Em 1970, o grupo de rock The Doors, estava trabalhando na preparação do álbum “L.A.Woman”, e a última canção a ser gravada, já findando o ano, foi a titulada “Riders on the storm“, composta pelo genial e carismático Jim Morrison, a alma mater do grupo . Segundo alguns, a canção era uma metáfora da vida mesma e os ” Viajantes na tempestade ” aos que se faz menção somos todos nós.
Como nos recorda a canção, somos todos atirados neste mundo como um cachorro sem osso e, como um ator em solitário, devemos enfrentar as mais duras e variadas “tempestades” ao longo do caminho de nossas vidas, neste turbulento e imprevisível mundo em que nos encontramos, durante a constante busca de nossos sonhos.
Em 1971 e com o LP e o single já prontos para seu lançamento, este seria retrasado alguns dias. Nesse interim, no dia quatro de julho, Morrison seria encontrado morto no quarto do hotel onde se hospedava em Paris. Assim, Morrison não chegaria a ver como a canção se tornaria num verdadeiro referente do grupo e uma das que imediatamente vem à memória quando The Doors sai à palestra em qualquer conversa, e ganhando um lugar de honra na história do rock.
Para então, Morrison tinha a intenção de abandonar a música para se dedicar por completo a escrever poesia, mas a morte lhe surpreendeu quando contava apenas 27 anos de idade, sem poder alcançar seu sonho e confirmando o que Morrison havia dito pouco antes: “Nem o amor te pode salvar do teu destino!”.
Curiosamente, naqueles anos, outras estrelas do rock também acabariam seus dias aos 27 anos de idade, como foram os casos de Brian Jones, Jimmy Hendrix ou Janis Joplin, e mais recentemente tivemos as passagens de Kurt Cobain e de Amy Winehouse — e no Brasil Noel Rosa –, cobrindo o 27 de um halo de singularidade que o converteriam num verdadeiro ícone.
Na formula um, acho que podemos considerar que os “viajantes” são os pilotos e, como diz a canção, também devem se enfrentar a duras “tempestades” em seu caminho até a tao ansiada glória. Alguns conseguem cumprir seus sonhos mas a maioria… fica pelo caminho, sucumbindo às turbulências e à imprevisibilidade tao característica do mundo da competição.
Contudo, ao contrário da música, na formula um somente um piloto perderia a vida aos 27 anos de idade: Tom Pryce. Num dos mais horríveis acidentes que se recordam, o galês encontraria a morte no circuito de Kyalami em 1977, quando se encontrava na plenitude de sua carreira e mostrava qualidades mais do que suficientes para ser considerado como um potencial campeão. Apesar disto, o 27 apresenta muitas curiosidades que o fazem ser um número singular, como veremos neste pequeno recorrido por sua história.
A primeira vez que um carro exibia o número 27 em sua carenagem seria em 1952 no GP da Inglaterra, com Johnny Claes ao volante. Não foi uma boa estréia pois o belga acabaria em 23º lugar a 12 voltas do vencedor. Na década dos anos 50 só teríamos a participação de um carro com o número 27 em outras 5 ocasiões. Ainda que nunca numa mesma temporada e sempre com diferentes pilotos, sendo o melhor resultado um 14º lugar de Carel Godin de Beaufort na Alemanha em 1957. No caso de Christian Goethals, o GP da Alemanha de 1958 seria sua única participação numa prova de formula um.
Na década dos anos 60, o 27 continuaria aparecendo de maneira esporádica e foi visto por primeira vez no GP da Alemanha de 1961 no Lotus-BRM de Gerry Ashmore. Voltaria a ser usado na Alemanha em 1964 por Peter Revson, com outro Lotus-BRM e, nessa mesma temporada, anteriormente na Bégica, o Lotus-BRM havia estado nas maos de Chris Amon. Durante aqueles anos, 10 pilotos correriam com o 27 nos flancos de seus carros e, apesar da importância de alguns deles (aos já mencionados Revson e Amon teríamos também a Dan Gurney, David Hoobs e Jacky Ickx) a melhor colocação deles seria o 10º lugar de Hoobs na Alemanha em 1967.
