VICE (QUASE) PERDIDO

Massa, Indy e cigarros
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E se Rubinho ganhasse?
02/10/2001

Profeta Edu,

Parabéns pelo palpite quanto ao Mika Hakkinen. Você não quis deixá-lo de fora dos prognósticos e o resultado do GP dos Estados Unidos mostrou que havia boas razões para isso. Por favor, me avise quando você souber de antemão os números de alguma loteria acumulada, tá?…

Foi um belo presente para o finlandês e para o Jo Ramirez. (Este mexicano, que trabalhou com os irmãos Rodriguez, passou por Ken Tyrrell, Bernie Ecclestone, irmãos Fittipaldi – foi o primeiro gerente da equipe Copersucar – e Ron Dennis, também é um personagem histórico da F 1.) Presente? Sim, senhor. Hakkinen fez uma bela corrida, mas esta vitória dificilmente teria acontecido se não fossem as quebras da Williams de Juan Pablo Montoya e, por que não, da Ferrari de Barrichello. Mas, sobre este último, várias considerações devem ser feitas.

Mais uma vez, o brasileiro não conseguiu andar rápido o suficiente para consolidar o primeiro lugar. O simples fato de ele ter largado com uma estratégia de dois pit stops (seguida apenas por Ralf Schumacher) mostra que sua tarefa era abrir o máximo possível, aproveitando o fato de ficar mais tempo na pista com pneus novos e tanques mais vazios. Na primeira parte da corrida, Barrichello não conseguiu sequer uma boa vantagem sobre pilotos que fariam uma única parada e que, portanto, tinham carros mais pesados e lentos. Em defesa do brasileiro, pode-se argumentar que a Ferrari escolheu os pneus de compostos mais duros – mas ressalvo que não tive informações sobre a escolha de pneus das outras equipes. Se elas também escolheram pneus duros, o argumento de defesa do brasileiro estará liqüidado. As voltas rápidas depois de seu último pit stop (quando ele deu a impressão de que passaria Hakkinen) e a quebra da Ferrari nas voltas finais não inocentam Barrichello do fato de não ter correspondido à estratégia planejada pela Ferrari – ainda mais em uma corrida na qual Coulthard e Schumachers (sim, os dois) estiveram completamente apagados.

Edu, confesso que às vezes eu tenho o temor de ser crítico demais em relação ao trabalho de Barrichello. Nós dois, que acompanhamos esse negócio há décadas, sabemos que na hora de acelerar o buraco é bem mais embaixo. Mas, por outro lado, não dá para ficar sempre dizendo apenas que Barrichello “não tem estrela”. Se as coisas só dão errado com ele, deve haver alguma razão para isso. E ele seria a melhor pessoa para fazer uma avaliação correta. O fato é que Coulthard, com o 3º lugar, abriu 7 pontos de vantagem sobre Barrichello na disputa pelo vice-campeonato. Se o brasileiro quiser chegar lá, terá obrigatoriamente que vencer e ainda ver Coulthard terminando no máximo em 5º lugar. Não é impossível, mas acho muito difícil que aconteça.

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Um fato estranhíssimo marcou a transmissão do GP: apesar da vitória de Hakkinen, em nenhum momento a TV mostrou sua mulher, Erja! A única explicação possível é que ela não foi para os Estados Unidos. Porque, se estivesse lá, a TV certamente daria aos telespectadores do mundo todo uma overdose de Erja – como costuma fazer em toda e qualquer corrida, não importa o que esteja acontecendo com o Hakkinen.

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Aproveitando que não poderia exibir o nome Benson & Hedges nos Estados Unidos, a Jordan colocou na lateral do carro de Alesi um grande número “200”, numa alusão ao número de GPs completados hoje pelo francês. Homenagem simples, mas que mostra ainda haver um pouquinho de sensibilidade na F 1.

Passados 12 anos de sua estréia, Alesi continua tendo uma pilotagem agressiva. É bonito ver o francês guiando: ele não somente é rápido como mostra isso a quem quiser perceber. Hoje, tivemos oportunidades de vê-lo no vídeo e ele estava como sempre: andando forte, atacando, exatamente como fez naquele GP dos Estados Unidos em Phoenix, em 1990, quando disputou a liderança com Ayrton Senna.

Escrevi há poucas semanas e repito: como teria sido a carreira de Alesi se ele tivesse ido para a Williams em 1991, no lugar de Mansell? Convido nossos leitores a se manifestarem a respeito. Foi uma pena ele ter tomado uma decisão errada em um momento tão crucial de sua carreira.

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Amigo, bem lembrados os pilotos fumantes (eu ignorava que Prost o fosse). Mas você se esqueceu de incluir em sua lista o James Hunt, que gostava não apenas de cigarros mas também de álcool (em grandes quantidades, de preferência) e – dizem – de quaisquer outras substâncias que causassem alterações na percepção da realidade, se é que me faço entender.

Boa semana para você,

Panda

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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