Invisíveis

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Os Invisíveis da F1

O ano de 2022 não entregou uma temporada tão eletrizante e frenética como a de 2021. Nem por isso quer dizer que foi uma temporada esportivamente ruim.

Além disso há algumas histórias que passaram por nós com menos atenção do que mereciam. Não por não serem menos importantes ao público, talvez só faltou tempo para absorver a quantidade de informação gerada nessa era de múltiplas mídias e canais de informação.

Os títulos principais ficaram com Max Verstappen e a Red Bull, em uma das temporadas mais dominantes de um conjunto (carro + piloto) na história, mas quais foram as outras histórias que passaram praticamente invisíveis esse ano?

Não há como ninguém negar a renovação de público da Formula. Fato é que 2022 foi a consolidação dessa percepção. Não somente pelo retorno completo de provas com público aos autódromos no período pós pandemia.

Hoje a Formula 1 volta a ser falada na rua e nos grupos de conversas em mensagem. É um assunto recorrente, independente de se ter um brasileiro disputando a competição como titular.

Alguns fatores são importantes nesse cenário. A Netflix, com toda certeza. Falaremos dela mais a frente. Destaco aqui a cobertura da Bandeirantes para a F1.

Não quero entrar no mérito de qualidade de repórteres e narradores. Nunca acharemos um consenso entre pessoas mais conhecedoras da modalidade e quem está chegando agora. Há um dificil balanço entre o conteúdo técnico, a narração descritiva e a criação de um evento de entretenimento. O Ponto fundamental é um pouco diferente: o famoso “tempo de TV”. E “TV” aqui com muitas aspas.

A Bandeirantes tratou a F1 como seu principal produto. Como a Globo sempre tratou…..o futebol. A Bandeirantes faz uma cobertura respeitosa, mantendo horários e padrão de transmissão durante toda a temporada. Há farta cobertura de material na internet por meio da parceria com UOL. Chamadas na página principal, colunistas colocando sua opinião e seu time de profissionais também mostra muito conteúdo em redes sociais como Instagram e Twitter. Além de suporte do canal BandSports para os treinos livres. Quando não pode transmitir a corrida no dia da eleição, estava lá a corrida disponível na internet (gratuitamente) e na BandSports.

A consistência nesse tratamento como produto principal trouxe resultados. As pessoas sabem que tem corrida. Esperam o fim de semana e sabem que vai passar na Bandeirantes. Quando esquecem, um dois maiores portais do Brasil fazem o serviço de lembrar o novo espectador. Não podemos subestimar esse papel.

A retomada de audiência não é só brasileira. A Netflix colocou definitivamente a F1 no mapa do público americano com o seu misto de documentário e novela mexicana, “Drive to Survive”. Com a quinta temporada confirmada para estrear em 2023, já há confirmado a sexta temporada que trará a visão da temporada de 2023.

O que não está visível para todos é o papel fundamental de Sam Bratches. Ele foi o diretor comercial da F1 que remodelou o modelo comercial da F1 e conseguiu trazer a Netflix pra fazer o Drive to Survive, inclusive conduzindo toda a negociação com os times para ter um nível de acesso aos bastidores jamais visto. Bratches deixou a F1 em 2020, mas sua reformulação nos trouxe para esses recordes de público ao redor do mundo.

Só um fato para termos de exemplo: o primeiro contrato da ESPN pra transmitir a F1 em 2018 foi de US$ 5 Milhões, a renovação atual está entre US$ 75-90 Milhões

Outra figura fundamental em 2022, também não estará na F1 em 2023.

Depois de 6 anos no time corporativo da F1, Ross Brawn vai deixar a categoria. Com um trabalho fortíssimo nos bastidores, Brawn é o grande líder do grupo de trabalho que desenvolveu o regulamento dos novos carros.

Há críticas ao tamanho (e peso) dos carros atuais. Verdadeiros “Landaus”. Só que o principal objetivo de ver carros próximos, disputando posição por diversas voltas, foi alcançado. Até 2022, o ataque por uma posição durava 1, 2 voltas, sob a pena de um desgaste exagerado de pneus prejudicar a corrida em sua completude. Era melhor perder a a batalha na pista para preservar os pneus. Uma vergonha.

Ross deixa o esporte 46 anos depois de começar como operador de fresas na finada March. Inegável sua contribuição histórica para o esporte!!!

Quando termina a ação na pista, principalmente no inverno europeu, o que se quer mais saber são as “informações” (frequentemente conhecidas como “fofocas”) sobre o mercado de pilotos. Esse ano o pessoal preparou uma novidade: tudo definido antes de fechar a temporada.

Nenhuma posição sobrando. Tem uma vaguinha de piloto reserva da Mercedes sendo discutida, um assunto que nunca foi notícia desde a invenção da escrita na humanidade.

