Onze anos na categoria, 144 GPs disputados, dois Mundiais, 35 pódios, sendo catorze vitórias, três equipes, treze modelos pilotados. A seguir, uma breve lembrança da passagem de Emerson Fittipaldi pela F1.
LOTUS 49C – 70
O carro da estreia de Emerson na F1, Inglaterra, Brands Hatch, 18 de julho de 70, com as lindas cores da Gold Leaf Team Lotus. Equipado com o motor Ford Cosworth, que empurraria Emerson até o final da sua passagem pela F1. Ele largou na última fila e conduziu o carro com cuidado até a 8ª posição na chegada.
Na corrida seguinte, em Hockenheim, terminou em 4º. Faria apenas mais uma prova com o modelo, na Áustria, terminando em 15º.
LOTUS 72C – 70/71
O modelo da primeira vitória de Emerson, Estados Unidos, Watkins Glen, 4 de outubro de 70. O carro deveria ter sido estreado por ele em Monza, mas a Lotus retirou-se após o acidente mortal de Jochen Rindt nos treinos para o GP.
Além dos Estados Unidos, Emerson fez mais três GPs com este modelo, inclusive as duas primeiras corridas da temporada seguinte, todas terminando em abandono por quebra.
LOTUS 72D – 71/72/73
O carro do primeiro título de Emerson, em 72. Ele começou a usá-lo já em Mônaco 71, onde terminou em 5º.
Além deste, foram mais 21 GPs disputados com o modelo, sete em 71, com as cores da Gold Leaf, doze no ano do título e mais três em 73 – vitórias na Argentina e Brasil e um 3º na África do Sul, com as cores preto e dourado da John Player.
Com o modelo, Emerson conseguiu 14 pódios, incluindo sete vitórias, três poles e apenas quatro abandonos. Em 73, o modelo passou a ser equipado com pneus Goodyear, com os quais Emerson correria até o seu último GP na categoria.
LOTUS 56B – 71
Colin Chapman, dono da Lotus, investiu bastante na ideia de equipar os seus carros com turbinas ao invés de motores a pistão. Começou em Indy, arriscou também na F1, com este modelo pilotado por Emerson em Monza 71. O desempenho do carro foi mais do que decepcionante – 18º no grid e 8º na prova, um milagre que só alguém como Emerson seria capaz de conseguir – e acabou abandonado.
A novidade da pintura se deve ao temor de que a justiça italiana pudesse apreender os bens da Lotus por conta do processo movido contra a equipe por eventual responsabilidade pela morte de Rindt, tanto que a inscrição na prova foi feita em nome da “World Wide Racing”, do qual não se tem qualquer notícia. Além disso, o esquema de cores do carro serviu de teste para a combinação usada no ano seguinte.
LOTUS 72E – 73
Mais uma evolução do Lotus 72, um dos carros mais longevos da história da categoria. Emerson pilotou o modelo por doze vezes na temporada 73, começando na Espanha, GP que venceu mesmo com um pneu furado. Nas provas seguintes, obteve um 3º e um 2º lugares, tudo indicando que caminhava firme para o bicampeonato.
Só que não: na sequência, Emerson emendou quatro abandonos, um 6º lugar e mais um abandono, permitindo a reação de Jackie Stewart e Ronnie Peterson, também da Lotus. Nas três provas finais da temporada, Emerson conseguiu dois 2ºs e um 6º lugar nos Estados Unidos, encerrando a sua passagem pela Lotus com o vice-campeonato.
MCLAREN M23 – 74/75
Com a nova equipe, Emerson chega ao título em 74 e ao vice-campeonato no ano seguinte, sempre com o mesmo modelo, um carro seguro e confiável, com o qual disputou 28 GPs, conseguindo treze pódios, sendo cinco vitórias, entre elas a de Silverstone 75, debaixo de um temporal, outro milagre que só alguém com o toque delicado do brasileiro seria capaz. Seria, porém, a sua última vitória na categoria.
COPERSUCAR FD04 – 76/77
Começa, em 1976, para Emerson a aventura da equipe própria, criada pelo seu irmão Wilson no ano anterior. A estreia em Interlagos é promissora: embarcado no modelo criado por Ricardo Divila e um dos mais belos do grid, Emerson marca o 5º tempo no grid, oito décimo atrás do pole, James Hunt, com McLaren, e um segundo à frente de José Carlos Pace, com Brabham. A corrida, porém, é um banho gelado. Emerson mal se segura no meio do grid até metade da prova, quando cai para as últimas posições. Termina em 13º, três voltas atrás do vencedor, Niki Lauda.
