Veja a primeira parte desta coluna: https://gptotal.com.br/foto-legendas-os-f1-de-graham-hill-1/
1967
Graham Hill retorna à Lotus, equipe pela qual estreou e onde Jim Clark reina absoluto. Hill já conta 38 anos, sete a mais do que o companheiro que, nesta altura, já havia disputado 61 GPs ante 79 de Hill.
É mais um ano de transição na F1, os motores de três litros ainda em fase de aperfeiçoamento, o exótico motor Repco, vencedor na temporada 66 com a equipe Brabham, ainda levando vantagem principalmente pela confiabilidade em relação aos demais motores, inclusive o Ford Cosworth, que estrearia no GP da Holanda, terceira prova de 67, equipando os carros da Lotus.
Nas dois primeiros GPs do ano, Hill pilota os modelos 43 (foto acima, com Clark no cockpit), equipado com o motor BRM de 16 cilindros, e, em Mônaco, o magnífico Lotus 33 (foto abaixo), equipado um motor oito cilindros da BRM, que lhe rende o 2º lugar na prova.
Enquanto isso, Hill se ocupa dos testes iniciais do modelo 49 (foto abaixo, mostrando também Colin Chapman, criador da Lotus), equipado com o Ford Cosworth de oito cilindros, que viria a revolucionar a F1. Hill marca a pole em Zandvoort, meio segundo à frente de Dan Gurney, 2º no grid, e dois segundos inteiros e mais um pouco à frente de Clark. Hill lidera as primeiras dez voltas da prova, mas abandona com a caixa de câmbio quebrada. Clark vencerá o GP e três outros até o final do ano, enquanto Hill, apesar de algumas corridas épicas, conseguirá apenas mais um 4º e um 2º lugares, colecionando abandonos em série nas demais provas, concluindo o ano num melancólico 7º lugar, com 15 pontos, ante 41 de Clark. O título vai para Denny Hulme, com Brabham Repco.
1968
A tragédia cai sobre a equipe Lotus em abril, com a morte de Clark em Hockenheim, durante uma corrida de F2. Hill estava presente e cuida da remoção do corpo do companheiro para a Inglaterra.
Nesta temporada, não há mais dúvidas de que o Lotus 49 é o melhor carro do grid, dominando o GP da África do Sul, com dobradinha Clark-Hill. Pouco mais de um mês após Hockenheim, Hill vence na Espanha e em Mônaco (onde estreia o modelo 49B – na foto abaixo), mas emenda cinco abandonos nas seis provas seguintes.
Hill e Hulme chegam ao penúltimo GP do ano, em Watkins Glen, liderando o Mundial com 33 pontos, seguidos por Jackie Stewart e Jacky Ickx, empatados com 27 pontos. Stewart lidera desde a largada, seguido por Hill, terminando assim.
Na prova final, no México, Hill tem três pontos de vantagem sobre Stewart. Eles disputam a liderança da prova até 15 voltas do final, quando o escocês tem problemas com seu Matra, ficando para trás. Hill cruza em 1º e conquista seu segundo Mundial de Pilotos.
Foi nesta ano que ele disputa sua terceira e última Indy 500, com o Lotus 56 movido a turbina (foto abaixo), o carro que inspiraria a criação do Lotus 72, ambos em formato de cunha. Hill largou em 2º até perder uma roda e bater na volta 110.
1969
1969 é o ano de Stewart. Com um Matra equipado com motor Ford Cosworth, ele vence seis dos oito primeiros GPs do ano e garante o título.
Hill usara o modelo 49B ao longo de toda a temporada. Vai bem no começo – um 2º lugar na África do Sul e vitória em Mônaco, a quinta em sua carreira –, mas depois colhe apenas mais quatro pontos, cedendo o protagonismo na Lotus a Jochen Rindt.
Ao longo do ano, Hill testará o Lotus 63 (foto abaixo), com tração nas quatro rodas, uma ideia seguida também por outros construtores, mas que não deu em nada.
