Nova ordem mundial

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2021 terminou num cenário de incertezas e frustrações. Um Campeonato controverso, de uma decisão polêmica que antecedia uma grande mudança de regulamento.

A Formula 1 esperou a FIA divulgar o resultado de suas investigações até o domingo da primeira corrida do ano. Certamente um risco calculado (e conhecido), para não atrapalhar na construção de toda a expectativa de ver os novos carros na pista.

Para esse domingo, politicas à parte, uma nova ordem mundial se estabelece. Surpreendente, bonita e animadora.

Bahrein mostrou a nova cara da F1 para os próximos anos, novas equipes na frente, novos pilotos dominando. Até quando!?

A mudança de regulamento deveria espalhar mais o grid de largada. Isso sempre acontece nesses momentos únicos: os grandes investem mais, aumentam a distância pros pequenos.

Esse era o grande medo depois de um 2021 tão equilibrado. Poderíamos voltar a ter disparidades gritantes no grid. Esse ano não tivemos isso, o grid de largada da primeira prova teve uma diferença entre o primeiro e último da mesma proporção do que em 2021.

É o primeiro grande feito desse novo regulamento, aqui temos dois fatores importantes: o teto de gastos e o controle de tempo no túnel de vento.

Com esses fatores na mesa, a largada da corrida já nos trouxe novas caras para o jogo.

A mais visível, obviamente, é a Ferrari. Um pole-position forte, mostrando não só habilidade do seu menino prodígio como também as qualidades do carro desse ano.

Com um carro tão bom, nada mais adequado do que Sainz estar próximo. Por miseráveis 6 milésimos de segundo ele perdeu a primeira fila completa da Ferrari. Seu abatimento era visível.

Pouquinho mais atrás, nada muito longe, Sergio Perez. Andando bem mais próximo de Max do que no ano passado, o mexicano mostrou um pouco de força para continuar mantendo a RBR na luta pelo campeonato de construtores.

Daí pra trás, depois dos quatro primeiros, começam as grandes surpresas. Sim, vamos combinar uma coisa aqui? Ferrari na frente é obrigação, não deveria ser surpresa.

O 5º colocado, um milagroso Hamilton com uma fraca Mercedes e na sequencia Haas, Alfa Romeo e Alpine. Isso mesmo, quem imaginaria que essa sequência estaria no nas 10 primeiras posições do grid e não nas últimas posições?

Com essas surpresas na mesa, temos tempo para olhar para as decepções. Claramente, Aston Martin e McLaren. O time verde vinha cercado de grande expectativa, mas parece que esse ano vai ser de aprendizado para a nova estrutura patrocinada pela família Stroll. Já a Mclaren enfrentou problemas graves de freio (desde os testes) e teve uma classificação sofrível.

Primeira largada do ano. Novo regulamento. Todos cautelosos e nenhum acidente de grande proporções registrado, somente a rodada do Mick Schumacher após o toque de Ocon. Por alguma desgraça da vida, Bottas ficou pra trás, caindo quase para último. Na frente, tudo sob controle para Leclerc que mantem sua liderança.

Junto com Botas, que ficou pra trás também foi Perez, dando esperanças para Hamilton conseguir um resultado mais glamoroso que o 5º da largada.

Com a liderança consolidada por Leclerc, nascia a próxima dúvida dessa temporada: como esses pneus vão se comportar?

Ao longo da corrida Leclerc conseguiu controlar todas as ações e manter Verstappen em saudável distância. Mas ao contrário de 2021 onde a corrida foi majoritariamente de duas paradas, em 2022 parecia natural a estratégia de 3 paradas.

Nos primeiros pitstops do dia a primeira informação relevante: parar uma volta antes daria uma vantagem de aproximadamente 3 segundos para quem permaneceu na pista. Essa diferença é muito grande e quase pegou a Ferrari de surpresa na primeira parada.

Nos dois primeiros pitstops a Ferrari de Leclerc conseguiu contornar bem os ataques de Vestappen. Especialmente na segunda parada, onde uma grande briga de troca de posições aconteceu.

A disputa franca entre Vestappen e Leclerc mostrou um lado positivo desse novo regulamento. Os carros conseguiram permanecer próximos mesmo após o uso do DRS nas retas. Houve chance de seguir o adversário pelo traçado e tentar um novo ataque na volta seguinte.

Verdade seja dita, Leclerc se estabilizou na frente depois de ter forçado o erro de Verstappen a curva 1. Max travou seu pneu dianteiro, perdeu vantagem e super aqueceu seus pneus dianteiros. Isso deu chance pra Leclerc abrir mais de 1 segunda antes da próxima zona de DRS

A corrida seguia para um ritmo equilibrado, com muitas disputas e trocas de posição.

Bottas e seu novo companheiro, Zhou, escalavam o pelotão rumo aos 10 primeiros com muita consistência. Da mesma forma que Magnussen se mantinha solidamente na zona de pontos.

Até que Gasly teve seu motor estourado. Um grande incêndio na traseira da Alpha Tauri trouxe o carro de segurança para pista.

