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O Jardineiro – Parte 1
06/11/2022
Comemoração do GP do México de 2022

Um campeonato completamente decidido em todas as esferas. Carros sem muitas surpresas e atualizações, nesse cenário o ditado vale: de onde nada se espera, é de onde nada vem mesmo.

No Brasil, a corrida se misturou ao clima eleitoral. Com importante momento acontecendo, a corrida saiu da TV aberta e foi para a Internet. E, um pouco mais escondida, acabou não sendo grande perda para o público.

Max Verstappen e a Red Bull mostraram mais uma vez que estão afinados na busca de quebrar todos os recordes.

As aberrações do regulamento começaram no treino livre. Logo na sexta, treino livre número 1.

Por regra, esse ano os novatos são obrigados a participar de treinos livres. No ano de mudança de regulamento, ninguém pode perder tempo de pista numa categoria que não tem testes fora do fim de semana de campeonato e o resultado é usar os novatos só agora no final do ano. Motores velhos, mapeamento de motores no mínimo e muitas quebras. Fittipaldi deu apenas 9 voltas. Jack Doohan, outras 13. Liam Lawson ainda conseguiu dar razoáveis 19 voltas. De Vries e Logan Sargeant conseguiram fazer os programas completos. Esse grupo de “novatos” citados aqui também mostra o abismo de performance dos carros que lhes foram disponibilizados quando comparados com os pilotos que vão disputar o restante do fim de semana. O mais rápido do grupo ficou quase 1 segundo atrás de Nicholas Latifi. Latifi, por sua vez, ficou um segundo atrás de Mick Schumacher. Não dá, em hipótese alguma, para achar que esses carros são tão difíceis de guiar para um piloto profissional que ele não consiga andar próximo de Latifi e Schumacher em condições iguais.

Dá tristeza escrever o sobrenome Schumacher em comparação direta com Latifi.

Melhore, Mick!

No treino livre 2, teste de pneus. Como vão funcionar em 2023. O treino livre foi estendido, mas com uma série de regras da pirelli para manter a consistência na coleta dos dados. Consequência? Motores reduzidos, nenhuma informação representativa.

Para o sábado, a expectativa era o ar rarefeito beneficiar muito a Mercedes.

Havia uma expectativa pra luta da pole entre Max, Hamilton e Russel.

Durante todo o final de semana a Mercedes correspondeu essa expectativa. Lutou na frente. Estava ali esperando o pulo do gato final no Q3.

O pulo do gato veio. Mas foi um oferecimento de Max.

Em mais um final de semana perfeito, Max mostrou a que veio e cravou a pole com folga. Não dá nem pra considerar o erro de Russel ou as falhas de motor de Hamilton. Max foi incontestável.

Também foi incontestável o clima de velório na Ferrari. Após um início de ano promissor, o time vermelho prepara uma despedida melancólica de 2022. O pano de fundo é a mudança de foco para o carro de 2023, mas isso pode custar o vice campeonato de pilotos e de construtores. A Ferrari se atrapalhou esse ano em suas estratégias e seus pilotos falharam em momentos cruciais (seja em classificações ou execuções de corrida), não estavam prontos para lutar com a maquina bem azeitada da Red Bull e só não apanharam da Mercedes por conta de um erro crônico de projeto dos prateados.

O GP do México foi com certeza uma das corridas mais burocráticas da história. Max Vestappen acordou no domingo para mais um tradicional dia de trabalho no escritório. Se vestiu, sentou-se no equipamento de trabalho com um único pensamento na cabeça: não se meter em confusão nas 3 primeiras curvas.

Após se manter livre de qualquer confusão do início da corrida, o fabuloso RB18 cumpriria a seu papel e seria visto pouquíssimas vezes na televisão. Havia para todos os espectadores uma certeza reiterada sobre 2022 que, de onde largasse, Max venceria mais uma prova.

O diretor de imagens da F1 também entendeu essa mensagem do espectador e dedicou duas voltas inteirinhas a nos mostrar todos os ângulos possíveis da largada. Um visionário! Sabia que ali estava registrado o momento mais especial daquele domingo.

O surpreendente ritmo da Mercedes no primeiro trecho da corrida, dava algum ar de esperança que teríamos no mínimo uma disputa pela diferença de estratégia. RedBull estava com uma estratégia de pneus mais macios que as Mercedes. A queda de temperatura e o crescimento acentuado da qualidade do emborrachamento do asfalto melaram a estratégia da Mercedes.

