Foto-legendas – Os F1 de Rindt

32 milésimos
12/09/2025

Jochen Rindt é o próximo na minha lista dos campeões discretos, depois de Mike Hawthorn, Phil Hill e Denny Hulme.

Alemão de nascimento e austríaco por adoção, Rindt tem um currículo na F1 – em sessenta GPs disputados, seis vitórias mais sete pódios, dez poles e três melhores voltas – comparativamente modesto para alguém capaz de enfrentar de igual para igual Jackie Stewart.

É que, na maior parte da sua carreira, Rindt não teve nas mãos carros de qualidade, coincidindo com um período de muitas mudanças de regulamento, motores, pneus e aerodinâmica, sem falar no modelo de negócios da F1 que passou, por exemplo, a admitir o patrocínio das equipes. Quando Rindt teve um equipamento minimamente competitivo, ganhou o Mundial apenas para perder a vida nos treinos para o GP em Monza, em 1970.

A seguir, breves lembranças dos carros que Rindt pilotou na F1.

1964 – Brabham BT11

Rindt estreou na F1 aos 22 anos de idade, muito jovem para a categoria na época, no GP da Áustria, sua única corrida na temporada, pilotando pela equipe de Rob Walker, usando uma Brabham equipado com um motor BRM V8 (foto acima). Marcou o 13º tempo nos treinos e abandonou por problemas de direção.

O GP foi disputado em Zeltweg, primeira vez deste autódromo na F1.

 

1965 – Cooper T73 e T77

Contratado pela Cooper para a temporada 65, Rindt estreia na África do Sul, com o modelo T73 (foto acima), equipado com motor Climax V8, 1,5 litro.

Nas oito provas seguintes, passa a usar o modelo T77 (foto abaixo), empurrado pelo mesmo motor. Os resultados são modestos: um 4º lugar em Nurburgring mais um 6º em Watkins Glen, somando quatro pontos ante dez de seu companheiro de equipe, Bruce McLaren.

Apesar disso, Rindt já goza de uma excelente reputação, vencendo as 24 Horas de Le Mans para a Ferrari, em dupla com Masten Gregory, e também na F2. Nos anos seguintes, será reconhecido como o melhor piloto da categoria, a ponto de ser chamado de “Rei da F2″.

 

1966 – Cooper T81

Primeiro ano do novo regulamento de motores na F1, passando de 1,5 para 3 litros. Muitas improvisações entre as equipes, resultando numa temporada ganha com facilidade por Jack Brabham pilotando o próprio carro.

A Cooper troca os motores Climax pelos Maserati V12. O modelo T81 (foto acima) é bom, permitindo a Rindt pontuar em seis dos nove GPs do ano, incluindo dois 2os lugares em Spa (uma das suas grandes exibições na F1, em meio a um temporal mostrado no filme Grand Prix) e em Watkins Glen, e um 3º em Nurburgring. Ele fecha o ano em 3º no Mundial de Pilotos, com 22 pontos, sendo superado pelo companheiro de equipe John Surtees, que fecha o ano em 2º, com 28 pontos. Surtees passa à Cooper apenas no quinto GP do ano, marcando 19 pontos pela equipe até o final da temporada, ante 13 de Rindt no mesmo período.

 

1967 – Cooper T81, T81B e T86

Em dez GPs, Rindt corre três vezes com o modelo T81 (foto acima, com uma horrenda nova carroceria), quatro com o T81B (foto abaixo) e as demais com o T86 (foto mais abaixo). Abandona em todos os GPs menos em Spa e Monza, nas quais termina em 4º lugar.

Seu companheiro é o mexicano Pedro Rodriguez, que vence no primeiro GP do ano, na África do Sul, e soma pontos em outros quatro GPs, finalizando o ano com 15 pontos, ante seis do austríaco.

 

1968 – Brabham BT24 e BT26

Rindt passa à equipe bicampeão, substituindo Denny Hulme, campeão em 67, ainda tirando proveito da confiabilidade dos motores Repco V8.

A força da Brabham, porém, se perde. Em doze GPs, Rindt abandona por problemas do carro em nove vezes, às quais deve ser somado um acidente. Nos dois GPs que sobram, ele marca dois 3os lugares. Jack, dono da equipe, vai pior ainda: dez abandonos em onze GPs e apenas um 5º lugar.

