No "país do futebol", os aliens somos nós.
Quando você primeiro escuta o título do filme, você rejeita na hora: “Cowboys e Aliens?! Que p… é essa?”. Mas se você topar o desafio, acaba gostando. Não é o melhor filme de todos os tempos, mas longe de ser o pastelão que o nome parece anunciar. Ótimos atores, e um bom diretor.
Sensação parecida é a que tive(mos) com esse retorno da Fórmula 1 aos EUA: os GPs em Indianápolis deixaram uma má impressão – não que não ocorressem boas corridas lá – que já vinha desde os tempos de Detroit e Phoenix: a de que corrida de F-1 em solo estadunidense é sempre algo forçado, uma tentativa até pior que as atuais incursões asiáticas.
Mas na corrida foi como no filme: depois que a gente vê, acaba simpatizando. E no GP, como na película, os atores foram ótimos!
httpv://youtu.be/eJixNxFxhT4
Antes de tudo, vamos começar por outra coisa alien: A maioria dos leitores do GPTotal provavelmente assistiu a corrida via SporTV. Ao vivo. E Galvão foi quem narrou o VT. Às 23h15.
Corrida sem Galvão é como o filme: em princípio, estranho. Mas acaba sendo bom – não que seja um primor, a narração dos “amigos do SporTV”.
Mas a opção da emissora principal por transmitir o Palmeiras caindo para a segundona ao invés de uma ótima corrida que até mesmo poderia decidir o mundial é sintomática: não foi a primeira vez que fizeram isso; e além do mais, como relembrou Lucas Giavoni na coluna “Para Quarentões“, o público brasileiro na F1 está envelhecendo e se desinteressando.
Logo, não se renova. Logo, não aumenta. Logo…
A Globo está investindo pesado nos projetos de campanha publicitária para 2013. Oferecem um total de mil inserções na tv, e quase 200 mil impressões no Globo.com. Em todo o ano. média de 50 por semana/período pré-GP. A bolada: R$ 65 milhões. Por patrocinador. Que seriam 6.
Tudo isso para cobrir o buraco da audiência. É há algum tempo sabido que a Globo tem perdido gradativamente sua audiência – ainda que mantendo a liderança com certa folga -, mas aumenta de modo inversamente proporcional sua receita.
Segundo a avaliação da Rede, o público de F1 brasileiro é assim formado:
– 60% de homens;
– 79% do público acima dos 25 anos, sendo 59% acima dos 35;
– 90% das classes A, B e C, sendo 48% integrantes das duas primeiras.
Em termos de audiência, fala-se em 55 milhões (média). Mas é um número referente ao alcance total. Então deve haver muitos daquele tipo: “liguei a tv, tava na corrida, mudei pro Gugu“, sabe como?
Tudo, claro, passa pela “escassez de brasileiros” na ponta.
Aproveitando o gancho, vamos ao tema (mais) polêmico do fim-de-semana. Para tanto, reproduzo abaixo nota publicada pelo supracitado Lucas em nossa página do FaceBook:
“Trata-se de um campeonato de equipes e pilotos. O que a equipe determina, pilotos têm que acatar, como funcionários. A (lícita) mutreta da Ferrari de trocar o câmbio de Massa para promover Alonso no grid não significa que a equipe tenha falta de caráter. Ela jogou dentro das regras.
Essa manobra, no fim das contas, apenas expõe o (elevado) nível de ridiculez do atual regulamento da F1. Pensando racionalmente, e dentro de princípios esportivos básicos, é impossível concordar que quebras ou substituição de câmbio ou motor sejam convertidos em punição para o competidor, ainda mais quando pensamos que hoje é quase impossível um piloto estragar motor ou câmbio por imperícia.”
httpv://youtu.be/CgHOtAJC5u0
Nada a acrescentar quanto ao conteúdo, faço apenas dois comentários.
Primeiro: lembro-me que, quando Schumy fez sua “pole” em Mônaco e perdeu as posições na largada devido ao acidente com Bruno Senna na corrida anterior, defendi que aquela era de fato uma punição grotesca tendo em vista o estrago causado na performance. Porém, disse à época na coluna, “particularmente, acho mais ridícula a punição por troca de câmbio“.
Assim, o que a Ferrari fez foi, em última medida, escancarar as deficiências do nosso querido ‘regulamento de merda’.
Agora, é uma atitude que confronta nossas noções de esportividade, sim, e faz com que sejamos vistos como aliens, sim.
Massa teve um fim-de-semana melhor que o de Alonso. Só que, de novo, não foi a primeira nem a última, e muito menos a mais escrachada atitude ferrarista em termos de prejudicar o “piloto 1B”.
Pra mim, nada vai superar o “cavalete rampante” da França, em 2002.
A estrela principal do cavalete foi o mesmo ator que nesse GP roubou a cena novamente.
Nos treinos livres do sábado, Schumacher cortou a frente de Felipe Massa de modo flagrante, quase causando um acidente como aquele em Spa, esse ano. Mais tarde, durante o treino oficial, na Q2, atrapalhou a volta de Alonso, bloqueando-o.
No entanto, o que ele fez ontem com Jenson Button só não foi a atitude mais bizarra de seu retorno às pistas porque em agosto de 2010 ele fez pior. E, senhores: ele NÃO FOI punido!
httpv://youtu.be/iENKwTfEGcI
Por tudo isso, além do fato de ter feito sua pior corrida (em termos de desempenho) desde que retornou à Fórmula 1, é que a aposentadoria de Schumacher já passou da hora.