Sua despedida da equipe Lotus quase terminou em tragédia: Hill sofreu grave acidente na 90a volta do GP dos EUA, em Watkins Glen, quando corria em 5o (veja abaixo). Um pneu explodiu e carro capotou, lançando Hill para fora e o deixando com graves fraturas nas pernas. Foi o segundo susto dele no ano, após acidente no GP da Espanha, do qual escapou sem maiores ferimentos.
1970
Recuperado do acidente, Hill deixa a Lotus, mas segue pilotando os carros da marca, inscritos pela equipe privada de Rob Walker, um veterano empresário do automobilismo que chefiou Stirling Moss em seus anos finais na F1 e outras categorias.
Mas a equipe não vive uma boa fase. Hill pilotará durante o ano os modelos 49C (na foto que abre esta coluna) e 72C (foto abaixo) com resultados muito modestos. No final do ano, é o 13º no Mundial, com sete pontos conquistados.
No ano seguinte, dá mais uma guinada na carreira, passando a pilotar pela Brabham, antes de criar a própria equipe e construir um carro com o seu nome – e também atingir um dos maiores feitos da sua carreira.
Veremos isso em nosso próximo encontro.
Boa semana a todos
Edu
4 Comments
Acompanhei o final da carreira do papai Hill no ocaso, com o elegante carro com seu nome, e ostentando o título de Mister Mônaco, que depois teve um segundo Mister. Só reparei na coincidência que ele fez valer o seu segundo título mundial, dando dignidade à Lótus que havia perdido Jim Clark. A Lotus terá um momento trágico posterior, e nosso Emerson irá fazer a honraria do legado de Rindt. E na família Hill, filho Damon irá conquistar seu único grande momento honrando o legado Senna na Williams. Havia esquecido que papai Hill tinha se ido em acidente aéreo. Da mesma forma que anos depois levou meu grande ídolo de sempre José Carlos Pace, e o amigo Mariavaldo Fernandes . Um acidente aéreo (ultraleve também é aéreo) quase leva o grande Emerson e o filhote Luca. Emerson como bom sagitariano deu mais um volteio na carreira e na vida, e segue em frente. Coincidências da vida, morte, história da fórmula 1, brasileiros e ingleses. Xará Edu, continuo seu fã há mais de 20 anos, desde Pela Gloria e Pela Pátria . E destaco a coincidência final : seu artigo é de 9/9, dia do nascimento de meu avô que me ensinou aos 3 anos a contar estrelas e escrever números sequenciais, que me permitiu compreender a noção de infinito . Forte abraço Edu e todos da Gepeto
Abração, xará, obrigado pelas palavras, assim como ao MarcioD e Fernando, leitores fieis, apoiadores do GPTotal desde sempre.
É um prazer e uma honra escrever pra vocês!
Edu
No grave acidente de Hill destacado pelo Fernando pode-se ver nas fotos a falta de segurança das pistas nos anos 60, com pessoas, carros, arvores e barrancos próximos à pista, sem nenhuma barreira de proteção à frente. Os guard rails existiam somente em alguns pontos da pista e isto nos EUA, pais mais desenvolvido do mundo há muito antes da quela época. E François Cevert morreu nesta pista em 73 degolado por um guard rail de altura inadequada.
A Lotus 56 da Indy deu origem também à 56B turbina na F1 , pilotada por Emerson em 71 sem sucesso
Edu,
como sempre “Fotos legendas” coluna magistral …
Não sabia ou me lembrava desse grave acidente do Hill em 1969 … escapou por muita sorte … sempre admirei o estilo dele de pilotagem e me lembro como senti a sua morte naquele acidente aéreo … numa época em que tinha Emerson, Stewart, Lauda, Regazzoni, R. Perterson, Pace, jamais poderia deixar de reverenciar também o G. Hill
Fernando Marques
Niterói RJ