From Russia…

O pioneiro do ar
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Força do hábito
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Da Rússia só podemos esperar a consagração da equipe mais eficiente, pelo segundo ano consecutivo.

A Rússia é mais uma daquelas pistas caça-níquel que nunca entrará na cabeça dos fãs do esporte porque colocaram ela no calendário. Um circuito no meio de uma vila olímpica quase fantasma, em uma país sem tradição de gosto pelas corridas da F1.

Mas ela faz parte do calendário, não? O circo da F1 pega suas malas e vai para sua jornada pelo solo russo com algumas dúvidas para esclarecer e a grande chance de já consagrar o seu campeão mundial de construtores pela segunda vez consecutiva.

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O GP da Rússia seria uma bela justificativa para provas extracampeonato, lembram delas? Um ano de olimpíada de inverno, uma corrida valendo uns trocados para as equipes, uma grande festa.

Não é difícil imaginar uma prova no Rio ano que vem, no meio das Olimpíadas, em uma pista de rua. Seria um evento promocional bacana, poderia atrair novos fãs que nunca se disponibilizariam a pagar ingressos exclusivamente para ver uma categoria que não tem contato. No ano seguinte, sem interesse da população comprovado, não seria montada a pista, não haveria mais gastos, e ficaríamos com as lembranças.

Mas só na imaginação.

Gastaram uma fortuna em Sochi (como na Coreia, em Valencia, na Turquia), esperando um surto inexplicável de interesse da população. A pista está localizada na cidade de Adler, distante 1600 km de Moscou, cravada em uma vila olímpica. Tudo meio fantasma. Não é utilizada em nenhum outro campeonato durante o ano e só é aberta para alguns “track days”. Seu futuro espelha a grandeza das pistas citadas e tende a sumir do calendário. As contas não fecham.

Pelos motivos certos ou duvidosos, ao menos a Russia tem se esforçado para entrar no cenário da F1. Foram duas equipes até agora (Midland e Marussia) e dois pilotos (Kvyat e Petrov). O grande embaixador na categoria, quase sempre esquecido, é o rapaz Sergey Zlobin que testou pela Minardi em 2002 e depois disso foi ter uma boa carreira no Endurance.

Na fila de sucessão para chegar na categoria máxima está Sergey Sirotkin, teste driver da Sauber ano passado e 3º colocado na GP2 esse ano.

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A grande dúvida, levantada por Lauda, é o desempenho da Mercedes nessa pista apesar do domínio do ano passado.

O medo presente é repetir Cingapura. Asfalto escorregadio e a nova regras de calibragem de pneus não ajudou em nada a Mercedes no caminho de setup dos carros prateados.

As características do circuito com longas retas e sequencias de curvas lentas favorecem os carros com grande potência, pouco arrasto e muito downforce. Pratinho cheio para a Mercedes e com alguma chance para Williams.

A grande diferença para esse ano serão os pneus. A Pirelli resolveu trazer compostos mais macios para esse ano, evitando paradas únicas nos pits ou stints muito longos como o de Rosberg no ano passado (52 voltas).

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httpv://youtu.be/CpyXeGw_kPQ
O que Hamilton anda fazendo, além de garantir o tri

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Muito se falou da transmissão da prova de Suzuka. Especula-se que a transmissão não mostra as Mercedes porque não quiseram fornecer motores para a RedBull.

Na realidade, o problema da transmissão é a corrida e o regulamento. Se Hamilton está liderando com 10 segundos de vantagem e há uma briga de dois carros pelo 12º lugar, será filmada essa briga. Poderia haver uma filmagem mais extensa de Hamilton se ele estivesse ‘cravando’ volta mais rápida em cima de volta mais rápida, desafiando o limite.

Não é o caso. Hamilton quando abre vantagem confortável “como aquela nos tempos de Ayrton Senna para corrigir uma troca de marcha errada”, é obrigado a poupar o motor para as próximas 4 corridas, poupar câmbio para as próximas 6 corridas e andar dentro de um limite (ridículo) de consumo de 100kg/hora

Por isso a transmissão está chata, não se fala do motor de classificação de 1000hp, o comentário é se Hamilton colocou sua Mercedes para rodar com 3km/l.

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Outra coisa estúpida que não é possível de ser entendido nesse regulamento: relação de marchas fixas para toda a temporada. É inacreditável.