As despedidas de Nick Schumacher, Latifi e Ricciardo foram pouco noticiadas. Todas eclipsadas pela sombra do Astro-Rei, Sebastian Vettel. Podemos considerar o grande ato final desse gigantesco Vettel: deixar nas sobras o final melancólico de 3 carreiras na F1.

Ricciardo “girou lâmpada” por dois anos na Renault e mais dois anos na Mclaren. Saiu da Red bull com 7 vitórias achando que não teria chances de vencer mais, para voltar 5 anos depois com… 8 vitórias e ser piloto de evento de marketing. Não parece que fez os melhor “movimentos” na carreira.

Mick Schumacher sempre foi questionado sobre a demora pra se adaptar aos carros e as categorias que disputava. Podemos considerar que er ao primeiro ano dele? Talvez, mas a F1 não perdoa um piloto em atividade perder consistentemente para um companheiro que estava for a da F1. Sem o apoio da Ferrari, foi fácil pra Haas tomar a decisão e buscar outras alternativas.

Já Latifi não deixará nenhuma saudade. Último dos pilotos-pagantes, deixa a F1 sem nenhuma marca expressiva. Mas Stroll não é pagante também? Veja só, ele é dono da equipe, vamos colocá-lo em outra categoria.

Resumidamente, novidades sobre mercado de pilotos só em 2023. E grandes apostas rolando para a data da primeira briga entre Fernando Alonso e Aston Martin!

Se a gente reclamou bastante da diferença de Lando Noris para Ricciardo e de Albon para Latifi, deveríamos olhar com carinho pra temporada do Perez. Sergio estava com as mãos em um carro que venceu 17 de 22 corridas, mesmo assim só conseguiu vencer 2. Permitiu seu companheiro de equipe encaixar uma sequência de 7 vitórias seguidas (em todo o tipo de pista) e não fez frente a Max nem em classificações.

Com um carro desses em mãos, o vice-campeonato de pilotos deveria ser uma obrigação para Perez e agora 2022 é um ano pra ficar invisível na história do Mexicano. (ok, venceu em Mônaco, isso não dá pra esquecer jamais!)

Vem aí uma categoria feminina com suporte completo da F1. Usarão os times de F3 e F2 para alinhar carros de F4 durante 7 finais de semana de F1.

A grande ideia é dar tempo de pista para as mulheres. Com a diferença de estarem contato com times da F3 e F2, facilitando uma entrada nas categorias de cima.

Apostaria mais num modelo de suporte as mulheres (financeiro e técnico) para disputar a F4 e F3 nos grids atuais com equipes competitivas ao invés de uma categoria só delas. É inegável o avanço em ter uma categoria exclusivas, vamos esperar os próximos passos.

Um outro “mago” dos bastidores é o dono do maior bigode do Paddock: Chase Carey. Não tão invisível pelo folclore de sua figura, ele cedeu espaço de CEO para Stefano Domenicali e passou a ser Chairman da categoria, um conselheiro.

Chase deve deixar esse cargo em 2023. E a F1 deveria ser ovacionado. Foi ele que conseguiu estabelecer a ideia de limite de gastos com os times. Além de dar alguma chance para o futuro dos times, tanto em competitividade quanto financeira, o limite de gastos inverteu a tendência de falência de times e já transformou alguns times em fonte de lucro.

De um momento que times fugiam da F1 e a maior preocupação era ter o mínimo de 10 equipe, para uma situação que se rejeita entrada de aventureiros e com equipes valendo mais de USD 800 milhões. Carey deveria receber uma estátua dos participantes da F1.

O título de Max e da Red Bull são inquestionáveis em 2022. Um time que teve a sincronia perfeita para esmagar a concorrência em todo tipo de situação.

Só que a F1 de 2022 teve muitas outras nunaces que a deixaram ainda maior e mais contagiante. Falta pouco pouco para a maior temporada de todos os tempos começar, equanto isso, vamos saborear as histórias quase invisíveis desse esporte!

Abraços
Flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

2 Comments

  1. Leandro disse:

    “Apostaria mais num modelo de suporte as mulheres (financeiro e técnico) para disputar a F4 e F3 nos grids atuais com equipes competitivas ao invés de uma categoria só delas.” Concordo plenamente, com as tecnologias atuais não há justificativa para não poderem correr juntos, a Indy está aí há um bom tempo para provar isso.

  2. Fernando Marques disse:

    Flávis,

    Muito legal a coluna.
    Eu gostaria de parabenizar a Band pela cobertura da formula 1.
    Gosto da narração do Sérgio Maurício.
    Mick Schumacher não deu certo na formula 1.
    Daniel Ricardo a meu ver ficou desmotivado.
    E Vettel fez por merecer todas as homenagens em sua despedida das pistas.
    Ambos são grandes pilotos.

    Só acho que a fórmula 1 tem um regulamento complicado.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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