Seguiria assim nos demais 21 GPs disputados com o modelo, até meados de 77. Ele conseguiu apenas dois 4ºs, um 5º e três 6ºs lugares no período e amargou não ter conseguido se classificar para a largada na Bélgica 76, a primeira vez que isso lhe aconteceu na carreira.
Isso tudo lançou grande descrédito para a iniciativa dos irmãos Fittipaldi, punindo duramente a ousadia de tentarem criar um polo tecnológico de automobilismo fora da Inglaterra, e num momento em que a F1 ingressava num período de intensa inovação.
COPERSUCAR F5 – 77
A falta da letra D na designação do modelo significa que Divila não era mais o projetista-chefe da equipe, ainda que continuasse ligado a ela.
O carro foi projetado por Dave Baldwin, que deixou a equipe logo após a estreia do modelo, na Bélgica 77, e foi usado por mais seis GPs na temporada. Mas não foi longe. De positivo apenas o 4º lugar de Emerson na Holanda. Em compensação, ele não consegue se classificar para as largadas na Alemanha e Monza.
COPERSUCAR F5A – 78/79
O modelo revisado por Giacomo Caliri incorporando o princípio do carro-asa anima, conseguindo um 2º lugar no GP do Brasil, disputado em Jacarepaguá, segunda prova da temporada 78. Nos outros catorze GPs do ano, dois 4ºs, dois 5ºs e um 6º lugares. Emerson termina a temporada em 10º lugar, empatado com Gilles Villeneuve, com 17 pontos. É seu melhor ano durante a aventura da equipe própria.
O F5A sobreviveria em boa parte da temporada 79, obtendo apenas mais um 6º lugar.
COPERSUCAR F6 – 79
O ponto mais baixo da equipe. A Copersucar investiu pesado neste modelo, belíssimo, descrito como estado da arte em aerodinâmica, criação de Ralph Bellamy, mas que se revelou um erro tão grande que competiu apenas um GP, o da África do Sul de 79 – por isso a sobrevida do F5A.
COPERSUCAR F6A
O modelo é intensamente revisado por Giacomo Caliri, voltando no GP da Alemanha de 79, sendo usado neste e em mais cinco GPs do ano, mas não obtém nada, absolutamente nada. Emerson conclui a temporada com apenas um ponto, conquistado na Argentina, com o modelo F5A.
FITTIPALDI F7 – 80
A equipe perde o patrocínio da Copersucar, passando a correr com as cores da Skol. O modelo, usado nos sete primeiros GPs da temporada de 80, é uma breve revisão do carro de 79 da equipe Wolf, cujo espólio foi adquirido pelos Fittipaldi. O carro promete algo, com o 3º lugar de Keke Rosberg, companheiro de Emerson, na primeira prova de 80, na Argentina.
A boa colocação é repetida por Emerson nos Estados Unidos, primeira vitória de Nelson Piquet na F1. Os dois juntos no pódio é daqueles momentos históricos da categoria.
Duas corridas depois, em Mônaco, Emerson consegue um 6º lugar, seus últimos pontos na categoria.
FITTIPALDI F8 – 80
O último F1 pilotado pelo brasileiro em GPs, projetado por Harvey Postlethwaite para a Wolf, não poderia ser mais decepcionante.
Em sete GPs, cinco abandonos, inclusive as últimas quatros provas da sua carreira na F1, um final tão melancólico quanto injusto para alguém com o talento e coragem de Emerson Fittipaldi.
3 Comments
Edu,
Fotos legendas conta como ninguém a carreira o Emerson na Fórmula 1.
Belos carros nem todos eficientes.
Emerson ensinou o caminho pra chegar na fórmula,1 e na Indy para os pilotos brasileiros.
E com sua equipe Fittipaldi o que não deve fazer.
Fernando Marques
Niterói RJ
Grande Edu!
Mais um belíssimo texto seu, e justiça seja feita, Emerson poderia ter sido Tetra Campeão da F1.
Espero poder ler um texto do amigo ainda aqui no Gepeto a respeito da temporada de 1975.
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Os 72 D/E preto e dourado são belíssimos e icônicos, mas a 56B dourada e preta, apesar do fracasso, é concorrente séria ao mais belo F1 de todos os tempos. Nessa foto de frente não é possível ver toda sua beleza. Ambos foram inspirados no Lotus turbina 56 que Chapman desenvolveu para Indianápolis em 68