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Brincando com números. Hamilton pode estrear em mais uma listinha da história: o 9º piloto a vencer os dois primeiros GP´s de um circuito no calendário da F1. Sebastian Vettel (India, Abu Dhabi), Michael Schumacher (TI Aida), Nigel Mansell (Barcelona, Magny-Cours), Nelson Piquet (Imola, Hungaroring), Carlos Reutemann (Rio), Emerson Fittipaldi (Interlagos, Nivelles), Jackie Stewart (Montjuic Park) e Alberto Ascari (Nurburgring, Zandvoort) conseguiram o feito antes do Inglês.

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Desafio do fim-de-semana:

Se a Mercedes marcar três pontos a mais do que a Ferrari, será bicampeã no mundial construtores.

Sim ou com certeza?

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Loeb, Peterhansel, Sainz e Despres e um Peugeot. Isso vai ser demais. Agora, a próxima brincadeira vai ser identificar qual tipo de categoria Loeb não se dispõe a correr.

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Gary Anderson – lembram dele? Diretor Técnico da Jordan no fim da década de 90 – anda preocupado com a Mclaren. Depois de Suzuka ele acredita que a McLaren de hoje não é mais um time que foi campeão. O discurso “McLaren” de qualidade em todos os detalhes sumiu. Eric Boulier não consegue tocar a equipe com o profissionalismo que havia até a época de Martin Whitmarsh. Pareceu para ele uma equipe pequena.

Parece verdade, some a isso um túnel de vento desatualizado (falamos disso na coluna passada) e uma fornecedora de motor que tem um bom motor (de combustão, aquele de 6 cilindros em V, que usa gasolina.. sabe?), mas não se entendeu ainda com a recuperação de energia.

O Futuro é sombrio para a McLaren.

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Hass reuniu todo mundo e contou a notícia da semana: Grosejean é seu piloto para 2016.

A aposta do francês é uma incógnita, mas o que será da Lotus? No mato sem cachorro, Romain optou por uma curva ascendente que pode encontrar na Hass.

Uma questão foi levantada essa semana, e os patrocinadores da Hass, quais serão? Com apoio e piloto da Ferrari, já é certo que há uma ajuda no corte de custos. Não custa lembrar também que na Nascar a equipe de Hass é “patrocinada” por ele mesmo no Chevrolet Impala SS #41 de Kurt Busch. A propósito, um esquema de cores semelhante ao carro de Busch é bem provável para a estreia da equipe na F1

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Rosberg deve passar a corrida pensando desculpas para mais uma vitória de Hamilton? A Mercedes chegará a Sochi pressionada (por ela mesma, diga-se) a encontrar rapidamente o setup do fim-de-semana. Se tudo correr dentro da normalidade, Hamilton vem para vencer de ponta a ponta e dar uma mais um passo para dormir abraçado com a taça do Tri. Desde Spa em 2014, Rosberg perdeu o brilho e combatividade. Não seria a hora de fazer como Hamilton fez e procurar estímulo em outra equipe?

Vettel continuará sua lua de mel com o time vermelho. A ferrari bateu a meta do ano e começa a temporada de testes para 2016. Além disso querem levar Raikkonen mais pra frente na tabela, para afastar o risco de ter Bottas roubando o lugar de Kimi no final do ano.

Ricciardo e Kyviat buscam um resultado similar a Cingapura e com motores novos! Sim, é mentira. As unidades novinhas e atualizadas da Renault foram adiadas para Austin. Portanto, a RBR deve lutar ali na parte de baixo dos pontos.

Quem tem esperanças de uma boa prova é a Williams. Bottas o ano passado fez a melhor volta da corrida e o carro se entendeu razoavelmente bem com o circuito. Massa precisa de uma corrida livre de problemas para se recuperar na tabela de pontos.

Na turma da bagunça Force India vem com um ponto de destaque. Os indianos conseguiram um ritmo de corrida muito bom em Suzuka e podem ser figuras constantes nos pontos daqui para o final da temporada. Não dá pra chegar na RBR no campeonato, mas dá pra garantir a posição à frente da Lotus. O time de Enstone está na fase de avaliação para ser comprado pela Renault, e merece um bom desfecho. Sem dinheiro para pagar as contas básicas e o salários dos funcionários, não há desenvolvimento no carro e mesmo assim fazem um campeonato muito honesto. Isso tudo praticamente pontuando com um só piloto. Na STR, todo mundo de olho nos seus pilotos. A disputa entre eles e o que eles tem feito nas pistas são o destaque. O que seria desse carro com um motorzinho um pouco melhor, não?

