Palcos Ilustres – Parte 2

Relembre a primeira parte dessa coluna:

https://gptotal.com.br/palcos-ilustres-parte-1/

O critério para eleger essas três pistas como palcos ilustres é baseado no fato desses três grandes pilotos, Juan Manuel Fangio, Jim Clark e Ayrton Senna terem conquistado vitórias nessas pistas, um critério pessoal e que vocês podem comentar a vontade seus pensamentos e criticas

Nessa continuação da coluna , vamos abordar as conquistas desses três pilotos nessas lendárias pistas, no total eles juntos conquistaram 23 vitórias, sendo 12 delas em Spa, 6 em Monza e 5 em Silverstone, vamos relembrar as vitórias de cada um por circuito e alguns Grande Prêmios marcantes que foram vencidos por esse trio

Começando por Monza, onde o trio contabilizou 6 vitórias, abaixo o quadro com os anos e os bólidos que eles pilotaram

Das vitórias apontadas em Monza o destaque fica com Fangio e suas 3 vitórias, dessas a conquista de 1953 teve um sabor especial para o piloto argentino, em suas memórias ele lembrou do desafio de voltar a Monza onde no ano anterior ele havia sofrido o pior acidente de sua vida, durante o processo de recuperação ele chegou a pensar em se aposentar, leia sobre essa corrida e o que Fangio passou em:  https://gptotal.com.br/fangio-e-sua-vitoria-favorita/

Jim Clark teve uma única vitória em Monza em 1963, essa vitória o consagrou como o campeão daquela temporada, e não foi uma vitória tão fácil, nos treinos John Surtees que corria pela Ferrari fez a pole e isso animou os tifosis, a corrida foi disputada em 54 voltas, e Monza normalmente tinha disputas muito próximas dado o uso do vácuo naqueles anos que facilitava a proximidade dos competidores, nas voltas iniciais John Surtees, Dan Gurney, Graham Hill e Jim Clark estavam muito próximos, na volta dezessete Surtees abandona para desespero dos tifosis, ficando trio, Gurney, Hill e Clark numa disputa aberta até a volta 50, a partir daí Clark abre uma pequena vantagem e vence pela margem de 3,5 segundos sobre Hill, ganha o GP e o campeonato de pilotos, o seu primeiro

Ayrton Senna venceu duas vezes em Monza, como destaque elegemos a vitória de 1992, naquele ano a Williams fez um carro de outro planeta e com o inglês Nigel Mansell conquistaram os dois títulos, pilotos e construtores, em Monza havia um franco favoritismo da dupla da Williams, vencer essa dupla foi um desafio que Senna enfrentou ao longo da temporada de 1992, além da estrela em ascensão Michael Schumacher. Em Monza a dupla da Williams dispara na frente e Senna em terceiro vai toureando Schumacher, até que na volta 20 Mansell já com 15 segundos de vantagem sobre Patrese diminui para entregar a liderança da prova e ajudá-lo a chegar ao vice-campeonato, só que na volta 42 o carro de Mansell apresenta falha hidráulica e 6 voltas depois é o carro de Patrese que também apresenta a mesma falha, com isso Senna assume a liderança e conquista uma improvável vitória sobre a dupla soberana da Williams

Já na bela e desafiadora SPA-Francorchamps o trio brilha nada menos que 12 vezes, num circuito que tem em sua história o desafio da velocidade, uma profusão de curvas, ainda mais quando lembramos do traçado antigo de pouco mais de 14 quilômetros de extensão, de comum no antigo e no atual traçado temos a Eau Rouge, uma elevação com a sequência esquerda direita, que mesmo com as modificações ao longo dos anos mantém o charme de ser a curva mais desafiadora de todas de todos os circuitos por onde a Fórmula 1 corre

Veja o quadro com as vitórias do trio

De todas essas a que aponto como a marcante foi a vitória de Senna na Lotus em 1985, num dia difícil dado as circunstâncias da variação do clima, Senna não apenas brilhou como conquistou sua segunda vitória na Fórmula 1,

Durante a corrida, Senna enfrentou desafios, incluindo a forte concorrência de outros pilotos e as condições variáveis ​​da pista, com chuva intermitente. No entanto, ele mostrou sua maestria ao controlar o carro nas curvas difíceis e ao lidar com a pressão dos adversários.

