideal. Logo Leclerc foi perdendo posições, primeiro para Max, depois para Perez. Finalmente a Red Bull tinha o cenário que sempre quis, com a possibilidade de atacar Hamilton com estratégias diferentes. Enquanto isso nem sinal de Bottas, o que limitaria as opções da Mercedes.

As paradas começaram a acontecer, mas não era claro se a vantagem era de quem parasse primeiro ou depois. Lewis foi primeiro aos pits, mas deu azar. Na hora de sair do pit a Alpha de Gasly estava passando e o time precisou segurá-lo por mais dois segundos, o que se provou fatal para a prova do inglês. Com o primeiro ciclo terminado, as duas Red Bulls estavam nas duas primeiras colocações, com Max liderando e Perez em segundo. A corrida estava na mão, era só levar para casa e garantir mais pontos de liderança.

Estratégias diferentes para vários carros. Teve gente largando com pneu macio, pneu médio e pneu duro. Essas possibilidades trazem um tempero a mais para a prova e pudemos ver a Aston arriscando com Vettel e Stroll. Vettel largou com pneus macios, mas permaneceu até a volta 18 na pista, chegando a liderar a prova. Seu companheiro largou de pneus duros e ficou até a volta 31 na pista, até sofrer um furo e bater na reta principal. Safety car na pista, mas ninguém poderia entrar nos boxes, já que ele se acidentou na entrada dos pits.

A reviravolta nas estratégias não seria possível dessa vez, pelo menos para os ponteiros. Red Bull passeando, Hamilton lutando uma batalha sem glória, Vettel e Gasly sobrando em seus carros, Ferrari descendo a ladeira. As McLarens não mostraram um desempenho muito bom, mas estavam no bolo, principalmente com Norris. Destaco também o japonês “reclamão”. Tsunoda fez um bom fim de semana e uma corrida sem grandes problemas. Eu sinceramente esperava que ele bateria logo no início da prova, mas ele me calou.

A prova estava morna, caminhando para o fim, mas numa reviravolta surpreendente, o pneu do líder Max estoura na reta a quatro voltas do final, exatamente como aconteceu com Stroll. Falha no pneu? Não acredito. Max estava virando volta mais rápida atrás de volta mais rápida, sem necessidade, por sinal. Para mim, o pneu não aguentou tamanho esforço.

Dessa vez o safety car entrou, mas a direção mostrou a bandeira vermelha. Os carros foram para os boxes e poderiam trocar os pneus. A relargada seria no grid. Pilotos saíram do carro, menos Vettel. Esse estava empolgado com o lugar que ocupava e não queria sair da zona de concentração. A Mercedes apontou um dano na asa dianteira de Hamilton e teve liberação da FIA para trocá-la. Nos boxes, Hamilton entra no rádio e diz para a equipe “o campeonato é uma maratona, não um tiro curto”. Pensamento de campeão.

Novamente na pista, os carros partiram para a segunda largada. Os freios de Hamilton estavam muito quentes, saindo bastante fumaça. Assim como fumaça, Hamilton entrou uma possível vitória ou segundo lugar na primeira curva. Pulou melhor que Perez e estava a frente, mas não conseguiu frear, passando reto na curva 1 e caindo para último. Desastre para ele, alegria para Max e a Red Bull.

O final eletrizante nos deixou com Perez, Vettel e Gasly nas três primeiras colocações. Brilhante corrida do alemão e excelente resultado para o francês.

Nas reviravoltas do campeonato, Max parecia que ia perder a liderança, mas não perdeu. Lewis poderia ter apagado o mau desempenho em Mônaco, mas perdeu a chance e o primeiro lugar no campeonato. Algo errado com o campeão? Será que ficou afetado por não liderar o campeonato? A pressão está alta pois quer ser o único com oito títulos e o fim de sua carreira se aproxima? São mais perguntas que teremos que responder nas próximas provas.

Os dez primeiros na corrida: Perez, Vettel, Gasly, Leclerc, Norris, Alonso, Tsunuda, Sainz, Ricciardo e Raikkonen.

Os dez primeiros no campeonato: 1º Max 105, 2º Lewis 101, 3º Perez 69, 4º Norris 66, 5º Leclerc 52, 6º (!) Bottas 47, 7º Sainz 42, 8º Gasly 31, 9º Vettel 28 e 10º Ricciardo 26.

Bottas está tendo um desempenho digno de perder o assento no ano que vem. A chance para Russel? Eu acredito que sim. Toto não vai aguentar ficar sem um segundo piloto pontuando bem para o time.

O campeonato está aberto, disputado e empolgante. Esperamos que continue assim até o fim.

Abraços,

Rafael Mansano

Rafael Mansano
Rafael Mansano
Viciado em F1 desde pequeno, piloto de kart amador e torcedor de pilotos excepcionais.

4 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Rafael,

    hoje não vou fazer resenha … motivo unico: prometi levar meu neto pra andar de skate no domingo pela manha … conclusão … não vi a corrida …

    mas gostaria de dizer duas coisas que valem muito para esta corrida

    1) Os Brutos também choram – vale pra Hamilton … vale pra Verstappen
    2) O resultado final da corrida foi muito bom pro campeonato

    Fernando marques
    Niterói RJ

  2. Mauro Santana disse:

    Grande Mansano!

    Hamilton com 7 títulos não poderia ter agido daquela forma, faz uma largada cautelosa e garante os pontos pro campeonato, jogando pressão no Max

    Como diz o ditado “experiência é posto!”, mas cadê a experiência nessas horas!?

    Se o Hamilton ganhar o título este ano, vai vir com aquele papinho que apreendeu com este erro, como seu mestre Senna apreendeu com o erro em Monaco 88, e o bla bla bla de sempre do Lewis Lacrador Hamilton.

    Grande corrida do Pérez e do Vettel, e força Mad Max, estou na torcida pra que você conquiste este título.

    Abraço!

    Mauro Santana

    • Rafael Mansano disse:

      Pois é, meu amigo, parece que a experiência foi atropelada dessa vez. Disseram depois da prova que ele apertou um botão que desativa os freios, mas me pergunto como pode existir tal botão.

      Grande abraço.

      • Fernando Marques disse:

        Rafael,

        Isso já aconteceu com Emerson fittipaldi em sua primeira corrida pela McLaren.

        Faz parte

        Fernando Marques

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