Assim, ainda teríamos que esperar até o GP da Itália de 1968 em Monza, para ver como Piers Courage levava seu BRM até o 4º lugar, sendo aquela a primeira vez que um carro com o 27 pontuava. Como havia acontecido nos anos 50s, o 27 sempre apareceu com um piloto diferente. No caso de Bill Brack, sua participação com o 27 no Canada em 1968, seria sua primeira corrida na formula um. Uma estreia pouco feliz pois acabou abandonando com seu Lotus. Também abandonaria Johnny Servoz-Gavin no GP da Alemanha de 1969, em sua única participação com o 27 e última do número daquela década.
Na década dos anos 70s, o número 27 só viria a aparecer no 4º GP da temporada: Bélgica. Nesta ocasião, seria o piloto local Jacky Ickx quem competiria com o 27, sendo assim o primeiro piloto que o o usava em mais de uma ocasião e, como na vez anterior, sem nenhum sucesso pois na primeira abandonou e nesta terminou último. Na Inglaterra, Áustria e EUA. voltaríamos a ver o 27 nas mãos de Ronnie Peterson, Clay Regazzoni e Jo Bonnier, conseguindo Clay o segundo lugar na Áustria e com isso o primeiro pódio do 27.
https://www.youtube.com/watch?v=SHGeKhYFck4
Em 1971, o 27 apareceria logo no primeiro GP da temporada em Kyalami, pintado no BRM de Howden Ganley, quem abandonaria. A continuação Henri Pescarolo assumiria o 27 nos GPs da Espanha, Mônaco e França. Bonnier e Moser repetiriam com o 27 na Alemanha e Itália, respectivamente. Durante a temporada, o 27 foi visto em 9 GPs nas mãos de 6 pilotos. Silvio Moser, quem havia tentado se classificar com seu Bellasi-Ford nº 27 na Alemanha a temporada anterior, conseguiria participar no GP da Itália, ainda que durou apenas 5 voltas.
Em 1972, somente Rolf Stommelen repetiria com o 27, pois o teve em seu Eifelland-March em Mônaco e na Áustria. Nessa temporada o 27 apareceria novamente em 9 GPs, desta vez com 8 pilotos diferentes, dentre os quais tínhamos a Derek Bell, Carlos Reutemann e Carlos Pace, quem correu com o 27 no encerramento do campeonato em Watkins Glen, onde abandonaria.
Em breve continuaremos essa história.
3 Comments
Manuel,
faço das palavras do Mauro também as minhas palavras .
Só vou me alongar mais um pouquinho no meu comentário pois hoje saiu uma noticia
que não deixa de ser um sonho a ser realizado e conquistado. Não sabemos ainda se o destino
deixará que este sonho se concretize. Mas vamos láa, hoje foi apresentado o projeto do
novo autódromo do Rio de Janeiro. E o tal do Hermann Tilke foi o projetista. Sem entrar na questão de quem fez o projeto, nós aqui do Rio sonhamos novamente em poder assistir corridas. Nós temos este direito. Há mais de 10 anos não sabemos o que é vibrar com a velocidade e ronco dos motores dos carros de corrida. O autódromo seria homologado tanto para receber a Formula 1 quanto as corridas de Motovelocidades.
Custo de R$ 850 milhões com dinheiro privado.
Será que este sonho será realmente realizado???
Mais informações: https://globoesporte.globo.com/motor/noticia/grupo-apresenta-a-prefeitura-projeto-para-novo autodromo-no-rio-de-janeiro.ghtml
Fernando Marques
Niterói RJ
Show de tema, Manuel!
Já estou na expectativa da continuidade, é sua respectiva conclusão.
Abraço!!
Mauro Santana
Curitiba PR