Pra fechar o pelotão a McLaren na sua fase pós-piti do Alonso. Carro andando bem mesmo, só 2016. Não dá pra atualizar nada significativo com os tokens restantes do motor e Alonso agora tem como consolo o fato de ter atingido em Suzuka a mesma quilometragem com seu bólido que a Mercedes fez na pré-temporada. Um alento. Para essa corrida, Alonso vem com um motor novo. Button ainda não porque não houve tempo (sic) para produzir peças suficientes. A boa notícia (para nós) é a permanência de Button na F1. Para o esporte motor seria sensacional ele e Alonso pegarem suas malas e desembarcar em um Porsche/Audi/Toyota para Le Mans.

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Manor, Alex Rossi corre? Não corre. Temos de volta Roberto Mehri em Sochi e o americano vai brincar com seu carrinho da GP2.

A equipe em ano de estruturação fechou importante acordo com a Mercedes e com a Williams para 2016. Suspensão e transmissão do time inglês. Motor atualizado dos alemães. É um pacote de respeito, sem inventar, trabalhando um carro básico para 2016, vai começar a brigar por uns pontinhos com regularidade.

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Empresas endinheiradas querendo exposição e media na plataforma de Marketing da Formula 1, entre Manor e McLaren, qual equipe receberia seu orçamento em 2016? Manor que custa menos e terá muita história para contar ou McLaren com toda sua “pompa e circunstância”?

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Circuito: Sochi Autodrom
Voltas: 53
Comprimento: 5.848 km
Distância: 309.732 km
Recorde da Pista:

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Programação
Sexta-Feira: 03h – 1º treino livre e 07h – 2º treino livre
Sábado: 05h – 3º treino livre e 08h – Classificação
Domingo: 08h – Corrida

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A saga por mais dinheiro em novos mercados continua e a Rússia pode coroar novamente uma equipe como campeão mundial. Essa é a história do final de semana, quem leva o caneco?

Boa corrida!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

6 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Flavis,

    em termos de campeonato, seja agora em Sochi ou não, ninguém duvida que Hamilton e Mercedes serão os campeões.
    Pelo que percebo, o que mais se fala lá não é a corrida em si, mas sim na permanência ou não da RBR e STR na Formula 1.
    Acabo de ler que a RBR e STR e Renault consideram a possibilidade de manterem a parceira em 2016, independente da Renault comprar a Lotus ou não. Ou seja mais um novo capítulo nessa novela entra em debate.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. Leandro disse:

    Pois é, esta busca desenfreada pelo dinheiro destes países sem nenhuma ou pouca história com automobilismo camufla o real interesse do público pela F-1. Para mim, nada adianta o faturamento do evento F-1 se não há arquibancadas cheias, é o público que mantém qualquer evento, por isso tantos circuitos novos saem facilmente do calendário, afinal quem quer ficar pagando a conta sozinho? Na minha opinião, Bernie deveria fazer de tudo para manter os circuitos clássicos na categoria, lugares onde o público realmente vai assistir e ama as corridas.

    Sobre as corridas extra campeonato, quando comecei a me interessar por F-1 elas já não faziam mais parte do calendário, mas seria maravilhoso que houvesse, e o melhor, se fosse liberado para as equipes fazerem testes nelas.

  3. Rodolfo César disse:

    É, Alonso chega a uma marca muito respeitável na carreira mas não há o que comemorar.

    Alonso ainda tem muito talento, mas o carro tá lento demais (O trocadilho é péssimo, eu sei)

    O futuro da McLaren anda me preocupando, assim como a permanência da RBR e STR na F1… Fim de temporada com campeonato quase decidido começa a só deixar preocupações para 2016, o que podemos esperar???

    Abraços!

    • Flaviz Guerra disse:

      Rodolfo,

      Fico com a impressão que 2016 vai ser igual, com a diferença que os carros não serão mais desenvolvidos no 2º semestre por conta do desenvolvimento dos carros de 2017 no novo regulamento.

      Abraços

  4. Mauro Santana disse:

    Grande coluna Flaviz!!!

    A temporada de 2015 já está definida, é só uma questão de cumprir tabela.

    E um excelente GP da MotoGP, pois está sim será uma grande corrida, porque o GP de F1 será mais um basicao de monotonia.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-Pr

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