Olá, amigos!
Hoje vamos começar uma nova série aqui na nossa coluna sobre a Nascar, e dessa vez vou falar um pouco sobre as principais histórias daquele lance, sempre polêmico, que ocorre frequentemente na NASCAR, o famoso “payback”, ou como chamei aqui, o troco.
Na coluna de hoje vamos relembrar um payback incrível que fez parte de uma corrida que, por si só, era histórica, já que foi a primeira prova da NASCAR transmitida ao vivo e na íntegra pela televisão norte americana, a famosa Daytona 500 de 1979.
Os ingredientes para uma corrida excelente estavam todos lá:
Transmissão da corrida inteira, ao vivo, na televisão, contando com câmeras onboard e também com a introdução daquela câmera colocada bem próxima do asfalto, mostrando o pelotão passando como um trem extremamente veloz, e barulhento.
Choveu na noite anterior à prova, o que deixou a pista escorregadia e o gramado interno completamente tomado pela lama. A prova foi iniciada com uma bandeira amarela que durou quinze voltas.
Uma pista lendária, o berço da NASCAR, Daytona é uma pista extremamente veloz, proporcionando sempre disputas sensacionais até o fim da prova.
Era o final dos anos 70, aquela época onde não corriam meninos, mas sim homens que estavam dispostos a praticamente tudo para chegar na frente. Vamos lembrar alguns nomes que marcaram presença na prova, só pra se ter uma ideia do peso desse grid: Richard Petty, Cale Yarborough, Darrell Waltrip, Donnie Allison e seu irmão Bobby Allison, A.J. Foyt, Buddy Baker, Ricky Rudd e um novato chamado Dale Earnhardt. Tranquilo, né?
A prova teve seu início e o líder, Buddy Baker teve um problema em seu motor, deixando as primeiras posições para Donnie Allison, Cale Yarborough e Bobby Allison. Na volta 32, Donnie perdeu o controle de seu carro e forçou os outros dois para fora da pista, causando uma rodada tripla e alguns danos, principalmente no carro de Cale. Depois desse acidente, Yarborough ficou três voltas atrás do líder, porém seu carro era muito bom, e ele um piloto extremamente veloz. Conforme a corrida caminhava, Cale utilizou uma tática para recuperar as voltas perdidas. Encostando no para-choque do líder, Cale fazia com que o ponteiro perdesse o controle, causando bandeiras amarelas e recuperando as voltas, uma por uma. Donnie Allison foi vítima de Cale por duas vezes.
Cale teve um desempenho espetacular, escalando o pelotão sempre que recuperava uma volta. No fim das contas, Cale estava na volta do líder e a prova se aproximava de seu fim. E quem era o líder? Sim, Donnie Allison.
Cale chegou facilmente em Donnie e ficou por ali, colado na traseira, praticamente encostado. Ele não queria somente ultrapassar, queria dar show. Porém, dessa vez, Donnie Allison não iria facilitar, e seu irmão Bobby estava por perto pra dar aquela mão, se preciso.
Donnie sabia que Cale ia tentar a ultrapassagem, ele já estava em sua cola por vinte e seis voltas, mas estava determinado a não deixar que Yarborough lhe tirasse a vitória. Os momentos finais foram eletrizantes. Donnie entrou na reta oposta determinado a não deixar Cale colocar seu carro na parte interna da pista, antes da curva três. Mas Cale já estava decidido e forçou a ultrapassagem, sendo espremido até os limites da pista, onde a grama da parte interna estava extremamente escorregadia e cheia de lama. O que aconteceu na sequência foi incrível.
Cale perdeu o controle de seu carro e bateu na lateral de Donnie, os carros se separaram e novamente voltaram um em direção do outro, lado a lado. Na entrada da curva três os dois seguiram direto em direção ao muro, culminando em uma batida forte e os dois carros na parte interna, virados na contramão. Era a última volta e o terceiro colocado, Richard Petty, assumiu a liderança seguido de perto por Darrel Waltrip e A.J. Foyt. Petty venceu a corrida, mas nesse ponto da transmissão ninguém estava se importando muito com o vencedor, mas sim com os dois pilotos que saiam de seus carros batidos.
Bobby Allison encostou seu carro junto ao outros dois batidos, para checar como estava seu irmão e oferecer uma carona. Nesse momento, Cale acusou Bobby de ter causado a batida, pois estava próximo dos dois carros, atingindo Bobby com seu capacete. Nesse momento, Bobby foi pra cima de Cale e a briga se instalou. Uma cena que marcou a história da NASCAR, já que tudo estava sendo transmitido ao vivo na TV. Imagine como deve ter sido pra quem estava em sua casa, vendo aquela confusão toda pela primeira vez. Um espetáculo, sem dúvidas.
Voltas finais e pancadaria ao vivo!
httpv://youtu.be/flnrAa539SQ
Depois dessa transmissão, a NASCAR cresceu de forma enorme e rapidamente, provando que a disputa dentro e fora da pista eram um ótimo produto para a categoria. Naquela época, os pilotos brigavam mas conseguiam se manter amigos, algo mais difícil nos dias de hoje, mas a essência se mantém intacta até os dias de hoje. Essa é a beleza do esporte e ótimo que isso seja mantido, mesmo tantos anos depois, e com tantas mudanças implementadas.
Voltando aos tempos atuais, o campeonato está pegando fogo! Já temos alguns pilotos com duas vitórias, como Kyle Busch, Carl Edwards, Jimmie Johnson e Brad Kaselowski, além de Kevin Harvick, com uma vitória, até o momento. Já tivemos decisões apertadas, polêmicas com toque entre companheiros de time na última curva, o destaque dos jovens Chase Elliott e Ryan Blaney, a volta de Tony Stewart e o famoso Big One em Talladega, a última prova disputada e que teve muitos acidentes, com pilotos nervosos e ansiosos atrás do volante. Ainda tem muita água pra rolar, muita corrida pela frente, e a certeza de um campeonato sensacional.
Curtiu a coluna? Quer ler mais sobre os lances polêmicos da NASCAR? Deixe seu comentário!
Grande abraço a todos, até a próxima coluna.
Rafael Mansano