O momento era dramático. Max havia parado para uma terceira troca instantes antes. Isso poderia complicar a situação de Leclerc. Apesar do susto, Leclerc consegui fazer sua parada e voltou na frente para uma disputa final com Verstappen.

Leclerc foi preciso na relargada e conseguiu manter Verstappen sob controle. Com isso, Sainz é que partia pra cima da Red Bull pelo segundo lugar, enquanto Hamilton tentava a sorte contra Perez.

Duas voltas para o fim, brigas intensas criadas pela intervenção do carro de segurança, e o anticlímax acontece: Max Verstappen quebra na penúltima reta e encosta no box. Na sequência, o motor de Perez também falha e o Mexicano roda na frente de Hamilton na curva 1.

De repente, 3 dos 4 motores Honda estavam fora da prova.

Os primeiros sinais dessa temporada são encorajadores. Aparentemente o regulamento atingiu grande parte dos seus objetivos.

Temos algumas novas equipes no pelotão intermediário. Temos disputas acontecendo durante toda a volta. Os pneus estão aguentando perseguições durante algumas voltas seguidas.

Tudo na mesa para termos um campeonato bastante interessante para 2022.

A boa notícia é que a próxima corrida já acontece nesse final-de-semana, em um circuito de rua de alta velocidade. Boa oportunidade para avaliarmos como está a ordem de corrida em duas pistas completamente diferentes.

Não é possível ainda entender o poder de reação dos times como Mercedes e Mclaren. O intervalo é muito curto. Uma boa resposta pra procurarmos entender nessa semana é a ordem dos motores, já que eles estão congelados até 2025.

O campeonato começou empolgante, falta saber como será a evolução durante o ano e quem dominará essa nova ordem mundial!

Qual o seu palpite?

Abraços
Flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

2 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Flavis,

    realmente a temporada de 2022 promete coisas boas também assim como foi a de 2021 (tirando o M. basi) …
    A abertura do campeonato já mostrou que muita coisa pode mudar de figura em termos de hierarquia na Formula 1. Só não podemos ainda afirmar, uma corrida apenas é muito pouco para fazer afirmações.
    Mas a meu ver algumas coisas ficaram claras e obvio com o desenrolar da temporada, pode até mudar.
    A Ferrari como voce mesmo disse veio forte e com um bom carro mas vale destacar que não é só o carro, vale para o motor também até por que não foi só os carros da Ferrari que andoram bem, os carros da Alfa Romeu e Haas também …
    O mesmo não se pode falar da Mercedes. Apesar do podio do Hamilton, eles foram apenas figurantes na corrida. Ao contrário da Ferrari, o imbatível motor Mercedes ficou pra trás … não só os carros da Mercedes mas Aston Martin e Mclaren (nem se fala) que pra mimm não teve só problemas de freios … o motor Mercedes ficou devendo … o que vai ser daqui pra frente não sabemos, mas esperar por uma reação da Mercedes já com urgência faz mais que sentido …
    Pena os carros da RBR terem quebrado … ao contrário o resultado final da prova teria sido mais justo … mas races são races né

    Marcio D

    mais uma vez achei bacana seu comentário … eu digo que sou meio mais ou menos em relação a Ferrari … ora torço contra ora a favor … este ano com seu belo carro diga-se de passagem, eles estão fortes … a tendência é torcer mais por eles do que pelo Max … Hamilton não, pois torço para ele ser octa …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. MarcioD disse:

    Não sou de torcer pela equipe Ferrari. Isso é coisa que vem de filmes de infância e de pré-adolescência onde ela e seus pilotos representavam na minha cabeça o papel de vilões, adversários dos carros e pilotos da minha preferência. E isso se consolidou quando eles se tornaram também adversários dos 3 pilotos brasileiros campeões na F1. Além disso, nunca gostei dos métodos e da postura da Ferrari.

    Contudo nunca deixei de admirar o desempenho e a beleza de alguns carros de competição da Ferrari, tanto protótipos quanto monopostos. Esteticamente cito entre outros a 312 P berlineta de 68, a 512M de 71 e a 640 F1 de 89.

    Com relação aos carros de rua sou grande admirador, a meu ver são fabulosos tanto no aspecto de desempenho quanto no estético.

    Mas esse ano vou torcer pela Rossa. Já estou farto desse domínio de RBR e Mercedes que já vem desde 2010. Além do mais gosto bastante da dupla de pilotos Leclerc e Sainz.

    Leclerc é um cara bem rápido, arrojado, combativo, a meu ver mais rápido do que Verstappen, com um percentual de poles maior, atuando com um carro na maioria das vezes inferior. E superou Vettel correndo com o mesmo carro em 2019 e 2020.

    Sainz é bem consistente, tendo obtido mais pontos e pódios do que seu companheiro de equipe Leclerc ano passado.

    Se qualquer dos 2 se tornar campeão esse ano ficarei bem satisfeito.

    E essa Ferrari é muito bonita hem! Carros bonitos assim costumam ser vencedores também.

    E Max dessa vez não jogou o carro em cima de Leclerc como andou fazendo com Hamilton, que recolhia.
    Será que é por causa da rivalidade passada ou porque ele e Leclerc têm a mesma idade e quase a mesma altura?

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