Prometo fazer um balanço, nas férias, sobre o desempenho de Schumacher nesse retorno. Prometo também: não usarei de subterfúgios baratos como comparar sua volta às de Mansell, Lauda e Prost.
Ele deve ser comparado a outros caras…
Caras que não são Hamilton, Alonso nem Vettel. Que geração estamos testemunhando!
Vale pensar: além da F1, basquete, futebol e tênis tiveram uma explosão cambriana nos anos 80.
A briga entre os pilotos número 1 de McLaren e Red Bull foi excelente. As voltas mais rápidas aqui e ali, sensacionais. Não, dessa vez não estou me contentando com pouco, e a asa móvel foi a menos responsável pela ótima briga de ontem.
Alonso fez sua corrida típica, à la Piquet. E conseguiu adiar a disputa. Mas foi graças a Hamilton que o campeonato ainda está, de fato, aberto.
Vettel, diplomaticamente, revela preocupação com a nova quebra dos RBR. E Alonso segue fazendo “contagem regressiva” para a equipe.
A Alessandra Alves garantiu que o título é de Vettel. E deverá ser.
Mas nós estaremos ‘muito bem, obrigado’ de novo tri. Seja ele espanhol ou alemão.
Ah! Pra esclarecer de vez o título da coluna: os texanos são os cowboys; os aliens somos nós – que preferimos F1 a Palmeiras X Flamengo.
Boa semana a todos.
7 Comments
Belo Texto Marcel!
Na minha opinião, a Ferrari ao trocar o cambio do Massa mexeu em alguns outros pilotos no grid, que talvez tenham gostado ou não do lado que iriam largar, e isso eu acho errado.
Alonso esta usando as armas que tem, e como ele já percebeu que o Massa se tornou um boneco de fantoche, esta passando como um trator por cima do brasileiro.
Massa esta com sua vida $$ ganha, e fica cada vez mais claro que ele esta a cada dia mais para um pai de família do que para um piloto a brigar por títulos, e o danado do Alonso sabe disso, mesmo que ele Felipe de entrevistas mencionando que esta lá para vencer.
Balela!
Agora a respeito das transmissões da Sportv, o Lito Cavalcanti é um ótimo comentarista, ao mesmo nível do Reginaldo Leme, mas o narrador Sérgio Maurício é péssimo.
Ou seja, as opções de locutores para a F1 esta muito fraca.
A corrida foi bom graças ao Hamilton, que esta querendo sair por cima da Mclaren.
Vamos aguardar o nosso GP, e com certeza, Interlagos vai proporcionar, como sempre, grandes batalhas.
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
O Massa deve estar ganhando muito bem $$$$ pra fazer papel de babaca na Ferrari …
E o Alonso por causa destas artimanhas da Ferrari não merece ser campeão este ano …
De certa forma é uma pena o L. Hamilton não estar nesta briga pelo titulo de 2012.
Fernando Marques
Niterói RJ
A Mclaren neste final de temporada teve 4 quebras de cambio certo? Se não fosse estes problemas Hamilton estaria na briga!
Sim, Rafael, e duas na liderança, Cingapura e Abu Dhabi…
São diversos assuntos, então vamos por partes.
As novas corridas asiáticas são piores que cowboy X aliens. Mesmo que você assista, não tem como simpatizar com os GPs da China, Índia, Coréia, Emirados Árabes, Cingapura…
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Lamento a Globo preferir a briga de foice no escuro à decisão do mundial de pilotos. Lamento, mas compreendo. Quem não faria igual se fosse o seu dinheiro na jogada? Com as cifras apresentadas, fica claro quem paga mais à RG.
Por outro lado, tenho notado uma mudança de tom nas trasmissões, deixando um pouco (mas bem pouco) de martelar no lado “Brasil sil sil” e tentando supervalorizar o aspecto técnico e de competitividade (mesmo que artificial) que os últimos campeonatos têm mostrado. Talvez um sintoma da queda de audiência já citada por aqui.
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Sobre a manobra da Ferrari, é um pouco diferente do cavalete. Agora, buscaram dar sobrevida a um piloto que levou o carro no braço. Em 2002, o que ficou foi a pergunta: pra quê?
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Se o fim de carreira so Schummy não vai ser comparado à Mansell, Prost e Lauda, então só pode ser com Coulthard. Não fiz nenhum levantamento estatístico, mas creio que ambos tem números parecidos de “incidentes” de corrida em suas últimas temporadas.
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A beleza desta geração é que reaprendeu o valor de uma ultrapassagem.
A disputa Vettel X Hamilton foi surpreendente. Só podemos imaginar os golpes psicológicos dados a cada volta mais rápida.
Pena que o regulamento de merda nos privou de ver uma ultrapassagem digna da disputa.
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Por fim, creio que o fiel da balança em Interlagos será o alternador do RBR Nº1. Fiquemos de olho!!!
Abraço
Acho que o Cavalete Rampante foi utilizado porque o Barrichello chora de mais, e com certeza deveria estar enchendo o saco dos italianos.
Então, foi aquele “não enche o saco rapaz”.
Pode ser, o Barrichello sempre foi um chorão de marca maior. Mas se eu fosse o Massa, iria preferir um cavalete no bico do que rompessem meu lacre (ui).