Grandes micos do automobilismo brasileiro III
Fórmula Tempra
Em 1992, a Fiat criou a Fórmula Uno (denominação errônea, já que a categoria não era disputada por monopostos e sim pelos Uno vendidos nas concessionárias). Por ser uma categoria barata, fez sucesso imediato: iniciada com 21 carros, chegou rapidamente a 50. Em 1993, o número de participantes se aproximou de 60, obrigando à realização de provas classificatórias e repescagens. Para evitar que os pilotos não qualificados se afastassem da categoria, Fiat e a CBA decidiram dividir os pilotos em duas classes: “Graduados A”, para os pilotos mais experientes, e “Graduados B”, com corridas distintas para cada uma. Os carros, porém, eram iguais para todos, equipados com motores 1.6 de aspiração natural.
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Em 1994, a Fiat lançou no mercado o Uno Turbo e o Tempra Turbo. Apresentou sua intenção de colocar o Tempra na categoria principal de seu campeonato e a Greco Competições, responsável pela preparação dos carros da Fiat, chegou a fazer um carro para testes. A CBA, presidida na época por Reginaldo Bufaiçal, vetou o uso do Tempra nas pistas, alegando que a concorrência da Fórmula Tempra com a Stock Car seria “danosa para o automobilismo nacional”. À Fiat, restou transformar a categoria “Graduados A” em Turbo usando os Uno, mantendo os “graduados B” na classe Aspirado com os mesmos carros dos anos anteriores.
Brasileiro de Marcas para carros importados
Em 1994, o Campeonato Brasileiro de Marcas, aberto somente a modelos fabricados no Brasil, passava por uma fase de decadência, com poucos carros e nenhuma participação dos fabricantes instalados no País. O Plano Real, implantado no dia 1º de julho daquele ano, teve inicialmente a paridade real-dólar em 1 por 1. Isso, mais a alíquota de importação de 20% introduzida em setembro, levou um grupo de empresários e dirigentes a propor a substituição do Brasileiro de Marcas por uma categoria similar aberta a carros importados.
No final de 1994, a CBA executou a primeira parte do plano e decretou a extinção do Brasileiro de Marcas. A nova categoria para carros importados começaria no final do primeiro semestre de 1995, mas já no começo do ano estava claro que praticamente nenhum importador havia se interessado em participar. Outra corrente afirmava que o regulamento estava pronto e havia sido feito sob medida para favorecer uma marca – no caso, a BMW, na época representada no Brasil pelo Grupo Regino.
A realização do “Brasileiro de Marcas para carros importados” começou rapidamente a ser colocada em dúvida. A elevação da alíquota de importação para 70%, determinada pelo governo federal em março de 1995, foi o pretexto final para engavetar os planos do campeonato.
Fórmula 4
Disputada na Europa (como Fórmula Opel) entre 1988 e 1998, a Fórmula Chevrolet foi trazida ao Brasil em 1992 e teve apoio da General Motors do Brasil até 2001. A partir de seu segundo ano de existência, a F-Chevrolet passou a fazer programação conjunta com a Stock Car.
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O fim do apoio da GM levou a F-Chevrolet à extinção. A Vicar, que assumira a organização da Stock Car e de todas as categorias ligadas a ela, tentou reaproveitar os monopostos criando em 2002 o Campeonato Sul-Brasileiro de Fórmula 4 (nome de uma categoria de monopostos muito tradicional na Argentina). A idéia não teve a acolhida esperada pelas equipes e pilotos (principalmente devido à concorrência da Fórmula Renault, cuja primeira temporada aconteceria naquele mesmo ano) e a Fórmula 4 acabou após apenas duas provas – uma em Interlagos, vencida por Daniel Serra, e outra em Curitiba, vencida por Pedro Larriera.
Renault Super Megane Cup
No final de 2002, os recém-criados Campeonatos Brasileiro de Fórmula Renault e Copa Clio, apoiados pela Renault do Brasil e organizados pela PPD (empresa do ex-piloto de F1 Pedro Paulo Diniz), faziam grande sucesso. Isso motivou o anúncio de uma nova categoria: a Super Megane. Os carros, construídos pela Action Power, teriam uma configuração semelhante aos Stock Car pós-2000: chassi tubular e carenagem em fibra de vidro. A diferença estaria no motor: um V6 de 3 litros, com 315 cv. O câmbio seria seqüencial com 6 marchas.
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Os promotores do evento anunciaram a participação de ex-pilotos de F1 como Raul Boesel e Maurício Gugelmin. Outro atrativo seriam os prêmios: R$ 100 mil para o vencedor de cada etapa e R$ 400 mil para o campeão da primeira temporada, que teria 6 provas. A prova de estréia da Super Megane foi anunciada para 31 de agosto de 2003, no autódromo de Curitiba.
Tarso Marques chegou a testar o protótipo do Super Megane no autódromo de Curitiba durante dois dias. Completou 160 voltas e, sem contar ainda com os pneus e amortecedores que seriam usados no modelo definitivo, virou a melhor delas em 1m25s9. Foi só. O campeonato inaugural, adiado para 2004, não saiu do papel. E não se falou mais na Super Megane Cup.
Fórmula Brasil 2.0
Mais uma tentativa (frustrada) de reaproveitar monopostos – no caso, da Fórmula Renault – que ficaram sem uso após a retirada do apoio da fábrica. No primeiro semestre de 2007, a CBA anunciou que os carros da Fórmula Renault seriam usados em um novo campeonato, denominado Fórmula Brasil 2.0. No entanto, a entidade nacional apenas homologou o campeonato e anunciou o calendário, sem oferecer qualquer incentivo ou premiação às equipes.
O resultado não poderia ter sido pior. A primeira corrida, realizada ainda em 2007 em Campo Grande, teve somente cinco participantes. A segunda, em Vitória, foi cancelada porque somente dois concorrentes preencheram a ficha de inscrição.
Mesmo assim, a CBA insistiu e anunciou em janeiro de 2008 a realização do primeiro Campeonato Brasileiro de Fórmula Brasil 2.0. As duas primeiras corridas, realizadas em Curitiba como preliminar da abertura do WTCC (Campeonato Mundial de Carros de Turismo), tiveram somente sete participantes. Foi o último suspiro da Fórmula Brasil 2.0.
Abraços
Luiz Alberto Pandini