Mera formalidade matemática

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Sebastian Vettel conquistou na Bélgica uma vitória de campeão. Não exatamente pela sua performance mas pela conjuntura que faz com que seu bicampeonato se transforme agora em mera formalidade matemática. Fica apenas a disputa pelo vice, que envolve nada menos que quatro pilotos e 21 pontos de diferença entre eles.

 

Sebastian Vettel conquistou na Bélgica uma vitória de campeão. Não exatamente pela sua performance, que apesar de ter sido muito boa não foi a melhor do dia (chegaremos neste assunto). Mas foi, sim, vitória de campeão pela conjuntura que faz com que seu bicampeonato se transforme agora em mera formalidade matemática. Fica apenas a disputa pelo vice, que envolve nada menos que quatro pilotos e 21 pontos de diferença entre eles.

 

Com 259 pontos na tabela, Sebastian já fez mais que os 256 que o consagraram campeão ano passado. E, caramba, ainda faltam sete provas – tem muito chão! A distância recorde de 92 pontos para o 2º colocado Mark Webber significa a possibilidade de poder abandonar quatro destas sete corridas restantes e ainda ter chance enorme de permanecer líder, uma vez que os demais competidores roubam pontos uns dos outros.

 

As Red Bull estão esbanjando confiabilidade nesta temporada, adjetivo que não podia ser empregado com ênfase na anterior. Vettel e Webber são os únicos pilotos que completaram todas as voltas dadas este ano. E para o alemão, todas as corridas, exceto uma, foram com pódio. O desempenho do nº 1 na Bélgica, como já mencionado, foi muito bom, e a chamada da Red Bull para que fizesse pit na entrada do Safety Car foi simplesmente perfeita.

 

Webber também se destacou pela recuperação, depois de largada hesitante (entrou em anti-stall) em que caiu do 3º para o 8º lugar em questão de segundos. Foi de certa forma o oposto do que aconteceu com Nico Rosberg (que certo narrador um tanto esclerosado insistia em chamar de Keke), vindo de uma excelente e esfumaçada largada e corrida em que decaiu até ser superado pelo companheiro de equipe (outro assunto a chegarmos lá). Mark, ao contrário dos demais pilotos, ficou a maior parte do tempo com pneus médios, e foi com eles que marcou a melhor volta do dia. Nada mau mesmo.

 

E então temos o terceiro colocado, aquele a ser considerado o melhor do dia. Jenson Button, que sofreu com uma trapalhada da McLaren e foi eliminado na Q2 dos treinos, partiu em 13º. A situação, que já não era das melhores, piorou quando bateram em seu difusor na largada e detritos deceparam um retrovisor e danificaram-lhe o bico, trocado no 4º giro. O inglês fez pit emergencial e, partindo da 19ª colocação num carro avariado, passou o resto da corrida montado em três jogos de pneus soft, sem fazer bolha como Vettel, Webber e Lewis Hamilton – este, por sinal, culpado pelo acidente que sofreu, que resultou em Safety Car e uma estranha exposição de imagem para a Allianz…

 

Em todas as corridas em que pneus são ponto crítico ou a aderência é algo a ser explorado, Jenson é um piloto acima dos demais. Melhor para ele que a McLaren está no melhor estágio e provavelmente tenha atualmente o carro mais rápido em ritmo de corrida. O carro deverá ir muito bem em Monza, já que tem ótima aderência mecânica e o melhor motor.

 

 

Ao nocautear na largada um Jaime Alguersuari que estava em sua melhor colocação de grid da carreira, Bruno Senna cometeu um erro de principiante. Mas não tem problema, já que ele é um principiante de fato. Pilotar para a Hispania ano passado foi uma extensão de GP2, não currículo de F1. Já pediu desculpas e está com a cabeça em Monza. Bola para frente.

 

Felipe Massa fez (novamente) uma corrida apagada, em que foi ultrapassado demais e ultrapassou de menos. O furo de pneu no fim da corrida não pode ser justificativa prioritária no mau desempenho, ainda que a sua Ferrari não funcionar adequadamente com pneus macios seja uma atenuante. De qualquer modo, Felipe continua em um campeonato em que fez menos da metade dos pontos do companheiro e ainda não subiu no pódio.

 

Rubens Barrichello foi outra vítima dos pneus médios. Enquanto esteve com softs, estava brigando por pontos. Os médios deveriam ser o último jogo, mas, para piorar, ainda quebrou o bico no fim e a 16º posição foi um resultado amargo para o veterano que ainda não renovou contrato com a pior equipe Williams de todos os tempos (isso é triste demais).

 

 

Spa é um circuito tão legal e permite ultrapassagens de uma forma tão natural, que ter DRS e Kers acabou exagerando as possibilidades no retão da Les Combes, fazendo com que competidores não arriscassem a superar os adversários em outros pontos, como no cotovelo La Source ou na chicane Bus Stop, pois neles se tomaria troco com as artificialidades alheias. Evidentemente, veremos o abuso desses expedientes nos longos retões de Monza.

