MotoGP 2020: O campeão é Joan Mir, de Suzuki

Os primeiros a beber dessa água
19/11/2020
Amor de pai 1
26/11/2020

Joan Mir conseguiu levar o título mundial da MotoGP 2020 com uma etapa de antecipação. O sobrenome de espaçonave russa até que cai bem para um piloto: é curto, fácil de lembrar, mas só o futuro dirá se sua carreira vai continuar subindo feito foguete.

 

Até agora foi assim: é um feito ser campeão da categoria principal na 2ª temporada, mas apenas com o tempo saberemos se esta foi conquista isolada, fruto da ausência do dominador da categoria e campeão das últimas seis temporadas, Marc Márquez. Minha opinião? Joan Mir será um nome do qual ouviremos falar (bem) nas temporadas que virão.

 

Ser campeão não é para qualquer um, e mesmo considerando a ausência forçada do papa-tudo Márquez, durante as 14 corridas desta temporada excepcional, que a Covid19 obrigou a começar apenas em julho e ser totalmente disputada em território europeu, Joan Mir foi o cara que mais vezes pisou no pódio. Fez da consistência, da regularidade, sua 2ª melhor arma. Qual a primeira? A Suzuki GSX-RR. Pois é, a Suzuki…

 

A marca não vencia um Mundial da categoria máxima do motociclismo desde o ano 2000, quando o grid era formado pelas inesquecíveis 500cc com motores dois tempos. O investimento da Suzuki na MotoGP não é tão grande quanto o de Honda, Yamaha, Ducati e até da mais recente KTM, basta ver que são apenas duas as Suzuki no grid contra as quatro ou mais motos das adversárias.

 

Desde o ano passado, a Suzuki GSX-RR demonstra ser uma moto muito equilibrada, que no paddock atingiu um unanimidade: é considerada a moto que todos gostariam de ter feito pois é tecnicamente simples, rápida no centro de curva, ágil nas mudanças de direção e a que menos destroi pneus. Tais qualidades certamente derivam das informações dadas por Joan Mir e pelo também muito jovem conterrâneo, Alex Rins, seu colega de time.

 

Voltemos a Mir, que correu o risco de se transformar em campeão da categoria sem ter jamais vencido um Grande Prêmio. Para sua sorte, na antepenúltima corrida do ano, em Valência, foi ele o primeiro a cruzar a linha de chegada. Ufa! Mas Mir nunca fez uma pole, nunca marcou uma volta rápida, o que não torna sua conquista menor, apenas define um estilo, uma conduta que tem um ilustre representante entre os deuses do guidão, Valentino Rossi, também pouco afeito a poles e voltas rápidas, mas que foi terrívelmente eficaz em seus anos gloriosos.

 

Joan Mir já havia sido campeão, na Moto3 em 2017, seu segundo ano no Mundial. Ou seja, em apenas cinco temporadas, ganhou dois títulos. Fichas nele para 2021? Podem apostar, ele é o representante de uma nova geração de pilotos – Rins, Morbidelli, Miller, Quartararo, Oliveira, Binder, Bagnaia – que chegam para chacoalhar as velhas certezas – ou nem tão velhas – da categoria. É o novo, que sempre vem…

 

 

O Campeão Careca

 

Carmelo Ezpeleta, CEO da Dorna, empresa que detém os diretos do Mundial de MotoGP, é outro espanhol campeão de 2020. Categoria? “Solucionador de problemas aparentemente sem solução”.

 

É unânime entre os que seguem de pertinho o esporte sobre duas rodas que o sucesso da temporada deste ano, marcada pelas dificuldades da pandemia, tenha em Ezpeleta seu grande mentor. Montou um calendário mandrake, 14 GPs em oito pistas, e estabeleceu um padrão de evento sem público, com acesso limitado de imprensa e pessoal de equipes, que tinha tudo para dar errado e desgradar patrocinadores.

 

Terminou a temporada aplaudido pelo show de eficiência de seus comandados ao gerir a crise, fazer do limão a limonada. A meu ver, seu maior mérito foi ser diplomático, claro e determinado.

 

Ao contrário de outros todopoderosos do esporte a motor mundial, Carmelo Ezpeleta é afável, disponível e definitivamente um homem que desde quando dirige os destinos da categoria – 1992 – a fez crescer e ganhar espaço, seja em audiência seja naquilo que não foi possível ter em 2020: público nas arquibancadas.

 

Este ano, coma desistência da SporTV, a temporada da MotoGP foi transmitida pela Fox. Como foi? Bom. No que pese a “modinha” herdada do patético narrador anterior ter sido mantida – ficar citando os telespectadores que mandam mensagens via redes sociais – o teor da informação subiu com gente como Edgard de Mello Filho, Tite Simões e Alex Barros comentando as corridas.

 

Assistiu alguma? Se não, assista. MotoGP não dá sono…

 

Abraços

 

Roberto Agresti

Roberto Agresti
Roberto Agresti
"Rato" de Interlagos que, com sorte (e expediente), visitou profissionalmente Hockenheim, Mônaco, Monza, Suzuka e outras. Sempre com uma câmera na mão e uma caneta na outra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *