Goodwood ou sweet dreams?

Mauro
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O eclipse
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Imagine um encontro de carros de competição clássicos de diversas categorias e pilotos renomados, ídolos do passado os quais você se acostuma a ouvir o nome, mas dificilmente se dá conta que eles continuam por aí. Imagine juntar tudo e coloca-los para acelerar numa reta bucólica no interior da Inglaterra. Imagine e você chegará a Goodwood.

por Tiago Toricelli

Imagine um encontro de carros de competição clássicos de diversas categorias do automobilismo mundial, incluindo Fórmula 1 e Indy. Some a isso o encontro de pilotos renomados e aqueles ídolos do passado os quais você se acostuma a ouvir o nome, mas dificilmente se dá conta que eles continuam por aí. Mais ainda, imagine juntar as duas partes, grandes carros com baita pilotos e colocar o conjunto para acelerar numa reta bucólica no interior da Inglaterra. Todos juntos, um após o outro!

Pois é… Se conseguiu imaginar, você entendeu o que é o Festival Goodwood de Velocidade. Tudo começou há muito tempo, quanto um Lord, dono de uma enorme quantidade de terras e amante de carros, resolveu reunir seus amigos para subir uma grande reta de sua propriedade. O evento foi crescendo e se dividiu em dois, o Festival de Velocidade (desde 1993) e o clássico Goodwood Histórico (com carros de passeio de época).

Por lá encontrei, entre os brasileiros, Emerson Fittipaldi, Gil de Ferran, Hélio Castroneves, Bruno Senna e Luiz Razia. Sem contar os ingleses Jenson Button, Lewis Hamilton, Damon Hill e tantos outros europeus que lá estavam.

Como o próprio Emerson disse, para quem gosta de velocidade, automobilismo e carros, não tem lugar melhor. É uma grande reunião de amigos, que amam carros e nas horas vagas, aproveitam para… pilotar! O clima é exatamente esse, um grande encontro de carros, pilotos e amigos. Não é preciso nem dizer que o público ama tudo isso. Ingleses então, você pode imaginar! Pessoas de todas as idades que vão para lá, a cerca de 1 hora e meia de Londres, para ouvir o ronco dos motores, ver o brilho dos carros, conhecer de perto os ídolos da pilotagem mundial. E de perto mesmo! Não tem aquela distância toda que bem conhecemos da Fórmula 1. Você aperta a mão, tira foto, ganha autógrafo, conversa, tudo é muito próximo, muito acessível! Sem aquele monte de assessores e seguranças próprios dos eventos de grande porte. Lá, todos estão preocupados é com a delícia de ver e ouvir os carros subindo a famosa reta de Goodwood.

Sim, é uma reta. Nada além disso! Não é um circuito ou uma pista. É uma reta! Sai da região mais baixa da fazenda e chega ao ponto mais alto, após algumas curvas e, em todas, muitas pessoas assistindo. Os pilotos passam acelerando, segurando o freio, dando acenos ao público. Um p… de um evento legal!

Todo ano, é feita por lá uma homenagem. Desta vez, a Indy 500 recebeu a festa. Por isso mesmo, tantos pilotos da categoria norte-americana estiveram em Goodwood, “no terreno da Fórmula 1” – como disse Helinho, que esteve lá pela primeira vez e, pelo sorriso no rosto, enquanto pilotava e falava com todos, gostou muito. A ele coube pilotar o carro com que Gil foi campeão das 500 Milhas, em 2003. De Ferran disse depois que o único problema foi que o Helinho escorregava dentro do cockpit, brincando com a diferença de estatura entre os dois.

Emerson pilotou o carro que chamou de “The Beast”, de 1994. Foi, segundo ele, o carro com mais potência que já teve nas mãos. Disse que o carro é incrível. Chegou a arrastar por mais de 300 metros na largada, cantando os pneus ! Ele quis até colocar pneus de dragster para arrastar mais ainda no segundo dia do festival.

Gil andou com um Chaparral, de 1966, com aquele aerofólio gigante. Quem fez o carro foi Jim Hall, que convidou Gil para guiar. O brasileiro ficou super feliz. Afinal, segundo disse, foi Hall quem o levou da Europa para os Estados Unidos – o resultado todo mundo sabe. Bruno e Razia guiaram os Lotus (cada um com o Lotus de seu time, que confusão essa história!) de Fórmula 1.

Entre tantos pilotos, encontrei um senhor dentro de um Auto Union Type C de 1936, um tal de Nick Mason. O baterista do Pink Floyd adora carros, tem uma senhora coleção e olha que acelera bem. Entre carro e música, me diz que é difícil escolher.

Entre tantos pilotos, destacam-se também os que só mesmo adoram carros e puderam comprar algumas preciosidades, como o italiano que conheci. Um senhor que comprou o Benneton de 93, com que correu Michael Schumacher. Falou que gastou três anos para restaurar o bichinho, que é meio difícil de dirigir e que o próprio alemão já andou no carro há pouco tempo. Quem não queria ter fôlego ($$) para comprar um carro desses? E assim como essa história, lá são várias.

Um espetáculo ao ar livre. Carros de sonho, um sonho vivido em três dias por ano – e somente isso. Que pena que a gente tem que acordar…

Tiago Toricelli | tiagotoricelli@hotmail.com

 

Tiago Toricelli
Tiago Toricelli
Jornalista, autor de "Rally dos Sertões" e "Manual do Alpinista de Primeira Montanha". Já cobriu 12 temporadas de F1 (CBN) e acompanhou de perto as principais categorias da velocidade.

2 Comments

  1. Eduardo Correa disse:

    Amigos do Gepeto,

    a cada corrida que passa me parece unanime que a emoção voltou a Fórmula 1, apesar do domínio da RBR de Vettel, que está anos luz à frente dos demais, inclusive do Webber/RBR.

    E um dos maiores responsáveis por esta dose a mais de emoção se chama Lewis Hamilton que anda fazendo, como sempre fez desde que está na F-1, lambanças em cima de lambanças. Se em vez de uma McLaren ele tivesse uma Force India nas mãos, já estaria banido do circo mas, verdade seja dita, uma coisa é assistir uma corrida com ele fazendo das suas e outra é assistir uma corrida sem ele… hehehehehe.

    Uma corrida sob chuva são outros quinhentos! Até o inexpressivo Jenson Button vira protagonista.

    Fernando Marques, Niterói

  2. Eduardo Correa disse:

    Gostaria de esclarecer uma dúvida.

    Em que ano passou a vigorar na F-1, o regulamento que exigia que as equipes fossem as construtoras de seus próprios carros, inviabilizando assim a existência de equipes independentes?

    Aliás, como puderam competir então, já nos anos 80 e 90, equipes como Larrouse e Scuderia Itália, já que competiram com carros que não eram construídos pelas próprias e sim por Lola ou Dallara?

    Gustavo Nogueira, Rio de Janeiro

    Oi Gustavo

    Não sei o ano exato e também não consegui apurar em rápida pesquisa, tampouco lembrar das últimas equipes independentes na F1. Minha memória já não é essas coisas…

    Sei que a decisão tem a ver com a assinatura do Pacto da Concórdia em 81 e com suas versões sucessivas, quando a limitação no número de equipes tornou-se um fator importante na divisão do dinheiro entre as equipes.

    Larrouse e Scuderia Itália tinha acordos de exclusividade ou coisa parecida com os fabricantes e, por isso, eram tolerados na categoria. Aguardo pela ajuda dos amigos leitores.

    Abraços (EC)

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