 

 

Michael Schumacher havia parado no auge quando correu o GP do Brasil de 2006 – um vice-campeonato e bela exibição em Interlagos. E agora, com uma coleção de maus resultados na Mercedes e questionamentos sobre a idade pesando ao volante, o pós-Spa seria um momento ideal para tentar novamente parar por cima. O 5º lugar depois de largar em último (certamente a melhor performance desde a volta), somado à milestone do 20º aniversário na F1, parece ser o momento propício.

 

Aposente imediatamente, Michael! Convoque a imprensa o quanto antes no hotel mais chique de Stuttgart e diga que está retirando-se em definitivo da Fórmula 1. Nada de embarcar para Monza. Vá para casa!

 

 

A respeito dos 20 anos de Spa 1991, gosto muito de lembrar que no fim de semana em que Michael chegou à F1 e marcou um ótimo 7º lugar no grid, quem brilhou na corrida foi seu companheiro de Jordan, o “mítico” Andrea de Cesaris. Na bio em que descrevi o italiano demolidor para o GP Total, em duas partes, menciono que, enquanto Schumacher ficava sem embreagem na largada, Andrea surpreendeu e quase roubou a vitória de Senna.

 

 

Para encerrar, foi ótimo ver Nigel Mansell como piloto-convidado para o staff de comissários de prova. Só me incomoda um pouco ele ter abandonado o bigode. Ele é como o Tom “Magnum” Selleck – não pode ficar sem. Mas parece que falei tanto do Leão nas minhas colunas anteriores que ele resolveu dar as caras…

 

Até Monza! Aquele abraço!

 

Lucas Giavoni

 

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

6 Comments

  1. Tabajara Aparecido Jorge disse:

    Ainda bem que os belgas não são tão idiotas como os alemães, que destruíram Hockenheim para agradar a FIA, e tomaram naquele lugar, pois a F1 já saiu de lá. Parabéns aos belgas.

  2. Tassio Bruno disse:

    eu pensei quase o msm michel. nao duvido q depois de spa,
    Shumi nao retorne a melhor forma. claro q talvez ele nao volte a melhor forma,
    mas tbm duvido muito q ele pare, depois da melhor corrida depois q do retorno.

    de resto, lucas, outro excepcional post, parabens.
    nao preciso dizer nada! graças ao GPT!!

  3. Michel disse:

    Uma vergonha um jornalista “mandar” o melhor piloto da história se aposentar! Shcumacher mostrou nesse domingo que ainda é o melhor, mesmo 15, 17, 18 anos mais velho que todos! E agora, se preparem, ele vai ganhar e ano que vem luta pelo campeonato!

  4. Paulo Assis disse:

    Em uma roda de jornalistas em 2008 se não me engano, lembro de um italiano falando que Fernando Alonso havia jurado, quando tivesse chance, de destruir Felipe Massa tanto na pista quanto no psicológico. E não por causa do incidente em Nurburgring em 2007, mas por conta da falta de caráter do brasileiro em Monza – 2006, naquela acusação pavorosa de que o espanhol o havia atrapalhado. Alonso teria dito que aquilo era coisa de ”cabrón”. Os anos dele na Ferrari mostram algo parecido.

  5. Fernando Marques disse:

    Ola amigos do gepeto!!!

    O GP da Belgica foi bacana de se ver até que o Vettel trocou os pneus cheio de bolhas … até então havia certo equilibrio e emoção graças a excelente largada do Rosberg … depois disso as RBR’s deram um passeio na turma … o J. Button fez uma bela corrida também … mas as Ferraris foram um fiasco …
    Felipe Massa a meu ver não merece ter uma Ferrari se continuar correndo da forma como está … falta brio … falta vergonha na cara … não briga por nada … está lamentável …
    O Bruno Senna fez o que podia … botaram muita pressão em cima dele …
    Barrichello … alguem viu ele na corrida?

    Fernando marques
    Niterói

  6. alexandre disse:

    Grande carreira!A ultrapassagem de Weber em Alonso na “agua vermelha” ,foi muito boa,embora o troco, ja esperado pela abertura da asa ,também tenha sido genial.E tivemos mais lances bonitos,sendo que Alonso, ainda é sim, o melhor.Vetel está quase no ponto,e vai ser talvez melhor do que Alonso.Pena que ninguem deu a dica da freada da 1a curva ao Bruno,que estragou o domingo de muita gente logo de cara,mas acho que ele leva jeito mesmo.Lewis Hamilton é desde o começo do ano o Dick Vigarista da temporada e precisa levar uma punição muito severa,pois não respeita mais ninguem,faz tempo.O temporal do Bruno no sábado,só reforça a verdade da F1.Sem carro,ninguem faz nada,mas com uma barata boa, sabe-se lá…
    Tb acho que Schumi deveria sair de fininho,pq não deve repetir o corridão de ontem e
    fico animado com as promessas,sendo que Perez é meu favorito.E lamento a falta do Kubica( na Ferrari).Já pensaram, que dupla,ele e Alonso?

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