Rindt pode, porém, comemorar suas duas primeira poles na categoria, na França e no Canadá. Ele disputa os três primeiros GPs do ano com o modelo BT24 (foto acima) e os demais com o BT26 (foto abaixo).

Este é o ano da introdução dos aerofólios e asas na categoria, dando partida à loucura das pesquisas aerodinâmicas que até hoje dominam a categoria. Nesta temporada e nas seguintes, os carros dificilmente repetem suas configurações aerodinâmica de corrida para corrida.

 

1969 – Lotus 49B

A despeito de não gostarem um do outro, Colin Chapman chama Rindt para o lugar de Jim Clark na temporada, para correr ao lado do tricampeão Graham Hill. Rindt foi o primeiro não britânico admitido pela equipe Lotus na F1 em regime permanente.

Com o modelo 49B (fotos acima e abaixo com diferentes arranjos aerodinâmicos), equipado com o motor Ford Cosworth, Rindt marca cinco poles e chega à sua primeira vitória na F1, em Watkins Glen, conseguindo mais dois pódios e enfrentando vários problemas nas demais etapas, inclusive um terrível acidente na Espanha, enquanto liderava a prova, por quebra no aerofólio do seu carro, o mesmo problema tendo vitimado Hill voltas antes, no mesmo ponto do circuito. Por conta dos ferimentos nesse acidente, Rindt não corre no GP seguinte, em Mônaco.

O acidente leva o austríaco a escrever uma carta a Chapman, reclamando da baixa segurança dos carros da equipe. “Sempre tentei me manter afastado de qualquer incidente. Essa situação mudou repentinamente quando entrei para a sua equipe. […] Você deveria dedicar mais tempo ao monitoramento do trabalho dos seus mecânicos. […] Só posso pilotar um carro no qual tenho plena confiança e sinto que o limiar da desconfiança será atingido em breve”, diz a carta. A lavagem de roupa tornou-se pública. Chapman naturalmente ficou bem zangado e isso pode ter influenciado na ausência de Rindt em Mônaco.

Este é o ano da extraordinária disputa entre Rindt e Stewart, pilotando um Matra Ford, em Silverstone. Eles trocaram de posição tantas vezes na liderança que nem a inteligência artificial do Google sabe a resposta. O duelo se resolveu em favor do escocês quando Rindt teve de trocar um pneu furado, terminando em 4º.

 

1970 – Lotus 49C, 72A e 72C

Rindt começa o ano do seu Mundial com dois abandonos, para vencer sua terceira prova, em Mônaco (vídeo abaixo). Nestas três primeiras provas, usa os modelos 49C (foto acima, largando em Spa, entre Stewart e Chris Amon), 72A (foto mais abaixo), voltando ao 49C nos dois GPs seguintes.

A partir do quinto GP do ano, Rindt estreia o modelo 72C, um carro do qual nunca gostou, e emenda quatro vitórias , Holanda, França, Inglaterra e Alemanha. Abandona por quebra do motor na Áustria e segue para seu destino em Monza.

Nos treinos de sábado, ele pede à equipe que retire aerofólio e asas dianteiras do 72C (foto abaixo e também na abertura desta coluna). É com esta configuração esdrúxula que ele bate na entrada da Parabólica, por quebra do freio dianteiro do Lotus, instalado dentro da carroceria.

Apesar das vitórias em sequência, não havia larga superioridade de Rindt e da Lotus na temporada. Duas das vitórias vêm por pura sorte, em Mônaco e na Inglaterra, pelos problemas de Brabham, que liderava as duas provas até as curvas finais.

Os pontos somados pelo austríaco são suficientes para lhe garantir o único Mundial póstumo na F1. Muitos afirmam que Rindt abandonaria a categoria no final do ano, dedicando-se a criar uma equipe própria, em sociedade com seu empresário e amigo de longa data, um certo Bernie Ecclestone.

A morte de Rindt abriu espaço para o crescimento de Emerson Fittipaldi na Lotus. Rindt, por sinal, estava presente ao teste inicial do brasileiro na equipe. Na primeira vez que parou nos boxes, Emerson avisou que o carro, um 49C, estava saindo de frente. Rindt recomendou: pisa mais que o carro acerta.

Abraços

Edu

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Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

1 Comments

  1. Leandro disse:

    Estes carros são dos mais lindos e variados.

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