Ao cruzar a linha de chegada em primeiro lugar, Senna não apenas conquistou sua segunda vitória na Fórmula 1, sua vitória na Bélgica em 1985 começou a consolidar a fama de piloto que independente da situação da pista tinha uma enorme talento e capacidade de adaptação as condições adversas

Como segundo destaque dessa lendária pista temos as 4 vitórias consecutivas de Jim Clark entre os anos de 1962 até 1965, Jim Clark e sua capacidade velocista nato casou muito bem no antigo traçado de SPA, nos anos das conquistas de seus títulos (1963 e 1965) ele liderou todas as voltas do Grande Prêmio da Bélgica

Silverstone é merecidamente conhecida como a casa do Automobilismo Britânico, palco da corrida que inaugurou o campeonato oficial da Fórmula 1 em 1950, e até os dias de hoje presente nos campeonatos de Fórmula 1, houve anos que esse lendário circuito alternou com outras pistas as corridas oficiais, abaixo o quadro das vitórias do trio Fangio, Clark e Senna

Fangio venceu a etapa de 1956 quando pilotava a Ferrari, duas lendas, Fangio e Ferrari numa pista lendária, receita perfeita para listarmos esse Grande Prêmio, o grid de largada apontava para uma possível vitória de um piloto da casa, Stirling Moss era o pole, dividindo a primeira fila com Mike Hawthorn, Peter Collins e Fangio aparecia como forasteiro , na largada Hawthorn assume a ponta e lá permanece até ser ultrapassado por Moss, que mantém a ponta por 53 voltas até que um vazamento de óleo o obriga a uma parada nos boxes, Fangio assume a ponta e nas 33 voltas restantes ele mantém a ponta e assegura a vitória com 1 volta de vantagem sobre Peter Collins

Jim Clark venceu 3 vezes em Silverstone, ele contabilizou mais duas vitórias na Inglaterra em seu currículo, nos circuitos de Brand Hatch e Aintree

Sua vitória mais eletrizante e dramática foi a edição de 1965, quando seu Lotus equipado com motor Climax ficou com pouco óleo e Clark de forma fria e calculista administrou sua vantagem para Graham Hill, desligando o motor nas curvas e dosando a velocidade o suficiente para cruzar em primeiro com 3 segundos de vantagem e sem que o motor quebrasse antes do final

Ayrton Senna venceu a edição de 1988 numa condição extremamente adversa de chuva intensa, com a McLaren de outro planeta naquela condição o domínio foi seriamente ameaçado por Gerard Berger na Ferrari e Nigel Mansell na Willians, na largada Berger assume a ponta e seu companheiro Alboreto fica em segundo, antes de completar a primeira volta Senna ultrapassa Alboreto e vai ao encalço de Berger, eles andam próximos pelas 13 voltas seguintes, num ritmo bem acima dos demais competidores, ao se aproximar de um trio de retardatários, entre eles Alain Prost, numa das piores performances de sua carreira, Senna aproveita um breve vacilo de Berger e ultrapassa o piloto da Ferrari, nessa altura Mansell começa a andar rápido e se destaca na corrida, ele alcança Berger e assume a segunda posição, Senna vence com categoria e ruma ao seu primeiro titulo

Durante a pesquisa para essa coluna me deparei com fotos de Fangio, Clark e Senna e algo de muito interessante aconteceu, encontrei fotos de encontros de Fangio com Clark e do argentino com Senna

Com Clark os encontros com Fangio foram poucos e existem poucos registros, uma explicação é que ao deixar a Fórmula 1 em 1958 Fangio retornou a Argentina e na época nenhum piloto ficava milionário com o esporte, Fangio precisou continuar trabalhando, agora como presidente da Mercedes na Argentina, ele na década de 60 e 70 viajou pouco a Europa e suas aparições foram raras, numa época diferente onde após o final da carreira muitos pilotos precisaram encontrar outra maneira de sustento financeiro.

Já a partir de meados dos anos 80 e com a popularização da Fórmula 1 pela televisão vários eventos foram feitos e Fangio já com uma carga menor de trabalho na Argentina pode comparecer a muitos deles, e por conta de suas aparições sua relação com Senna foi mais próxima e com vários registros feitos

Juan Manuel Fangio nunca deixou de mencionar que considerava Ayrton Senna seu sucessor e que ele seria o candidato a quebra de seu recorde de 5 títulos mundiais, ele nutria uma admiração pelo brasileiro que de forma recíproca sempre reverenciou Fangio como um mestre e que ele ambicionava ter a honra de igualar o recorde de numero de títulos de Fangio

O ápice desses encontros se deu em Interlagos em 1993, quando Fangio entregou o troféu de vencedor para Senna, uma cena que emociona até hoje

Encerro essa coluna com as duas fotos acima de dois dos maiores mitos da Fórmula 1 se abraçando

Na próxima coluna vamos resgatar a história de outros palcos ilustres da Fórmula 1

Até a próxima

Mário Salustiano