Cowboys & Aliens

We are Back!
16/11/2012
Saudades de Interlagos
21/11/2012

No "país do futebol", os aliens somos nós.

Quando você primeiro escuta o título do filme, você rejeita na hora: “Cowboys e Aliens?! Que p… é essa?”. Mas se você topar o desafio, acaba gostando. Não é o melhor filme de todos os tempos, mas longe de ser o pastelão que o nome parece anunciar. Ótimos atores, e um bom diretor.

Sensação parecida é a que tive(mos) com esse retorno da Fórmula 1 aos EUA: os GPs em Indianápolis deixaram uma má impressão – não que não ocorressem boas corridas lá – que já vinha desde os tempos de Detroit e Phoenix: a de que corrida de F-1 em solo estadunidense é sempre algo forçado, uma tentativa até pior que as atuais incursões asiáticas.

Mas na corrida foi como no filme: depois que a gente vê, acaba simpatizando. E no GP,  como na película, os atores foram ótimos!

httpv://youtu.be/eJixNxFxhT4

Antes de tudo, vamos começar por outra coisa alien: A maioria dos leitores do GPTotal provavelmente assistiu a corrida via SporTV. Ao vivo. E Galvão foi quem narrou o VT. Às 23h15.

Corrida sem Galvão é como o filme: em princípio, estranho. Mas acaba sendo bom – não que seja um primor, a narração dos “amigos do SporTV”.

Mas a opção da emissora principal por transmitir o Palmeiras caindo para a segundona ao invés de uma ótima corrida que até mesmo poderia decidir o mundial é sintomática: não foi a primeira vez que fizeram isso; e além do mais, como relembrou Lucas Giavoni na coluna “Para Quarentões“, o público brasileiro na F1 está envelhecendo e se desinteressando.

Logo, não se renova. Logo, não aumenta. Logo…

A Globo está investindo pesado nos projetos de campanha publicitária para 2013. Oferecem um total de mil inserções na tv, e quase 200 mil impressões no Globo.com. Em todo o ano. média de 50 por semana/período pré-GP. A bolada: R$ 65 milhões. Por patrocinador. Que seriam 6.

Tudo isso para cobrir o buraco da audiência. É há algum tempo sabido que a Globo tem perdido gradativamente sua audiência – ainda que mantendo a liderança com certa folga -, mas aumenta de modo inversamente proporcional sua receita.

Segundo a avaliação da Rede, o público de F1 brasileiro é assim formado:

– 60% de homens;
– 79% do público acima dos 25 anos, sendo 59% acima dos 35;
– 90% das classes A, B e C, sendo 48% integrantes das duas primeiras.

Em termos de audiência, fala-se em 55 milhões (média). Mas é um número referente ao alcance total. Então deve haver muitos daquele tipo: “liguei a tv, tava na corrida, mudei pro Gugu“, sabe como?

Tudo, claro, passa pela “escassez de brasileiros” na ponta.

Aproveitando o gancho, vamos ao tema (mais) polêmico do fim-de-semana. Para tanto, reproduzo abaixo nota publicada pelo supracitado Lucas em nossa página do FaceBook:

Trata-se de um campeonato de equipes e pilotos. O que a equipe determina, pilotos têm que acatar, como funcionários. A (lícita) mutreta da Ferrari de trocar o câmbio de Massa para promover Alonso no grid não significa que a equipe tenha falta de caráter. Ela jogou dentro das regras.

Essa manobra, no fim das contas, apenas expõe o (elevado) nível de ridiculez do atual regulamento da F1. Pensando racionalmente, e dentro de princípios esportivos básicos, é impossível concordar que quebras ou substituição de câmbio ou motor sejam convertidos em punição para o competidor, ainda mais quando pensamos que hoje é quase impossível um piloto estragar motor ou câmbio por imperícia.

httpv://youtu.be/CgHOtAJC5u0

Nada a acrescentar quanto ao conteúdo, faço apenas dois comentários.

Primeiro: lembro-me que, quando Schumy fez sua “pole” em Mônaco e perdeu as posições na largada devido ao acidente com Bruno Senna na corrida anterior, defendi que aquela era de fato uma punição grotesca tendo em vista o estrago causado na performance. Porém, disse à época na coluna, “particularmente, acho mais ridícula a punição por troca de câmbio“.

Assim, o que a Ferrari fez foi, em última medida, escancarar as deficiências do nosso querido ‘regulamento de merda’.

Agora, é uma atitude que confronta nossas noções de esportividade, sim, e faz com que sejamos vistos como aliens, sim.

Massa teve um fim-de-semana melhor que o de Alonso. Só que, de novo, não foi a primeira nem a última, e muito menos a mais escrachada atitude ferrarista em termos de prejudicar o “piloto 1B”.

Pra mim, nada vai superar o “cavalete rampante” da França, em 2002.

A estrela principal do cavalete foi o mesmo ator que nesse GP roubou a cena novamente.

Nos treinos livres do sábado, Schumacher cortou a frente de Felipe Massa de modo flagrante, quase causando um acidente como aquele em Spa, esse ano. Mais tarde, durante o treino oficial, na Q2, atrapalhou a volta de Alonso, bloqueando-o.

No entanto, o que ele fez ontem com Jenson Button só não foi a atitude mais bizarra de seu retorno às pistas porque em agosto de 2010 ele fez pior. E, senhores: ele NÃO FOI punido!

httpv://youtu.be/iENKwTfEGcI

Por tudo isso, além do fato de ter feito sua pior corrida (em termos de desempenho) desde que retornou à Fórmula 1, é que a aposentadoria de Schumacher já passou da hora.