A RedBull conseguiu fazer a estratégia de uma parada funcionar com a dupla Macio-Médio. A queda de performance esperada para o médio no final da prova (que daria a vantagem para as Mercedes que vinham de Macio-Duro) veio muito tarde, faltando 4, 5 voltas. Mas dois fatores impediram o ataque de Hamilton no final. Primeiro que ele já estava muito longe para descontar a diferença antes da queda de Max aparecer, segundo que a Mercedes ‘tirou’ o pé, já tinha ciência que não daria para ultrapassar Max na pista.

Ponto que a Mercedes errou na estratégia inicial e errou novamente em não ouvir seus pilotos. Russel pediu pneus macios para o último stint e lhe foi negado. Hamilton não pediu especificamente com todas as letras o pneu macio, mas pediu para dividir as estratégias entre os dois. Se Russel fosse de Médio, deveriam dar o Macio pra ele e vice-versa. A tentativa de Hamilton era de ao menos bagunçar a cabeça da Red Bull e colocar alguma pressão adicional no jogo.

A Mercedes deveria ouvir um pouco mais seu heptacampeão.

A prova seguiu sem muitas emoções depois das paradas. Só Perez teve algum trabalho por conta de seu pitstop lento demais. Teve que recuperar algumas possições, mas na volta 35 (antes da metade da prova, pois) já estava na terceira posição.

Depois disso, nada de espetacular. Russel ficou pra trás e distante o suficiente de Sainz e Leclerc. O pessoal do meio do pelotão seguiu com suas disputas. Tsunoda, Ricciardo, Vettel, Gasly, Alonso e Zhou.

Único chateado de verdade ao final da prova era Alonso. Não consegue terminar provas e desabafou após mais uma quebra de motor. Estilo Alonso mesmo. Clássico. Reclamou que só o carro 14 quebra, que ao menos na época da Honda todo mundo quebrava! Alonso exagera nas palavras, mas é a 4º prova que ele abandona por quebra da Alpine, todas elas ele estava em boas posições de largada e fazia prova decente. Ds provas que terminou, só duas foram fora dos pontos (uma por punição) o que mostra sua constância ainda absurda. Mas calma Alonso, tirando os seus incidentes, o carro de Ocon quebrou duas vezes. Quem precisa se preocupar mesmo é a Alpine.

Não há espaço para especulação sem fatos:

  • Somente 6 pilotos na volta do líder;
  • O Vice do campeonato (antes da prova mexicana) chegou 1minuto e 8 segundos atras do líder. Isso mesmo, quase 1 segundo mais lento por volta;
  • Disputas na Tv? Albon? Ricciardo em estratégia suicida?

Max é brilhante? Executor perfeito? Sim. Tudo isso. Só que a Red Bull é um carro de outro planeta. Somente quatro pilotos venceram esse ano. Somente duas equipes dividiram as vitórias. A ultima vez que isso aconteceu? 2016, o ano do titulo de Rosberg.

Ricciardo resolveu acordar. Tardiamente e apoiado numa generosa estratégia de pneus que o deixou na pista com o melhor composto do final de semana enquanto todos lutavam pra completar seus longuíssimos trechos finais.

Não dá pra diminuir esse feito. Soube cuidar bem dos pneus durante toda a corrida e entregou velocidade necessária quando lhe foi oferecida a melhor a estratégia.

Mas esse sono profundo experimentado em 2022 deixou marcas no australiano. A (não) tentativa de ultrapassagem sobre Tsunoda foi um fracasso retumbante.

O sistema de punições da F1 precisa de ajuda.

Russel tirou Sainz da prova em Austin: 5 segundos de punição.
Ricciardo tirou Tsunoda da prova no Mexico: 10 segundos de punição.

Falta consistência e o preço está muito baixo para acabar com a corrida do adversário. Para Ricciardo, a punição não lhe custou nada. Absolutamente nada.

E ainda no capitulo punições, Gasly recebeu a dele por manobra em cima de Stroll. Se a “regra” fosse aplicada em 2021, Max Vestappen não teria terminado o ano como campeão.

Para o Brasil, dá para esperar uma boa corrida. Movimentada pelas características da pista e do clima nessa época do ano. Mas também é possível esperar mais uma vitória da Red Bull com Max.

Em excelente forma, o que nos resta especular é quanto tempo esse domínio da Red Bull vai durar.

Boa semana!
Abraços

Flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

1 Comments

  1. Fernando marques disse:

    Fláviz,

    A única surpresa pra mim nesta temporada foi o baixo rendimento da Mercedes.
    O Verstappen sobrou no grupo.
    Título indiscutível pra ele e RBR.

    Se comparado com a temporada de 2021, a temporada de 2022 perdeu feio de goleada.
    E nem as provas restantes serão capazes de mudar esse placar.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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