Prometo fazer um balanço, nas férias, sobre o desempenho de Schumacher nesse retorno. Prometo também: não usarei de subterfúgios baratos como comparar sua volta às de Mansell, Lauda e Prost.

Ele deve ser comparado a outros caras…

Caras que não são Hamilton, Alonso nem Vettel. Que geração estamos testemunhando!

Vale pensar: além da F1, basquete, futebol e tênis tiveram uma explosão cambriana nos anos 80.

A briga entre os pilotos número 1 de McLaren e Red Bull foi excelente. As voltas mais rápidas aqui e ali, sensacionais. Não, dessa vez não estou me contentando com pouco, e a asa móvel foi a menos responsável pela ótima briga de ontem.

Alonso fez sua corrida típica, à la Piquet. E conseguiu adiar a disputa. Mas foi graças a Hamilton que o campeonato ainda está, de fato, aberto.

Vettel, diplomaticamente, revela preocupação com a nova quebra dos RBR. E Alonso segue fazendo “contagem regressiva” para a equipe.

A Alessandra Alves garantiu que o título é de Vettel. E deverá ser.

Mas nós estaremos ‘muito bem, obrigado’ de novo tri. Seja ele espanhol ou alemão.

Ah! Pra esclarecer de vez o título da coluna: os texanos são os cowboys; os aliens somos nós – que preferimos F1 a Palmeiras X Flamengo.

Boa semana a todos.

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

7 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Belo Texto Marcel!

    Na minha opinião, a Ferrari ao trocar o cambio do Massa mexeu em alguns outros pilotos no grid, que talvez tenham gostado ou não do lado que iriam largar, e isso eu acho errado.

    Alonso esta usando as armas que tem, e como ele já percebeu que o Massa se tornou um boneco de fantoche, esta passando como um trator por cima do brasileiro.

    Massa esta com sua vida $$ ganha, e fica cada vez mais claro que ele esta a cada dia mais para um pai de família do que para um piloto a brigar por títulos, e o danado do Alonso sabe disso, mesmo que ele Felipe de entrevistas mencionando que esta lá para vencer.

    Balela!

    Agora a respeito das transmissões da Sportv, o Lito Cavalcanti é um ótimo comentarista, ao mesmo nível do Reginaldo Leme, mas o narrador Sérgio Maurício é péssimo.

    Ou seja, as opções de locutores para a F1 esta muito fraca.

    A corrida foi bom graças ao Hamilton, que esta querendo sair por cima da Mclaren.

    Vamos aguardar o nosso GP, e com certeza, Interlagos vai proporcionar, como sempre, grandes batalhas.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  2. Fernando Marques disse:

    O Massa deve estar ganhando muito bem $$$$ pra fazer papel de babaca na Ferrari …
    E o Alonso por causa destas artimanhas da Ferrari não merece ser campeão este ano …
    De certa forma é uma pena o L. Hamilton não estar nesta briga pelo titulo de 2012.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Rafael Carvalho de Oliveira disse:

      A Mclaren neste final de temporada teve 4 quebras de cambio certo? Se não fosse estes problemas Hamilton estaria na briga!

    • Marcel Pilatti disse:

      Sim, Rafael, e duas na liderança, Cingapura e Abu Dhabi…

  3. Cassio disse:

    São diversos assuntos, então vamos por partes.

    As novas corridas asiáticas são piores que cowboy X aliens. Mesmo que você assista, não tem como simpatizar com os GPs da China, Índia, Coréia, Emirados Árabes, Cingapura…

    ///

    Lamento a Globo preferir a briga de foice no escuro à decisão do mundial de pilotos. Lamento, mas compreendo. Quem não faria igual se fosse o seu dinheiro na jogada? Com as cifras apresentadas, fica claro quem paga mais à RG.

    Por outro lado, tenho notado uma mudança de tom nas trasmissões, deixando um pouco (mas bem pouco) de martelar no lado “Brasil sil sil” e tentando supervalorizar o aspecto técnico e de competitividade (mesmo que artificial) que os últimos campeonatos têm mostrado. Talvez um sintoma da queda de audiência já citada por aqui.

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    Sobre a manobra da Ferrari, é um pouco diferente do cavalete. Agora, buscaram dar sobrevida a um piloto que levou o carro no braço. Em 2002, o que ficou foi a pergunta: pra quê?

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    Se o fim de carreira so Schummy não vai ser comparado à Mansell, Prost e Lauda, então só pode ser com Coulthard. Não fiz nenhum levantamento estatístico, mas creio que ambos tem números parecidos de “incidentes” de corrida em suas últimas temporadas.

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    A beleza desta geração é que reaprendeu o valor de uma ultrapassagem.
    A disputa Vettel X Hamilton foi surpreendente. Só podemos imaginar os golpes psicológicos dados a cada volta mais rápida.
    Pena que o regulamento de merda nos privou de ver uma ultrapassagem digna da disputa.

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    Por fim, creio que o fiel da balança em Interlagos será o alternador do RBR Nº1. Fiquemos de olho!!!

    Abraço

    • Mauro Santana disse:

      Acho que o Cavalete Rampante foi utilizado porque o Barrichello chora de mais, e com certeza deveria estar enchendo o saco dos italianos.

      Então, foi aquele “não enche o saco rapaz”.

    • Ballista disse:

      Pode ser, o Barrichello sempre foi um chorão de marca maior. Mas se eu fosse o Massa, iria preferir um cavalete no bico do que rompessem meu lacre (ui).

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